segunda-feira, 18 de novembro de 2024

SONETO: TANTO DE MEU ESTADO ME ACHO INCERTO - LUÍS DE CAMÕES - COM GABARITO

 Soneto: Tanto de meu estado me acho incerto

             Luís de Camões

Tanto de meu estado me acho incerto,
que em vivo ardor tremendo estou de frio;
sem causa, juntamente choro e rio,
o mundo todo abarco e nada aperto.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMlKfoGbA8ZjxZWRs3vYTTel7ENqG_Y-FwsjI5Kvx1uTD6Pel7JWfR1lia9JUzMZWMSRVRsSSpee5EsQjRn2UFK_plNT1veaj6LU9F86Ev-RyomRW_eAM2xXEg1TLzbRJ72vQheCy6_UJ-wuOKzKkafBaFdOm8AUVGrWulaippuXp1hhcOteED1rL6_uU/s1600/CAMOES.png 



É tudo quanto sinto, um desconcerto;
da alma um fogo me sai, da vista um rio;
agora espero, agora desconfio,
agora desvario, agora acerto.

Estando em terra, chego ao Céu voando,
numa hora acho mil anos, e é de jeito
que em mil anos não posso achar um' hora.

Se me pergunta alguém porque assim ando,
respondo que não sei; porém suspeito
que só porque vos vi, minha Senhora.

Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo (seleção, apresentação e notas). Sonetos de Camões. São Paulo: Ateliê Editorial, 1998, p. 42.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 132.

Entendendo o soneto:

01 – Qual a principal emoção transmitida pelo eu lírico nesse soneto?

      A principal emoção transmitida pelo eu lírico é a incerteza e a confusão decorrentes de um amor intenso e apaixonado. Ele se sente dividido entre extremos, como calor e frio, choro e riso, esperança e desconfiança. Essa instabilidade emocional é característica da paixão amorosa, que perturba a alma do poeta e o faz questionar seus próprios sentimentos.

02 – Que figuras de linguagem são mais evidentes no soneto e qual o efeito que causam?

      O soneto é rico em figuras de linguagem, como antíteses (opostos), paradoxos (ideias contraditórias) e hipérboles (exagero). Essas figuras intensificam a expressão dos sentimentos contraditórios do eu lírico, como em "em vivo ardor tremendo estou de frio" e "o mundo todo abarco e nada aperto". O efeito é criar uma imagem vívida e intensa do turbilhão emocional do poeta.

03 – Qual a importância da mulher amada para o eu lírico?

      A mulher amada é a causa de todo o sofrimento e confusão do eu lírico. Ela é a fonte de sua inspiração e paixão, mas também o motivo de sua angústia e incerteza. A presença dela é tão intensa que o poeta se sente transportado para outros planos, como o céu, e experimenta uma distorção do tempo. A mulher amada é, portanto, o centro de todo o seu universo emocional.

04 – Como o soneto expressa a natureza contraditória do amor?

      O soneto expressa a natureza contraditória do amor através da oposição de sentimentos e sensações. O amor é representado como uma força que ao mesmo tempo une e separa, que traz alegria e tristeza, esperança e desespero. Essa dualidade é característica da experiência amorosa e é explorada por Camões de forma intensa e poética.

05 – Qual a relação entre o título e o conteúdo do soneto?

      O título "Tanto de meu estado me acho incerto" resume perfeitamente o conteúdo do soneto. A incerteza é o estado de espírito dominante do eu lírico, que se encontra perdido em um labirinto de emoções contraditórias. A palavra "estado" enfatiza a condição emocional do poeta, enquanto "incerto" destaca a instabilidade e a dúvida que o caracterizam.

