quarta-feira, 16 de maio de 2018

CONTO: PEDRO MALASARTES E A SOPA DE PEDRAS - LUÍS DA CÂMARA CASCUDO - COM GABARITO

CONTO: Pedro Malasartes e a Sopa de Pedras
                Luís da Câmara Cascudo


        Pedro Malasartes, um caipira danado de esperto, estava morto de fome e sem dinheiro algum. Precisava arranjar alguma ocupação que lhe desse o dinheiro suficiente para conseguir comprar comida.
        Cansado de perambular em Porrete Armado, o nome do lugarejo em que se encontrava, decidiu parar e descansar na porta de um pequeno armazém de secos e molhados; desses encontrados no interior e onde é possível comprar de tudo que se pode imaginar.
         Pegou sua viola e começou a cantar uma moda, na esperança de que alguém lhe desse alguns trocados. Mas além de nada conseguir, os fregueses que bebiam no balcão quase o expulsaram por “incomodar” sua conversa. Eles conversavam sobre uma senhora, Dona Agromelsilda, moradora da região e que era conhecida por sua excessiva avareza.
         A conversa caminhava assim:
         --- Gente, vocês não imaginam como é “unha de fome” aquela Dona Agromelsilda, que mora para os lados do estradão da Grota Funda!
         Disse o dono do armazém.
         --- Unha de fome é pouco! Aquela velha é capaz de não comer banana só pra não ter que jogar a casca fora. Completou o segundo, um dos fregueses que bebiam na venda.
         Um terceiro freguês afirmou:
         --- Aquela velha é tão “pão dura” que nem comida para os coitados dos cachorros ela dá. Os bichinhos estão todos passando fome. Magros, magros de dar dó. Acho até que o estômago deles já encostou nas costelas.
         --- Está para nascer o homem que conseguira tirar alguma coisa daquela velha. Duvido que alguém consiga esta proeza.
         --- Nunca vi coisa assim nesses anos que moro aqui em Porrete Armado. E olha que eu já vi coisas com esses olhos que a terra há de comer. Terminou o dono do armazém.
         Pedro decidiu que era hora de agir, se quisesse comer e ganhar algum dinheiro. Era hora também, de dar uma lição naquela velha que o tratara mal da outra vez em que passara por Porrete Armado. Dona Agromelsilda era conhecida pelos seus péssimos modos com as pessoas e acima de tudo por ser muquirana até o último fio de cabelo. Pedro disse:
           --- Eu aposto o que vocês quiserem como pra mim a velha vai dar alguma coisa de bom grado. E mais ainda: Ela mesma é quem vem aqui contar que me encheu de presentes.
           --- Você está ficando doido Pedro Malasartes? Aquela velha, além de não dar nada para ninguém, também anda armada com uma baita de uma espingarda. Disse o dono do armazém.
          --- Não se preocupe com isso que é problema meu e eu sei como resolver; disse o Pedro. –Mas, se vocês duvidam do que eu disse, porque não apostam comigo, como ela vai me encher de presentes e vem aqui contar para vocês?
          O dono do armazém, rindo muito, respondeu:
         --- Se você conseguir esta proeza, com a velha lhe dando presentes e vindo aqui contar para nós, te dou todo o dinheiro que eu ganhar numa semana de trabalho.
         Os outros dois fregueses, animados com a aposta “jogaram lenha na fogueira” e provocando Pedro Malasartes disseram:
         --- Nós dois também apostamos nossos ganhos da semana. Temos certeza de que a velha nem vai querer conversa com você. Muito menos te dar algo. Mas se conseguir ganhar e fazer com que ela venha nos contar, você ganha o dinheiro que nós conseguirmos nesta semana.
         Uma dúvida, porém, surgiu e o dono do armazém, o mais malandro dos três queria saber:
         --- Seu Pedro Malasartes, você ganhara nosso dinheiro de uma semana de serviço se conseguir que a velha lhe dê presentes e venha nos contar aqui no armazém, mas se você não conseguir o que nós três ganharemos? Pelo que sabemos você não tem nenhum dinheiro. Vai apostar oque?
         Pedro muito convicto e com certeza da vitória, respondeu:
          --- Eu trabalharei de graça para vocês três. Uma semana na fazenda de um, outra semana na fazenda de outro e por fim uma semana em seu armazém. Combinado?
          --- Combinado. Responderam os três.
         Pedro tratou de arranjar um panelão fundo, uma sacola, mais algumas coisinhas e partiu para a casa da velha a toda velocidade. Para ganhar uma aposta o malandro não poupava esforços e nem tinha preguiça.
         Chegando perto da porteira da casa da velha, que morava numa enorme fazenda, Pedro fez um bom fogo, encheu o panelão com a água do riacho, e juntando muitas pedras do chão, jogou-as na água. Depois ficou de olho no movimento da casa de Dona Agromelsilda.
         Quando a velha abriu a janela do quarto e viu Pedro fazendo aquele fogareiro, na frente de sua fazenda, pensou:
         --- Mas o que será que aquele doido está fazendo na entrada das minhas terras? Vou lá ver.
Chegando ao local em que Pedro estava, perguntou muito irritada:
