sábado, 21 de outubro de 2017

TEXTOS CURTOS PARA O 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL - COM GABARITO


01 – Leia a tirinha:


A situação mostrada nessa história é engraçada porque:
a)   Podemos ver que Junim vai ficar feliz e agradecido por ter recebido o recado dado pela mãe.
b)   Justamente o amigo que traz o recado é que vai fazer o Junim chegar em casa mais uma vez com a roupa suja.
c)   Com certeza, Bocão vai levar uma bronca da mãe por ter pisado na poça de lama.
d)   Junim se assustou com a gritaria de Bocão.


02 – Leia o que acontece com Priscila todos os dias!
  A hora certa de aprender: 10:00 horas – E moleza para os mais velhos.
   Priscila Razon, de 15 anos, começa a se espreguiçar. Ela estuda na mesma escola de Larissa, mas suas aulas são à tarde. Só no meio da manhã o cérebro da jovem dá os comandos para a corpo pular da cama. Outros hormônios dessa fase do crescimento fazem com que seu relógio biológico se atrase em algumas horas. Por isso, o dia está apenas começando para ela.

               Fonte: Revista Nova Escola. Vol. 4. Edição Especial. p. 18.

No trecho “O dia está apenas começando para ela”. A palavra em negrito se refere a:
a)   Escola.
b)   Priscila.
c)   Larissa.
d)   Horas.


03 – A professora tenta ensinar matemática para o Joãozinho.
        --- Se eu te dar quatro chocolates hoje e mais três amanhã, você fica com, com ... com?
        O garoto:
        --- Contente.

     Fonte: Buchweitz, Donaldo. (Org) Piadas para você morrer de rir.
                                                             Belo Horizonte: Leitura, 2001.



A parte do texto que provoca humor é:
a)   A professora ensinar matemática para o Joãozinho.
b)   A professora dar quatro chocolates para Joãozinho.
c)   A pergunta da professora ao Joãozinho.
d)   A resposta que Joãozinho deu à professora.


04 – O Leão e o Ratinho

        Um leão foi acordado por um rato que passou correndo sobre seu rosto. Com um salto ágil ele capturou e estava pronto para mata-lo quando o rato suplicou:
        --- Se o senhor poupasse minha vida, tenho certeza que um dia posso retribuir sua bondade.
        O leão deu uma gargalhada de desprezo e o soltou.
        Aconteceu que pouco depois disso o leão foi capturado por caçadores que o amarraram com fortes cordas no chão.
        O rato, reconhecendo seu rugido, se aproximou, roeu as cordas e libertou-o dizendo:
        --- O senhor achou ridícula a ideia de que jamais seria capaz de ajudá-lo. Nunca esperava receber de mim qualquer compensação pelo seu favor; mas agora sabe que é possível, mesmo a um rato, conceber um favor a um poderoso leão.

Este texto é:
a)   Uma fábula.
b)   Um poema.
c)   Uma adivinha.
d)   Uma carta.


05 – Uma mulher vai seguindo de carro por uma estrada.
  Um homem vai na mesma estrada, mas no sentido oposto. Ao cruzarem-se, o homem abaixa o vidro e grita:
        --- VAAAAAAACA!!!!
 A mulher imediatamente abaixa o vidro e responde:
  -- É A SUA MÃEEEEEEEEEEEEE!!!
 Cada um continua o seu caminho, mas a mulher, que vai sorridente pela resposta dada, ao virar a primeira curva, bate direto em uma gigantesca vaca deitada no meio da estrada.

O acidente de carro aconteceu com a mulher porque ela:
a)   Confundiu o alerta com xingamento.
b)   Não ouviu o que o homem dizia.
c)   Levou na brincadeira o grito do homem.
d)   Dormiu ao volante enquanto dirigia.

06 – 




A opção que corrige as palavras escritas de forma errada na placa ao lado é:
a)   Vende-se bicicletas em bom estado para crianças e homens.
b)   Vende-se biscicretas em bão estado para crianssas e omens.
c)   Vende becicletas em bom esstado para crionças e homems.
d)   Vendem-se bicicletas em bom estado para clianças e homems.