 

 

POESIA: OS LUSÍADAS - CONTO I - FRAGMENTO - LUÍS DE CAMÕES - COM GABARITO

 Poesia: OS LUSÍADAS – Canto I – Fragmento

             Luís de Camões

As armas e os Barões assinalados

Que da Ocidental praia Lusitana

Por mares nunca de antes navegados

Passaram ainda além da Taprobana,

Em perigos e guerras esforçados

Mais do que prometia a força humana,

E entre gente remota edificaram

Novo Reino, que tanto sublimaram;

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpxNKFun5gbIeaD4Vx2oFkxZxZAjUnTs7Hx4ZI3JTqoqvHVdgyXGwkxkUN5PaEvmo2I1_GvyxByZWveJ44SmSb3eOLovBpf0Vu4YYNDchi51LiVPdFXrxm0xt2w568mKPMZ9_8das96CfSxd7A5AEF2KmyymHyJyuI8hp7Fb_qjzMfIZ68pX4Jww9aAZA/s320/PRAIA.jpg

E também as memórias gloriosas

Daqueles Reis que foram dilatando

A Fé, o Império, e as terras viciosas

De África e de Ásia andaram devastando,

E aqueles que por obras valerosas

Se vão da lei da Morte libertando,

Cantando espalharei por toda parte,

Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

 

Cessem do sábio Grego e do Troiano

As navegações grandes que fizeram;

Cale-se de Alexandro e de Trajano

A fama das vitórias que tiveram;

Que eu canto o peito ilustre Lusitano,

A quem Neptuno e Marte obedeceram.

Cesse tudo o que a Musa antiga canta,

Que outro valor mais alto se alevanta.

E vós, Tágides minhas, pois criado.

[...]

Rosemeire da Silva e Carlos Cortez (introdução e comentário). A poesia épica de Camões. São Paulo: Policarpo, p. 22.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 119.

Entendendo a poesia:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Taprobana: atual Sri Lanka.

·        Esforçados: equivalente a barões dedicados, empenhados, lutadores.

·        Edificaram: fundaram.

·        Sublimaram: elevaram.

·        Terras viciosas: terras não cristãs.

·        Engenho: inspiração, talento.

·        Arte: ter capacidade de escrever de acordo com as regras da poesia épica.

02 – Qual é o tema central do fragmento e qual a sua importância para a obra como um todo?

      O tema central do fragmento é a exaltação dos feitos dos portugueses, em especial suas grandes navegações e conquistas. Essa introdução estabelece o tom épico de toda a obra, posicionando Portugal como uma nação heroica e destinada à grandeza.

03 – A quem o poeta se dirige no início do poema e qual a intenção dessa invocação?

      O poeta se dirige às Tágides, ninfas do rio Tejo, solicitando sua inspiração para a composição do poema. Essa invocação é uma tradição da poesia épica, servindo para conectar o poeta à musa inspiradora e conferir maior autoridade à sua narrativa.

04 – Quais são os feitos dos portugueses que o poeta destaca no fragmento?

      O poeta destaca as grandes navegações portuguesas, que ultrapassaram os limites conhecidos até então, e as conquistas em terras distantes como a África e a Ásia. Além disso, celebra a expansão da fé cristã e a criação de um novo reino.

05 – Qual a relação entre o passado glorioso de Portugal e o presente do poeta?

      O poeta busca conectar o passado glorioso de Portugal, marcado pelas grandes navegações e conquistas, com o presente, celebrando a identidade nacional e buscando inspiração nos feitos de seus antepassados para compor sua obra.

06 – Como o poeta se posiciona em relação aos feitos de outros heróis da antiguidade?

      O poeta coloca os feitos dos portugueses em um patamar superior aos feitos de heróis da antiguidade como Alexandre, o Grande, e os troianos, afirmando que a história de Portugal merece ser cantada de forma mais grandiosa e sublime.

 

 

POEMA: SONETO DA LOUCURA - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

 Poema: Soneto da loucura

             Carlos Drummond de Andrade

A minha casa pobre é rica de quimera

e se vou sem destino a trovejar espantos,

meu nome há de romper as mais nevoentas eras

tal qual Pentapolim, o rei dos Garamantas.