         --- Será que dá para o senhor explicar o que está pensando em fazer com todo este fogo na frente da porteira de minha fazenda?
         Pedro que estava de rabo de olho na velha, nem ligou para a malcriação e respondeu todo educado:
        --- Boa tarde minha Vó? Tudo bom com a senhora? Estou preparando uma deliciosa sopa de pedras.
        --- Sopa de pedras? Respondeu à velha.
        --- Isso mesmo. Uma deliciosa sopa de pedras, receita de minha finada mãe.
        --- E fica boa?
        --- Boa? Fica muito boa!
        A Velha, sovina como era, pensou em tirar proveito. Pois se a sopa ficasse boa mesmo e com a quantidade de pedras que tinha em suas terras, certamente não teria mais despesas com comida, pois comeria diversos pratos de pedra, que ela criaria: Pedra assada, pedra frita, pedra cozida, pedra ralada, pedra refogada, pedra ensopada, escondidinho de pedra, pedra, pedra, pedra...
        Fingindo-se muito educada a velha pediu:
        --- Meu filho, quando terminar você dá um pouco para eu experimentar?
         --- Claro minha Vó.
         Assim, Pedro tratou de jogar mais lenha na fogueira e deixou as pedras cozinharem.
         Passada uma hora:
         --- O meu filho: Essa sopa sai ou não sai?
         --- Claro que sai minha Vó. Daqui a pouco esta prontinha. É que leva um tempo para cozinhar direitinho as pedras. Mas se a senhora tivesse uns legumes para colocar na sopa ela ficava melhor ainda. Umas cenouras, umas batatas, umas mandioquinhas, umas abobrinhas, umas beterrabas...
         A velha faminta como estava, nem pensou duas vezes e disse:
          --- Eu tenho estes legumes todos na horta de casa. Espere um pouco, que eu já volto. E tratou de entrar em casa para colher os legumes pedidos pelo Pedro.
          Pedro pensou:
          --- Ela caiu direitinho.
          Minutos depois lá estava a velha:
          --- Pronto meu filho. Este tanto dá?
          --- Dá minha Vó.
         Pedro, recolheu os legumes que a velha trouxe. Colocou metade de tudo em sua sacola e a outra metade na sopa.
          Passada mais uma hora, a velha com mais fome, perguntou:
          --- Mas meu filho, esta sopa sai ou não sai?
         --- Tá saindo minha Vó. Tá saindo. Mas a sopa ficaria tão boa se tivesse uma linguiça defumada, um paio e uma carninha seca para colocar.
         A velha ansiosa disse:
         --- Eu tenho tudo isso em casa. Vou lá buscar. E tratou de buscar tudo que foi pedido.
         Quando voltou entregou ao Pedro que, novamente, separou dois montes, colocando metade na sopa e outra metade em sua sacola.
         Mais uma hora e a velha já estava verde de fome, quase desmaiando. Isso sem falar na fazenda que estava na maior bagunça com as vacas sem ordenha, os bezerros sem leite, as galinhas sem os ovos recolhidos.
         A velha então perguntou:
         --- Menino! Esta sopa não fica pronta nunca?
         --- Tá quase minha Vó. Se a senhora tivesse uns temperos ficaria melhor ainda. Um pouco de sal, pimenta do reino, alho, azeite, açafrão, colorau, cheiro verde, cebolinha...
         Lá foi a velha buscar os temperos pedidos.
         Quando voltou, tudo se repetiu: Metade foi para a sopa e metade foi para a sacola do Pedro.
         Depois de mais uma hora, com a velha quase desmaiando:
         --- Meu filho, se esta sopa não sair agora eu desmaio de fome!
         --- Tá prontinha minha vó. A senhora tem uns pratos para poder servir?
         A velha saiu como um raio para dentro da casa e mais rápido ainda voltou com os pratos e colheres.
         Pedro pegou o prato da velha e encheu de pedras. Quanto ao seu prato, colocou as partes boas da sopa e poucas pedras. Sentou num canto e quando foi comer uma colherada de pedras de seu prato, jogou todas elas fora.
        A velha que estava tentando mastigar as pedras, quase quebrando os dentes, não acreditou no que viu o Pedro fazer. Então perguntou:
         --- Meu filho, você não vai comer as pedras não?
         E Pedro, que já havia planejado isto também, respondeu com a maior cara de pau:
         --- Comer pedra minha Vó? Tá doida é? Se eu comer estas pedras todas vou acabar quebrando os dentes.
         Ao dizer isto pegou sua sacola, com as coisas dadas pela velha, e saiu fugindo sem olhar para traz, pois ouvia os berros indignados dela correndo atrás do malandro.
         Quando chegou ao armazém, os três amigos da aposta não acreditaram na história de Pedro. Só tiveram a confirmação de tudo que o Pedro dissera, quando a velha chegou ao armazém contando que dera para Pedro uma porção de coisas para fazer uma sopa de pedras, mas que era na verdade uma sopa de legumes com os ingredientes que ela colheu de sua horta e pertences de sua casa.
         Assim que a velha saiu, Pedro cobrou a aposta e tratou de se mandar.
         Dizem que está andando pelo mundo até hoje, aprontando e dando golpes nos que tentam enganá-lo.