07 – Observe a charge a seguir e assinale a alternativa correta:


A ideia central de charge é:
a)   A diferença anatômica entre a formiga e o elefante.
b)   Sobre a felicidade da formiga ter encontrado o elefante.
c)   Sobre a diferença salarial no Brasil.
d)   Nenhuma das alternativas.


sexta-feira, 20 de outubro de 2017

TEXTOS CURTOS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL - COM GABARITO

TEXTOS CURTOS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL

01 – A Costureira das Fadas

       Depois do jantar, o príncipe levou Narizinho à casa da melhor costureira do reino. Era uma aranha de Paris, que sabia fazer vestidos lindos, lindos até não poder mais! Ela mesma tecia a fazenda, ela mesma inventava as modas.
     --- Dona Aranha – disse o príncipe – quero que faça para esta ilustre dama o vestido mais bonito do mundo. Vou dar uma grande festa em sua honra e quero vê-la deslumbrar a corte.
        Disse e retirou-se. Dona Aranha tomou da fita métrica e, ajudada por seis aranhinhas muito espertas, principiou a tomar as medidas. Depois teceu depressa, depressa, uma fazenda cor-de-rosa com estrelinhas douradas, a coisa mais linda que se possa imaginar. Teceu também peças de fita e peças de renda e de entremeio – até carretéis de linha de seda fabricou.

                      Monteiro Lobato. José Bento. Reinações de Narizinho.
                                                              São Paulo: Brasiliense, 1973.

1 - O príncipe quer dar um vestido para Narizinho porque:
a)   Ela deseja ter um vestido de baile.
b)   O príncipe vai se casar com Narizinho.
c)   Ela deseja um vestido cor-de-rosa.
d)   O príncipe fará uma festa para Narizinho.


02 – Qual é o título do texto?
      O título do texto é “A costureira das fadas”

03 – Quem é o autor?
      É Monteiro Lobato.

04 – Em que ano este texto foi escrito?
      Foi escrito em 1973.

05 – Quantos parágrafos há no texto?
      Possui 03 (três) parágrafos.

06 – Quais são os personagens da história?
      Os personagens da história são a Narizinho, a dona Aranha, o príncipe e as ajudantes da Aranha.

07 – Procure o significado das palavras grifadas no dicionário:
      Fazenda: peça de tecido.
      Principiou: começou.

08 – Em sua opinião porque o autor escolheu que a costureira fosse uma aranha?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Ela provavelmente foi escolhida porque a aranha é um ser que produz e constrói suas próprias teias.

09 – Por que narizinho precisava de um vestido?
      Ela precisava de um vestido porque o príncipe ia dar uma grande festa em sua honra.

10 – Encontre no texto o que se pede:
a) Três palavras oxítonas: jantar, melhor, Paris.
b) Três palavras paroxítonas: casa, aranha, fazenda.
c) Duas palavras proparoxítonas: príncipe, métrica.





02 – Poluição do solo

    É na camada mais externa da superfície terrestre, chamada solo, que se desenvolvem os vegetais. Quando o solo é contaminado, tanto os cursos subterrâneos de água como as plantas podem ser envenenadas.
   Os principais poluentes do solo são os produtos químicos usados na agricultura. Eles servem para destruir pragas e ervas-  daninhas, mas também causam sérios estragos ambientais.
        O lixo produzido pelas fábricas e residências também podem poluir o solo. Baterias e pilhas jogadas no lixo, por exemplo, liberam líquidos tóxicos e corrosivos. Nos aterros, onde o lixo das cidades é despejado, a decomposição da matéria orgânica gera um líquido escuro e de mau cheiro chamado chorume, que penetra no solo e contamina mesmo os cursos de água que passam bem abaixo da superfície.

                                                Almanaque Recreio. São Paulo: Abril.
                                                           Almanaque CDD_056-9. 2003.

No trecho “É na camada mais externa da superfície terrestre”, a expressão sublinhada indica:
a)   Causa.
b)   Finalidade.
c)   Lugar.
d)   Tempo.


