domingo, 19 de novembro de 2017

MÚSICA(ATIVIDADES): CODINOME BEIJA-FLOR - CAZUZA e SIMONE - COM GABARITO

Música(Atividades): Codinome Beija-Flor

                                                                                                     Cazuza/Simone
Pra que mentir
Fingir que perdoou
Tentar ficar amigos sem rancor
A emoção acabou
Que coincidência é o amor
A nossa música nunca mais tocou

Pra que usar de tanta educação
Pra destilar terceiras intenções
Desperdiçando o meu mel
Devagarzinho, flor em flor
Entre os meus inimigos, Beija-flor

Eu protegi o teu nome por amor
Em um codinome, Beija-flor
Não responda nunca, meu amor, nunca
Pra qualquer um na rua, Beija-flor

Que só eu que podia
Dentro da tua orelha fria
Dizer segredos de liquidificador

Você sonhava acordada
Um jeito de não sentir dor
Prendia o choro e aguava o bom do amor
Prendia o choro e aguava o bom do amor.
  
Interpretação da Música:
01 – Qual a temática desta canção?
      Fala sobre uma história de amor.

02 – “Pra que mentir/Fingir que perdoou/Tentar ficar amigos sem rancor.”
      Cazuza e a pessoa a qual a música é destinada fingem que ainda tem o mesmo relacionamento de antes, mesmo tendo acabado, mas é mentira.

03 – “A emoção acabou/Que coincidência é o amor/A nossa música nunca mais tocou…”.
      O relação deles acabou e coincidentemente a música que era ‘deles’ nunca mais tocou, mas esta parte pode ser mais pura poesia.

04 – “Pra que usar de tanta educação/Pra destilar terceiras intenções”.
      Ser educados quando querem na verdade brigar.

05 – “Desperdiçando o meu mel / Devagarzinho, flor em flor / Entre os meus inimigos, beija-flor”.
      Desperdiçar o mel seria acabar com a vida, de flor em flor, de pessoa em pessoa, matando uma a uma, por isso um inimigo, distribuindo o vírus da AIDS.
06 – “Eu protegi o teu nome por amor/Em um codinome, Beija-flor”.
       Não necessariamente por amor, mas Cazuza preferiu não usar nomes.

07 – “Não responda nunca, meu amor/Pra qualquer um na rua, Beija-flor”.
       Não diga quem realmente es, apenas use esse codinome que lhe cai bem.

08 – “Que só eu que podia/Dentro da tua orelha fria.
          Dizer segredos de liquidificador”.
       Só ele podia dizer-lhe (orelha fria para mostrar o quanto a pessoa não se importava, era fria) dizer segredos barulhentos, que todos sabiam existir, quem não era de fato segredos.

09 – “Você sonhava acordada/Um jeito de não sentir dor”.
       Você sonhava não ter a doença, se enganava.

10 – “Prendia o choro e aguava o bom do amor/Prendia o choro e aguava o bom do amor”.
      Prendia o choro fingia não ter o vírus, aguava o bom do amor, distribui o vírus, o bom do amor, que na verdade é o HIV.

11 – Fazendo uma análise racional e emocional, explique o porquê do codinome escolhido ser “beija-flor”?
      Por ser o beija-flor um animal poligâmico, que tem como 90% de sua alimentação o néctar das flores. Ele simplesmente suga o “mel” de todas as flores que encontrar, sem distinção e não se prende a uma flor em especial.

12 – Marque a alternativa correta. No verso: “Dizer segredos de liquidificador”, que figura de linguagem encontramos?
a)   Sinestesia.
b)   Pleonasmo.
c)   Metáfora.
d)   Hipérbole.

13 – Em sua opinião, é possível “ficar amigos sem rancor” depois que o amor acaba? Justifique.
      Resposta pessoal do aluno.

14 – Nos versos:
      “Pra que mentir
      Fingir que perdoou
      Tentar ficar amigos sem rancor
      A emoção acabou
      Que coincidência é o amor
      A nossa música nunca mais tocou...

      Pra que usar de tanta educação
      Pra destilar terceiras intenções
      Desperdiçando o meu mel
      Devagarzinho, flor em flor
      Entre os meus inimigos, beija-flor.”