                       Fontes pesquisadas: “Contos Tradicionais Do Brasil” (Folclore)
Luís Da Câmara Cascudo Editora: Global.

Avarenta: pão-duro, unha-de-fome, pessoa que tem apego exagerado ao dinheiro
Negaceando: contra a sua própria vontade
Matutos: pessoas do campo
Matutando: pensando
Matreiro: esperto
Incrédula: que não acredita
Arranchando: acomodando

Entendendo o texto:

01 – Quais são as personagens da história?
      Pedro Malasartes, Dona Agomelsilda e os três amigos.

02 – Circule a resposta correta. No texto "Sopa de Pedras":
    * o narrador participa da história.
    * o narrador somente conta a história.

03 – “Os matutos falavam de uma velha avarenta que morava num sítio pros lados do rio." Por que a velha era considerada uma pessoa avarenta?
      Porque ela era uma pessoa que só pensava em dinheiro.

04 – Como Pedro fez para que a velha viesse falar com ele?
      Acendeu um bom fogo, na frente da porteira da fazenda.

05 – Marque a resposta correta.
Por que, no decorrer da história, a velha atendeu a todos os pedidos de Pedro Malasarte?
a) Ela gostou de Pedro e resolveu agradá-lo.
b) Ela ficou curiosa para saber que gosto tinha a tal sopa de pedra.

