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quarta-feira, 16 de agosto de 2017

POEMA: CATAR FEIJÃO - JOÃO CABRAL DE MELO NETO - COM GABARITO

POEMA: CATAR FEIJÃO
                  João Cabral de Melo Neto

Catar feijão se limita com escrever:
jogam-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na da folha de papel;

e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.


Ora, nesse catar feijão, entra um risco:
o de entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a com o risco.


MELO NETO, João Cabral de. A educação pela pedra. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997, p. 16-17. 

1  1.   O poema é sobre como catar feijão? Justifique.

Resposta- Não, é sobre o ato de escrever e este é comparado ao ato de catar feijão. Preste atenção para o fato de de despistar já no título, o que busca mostrar: escrever é catar, escolher palavras; no 1º verso isso também se dá, pois o que é realmente comparado é posto como comparante.

    2.   Catar poderia ser substituído por que outras palavras?

Resposta -escolher, selecionar, combinar, recolher, retirar...

      3.   Pode-se dizer que o texto é um poema de amor? Por quê?

Resposta -Não, é antes uma reflexão sobre o ato de escrever racionalmente e as dificuldades de isso carrega.

4   4.Catar feijão é um assunto tipicamente poético? O que você acha disso?

Resposta pessoal. Mostrar que ações cotidianas, corriqueiras, sem elevação passaram a ser temas poéticos no século XX.

5    5.Quantas estrofes há no poema?
Resposta -Duas estrofes.

6    6.Quantos versos há em cada estrofe? 
Resposta - Oito versos em cada estrofe. 

7. Que palavra é omitida no terceiro verso?
Resposta - A palavra água: e as palavras na água da folha de papel.

8. Encontre no poema outras construções em que palavras são omitidas, isto é, estão elípticas.
Resposta - Água (que é) congelada; por (ser de) chumbo seu verbo; (é necessário) soprar nele. 

9. Pela leitura do texto, o ato de escrever poemas é fácil? Justifique sua resposta.

Resposta - É bastante difícil, pois só assim o poeta pode oferecer um texto que provoque o leitor, que o desperte. 


sexta-feira, 31 de março de 2017

POEMA : MORTE E VIDA SEVERINA(FRAGMENTO) - JOÃO CABRAL DE MELO NETO - COM GABARITO

POEMA: MORTE E VIDA SEVERINA(FRAGMENTO) – ENEM (2011)
                            João Cabral de Melo Neto

TEXTO I
O meu nome é Severino,
Não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
Que é santo de romaria,
Deram então de me chamar
Severino de Maria;
Como há muitos Severinos
Com mães chamadas Maria,
Fiquei sendo o da Maria
Do finado Zacarias,
Mas isso ainda diz pouco:
Há muitos na freguesia,
Por causa de um coronel
Que se chamou Zacarias
E que foi o mais antigo
Senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem fala
Ora a Vossas Senhorias?

    MELO NETO, João Cabral. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.


TEXTO II
          João Cabral, que já emprestara sua voz ao rio, transfere-a, aqui, ao retirante Severino, que, como o Capibaribe, também segue no caminho do Recife. A auto apresentação da personagem, na fala inicial do texto, nos mostra um Severino que, quanto mais se define, menos se individualiza, pois seus traços biográficos são sempre partilhados por outros homens.
                              SECCHIN, Antônio Carlos. João Cabral: a poesia do menos.
                                                                            Rio de Janeiro: Topbooks, 1999.

          Com base no trecho de Morte e vida Severina (texto I) e na análise crítica (texto II), observa-se que a relação entre o texto poético e o contexto social a que ele faz referência aponta para um problema social expresso literariamente pela pergunta “Como então dizer quem fala/ora a Vossas Senhorias?”. A resposta à pergunta expressa no poema é dada por meio da:
a)     Descrição minuciosa dos traços biológicos da personagem narrador.
b)    Construção da figura do retirante nordestino como um homem resignado com a sua condição.
c)     Representação, na figura da personagem narrador, de outros Severinos que compartilham sua condição.
d)    Apresentação da personagem narrador como uma projeção do próprio poeta, em sua crise existencial.
e)     Descrição de Severino, que, apesar de humilde, orgulha-se de ser descendente do coronel Zacarias.


terça-feira, 31 de janeiro de 2017

POEMA: PARA A FEIRA DO LIVRO - JOÃO CABRAL DE MELO NETO - COM GABARITO


POEMA: PARA A FEIRA DO LIVRO
                João Cabral de Melo Neto

Folheada, a folha de um livro retoma
o lânguido e vegetal da folha folha,
e um livro se folheia ou se desfolha
como sob o vento a árvore que o doa;
folheada, a folha de um livro repete
fricativas e labiais de ventos antigos,
e nada finge vento em folha de árvore
melhor do que vento em folha de livro. [...]

           João Cabral de Melo Neto. In        Obra completa                                                                      Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994, p. 367.

1 -   Ao tratar da folha de um livro, o poema a compara a uma “folha folha”. Qual o sentido dessa expressão?
     A expressão “folha folha” refere-se á folha da árvore que dá origem à folha do papel.

2 -   O poema emprega insistentemente as aliterações dos fonemas f e v. Elas têm no contexto do poema um valor imitativo. O que essas aliterações procuram imitar?
     As aliterações dos fonemas f e v procuram imitar os sons do vento nas árvores e o barulho de folhear um livro.

3 -   O poema associa os sons do manuseio das folhas de um livro aos sons produzidos por “ventos antigos” A que se refere essa expressão?
     Refere-se aos ventos que movimentaram as folhas vegetais que deram origem às folhas de papel.