Assinale a alternativa CORRETA sobre esse fragmento:
a)   Utiliza a ironia.
b)   É de caráter descritivo.
c)   Utiliza conotação e metáforas.
d)   Evita a linguagem figurada.
e)   Há exemplificação e paródia.

15 – Interprete o seguinte versos: “A nossa música nunca mais tocou.”
      Nos remete ao universo dos apaixonados, porque no idílio dos relacionamentos, os casais sempre tem uma música deles, quando diz que nunca mais tocou porque a relação acabou.



CRÔNICA SOBRE A MORTE DO ESCRAVO JOÃO (FRAGMENTO)- MACHADO DE ASSIS - COM GABARITO


FRAGMENTO: CRÔNICA SOBRE A MORTE DO ESCRAVO JOÃO

 (ENEM) O texto abaixo foi extraído de uma crônica de Machado de Assis e refere-se ao trabalho de um escravo.

 Um dia começou a guerra do Paraguai e durou cinco anos, João repicava e dobrava, dobrava e repicava pelos mortos e pelas vitórias. Quando se decretou o ventre livre dos escravos, João é que repicou. Quando se faz a abolição completa, quem repicou foi João. Um dia proclamou-se a República. João repicou por ela, repicaria pelo Império, se o Império retornasse.

                     Machado, Assis de. Crônica sobre a morte do escravo João, 1897.

A leitura do texto permite afirmar que o sineiro João:
a)   Por ser escravo tocava os sinos, às escondidas, quando ocorriam fatos ligados à Abolição.
b)   Não poderia tocar os sinos pelo retorno do Império, visto que era escravo.
c)   Tocou os sinos pela República, proclamada pelos abolicionistas que vieram libertá-lo.
d)   Tocava os sinos quando ocorriam fatos marcantes porque era costue fazê-lo.
e)   Tocou os sinos pelo retorno do Império, comemorando a volta da Princesa Isabel.

TEXTOS CURTOS DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA O ENSINO MÉDIO - COM GABARITO

1 – (ENEM) Leia com atenção o texto:
   

     [Em Portugal], você poderá ter alguns probleminhas se entrar numa loja de roupas desconhecendo certas sutilezas da língua. Por exemplo, não adianta pedir para ver os ternos – peça para ver os fatos. Paletó é casaco. Meias são peúgas. Suéter é camisola – mas não se assuste, porque calcinhas femininas são cuecas. (Não é uma delícia?)
                                                   Castro, Ruy. Viaje bem, ano VIII, n. 3, 78.

O texto destaca a diferença entre o português do Brasil e o de Portugal quanto:
a)   Ao vocabulário.
b)   À derivação.
c)   À pronuncia.
d)   Ao gênero.
e)   À sintaxe.

2 – (UNICAMP-SP) O jornal Folha de São Paulo introduz com o seguinte comentário uma entrevista recente (8 dez. 1988) com o professor Paulo Freire:
    

    A gente cheguemos não será uma construção gramatical errada na gestão do Partido dos trabalhadores em São Paulo.

Os trechos da entrevista nos quais a Folha se baseou para fazer tal comentário foram os seguintes:
      ·        A criança terá uma escola na qual a sua linguagem seja respeitada [...] 

Uma escola em que a criança aprenda a sintaxe dominante, mas sem desprezo pela sua.
·        Esses oito milhões de meninos vêm da periferia do Brasil [...] Precisamos respeitar a (sua) sintaxe mostrando que sua linguagem é bonita e gostosa, às vezes é mais bonita que a minha. E, mostrando isso, dizer a ele: “mas para tua própria vida tu precisas dizer ‘a gente chegou’ [em vez de “a gente cheguemos”]. Isso é diferente, [a abordagem] é diferente. É assim que queremos trabalhar, com abertura, mas dizendo a verdade.
Responda de forma sucinta:

a)   Qual é a posição defendida pelo professor Paulo Freire com relação à correção de erros gramaticais na escola?
A posição que implicitamente defende é a de que se devem respeitar todas as variedades linguísticas, o que, em última análise, é uma atitude de respeito aos falantes dessas variedades. Ele defende, assim, que as pessoas não sejam discriminadas pela maneira como falam.

b)   O comentário do jornal faz justiça ao pensamento do educador? Justifique sua resposta.
Não. O comentário do jornal dá a entender que o professor Paulo Freire, por ser membro do Partido dos trabalhadores, defende uma espécie de “vale-tudo linguístico” na sociedade, o que não é, obviamente, a posição por ele defendida. Ele deixa claro que a norma culta deve ser ensinada na escola.