06 – Para vencer a aposta que Pedro fez com os matutos, o que ele precisava conseguir?
      Receber presentes da Dona Agromelsilda e ela ir no armazém e contar para os três amigos.

07 – Que adjetivos você utilizaria para explicar como é a personagem Pedro Malasarte?
( ) malvado    (X) esperto    ( ) impaciente    (X) convincente.

08 – Faça a correspondência entre as expressões e palavras em destaque e seu significado.
(1) "A velha, lá da casa, só espiando".              
(2) "E a panela fumegando."                     
(3) "E tratou de se mandar o mais depressa que pôde."  
(4) "Daí a pouco a velha já estava com água na boca!"
(2) Lançando fumaça.
(4) Com vontade de provar.
(1) Observando.
(3) Fugir.

09 – “Cozinha que cozinha, a sopa ficou pronta."
Por que o autor repetiu a palavra cozinha nessa frase? O que ele quis mostrar?
      Porque cozinhou por muito tempo. Que o tempo de cozimento da sopa, foi o tempo que ele precisava para tirar as coisas da Dona Agromelsilda.   
    
10 – No texto, aparecem nomes como Pedro Malasarte e Chico Charreteiro que são escritos com letras maiúsculas.
Por que estes nomes são escritos desta maneira?
        Porque são nomes próprios.

11 – O que Pedro estava fazendo na frente da fazenda? De quem era a receita da sopa?
       Fazendo uma sopa de pedras. Era uma receita da sua finada mãe.

12 – Quais foram os primeiros ingredientes solicitado pelo Pedro?
      Os legumes: cenoura, batata, mandioquinha, abobrinha e beterrabas.

13 – Além dos legumes, o Pedro pediu mais ingredientes, quais foram eles?
      Linguiça defumada, paio, carne seca.

14 – E para completar a sopa, faltava os temperos, o que Pedro pediu para a Dona Agromelsilda?
      Sal, pimenta do reino, alho, azeite, açafrão, colorau e cheiro verde.

15 – Por que o Pedro Malasartes, saiu correndo da fazenda? Explique com trecho do texto.
      Por causa da resposta que deu a Dona Agromelsilda. ---“Comer pedra minha Vó? Tá doida é? Se eu comer estas pedras todas vou acabar quebrando os dentes.”

16 – O Pedro contou a história aos três amigos, com quem tinha feito a aposta, mas, como eles tiveram a confirmação?
      Só tiveram a confirmação de tudo que o Pedro dissera, quando a velha chegou ao armazém contando que dera para Pedro uma porção de coisas para fazer uma sopa de pedras, mas que era na verdade uma sopa de legumes com os ingredientes que ela colheu de sua horta e pertences de sua casa.






POESIA: DESILUSÃO - COM GABARITO

Poesia: DESILUSÃO - GÊNERO LITERÁRIO – LÍRICO 


Nesta noite lânguida
Olho a folha de papel inerte
Meus versos – os que não fiz –
Parece que choram
De tristeza profunda...

Ardentes solidões vagam
Por entre as lembranças
Que me vêm de ti
De teus olhos criança
De teu rosto de anjo...

De todos os Poemas
Que não escrevi
Este é o mais sentido
O mais lágrima sofrida...
Tu bem sabes...

Entendendo o poema:        
01 – A que gênero literário, notadamente, pertence o texto?      
       Lírico.

02 – Em função de sua correta resposta ao item anterior, que função da linguagem predomina no texto?
       Emotiva.

03 – Cite outras funções da linguagem presentes no texto:
       Apelativa ou conotativa / metalinguagem.

04 – A intensidade do transbordar de sentimentos pode ser observada na segunda estrofe a partir de hipérboles. Transcreva um exemplo.
       “Ardentes Solidões”. “Tristeza profunda”.