 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMHmoRQvlHrRad5WRvCF7soC4vyHJ-RvYJmTEfG0gE6IqfNONT4o6tVBs5Gu7B8_SoaS7Znkzis0uwbVfNF-PffEAXj9x7FiqKzrt4LicZo5voGRMtM6bwMuiIs9rAFHh1Hvu8VwjAPe8d9_7YMOSEi9ezEjQE0I3iTNb5s1f6bMjAuY-S5O2lceI8xK8/s1600/CARLOS.jpg

Rola em minha cabeça o tropel de batalhas

jamais vistas no chão ou no mar ou no inferno.

Se da escura cozinha escapa o cheiro de alho,

o que nele recolho é o olor da glória eterna.

 

Donzelas a salvar, há milhares na Terra

e eu parto e meu rocim, corisco, espada, grito,

torto endireitando, herói de seda e ferro,

 

E não durmo, abrasado, e janto apenas nuvens,

na férvida obsessão de que enfim a bendita

Idade de Ouro e Sol baixe lá nas alturas.

Carlos Drummond de Andrade. In: As impurezas do branco. www.carlosdrummond.com.br/ Rio de Janeiro: Record.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 85.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal característica da casa do eu lírico?

      A casa do eu lírico, apesar de ser "pobre", é rica em "quimera", ou seja, em sonhos, fantasias e idealizações. Essa riqueza interior contrasta com a pobreza material, mostrando a força da imaginação e do espírito aventureiro do poeta.

02 – Qual a ambição do eu lírico em relação ao seu nome?

      O eu lírico almeja que seu nome transcende o tempo, "rompendo as mais nevoentas eras". Ele se compara a Pentapolim, um rei lendário, buscando deixar uma marca duradoura na história, mesmo que através de suas loucuras e aventuras.

03 – Que tipo de batalhas o eu lírico travava em sua mente?

      As batalhas travadas na mente do eu lírico são épicas e grandiosas, "jamais vistas no chão ou no mar ou no inferno". Elas representam os conflitos internos, os sonhos e as aspirações que o atormentam e motivam.

04 – Qual o significado do cheiro de alho na cozinha e como ele é interpretado pelo eu lírico?

      O cheiro de alho, um aroma simples e cotidiano, é transformado pelo eu lírico em um símbolo da "glória eterna". Essa transmutação revela sua capacidade de encontrar significado e beleza em coisas comuns, elevando-as a um plano superior.

05 – Qual a obsessão que domina o eu lírico e qual o seu objetivo final?

      O eu lírico é dominado pela obsessão de encontrar a "Idade de Ouro", um período mítico de perfeição e felicidade. Ele busca incessantemente por esse ideal, alimentando-se de sonhos e aventuras, mesmo que isso o leve a uma existência solitária e insone.

 

 

 

 

TEXTO: VOCÊ JÁ OUVIU A HISTÓRIA DE ADÃO E EVA - ANDRÉ CARVALHO - COM GABARITO

 Texto: Você já ouviu a história de Adão e Eva

             André Carvalho

        Se não leu, certamente ouviu alguém contar, e deve se lembrar do que aconteceu com os dois. Com os dois e com a serpente, é claro.

        Conta a Bíblia que Adão e Eva viviam muito felizes no Paraíso, onde só havia uma proibição: eles não podiam experimentar o gosto da maçã. 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYNEEruQQ9bwl8ifVCsmGd1mlnwqvkvv_w0SGJKN7rh5B_XJ5AH4xBxvEeJIe3sEGPzpt5Q56TRXWgBBK9-iLVS_Rin6Rxvkjp2ygCywSPqRZyTrYeu1x7mi_yqDrTlSQKFwedGJn5fXxr53ekhFjpG1aN3y0Jx3k5sjUkdJRekiGvJCQAlPUleqmy2ys/s320/ADAO.jpg


        Adão, mais obediente, bem que não queria comer a tal da maçã. Mas Eva falou tão bem dela, fez com que parecesse tão gostosa, que o pobre coitado não resistiu.