03 – CONTINHO

        Era uma vez um menino triste, magro e barrigudinho. Na soalheira dada de meio-dia, ele estava sentado na poeira do caminho, imaginando bobagem, quando passou um vigário a cavalo.
        --- Você, aí, menino, para onde vai essa estrada?
        --- Ela não vai não: nós é que vamos nela.
        --- Engraçadinho duma figa! Como você se chama?
        --- Eu não me chama, não, os outros é que me chamam de Zé.

                                       Mendes Campos, Paulo. Para gostar de ler.
                                      Crônicas. São Paulo: Ática, 1996, v. 1 p. 76.

1 - Há traço de humor no trecho:
a)   “Era uma vez um menino triste, magro”.
b)   “Ele estava sentado na poeira do caminho”.
c)   “Quando passou um vigário”.
d)   “Ela não vai não: nós é que vamos nela”.





04 – O que disse o passarinho

Um passarinho me contou
Que o elefante brigou
Com a formiga só porque
Enquanto dançavam (segundo ele)
Ela pisou no pé dele!

Um passarinho me contou
Que o jacaré se engasgou
E teve que cuspi-lo inteirinho
Quando tentou engolir,
Imaginem só, um porco-espinho!

Um passarinho me contou
Que o namoro do tatu e a tartaruga
Deu num casamento de fazer dó:
Cada qual ficou morando em sua casca
Em vez de morar numa casca só.

Um passarinho me contou que
A ostra é muito fechada, que a
Cobra é muito enrolada que a
Arara é uma cabeça oca, e que
O leão-marinho e a foca...
Xô, xô, passarinho, chega de fofoca!

                                     Paes, José Paulo. O que disse o passarinho.
                                                    In:____. Um passarinho me contou.
                                                           São Paulo: Editora Ática, 1996.

A pontuação usada no final do verso “e que o leão-marinho e a foca...” sugere que o passarinho:
a)   Está cansado.
b)   Está confuso.
c)   Não tem mais fofocas para contar.
d)   Ainda tem fofocas para contar.


05 – Carta

        Lorelai:

        Era tão bom quando eu morava lá na roça. A casa tinha um quintal com milhões de coisas, tinha até um galinheiro. Eu conversava com tudo quanto era galinha, cachorro, gato, lagartixa, eu conversava com tanta gente que você nem imagina, Lorelai. Tinha árvore para subir, rio passando no fundo, tinha cada esconderijo tão bom que a gente podia ficar escondida a vida toda que ninguém achava. Meu pai e minha mãe viviam rindo, andavam de mão dada, era uma coisa muito legal da gente ver. Agora, tá tudo diferente: eles vivem de cara fechada, brigam à toa, discutem por qualquer coisa. E depois, toca todo mundo a ficar emburrado. Outro dia eu perguntei: o que é que tá acontecendo que toda hora tem briga? Sabe o que é que eles falaram? Que não era assunto para criança. E o pior é que esse negócio de emburramento em casa me dá uma aflição danada. Eu queria tanto achar um jeito de não dar mais bola pra briga e pra cara amarrada. Será que você acha um jeito pra mim?
        Um beijo da Raquel.
        [...]
                                          Nunes, Lygia Bojunga. A Bolsa Amarela –
                                                      31ª ed. Rio de Janeiro: Agir, 1998.

Em “Agora tudo diferente”: a palavra destacada é um exemplo de linguagem:
a)   Ensinada na escola.
b)   Estudada nas gramáticas.
c)   Encontrada nos livros técnicos.
d)   Empregada com colegas.

06 – 


                Jim Meddick. “Robô”. In: Folha de São Paulo. 27/04/1993.

No 3° quadrinho, a expressão do personagem e sua fala “AHHH!” indica que ele ficou:
a)   Acanhado.
b)   Aterrorizado.
c)   Decepcionado.
d)   Estressado.


07 – O hábito da leitura

        “A criança é o pai do homem”. A frase, do poeta inglês William Wordsworth, ensina que o adulto conserva e amplia qualidades e defeitos que adquiriu quando criança. Tudo que se torna um hábito dificilmente é deixado. Assim, a leitura poderia ser uma mania prazerosa, um passatempo.
        Você, coleguinha, pode descobrir várias coisas, viajar por vários lugares, conhecer várias pessoas, e adquirir muitas experiências enquanto lê um livro, jornal, gibi, revista, cartazes de rua e até bula de remédio. Dia 25 de janeiro foi o dia do Carteiro. Ele leva ao mundo inteiro várias notícias, intimações, saudades, respostas, mas tudo isso só existe por causa do hábito da leitura. E aí, vamos participar de um projeto de leitura?