POEMA: A VIDA DO PLANETA MARTE E OS DISCOS VOADORES - RODOLFO COELHO CAVALCANTE - COM GABARITO


POEMA: A VIDA DO PLANETA MARTE E OS DISCOS VOADORES

Enquanto os homens da terra
Se aprofundam na Ciência
Em busca de Outros Planos
Através da inteligência
Os marcianos, leitores,
Com seus Discos Voadores
Investigam com prudência.
                                                    Rodolfo Coelho Cavalcante.

01 – Qual é o tema desse poema?
      A vida dos marcianos, em seus discos voadores, à Terra.

02 – Por que identificamos esse poema como atual?
      Porque o assunto é atual, não é típico da Idade Média.

03 – Nessa estrofe ainda não temos o conflito, mas podemos prever como se dará. Que personagens e que tema de conflito o poema anuncia?
      O conflito que se anuncia é entre os marcianos e os habitantes da Terra; há sugestões de atitudes diferentes na busca do conhecimento pela ciência.
  

TEXTO LITERÁRIO: NAQUELE DIA(CAPÍTULO X - MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS) - MACHADO DE ASSIS - COM GABARITO


Texto Literário:  NAQUELE DIA (FRAGMENTO - MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS)



    NAQUELE DIA, a árvore dos Cubas brotou uma graciosa flor. Nasci; recebeu-me nos braços a Pascoela, insigne parteira minhota, que se gabava de ter aberto a porta do mundo a uma geração inteira de fidalgos. Não é impossível que meu pai lhe ouvisse tal declaração; creio, todavia, que o sentimento paterno é que o induziu a gratifica-la com duas meias dobras. Lavado e enfaixado, fui desde logo o herói de nossa casa. Cada qual prognosticava a meu respeito o que mais lhe quadrava ao sabor. Meu tio João, o antigo oficial de Infantaria, achava-me um certo olhar de Bonaparte, cousa que meu pai não pôde ouvir sem náuseas; meu tio Idefonso, então simples padre, farejava-me cônego.
       --- Cônego é o que ele há de ser e não digo mais por não parecer orgulho: mas não me admiraria nada se Deus o destinasse a um bispado... É verdade, um bispado; não é cousa impossível. Que diz você, mano Bento?
        Meu pai respondia a todos que eu seria o que Deus quisesse; e alçava-me ao ar, como se intentasse mostrar-me à cidade e ao mundo; perguntava a todos se eu me parecia com ele, se era inteligente, bonito...
        Digo essas cousas por alto, segundo as ouvi narrar anos depois; ignoro a mor parte dos pormenores daquele famoso dia. Sei que a vizinhança veio ou mandou cumprimentar o recém-nascido, e que durante as primeiras semanas muitas foram as visitas em nossa casa. Não houve cadeirinha que não trabalhasse; aventou-se muita casada e muito calção. Se não conto os mimos, os beijos, as admirações, as bênçãos, é porque, se os contasse, não acabaria mais o capítulo, e é preciso acaba-lo.
        Item, comecei a andar, não sei bem quando, mas antes do tempo. Talvez por apressar a natureza, obrigavam-me cedo a agarrar às cadeiras, pegavam-me da fralda, davam-me carrinhos de pau. – Só, só, nhonhô, só só, dizia-me a mucama. E eu, atraído pelo chocalho de lata, que minha mãe agitava diante de mim, lá ia para a frente, cai aqui, cai acolá; e andava, provavelmente mal, mas andava, e fiquei andando.

                            ASSIS, Machado. Memórias Póstumas de Brás Cubas. In:
                    Obra Completa. Vol. I. Rio de Janeiro: Aguilar, 1962, p. 523-524.

Entendendo o texto:
01 – Dente os aspectos da sociedade brasileira da época, aquele que NÃO é focalizado no texto é:
     a)     A busca de prestígio.
     b)    A instituição religiosa.
     c)     Os hábitos tradicionais.
     d)    A política nacional.
     e)     A presença de escravos.