        Foi dar a primeira mordida e perder o lugar no Paraíso...

        Se Eva vivesse hoje, seria uma ótima publicitária, uma profissional de propaganda. Afinal, ela soube convencer Adão de que valia a pena pagar um preço tão alto por uma simples maçã.

        Mas, se a gente pensar bem, Eva não foi a primeira publicitária.

        Antes dela, houve uma outra, a serpente. Simbolizando o demônio, foi a serpente que criou, na mulher, o desejo de experimentar o fruto proibido.

        E, assim, nasceu a propaganda.

André Carvalho & Sebastião Martins. Propaganda.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 51.

Entendendo o texto:

01 – Qual é a principal comparação feita pelo autor entre a história de Adão e Eva e o mundo publicitário atual?

      O autor compara Eva a uma publicitária habilidosa por sua capacidade de persuadir Adão a comer a maçã proibida. Ele sugere que a serpente, que incitou Eva, foi a primeira publicitária, utilizando a persuasão para levar alguém a tomar uma decisão, mesmo que fosse contra as regras.

02 – Qual a consequência da decisão de Adão e Eva de comer a maçã, segundo o texto?

      A decisão de Adão e Eva de desobedecer a Deus e comer a maçã resultou em sua expulsão do Paraíso. Essa ação simboliza a perda da inocência e o início do sofrimento e da morte no mundo.

03 – Qual o papel da serpente na história, de acordo com o texto?

      A serpente é retratada como a primeira criatura a utilizar a persuasão para influenciar uma decisão. Ela simboliza o mal ou o demônio, que tenta levar as pessoas a fazer o que é errado.

04 – Qual a crítica implícita do autor ao mundo publicitário?

      O autor critica a capacidade da publicidade de manipular as pessoas e fazer com que elas desejem coisas que não precisam ou que podem ser prejudiciais. Ele sugere que a publicidade, assim como a serpente, pode levar as pessoas a tomar decisões impulsivas e irracionais.

05 – Qual a principal lição que podemos tirar da história de Adão e Eva, segundo a interpretação do autor?

      A principal lição é a importância de sermos críticos e questionarmos as informações que recebemos, especialmente quando são usadas para nos persuadir a comprar ou fazer algo. A história serve como um alerta sobre os perigos da manipulação e da influência externa sobre nossas decisões.

 

 

HISTÓRIA: O PRÍNCIPE MAQUIAVEL - CAP.XXV - FRAGMENTO - NICOLAU MAQUIAVEL - COM GABARITO

 História: O Príncipe Maquiavel – cap. XXV – Fragmento

        DE QUANTO PODE A FORTUNA NAS COISAS HUMANAS E DE QUE MODO SE LHE DEVA RESISTIR

        Não ignoro que muitos têm tido e têm a opinião de que as coisas do mundo sejam governadas pela fortuna e por Deus, de forma que os homens, com sua prudência, não podem modificar nem evitar de forma alguma; por isso poder-se-ia pensar não convir insistir muito nas coisas, mas deixar-se governar pela sorte. Esta opinião tornou-se mais aceita nos nossos tempos pela grande modificação das coisas que foi vista e que se observa todos os dias, independente de qualquer conjetura humana. Pensando nisso algumas vezes, em parte inclinei-me em favor dessa opinião.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiA8dWaD5HMSOSLc903rxVG8PQms0TuHdXW65UGkeqD5Tl_6AYqvC8PBTWJOzw0cI5P98Ynmm1cL9Xk3XYj7Qr06P3AiPLSft8Dl1kN1UAqn7DiiXgMZHVuQ1xNkAB5DNUgg7LZJXM4GPr_QG2VafU1nFhlEHLin9Z4lOyWKJFsPLAQgYynmYfyMPcaExI/s320/o-principe.jpg