                                   Correio Braziliense, Brasília, 31/01/2004, p. 7.

No trecho “Ele leva ao mundo inteiro”, a palavra sublinhada refere-se ao:
a)   Carteiro.
b)   Jornal.
c)   Livro.
d)   Poeta.


08 –Pepita a piaba

        Lá no fundo do rio, vivia Pepita: uma piaba miudinha.
        Mas Pepita não gostava de ser assim. Ela queria ser grande... bem grandona... Tomou pílulas de vitamina... Fez ginástica de peixe... Mas nada... Continuava miudinha.
        --- O que é isso? Uma rede?
        Uma rede no rio! Os pescadores!
        Ai, ai, ai... Foi um nada-nada...
        Mas... muitos peixes ficaram presos na rede.
        E pepita?
        Pepita escapuliu... Ela nadou, nadou pra bem longe dali!

      
                            Contijo, Solange A. Fonseca. Pepita a piaba.
                                                            Belo Horizonte: Miguilim. s. d.

No trecho “Lá no fundo do rio, vivia Pepita”, a expressão sublinhada dá ideia de:
a)   Causa.
b)   Explicação.
c)   Lugar.
d)   Tempo.




09 – Feias, sujas e imbatíveis (fragmento).

        As baratas estão na Terra há mais de 200 milhões de anos, sobrevivem tanto no deserto como nos polos e podem ficar até 30 dias sem comer. Vai encarar?
        Férias, sol e praia são alguns dos bons motivos para comemorar a chegada do verão e achar que essa é a melhor estação do ano. E realmente seria, se não fosse por um único detalhe: as baratas. Assim como nós, elas também ficam bem animadas com o calor. Aproveitam a aceleração de seus processos bioquímicos para se reproduzirem mais rápido e, claro, para passearem livremente por todos os cômodos de nossas casas.
        Nessa época do ano, as chances de dar de cara com a visitante indesejada, ao acordar durante a noite para beber água ou ir ao banheiro, são três vezes maiores.

                                  Revista Galileu. Rio de Janeiro: Globo, n° 151,
                                                                                 Fev. 2004. p. 26.

No trecho “Vai encarar?”, o ponto de interrogação tem o efeito de:
a)   Apresentar.
b)   Avisar.
c)   Desafiar.
d)   Questionar.


10 – Televisão

      Televisão é uma caixa de imagens que fazem barulho.
    Quando os adultos não querem ser incomodados, mandam as crianças ir assistir à televisão.
     O que eu gosto mais na televisão são os desenhos animados de bichos.
     Bicho imitando gente é muito mais engraçado do que gente imitando gente, como nas telenovelas.
        Não gosto muito de programas infantis com gente fingindo de criança.
        Em vez de ficar olhando essa gente brincar de mentira, prefiro ir brincar de verdade com mais amigos e amigas.
        Também os doces que aparecem anunciados na televisão não tem gosto de coisa alguma porque ninguém pode comer uma imagem.
        Já os doces que minha mãe faz e que eu como todo dia, esses sim, são gostosos.
        Conclusão: a vida fora da televisão é melhor do que dentro dela.

                      Paes, J. P. Televisão. In: Vejam como eu sei escrever.
1.   ed. São Paulo, Ática, 2001, p. 26-27.

O trecho em que se percebe que o narrador é uma criança é:
a)   “Bicho imitando gente é muito mais engraçado do que gente imitando gente, como nas telenovelas”.
b)   “Em vez de ficar olhando essa gente brincar de mentira, prefiro ir brincar de verdade...”
c)   “Quando os adultos não querem ser incomodados, mandam as crianças ir assistir à televisão”.
d)   “Também os doces que aparecem anunciados na televisão não têm gosto de coisa alguma...”