02 – Existem no texto várias passagens irônicas quanto à índole do ser humano e aos valores presentes na sociedade. A ironia não se manifesta como:
     a)     O lugar comum para se referir ao nascimento.
     b)    A pouca modéstia do protagonista-narrador.
     c)     O gosto do brilho e do poder.
     d)    O narcisismo paterno.
     e)     A postura submissa da mucama.

03 – Com relação ao texto, no que toca aos estilos de época, pode-se dizer que:
     a)     A desidealização da infância aproxima o texto do Romantismo.
     b)    O gosto de análise das relações humanas é um traço do Realismo.
     c)     As observações do mundo interior das personagens é um traço do Naturalismo.
     d)    A construção linear do enredo é um traço precursor do Modernismo.
     e)     O foco narrativo em 1ª pessoa é um traço do Realismo.











TEXTO: CURIOSIDADE ... - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO


TEXTO: CURIOSIDADE...


        A primeira transmissão televisiva de que se tem notícia aconteceu em 1926, graças ao trabalho desenvolvido pelo inglês John Logie Baird (1888-1946). O Brasil foi o quarto país do mundo e o primeiro do hemisfério Sul a ter uma emissora de TV. 
       Por iniciativa do empresário Assis Chateaubriand (1891-1968), a TV surgiu oficialmente em 18 de setembro de 1950 e foi recebida por cerca de 100 aparelhos espalhados pela cidade de São Paulo.

 Como pouquíssimas pessoas possuíam televisores, Chateaubriand distribuiu alguns em locais movimentados da cidade para atrair a atenção do público. O primeiro programa televisivo brasileiro, chamado TV na Taba, foi ao ar à 22h pela TV Tupi SP e teve a duração de uma hora. A programação dessa TV era formada de noticiários, teleteatros, novelas, programas humorísticos e infantis. Todas as transmissões eram feitas em horários noturnos e, ao vivo, pois ainda não havia os recursos de gravação. Uma década depois do surgimento da TV Tupi, já havia cerca de 20 emissoras espalhadas pelas principais capitais brasileiras, transmitindo suas programações para mais de 700 mil aparelhos. Segundo o IBGE, 2007, já são mais de 47 milhões de residências no país que possuem televisores.

Entendendo o texto:
01 – Assinale a opção cujo vocábulo grifado tem classe gramatical diferente dos demais:
       A – ( ) “... distribuiu alguns em locais movimentados da cidade...”
       B – ( ) “O primeiro programa televisivo brasileiro...”
       C – ( ) “... era formada de noticiários, teleteatros, novelas, programas humorísticos e infantis.”
       D – ( ) “... as transmissões eram feitas em horários noturnos...”
       E – (X) “... cerca de 20 emissoras espalhadas pelas principais capitais brasileiras...