3 – (UERJ-RJ):
        Os homens aqui mudam de nome quando têm um filho homem. Maxi-hú é o pai de Maxi-. Teró por muito tempo foi Jaguarhú. Eu seria Luicuihí se minha filha se chamasse Luicui? Ou Mairahú se meu filho pudesse chamar-se Maíra? Será que pode?
        Levando em conta apenas os substantivos próprios citados no texto, é possível entender que, na língua dos mairus, o novo nome do pai de um filho homem contém:
a)   O nome da criança seguido do morfema –hí.
b)   O nome do filho seguido do morfema –hú.
c)   O nome da mãe seguido do morfema –hí.
d)   O nome do pai seguido do morfema –hú.

4 – (ENEM):
   

  Só falta o senado aprovar o projeto de lei [sobre o uso de termos estrangeiros no Brasil] para que palavras como shopping center, delivery e drive-through sejam proibidas em nomes de estabelecimentos e marcas. Engajado nessa valorosa luta contra o inimigo ianque, que quer fazer área de livre comércio com nosso inculto e belo idioma, venho sugerir algumas outras medidas que serão de extrema importância para a preservação da soberania nacional, a saber:
·        Nenhum cidadão carioca ou gaúcho poderá dizer “Tu vai” em espaços públicos do território nacional;
·        Nenhum cidadão paulista poderá dizer “Eu lhe amo” e retirar ou acrescentar o plural em sentenças como “Me vê um chopps e dois pastel”;
·        Nenhum dono de borracharia poderá escrever cartaz com a palavra “borraxaria” e nenhum dono de banca de jornal anunciará “Vende-se cigarros”;
·        Nenhum livro de gramática obrigará os alunos a utilizar colocações pronominais como “casar-me-ei” ou “ver-se-ão”.

              Piza, Daniel. Uma proposta imodesta. O Estado de São Paulo:
                                                                           São Paulo, 8 abril 2001.
No texto acima, o autor:
a)   Mostra-se favorável ao teor da proposta por entender que a língua portuguesa deve ser protegida contra deturpações de uso.
b)   Ironiza o projeto de lei ao sugerir medidas que inibam determinados usos regionais e socioculturais da língua.
c)   Denuncia o desconhecimento de regras elementos de concordância verbal e nominal pelo falante brasileiro.
d)   Revela-se preconceituoso em relação a certos registros linguísticos ao propor medidas que os controlem.
e)   Defende o ensino rigoroso da gramática para que todos aprendam a empregar corretamente os pronomes.

(FUVEST-SP) Texto para as questões 5 e 6.

    

    S. Paulo, 13-XI-42
        Murilo

        São 23 horas e estou honestissimamente em casa, imagine! Mas é doença que me prende, irmão pequeno. Tomei com um gripe na semana passada, depois, desensarado, com uma chuva, domingo último, e o resultado foi uma sinusitezinha infernal que me inutilizou mais esta semana toda. E eu com tanto trabalho! Faz quinze dias que não faço nada, com o desânimo de após-gripe, uma moleza invencível, e as dores e tratamento atrozes. Nesta noitinha de hoje me senti mais animado e andei trabalhandinho por aí. [...]
        Quanto a suas reservas a palavras do poema que lhe mandei, gostei da sua habilidade em pegar todos os casos “propositais”. Sim senhor, seu poeta, você até está ficando escritor e estilista. Você tem toda a razão de não gostar do “nariz furão”, de “comichona”, etc. Mas lhe juro que o gosto consciente aí é da gente não gostar sensitivamente. As palavras são postas de propósito pra não gostar, devido à elevação declamatória do coral que precisa ser um bocado bárbara, brutal, insatisfação no prazer estético, não deixar a coisa muito bem-feitinha. [...] De todas as palavras que você recusou só uma continua me desagradando “lar fechadinho”, em que o carinhoso do diminutivo é um desfalecimento no grandioso do coral.
                                                      Mário de Andrade, Cartas a Murilo Miranda.