        Contudo, para que o nosso livre arbítrio não seja extinto, julgo poder ser verdade que a sorte seja o árbitro da metade das nossas ações, mas que ainda nos deixe governar a outra metade, ou quase. Comparo-a a um desses rios torrenciais que, quando se encolerizam, alagam as planícies, destroem as árvores e os edifícios, carregam terra de um lugar para outro; todos fogem diante dele, tudo cede ao seu ímpeto, sem poder opor-se em qualquer parte. E, se bem assim ocorra, isso não impedia que os homens, quando a época era de calma, tomassem providências com anteparos e diques, de modo que, crescendo depois, ou as águas corressem por um canal, ou o seu ímpeto não fosse tão desenfreado nem tão danoso.

        [...].

Nicolau Maquiavel. O príncipe (tradução Márcio Plugliese). Curitiba: Hemus, 2002, p. 169.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 110-111.

Entendendo a história:

01 – Qual a principal tese defendida por Maquiavel nesse fragmento?

      A principal tese é que a fortuna, ou seja, o acaso e as circunstâncias externas, exercem um papel significativo nas vidas dos homens e nos acontecimentos históricos. No entanto, Maquiavel argumenta que a ação humana, representada pela virtude, também desempenha um papel fundamental, permitindo que os indivíduos influenciem os eventos e minimizem os impactos da fortuna.

02 – Qual a comparação utilizada por Maquiavel para ilustrar a relação entre a fortuna e a ação humana?

      Maquiavel compara a fortuna a um rio torrencial. Assim como um rio inunda as planícies e destrói tudo em seu caminho, a fortuna pode causar grandes mudanças e transtornos. No entanto, os homens podem construir diques e canais para controlar o fluxo das águas, assim como podem tomar medidas para mitigar os efeitos da fortuna.

03 – Qual a importância da virtude na visão de Maquiavel?

      A virtude, para Maquiavel, representa a capacidade do indivíduo de agir com prudência, coragem e sagacidade. É através da virtude que o príncipe pode tomar decisões acertadas, antecipar os acontecimentos e aproveitar as oportunidades que a fortuna lhe oferece. A virtude permite que o indivíduo não seja apenas um mero espectador dos eventos, mas um agente ativo na construção de seu próprio destino.

04 – Como a ideia de livre arbítrio se relaciona com a influência da fortuna?

      Maquiavel reconhece a influência da fortuna, mas não a considera determinante. Ele acredita que os seres humanos possuem livre arbítrio, ou seja, a capacidade de escolher suas ações. A virtude permite que os indivíduos exerçam esse livre arbítrio de forma a moldar os acontecimentos e superar os obstáculos impostos pela fortuna.

05 – Qual a implicação prática das ideias de Maquiavel para os governantes?

      Para Maquiavel, os governantes devem ser virtuosos, ou seja, capazes de tomar decisões estratégicas e adaptar-se às circunstâncias. Ao mesmo tempo, eles devem estar preparados para lidar com os imprevistos e as mudanças que a fortuna pode trazer. A combinação de virtude e adaptabilidade é essencial para que um governante possa manter o poder e garantir a estabilidade do Estado.

 

MÚSICA(ATIVIDADES): CANTIGAS DE AMOR MEDIEVAL - D.DINIS. IN SPINA - COM GABARITO

 Música(Atividades): Cantigas de amor Medieval

             D. Dinis. In Spina.

Amiga, há muito tempo.
Foi-se daqui com el-rei
Meu amigo; mas já senti.
Mil vezes no meu coração
Que algures morreu, com pesar,
Pois não tornou comigo a falar.


Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFJQMql8jDLpzkPYaE1jZ8U7GdcDfqLdxP_KxYuG-cX7msp641Fj76w0YZz6DXBRYD9FhevPolL7XuJmKlj6w3QGQHtR1RnTKXpeW_zFTTWRcbdCVfplU12zyPnnmiK51EvQhvy1gqoBYkEEmNPLLzz_QQ6MuyW9P8tWtlb4_uuK6tdGIz9QtSy1c1I00/s320/amor-cortesano-copia.jpg

Por que demora tanto por lá,
E nunca me tornou a ver,
Amiga, se veja prazer
Mais de mil vezes cuidei já
Que algures morreu, com pesar,
Pois não tornou comigo a falar.

Amiga, o seu coração.
Era de voltar logo aqui
Quando visse os meus olhos em mim;
E por isso mil vezes pensei
Que algures morreu, com pesar,
Pois não tornou comigo a falar.

D. Dinis. In: Spina.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 106.

Entendendo a música:

01 – Qual é o tema central da cantiga?

      O tema central da cantiga é a saudade e a angústia amorosa do eu lírico (D. Dinis) pela ausência de um amigo que partiu com o rei. O poeta expressa a intensidade de seu sofrimento e a incerteza sobre o destino do amigo.

02 – Quais são os sentimentos expressos pelo eu lírico na cantiga?

      O eu lírico expressa uma profunda saudade, angústia, desespero e incerteza sobre o destino do amigo. Ele se questiona sobre o motivo da demora e teme que algo de ruim tenha acontecido.

03 – Qual é a figura central da cantiga, além do eu lírico?

      A figura central, além do eu lírico, é o amigo ausente. O poeta idealiza o amigo e expressa um grande afeto por ele, enfatizando a importância da amizade em sua vida.

04 – Que elementos da poesia trovadoresca estão presentes na cantiga?

      A cantiga apresenta elementos característicos da poesia trovadoresca, como:

·        Idealização da mulher amada: Embora a cantiga seja dirigida a um amigo, a idealização e o sofrimento amoroso são elementos comuns nas cantigas de amor.

·        Coita: A coita, ou sofrimento amoroso, é um dos sentimentos mais explorados na poesia trovadoresca, e está presente de forma intensa na cantiga de D. Dinis.

·        Linguagem rebuscada: A linguagem utilizada é rica em figuras de linguagem e expressões típicas da poesia medieval.

·        Tema da ausência: A ausência do amado é um tema recorrente na poesia trovadoresca, e "In Spina" é um exemplo claro disso.

05 – Qual a importância histórica e literária da cantiga "In Spina"?

      A cantiga "In Spina" possui grande importância histórica e literária, pois:

·        Demonstra a sensibilidade e a capacidade poética de um rei: D. Dinis era conhecido por seu amor à poesia e à música, e esta cantiga é uma prova de seu talento literário.

·        Reflete a cultura cortesã medieval: A cantiga retrata os valores e costumes da sociedade medieval, como a importância da amizade, o amor cortês e o sofrimento pela ausência.

·        É um documento histórico: A cantiga nos permite compreender melhor a vida e os sentimentos de um rei medieval, além de fornecer informações sobre o contexto histórico da época.

 

CANTIGA: ONDAS DO MAR DE VIGO - MARTIM CODAX - COM GABARITO

 Cantiga: Ondas do Mar de Vigo 

             Martim Codax.

Ondas do mar de Vigo,

se vistes meu amigo!

E ai, Deus!, se verrá cedo!

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzBS5Q7qfWXIxrGsWH1TkhAT1_afoL9RmAmNzYffcRz6Gh8Gn6kTs4ELGDrtUAPnN_jrup9AuZ8ABxtn0TfNvhkNK9bxZ_Rg5JlpOsr-gttMKTbtaUF3o-jp85Xytqlg3wm0hFGD1Cl9O7c73-jDVMaM0njdmvdngKUPS03LquclO3Etid6WsCACesyfU/s320/MAR.jpg


 

Ondas do mar levado,

se vistes meu amado!

E ai Deus!, se verrá cedo!