TEXTO: O FUTEBOL NO BRASIL - MARIA ANGELA BORGES SALVADORI - COM GABARITO


O FUTEBOL NO BRASIL

     “O futebol chegou ao Brasil no século XIX, trazido pelos ingleses. Daí seu nome football, ou seja, bola nos pés. [...] O aparecimento do futebol no Brasil está diretamente ligado ao nome de Charles Miller, que, em 1894, depois de fazer vários cursos na Inglaterra voltou ao Brasil trazendo duas bolas de couro, chuteiras e uniformes completos. Charles Miller organizou os primeiros jogos em São Paulo, com times formados, quase sempre, por jovens de famílias ricas, que, além de estudarem no exterior, podiam comprar o material necessário ao jogo.
        [...]
        Os clubes de futebol começaram a ser formados no século XIX. [...] Em 1900, eram criados o Sport Club Rio Grande e a Associação Atlética Ponte Preta, respectivamente em Porto Alegre e Campinas. Em 1902, foi fundado o Fluminense Futebol Clube, no Rio de Janeiro. Pouco mais tarde, alguns times, tais como Corinthians, em São Paulo, o Vasco da Gama, no Rio de Janeiro, e o Internacional, no Rio Grande do sul, começaram a arrastar multidões para os estádios. [...]
        Embora o número de times de futebol crescesse em todo o país, a prática futebolística não se democratizara na mesma velocidade e o preconceito em relação aos jogadores pobres e negros continuava. O próprio presidente Epitácio Pessoa, em 1921, proibiu jogadores negros de participarem do selecionado nacional; os “cidadãos de cor”, como dizia o presidente, não deveriam fazer parte dos campeonatos oficiais. [...]
        Também para evitar a presença de jogadores pobres e negros, as ligas esportivas, controladas por grandes indústrias, lutavam contra a profissionalização do futebol. Se o jogador passasse a ser um profissional do esporte, receberia um salário para jogar, o que possibilitaria aos pobres e negros se dedicarem ao futebol. [...]
        Essa questão gerou frequentes discussões até mesmo na imprensa [...].
        Ao mesmo tempo em que corria discussão entre os que defendiam o futebol amador (branco e elitista) e o profissional (que facilitaria a presença de homens pobres, brancos ou negros), a luta contra o preconceito também ia se desenvolvendo através dos pés de alguns jogadores, homens que, jogando magnificamente, se tornaram, alguns anos mais tarde, verdadeiras lendas do futebol”.

                SALVADORI, Maria Ângela Borges. Cidades em tempos modernos.
                                         São Paulo: Atual, 1995. p. 28-30. (A vida no tempo).

Entendendo o texto:
01 – Com base no texto, o que se pode dizer sobre os primeiros tempos do futebol no Brasil?
     Pode-se dizer que, inicialmente, o futebol – introduzido no Brasil pelos ingleses – era praticado apenas por jovens de famílias ricas que tinham dinheiro para comprar o material necessário ao jogo, como uniforme e bola de couro. Aos poucos, foram se formando os clubes amadores, que arrastavam multidões para os estádios.

02 – Que relação a autora do texto estabelece entre futebol e preconceito, na época?
     A autora afirma que, apesar do aumento crescente do número de times e de praticantes de futebol, não ocorreu uma democratização desse esporte: o preconceito contra jogadores pobres e negros continuou intenso, a ponto de o próprio presidente Epitácio Pessoa proibir jogadores negros de participarem do selecionado nacional. Com o tempo, os próprios jogadores negros foram quebrando esse preconceito com o seu talento. Nos anos de 1930, por exemplo, dois dos melhores jogadores da seleção brasileira eram negros: Leônidas da Silva (o Diamante Negro) e Domingos da Guia. Depois vieram tantos outros, como Didi, Toninho Cerezo, Jairzinho, Garrincha e Pelé (estes dois últimos, verdadeiras lendas do futebol brasileiro). Em 1921, a defesa do branqueamento da população brasileira como condição para o progresso do Brasil tinha grande aceitação entre a elite brasileira. O sucesso de uma nação, segundo essa teoria, seria determinado pela raça; quanto mais branca a sua população, maior a chance de uma nação progredir. Comentar com os alunos que a teoria do branqueamento foi gestada no Brasil e não no exterior.

03 – Sabendo-se que a profissionalização do futebol ocorreu em 1933, elabore uma linha do tempo com os fatos marcantes desse esporte, desde sua introdução no Brasil.
     Em 1894: Introdução do futebol no Brasil pelo inglês Charles Miller.
     Em 1900: Fundação dos primeiros clubes de futebol.
     Em 1921: Proibição de jogadores negros na seleção nacional.
     Em 1933: Profissionalização do futebol.
     Em 1958: Primeiro título de campeão mundial conquistado pelo Brasil.
     Em 2002: Conquista do pentacampeonato mundial de futebol pelo Brasil.


POEMA: DE QUE COR É? LUCIANA DE ALMEIDA - COM GABARITO


POEMA: DE QUE COR É?
          
                                                 (Luciana de Almeida)



Abra os olhos ... olhe bem a sua volta...
Quantas cores você viu? Amarelo, alaranjado, verde, azul, anil...
Tudo nesse mundo tem cor!
A gema do ovo da ema é amarela como o sol no céu.