PEÇA TEATRAL: O REI DA VELA - OSWALD DE ANDRADE - COM GABARITO


PEÇA TEATRAL: O REI DA VELA
                                  Oswald de Andrade

     Em São Paulo. Escritório de usura de Abelardo & Abelardo. Um retrato da Gioconda. Caixas amontoadas. Um divã futurista. Uma secretária Luís XV. Um castiçal de latão. Um telefone. Sinal de alarma. Um mostruário de velas de todos os tamanhos e de todas as cores. Porta enorme de ferro à direita correndo sobre rodas horizontalmente e deixando ver no interior as grades de uma jaula. O Prontuário, peça de gavetas com os seguintes rótulos: Malandros – Impontuais – Prontos – Protestados. Na outra divisão: Penhoras – Liquidações – Suicídios – Tangas.


      Pela ampla janela entra o barulho da manhã na cidade e sai o das máquinas de escrever da antessala.
        Abelardo I, Abelardo II e Cliente.
        Abelardo I – Sentado em conversa com m cliente. Aperta um botão, ouve-se um forte barulho de campainha. – Vamos ver ...
        Abelardo II – Veste botas e um completo de domador de feras. Usa pastinha e enormes bigodes retorcidos. Monóculo. Um revólver à cinta. – Pronto, seu Abelardo.
        Abelardo I --- Traga o dossiê desse homem.
        Abelardo II --- Pois não! O seu nome?
        O cliente – embaraçado; o chapéu na mão, uma gravata de corda no pescoço magro – Manoel Pitanga de Moraes.
        Abelardo II – Profissão?
        Cliente – Eu era proprietário quando vim aqui pela primeira vez. Depois fui dois anos funcionário da Estrada de Ferro Sorocabana O empréstimo, o primeiro, creio que foi feito para o parto Quando nasceu a menina.
        Abelardo II – Já sei Está nos Impontuais. Entrega o dossiê reclamado e sai.
        Abelardo I – Examina – Veja! Isto não é comercial, seu Pitanga! O senhor fez o primeiro empréstimo em fins de 29 Liquidou em maio de 1931. Fez outro em julho de 31, estamos em 1933. Reformou sempre. Há dois meses suspendeu o serviço de juros... Não é comercial...
        Cliente – Exatamente Procurei o senhor a segunda vez por causa da demora de pagamento na Estrada, com a Revolução de 30. A primeira foi para o parto. A criança já tinha dois anos. E a Revolução em 30... Foi um mau sucesso que complicou tudo...
        Abelardo I – O senhor sabe, o sistema da casa é reformar. Mas não podemos trabalhar com quem não paga juros... Vivemos disso. O senhor cometeu a maior falta contra a segurança do nosso negócio e o sistema da casa...
        Cliente – Há dois meses somente que não posso pagar juros.
        Abelardo I – Dois meses. O senhor acha que é pouco?
        Cliente – Por isso mesmo é que eu quero liquidar. Entrar num acordo A fim de não ser penhorado. Que diabo! O senhor tem auxiliado tanta gente. É o amigo de todo mundo... Por que comigo não há de fazer um acordo?
        Abelardo I – Aqui não há acordo, meu amigo. Há pagamento!
        Cliente – Mas eu me acho numa situação triste. Não posso pagar tudo, seu Abelardo. Talvez consiga um adiantamento para liquidar...
        Abelardo I – Apesar da sua impontualidade, examinaremos as suas propostas...
        Cliente – Mas eu fui pontual dois anos e meio. Paguei enquanto pude! A minha dívida era de um conto de réis. Só de juros eu lhe trouxe aqui nesta sala mais de dois contos e quinhentos. E até agora não me utilizei da lei contra a usura...
        Abelardo I – Interrompendo-o, brutal. Ah! meu amigo. Utilize-se dessa coisa imortal e iníqua. Se fala de lei de usura, estamos com as negociações rotas... Saia daqui!
        Cliente – Ora, seu Abelardo. O senhor me conhece. Eu sou incapaz!
        Abelardo I – Não me fale nessa monstruosidade porque eu o mando executar hoje mesmo. Tomo-lhe até a roupa, ouviu? A camisa do corpo.
        Cliente – Eu não vou me aproveitar, seu Abelardo. Quero lhe pagar. Mas quero também lhe propor um acordo. A minha situação é triste... Não tenho culpa de ter sido dispensado. Empreguei-me outra vez. Despediram-me por economia. Não ponho minha filhinha na escola porque não posso comprar sapatos para ela. Não hei de morrer de fome também. Às vezes não temos o que comer em casa. Minha mulher agora caiu doente. No entanto, sou um homem habilitado. Tenho procurado inutilmente emprego por toda a parte. Só tenho recebido nãos enormes. Do tamanho do céu! Agora, aprendi escrituração, estou fazendo umas escritas. Uns biscates. Hei de arribar... Quero ver se adiantam para lhe pagar.
        Abelardo I – Mas, enfim, o que é que o senhor me propõe?
        Cliente – Uma pequena redução no capital.
        Abelardo I – No capital! O senhor está maluco! Reduzir o capital? Nunca!
        Cliente – Mas eu já paguei mais do dobro do que levei daqui...
        Abelardo I – Me diga uma coisa, seu Pitanga. Fui eu que fui procura-lo para assinar este papagaio? Foi o meu automóvel que parou diante do seu casebre para pedir que aceitasse o meu dinheiro? Com que direito o senhor me propõe uma redução no capital que eu lhe emprestei?
        Cliente – Desnorteado. – Eu já paguei duas vezes...
        Abelardo I – Suma-se daqui! Levanta-se. Saia ou chamo a polícia. É só dar o sinal de crime neste aparelho. A polícia ainda existe...
        Cliente – Para defender os capitalistas! E os seus crimes!
        Abelardo I – Para defender o meu dinheiro. Será executado hoje mesmo. (Toca a campainha). Abelardo! Dê ordens para executá-lo! Rua! Vamos. Fuzile-o. É o sistema da casa.
        Cliente – Eu sou um covarde! (Vai chorando). O senhor abusa de um fraco, de um covarde!