5 – “... estou honestissimamente em casa, imagine! Mas é doença que me prende, irmão pequeno.”
No trecho acima, o termo grifado indica que o autor da carta pretende:
a)   Revelar a acentuada sinceridade com que se dirige ao leitor.
b)   Descrever o lugar onde é obrigado a ficar em razão da doença.
c)   Demarcar o tempo em que permanece impossibilitado de sair.
d)   Usar a doença como pretexto para sua voluntária inatividade.
e)   Enfatizar sua forçada resignação com a permanência em casa.

6 – No texto, as palavras “sinusitezinha” e “trabalhandinho” exprimem, respectivamente:
a)   Delicadeza e raiva.
b)   Modéstia e desgosto.
c)   Carinho e desdém.
d)   Irritação e atenuação.
e)   Euforia e ternura.

7 – (ENEM):
   

               Good-bye
Não é mais boa noite, nem bom dia
Só se fala good morning, good night
Já se desprezou o lampião de querosene
Lá no morro sé se usa a luz da light
Oh yes!

A marchinha Good-bye, composta por Assis Valente há cerca de 50 anos, refere-se ao ambiente das favelas dos morros cariocas.

A estrofe citada mostra:
a)   Como a questão do racionamento da energia elétrica, bem como a da penetração dos anglicismos no vocabulário brasileiro, iniciaram-se em meados do século passado.
b)   Como a modernidade, associada simbolicamente à eletrificação e ao uso de anglicismos, atingia toda a população brasileira, mas também como, a despeito disso, persistia a desigualdade social.
c)   Como as populações excluídas se apropriavam aos poucos de elementos de modernidade, saindo de uma situação de exclusão social, o que é sugerido pelo título da música.
d)   Os resultados benéficos da política de boa vizinhança norte-americana, que permitia aos poucos que o Brasil se inserisse numa cultura e economia globalizadas.
e)   O despreza do compositor pela cultura e pelas condições de vida atrasadas características do “morro”, isto é, dos bairros pobres da cidade do Rio de Janeiro.

8 – (SARESP-SP) Considere o fragmento a seguir para responder à questão.

        

  Os infelizes cálculos da felicidade


                                           Mia Couto

  O homem da história é chamado Julio Novesfora. Noutras falas, o mestre Novesfora. Homem bastante matemático, vivendo na quantidade exacta, morando sempre no acertado lugar. O mundo, para ele, estava posto em equação de infinito grau. Qualquer situação lhe algebrava o pensamento. Integrais, derivadas, matrizes para tudo existia a devida fórmula. A maior parte das vezes mesmo ele nem incomodava os neurônios:
      -- É como que se faz sem cabeça.
      Doseava o coração em aplicações regradas, reduzida a paixão ao seu equivalente numérico. Amores, mulheres, filhos, tudo isso era hipótese nula. O sentimento, dizia ele, não tem logaritmo. Por isso, nem se justifica a sua equação. Desde menino se abstivera de afetos. Do ponto de vista da álgebra, dizia, a ternura é um absurdo. Como o zero negativo. Vocês vejam, dizia ele aos alunos, a erva não se enerva, mesmo sabendo-se acabada em ruminagem de boi. E a cobra morde sem ódio. É só o justo praticar da dentadura injetável dela. Na natureza não se concebe sentimento. Assim, a vida prosseguia e Júlio Novesfora era nela um aguarda-factos. Certa vez, porém, o mestre se apaixonou por uma aluna, menina de incorreta idade; toda a gente advertia essa menina é mais que nova, não dá para si.
      -- Faça as contas mestre.
     Mas o mestre já perdera o cálculo. [...]