A pena da cauda do pavão é da cor de cada momento:
VERMELHA, quando está com raiva;
AZUL, quando está contente; AMARELA, quando está cansada;
VIOLETA, quando está por um triz. MULTICOLORIDA, quando está feliz!

Entendendo o poema:

01 – Estudando o texto:
    a) - Título:
        De que cor é.

    b) - Autora: 
        Luciana de Almeida.

    c) - A autora diz que cada momento tem a sua cor. Por quê?
        Porque são diferente a cada momento da vida.

02 – De que cor você pintaria:
   a) - a saudade?
   b) - a dor?
   c) - o amor?
   d) - a tristeza?
   e) - a preguiça? 
     Resposta pessoal do aluno.

03 – Forme frases com as palavras:
    a) - céu:
        O céu está um pouco nublado.

    b) - amarelo:
        O amarelo do girassol é lindo.

    c) - contente:
        Pedrinho está contente com a nota da prova.

    d) - cansada:
        A mamãe está cansada de tanto trabalho.




POESIA: RECORDA AINDA - MARIO QUINTANA - COM GABARITO


Poesia: RECORDA AINDA – GÊNERO LITERÁRIO – DRAMÁTICO
             MÁRIO QUINTANA



Recordo ainda... E nada mais me importa
Aqueles dias de uma luz tão mansa
Que me deixavam, sempre de lembrança,
Algum brinquedo novo à minha porta....

Mas veio um vento de desesperança
Soprando cinzas pela noite morta!
E eu pendurei na galharia torta
Todos os meus brinquedos de criança...


Estrada afora após segui... Mas ai,
Embora idade e senso que aparente,
Não vos iluda o velho que aqui vai:

Eu quero meus brinquedos novamente!
Sou um pobre menino... acreditai...
Que envelheceu, um dia, de repente! ...

                                         QUINTANA, Mário. Poesias. Porto Alegre:
                                                                            Globo, 1962, p. 7-8.

 Entendendo a poesia:

01 – Analisando-se comparativamente o texto I e o texto II, podemos afirmar:
     a) Ambos os textos fazem uso do mesmo nível de fala e há neles o predomínio da linguagem artística, literária.
     b) Ambos os textos tratam do mesmo assunto, mas nenhum deles faz referência ao enfoque do retorno temporal.
     c) Os textos I e II utilizam-se, rigorosamente, das mesmas formas de linguagem no ato da comunicação.
     d)  Enquanto o texto I faz a abordagem do tema subjetivamente, o texto II pontifica o tratamento objetivo.

02 – Sobre a comunicação do texto I, podemos afirmar:
     a) A atitude do eu lírico é de pessimismo melancólico.
     b) A utilização do termo interjetivo no primeiro terceto é mero adorno formal.
     c) O primeiro terceto traduz a ideia de dor pela infância perdida.
     d) O querer os brinquedos novamente funciona como senso irônico.

03 – Na mensagem do texto, percebemos um clima de desengano que toma conta do eu-lírico em função do seu distanciamento da infância. A propósito, que palavras apontam esse desengano no poema? Assinale-as:
     a) Mansa / torta / morta / brinquedos.
     b) Noite / mansa / morta / luz.
     c) Criança / brinquedo / luz / lembrança.
     d) Desesperança / cinzas / noite / morta.

04 – O par de versos do texto I que comprova a ideia contida em um velho com alma de menino, ajustado plenamente à mensagem do poema, é:
     a) “Recordo ainda...  E nada mais me importa
      Aqueles dias de uma luz tão mansa...”
     b) “Mas veio um vento de Desesperança
      Soprando cinzas pela noite morta!”
     c) “Embora idade e senso eu aparente,
      Eu quero meus brinquedos novamente!”
     d) “E eu pendurei na galharia torta
     Todos os meus brinquedos de criança...”