                               Oswald de Andrade. O rei da vela. São Paulo:  
                                                                         Globo, 2004. p. 37-42.
Usura: agiotagem.
Iníquo: perverso, injusto.
Papagaio: nota promissória.

1 – Reveja a indicação da rubrica inicial para o cenário Em sua opinião, ao formular essas indicações, que impressão o enunciador desejava provocar no espectador da peça?
      A de um ambiente rebuscado e de mau gosto, além de desarrumado.

2 – O que podem significar, no contexto da peça:
a)   “As grades da jaula”.
O fato de os devedores estarem presos ao agiota.

b)   A gravata do cliente.
Feita de corda, a gravata remete à ideia de alguém que está “com a corda no pescoço”, ou seja, cheio de dívidas.

3 – Qual seria o sentido de prontos e tangas nos prontuários descritos na primeira rubrica?
      Prontos e tangas indicam individuo sem posses, sem dinheiro, na miséria. Se os alunos não conseguirem chegar a essas respostas, sugira-lhes a consulta ao dicionário e a busca do sentido de acordo com o contexto.

4 – Redija uma interpretação da cena, cliente de que o cenário é uma jaula e que Abelardo II está vestido d domador de feras, com os bigodes retorcidos e um revólver à cinta.
      Resposta pessoal do aluno.

5 – Analise, do ponto de vista da ética, esta fala de Abelardo I: “Me diga uma coisa, seu Pitanga. Fui eu que fui procura-lo para assinar este papagaio? Foi o meu automóvel que parou diante do seu casebre para pedir que aceitasse o meu dinheiro? Com que direito o senhor me propõe uma redução no capital que eu lhe emprestei?”
      Resposta pessoal do aluno. Sendo que há uma lógica perversa na pergunta do Abelardo I.

6 – Qual é, do ponto de vista dos agiotas em geral, a falta mais grave que um cliente pode cometer?
      Não pagar juros.

7 – Qual é a fala do cliente que leva Abelardo I a expulsá-lo da sala?
      “... E até agora não me utilizei da lei contra a usura...”

8 – No trecho, “Vamos. Fuzile-o”, o verbo exprime uma ordem de Abelardo I. O que ele quer dizer com isso?
      Quer que o cliente seja executado, porém não literalmente.

9 – Como você interpreta a última fala do cliente?
      Resposta pessoal do aluno.