                                               Couto, Mia. Os infelizes cálculos da felicidade.
                                          Luar de Outono, [s.l.,s.d.]. Disponível em:
                                                                                     Acesso em: 25 ago. 2008.
O trecho apresenta a personagem central do conto: o mestre Novesfora. Dentre as expressões utilizadas para caracterizar a personagem, está “Qualquer situação lhe algebrava o pensamento”. O verbo “algebrar” não é dicionarizado, ou seja, foi criado nesse texto, para uso específico do autor.
Podemos dizer que a invenção dessa palavra:
a)   Revela a profissão da personagem: professor de matemática.
b)   Demonstra sua facilidade de realizar cálculos.
c)   Enfatiza seu modo sistemático de ler a vida.
d)   É um neologismo que em nada realça o caráter da personagem.

(VUNESP/UFSCAR-SP – Adaptada) Leia o texto a seguir para responder à questão 9.
    

    Sob a ótica do senso comum, conhecimento tem a ver com familiaridade. O conhecido, diz a linguagem comum, é o familiar. Se você está acostumado com alguma coisa, se você lida e se relaciona habitualmente com ela, então você pode dizer que a conhece. O desconhecido, por oposição, é o estranho.
                                                     Eduardo Giannetti. Autoengano, p. 72.

9 – A alternativa em que há palavras que apresentam o mesmo processo de derivação das palavras destacadas no trecho a seguir: ... conhecimento tem a ver com familiaridade é:

a)   É fatal ficarmos tristes diante daquilo que é efêmero.
b)   Uma bela face humana vai um dia ficar velha e menos bela.
c)   Mas a transitoriedade lhe empresta renovado encantamento.
d)   Uma flor que dura apenas uma noite não parece menos bela.
e)   Uma bela obra de arte não tem limitação de tempo ou espaço.

(UNICAMP-SP) Os versos seguintes fazem parte do poema “Um chamado João”, de Carlos Drummond de Andrade, em homenagem póstuma a João Guimarães Rosa. 
Trabalhe as questões 10 e 11 a partir da leitura do poema.

   

        Um chamado João


João era fabulista?
Fabuloso?
Fábula?
Sertão místico disparado
No exílio da linguagem comum?

Projetava na gravatinha
A quinta face das coisas
Inenarrável narrada?
Um estranho chamado João
Para disfarçar, para farçar
O que não ousamos compreender?
[...]
Mágico sem apetrechos,
Civilmente mágico, apelador
De precipites prodígios acudindo
A chamado geral?
[...]
Ficamos sem saber o que era João
E se João existiu
De se pegar.
                                         Andrade, Carlos Drummond de. Correio da Manhã.
                                           22 nov. 1967, publicado em Rosa, J. G. Sagarana.
                                                               Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

10 – a) No título, chamado sintetiza dois sentidos com que a palavra aparece no poema. Explique esses dois sentidos, indicando como estão presentes nas passagens em que chamado se encontra.
        Chamado, presente no título do poema, encontra-se também presente na segunda estrofe em “um estranho chamado João”, chamado significa “denominado” e na terceira estrofe em “acudindo a chamado geral”, chamado significa “evocação”; “convocação”; “pedido”.

b)Na primeira estrofe do poema, fábula é derivada em fabulista e fabuloso. Mostre de que modo a formação morfológica e a função sintática das três palavras contribuem para a formação da imagem de Guimarães Rosa.
        Em termos morfológicos, no primeiro verso, fábula, acrescido do sufixo-ista, gera fabulista; No segundo verso, acrescido de –oso, gera fabuloso. O jogo com a formação morfológica das palavras contribui para a construção da imagem de Guimarães Rosa no poema, visto que sugere uma imitação do estilo do poeta homenageado.
        Em termos sintáticos, as três palavras acabam por atribuir uma qualidade ao sujeito, visto que funcionam como seu predicativo.

11 – Na segunda estrofe, há dois processos muito interessantes de associação de palavras. Em inenarrável/narrada encontramos claramente um processo de derivação. Em disfarçar/forçar, temos a sugestão de um processo semelhante, embora forçar não conste dos dicionários modernos.
a)   Relacione o significado de inenarrável com o processo de sua formação; e o de forçar, na relação sugerida no poema, com disfarçar.
O adjetivo inenarrável, derivado do verbo narrar, é formado por um duplo acréscimo: o do sufixo –vel, e do prefixo in-. A conjunção dos dois afixos resulta na negação da possibilidade de algo ser narrado. Em forçar temos um verbo que, no poema, se constrói a partir de disfarçar, do qual se retira a partícula dis-. Obtém-se, com isso, um termo não dicionarizado.

b)   Explique como esses processos contribuem na construção dos sentidos dessa estrofe.
Inenarrável qualifica, junto com narrada, o mesmo sintagma: “a quinta face das coisas”. Precisamente por ser justaposto a um termo contrário, e de mesma raiz, inenarrável assinala um absurdo, ou melhor, explicita o extraordinário da narrativa alcançada por Guimarães Rosa. Em forçar, imitam-se procedimentos linguísticos típicos do poeta homenageado. A justaposição disfarçar/farçar chama a atenção para o elemento de farsa, de simulação, estratégia ilusória necessária para enfrentar a resistência em ver.
   
12 – (UFRJ-RJ – adaptada)

                

           Os diferentes

        Descobriu-se na Oceania, mais precisamente na ilha de Ossevaolep, um povo primitivo, que anda de cabeça baixo e tem vida organizada. É aparentemente um povo feliz de cabeça muito sólida e mãos reforçadas. Vendo tudo ao contrário, não perde tempo, entretanto, em refutar a visão normal do mundo. E o que eles dizem com os pés dá a impressão de serem coisas aladas, cheias de sabedoria.
        Uma comissão de cientistas europeus e americanos estuda a linguagem desses homens e mulheres, não tendo chegado ainda a conclusões publicáveis. Alguns professores tentaram imitar esses nativos e foram recolhidos ao hospital da ilha. Os cabecences-para-baixo, como foram denominados à falta de melhor classificação, têm vida longa e desconhecem a gripe e a depressão.
                                                      Andrade, Carlos Drummond de. Prosa seleta.
                                                          Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003. p. 150.
No texto, identifica-se o povo da ilha de Ossevaolep por um neologismo: cabecences-para-baixo.
a)   Identifique os processos de formação de palavras utilizados para a criação desse neologismo.
Os processos de formação utilizados foram composição por justaposição e derivação sufixal.
b)   Considerando o conhecimento que os observadores têm do povo de Ossevaolep, responda: por que se afirma, no texto II, que o neologismo foi criado “à falta de melhor classificação?”
Os observadores criaram um neologismo que não vai além do nível descritivo superficial porque eles não conseguiram alcançar um conhecimento aprofundado, conclusivo a respeito do povo de Ossevaolep.

13 – (UNICAMP-SP) Leia os seguintes artigos do Capítulo VIII do novo código Civil (Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002):
Art. 1.548. É nulo o casamento contraído:
I – Pelo enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da vida civil;
II – Por infringência de impedimento.
(...)
Art. 1.550. É anulável o casamento:
I – De quem não completou a idade mínima para casar;
(...)
VI – Por incompetência da autoridade celebrante.

a)   Os enunciados que introduzem os artigos 1.548 e 1.550 têm sentido diferente. Explique essa diferença, comparando, do ponto de vista morfológico, as palavras nulo e anulável.
No Art. 1.548, o casamento é considerado inexistente, isto é, sem efeito, desde que ocorram as condições arroladas.
No Art. 1550, o casamento é passível de ser tornado sem valor, desde que solicitado e observadas determinadas condições. Essa diferença é produzida pelo acréscimo do sufixo –ável ao verbo anular.

b)   Segundo o Dicionário Houaiss da língua Portuguesa (2001), infringência vem de infringir (violar, transgredir, desrespeitar) + ência. Compare o processo de formação dessa palavra com o de incompetência, indicando eventuais diferenças e semelhanças.
Diferentemente de infringência, palavra formada a partir de infringir por meio do acréscimo do sufixo –ência, incompetência apresenta um processo suplementar, já que inexiste o verbo incompetir. O verbo competir recebe igualmente o sufixo –ência e, posteriormente, a palavra formada recebe o prefixo in-, fornecendo o sentido de “ausência de competência”.