 

Se vistes meu amigo,

o por que eu sospiro!

E ai Deus!, se verrá cedo!

 

Se vistes meu amado,

por que hei gran cuidado!

E ai Deus!, se verrá cedo!

Martim Codax. In: José Joaquim Nunes. Cantigas. Lisboa: Centro do Livro Brasileiro, 1973, vol. 2, p. 441.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 106.

Entendendo a cantiga:

01 – Qual o tema central da cantiga?

      A cantiga "Ondas do Mar de Vigo" gira em torno do tema da saudade e espera amorosa. A voz poética, uma mulher, expressa seu profundo desejo de reencontrar o amado ausente, utilizando as ondas do mar como interlocutoras e pedindo a Deus que ele volte logo.

02 – Qual o papel do mar na cantiga?

      O mar, na cantiga, representa um meio de comunicação entre a amada e o amado. As ondas são como mensageiras que a mulher invoca para saber notícias do seu amado, que possivelmente viajou por mar. O mar também simboliza a distância e a imensidão do sentimento de saudade.

03 – Qual a importância da repetição da frase "E ai Deus!, se verrá cedo!"?

      A repetição da frase "E ai Deus!, se verrá cedo!" intensifica a impaciência e a angústia da mulher diante da ausência do amado. É um apelo desesperado a Deus e uma expressão do desejo ardente de que o reencontro aconteça o mais rápido possível.

04 – Qual o contexto histórico da cantiga?

      A cantiga "Ondas do Mar de Vigo" foi escrita no século XIII, durante o período medieval. Nesse contexto, as cantigas de amigo eram muito populares e expressavam os sentimentos amorosos e a saudade de mulheres que aguardavam o retorno de seus amados, muitas vezes envolvidos em longas viagens.

05 – Qual a importância da cantiga na literatura portuguesa?

      A cantiga "Ondas do Mar de Vigo" é considerada um dos mais belos exemplos de cantiga de amigo da lírica medieval portuguesa. A obra de Martim Codax, em geral, é valorizada por sua simplicidade e expressividade, contribuindo para a formação da identidade cultural portuguesa e para o estudo da lírica medieval.

 

 

SONETO: MUDAM-SE OS TEMPOS, MUDAM-SE AS VONTADES - LUÍS VAZ DE CAMÕES - COM GABARITO

 Soneto: Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

              Luís Vaz de Camões

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuYhT9T4nzj5eqh4vPrPpWLu6NCTR9a0y0OwkShX9ewBEOeDUaV3yP5LgNUeUtGpd0HKXENmCNNJIZm3yfIwSvBWYcF82N1WLDbWZfIhzv43k3z5ALL86RF9H-DrCAFt0PUYD0Sv8pecPEgH3wzXEGmFdcQXFr1lY1cXpwPMEYSbtz5j9dQ1uALAqsjvs/s320/CAMOES.jpg


Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E enfim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo (seleção, apresentação e notas). Sonetos de Camões. São Paulo: Ateliê Editorial, 1998, p. 127.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 131.

Entendendo o soneto:

01 – Qual é a principal temática abordada no soneto?

      A principal temática do soneto é a efemeridade e a constante mudança da vida. Camões explora a ideia de que tudo está sujeito a transformações, desde as estações do ano até os sentimentos e as relações humanas.

02 – O que o poeta sugere com a frase "Todo o mundo é composto de mudança"?

      Com essa frase, Camões expressa a universalidade da mudança. Ele afirma que todas as coisas e seres estão em constante transformação, sem exceção. A mudança é vista como uma característica intrínseca do mundo e da vida.

03 – Qual o significado dos versos "Do mal ficam as mágoas na lembrança, / E do bem, se algum houve, as saudades"?

      Esses versos revelam a dualidade da experiência humana. As mágoas e as dores tendem a permanecer na memória, enquanto as boas lembranças se transformam em saudade. Isso demonstra a capacidade da memória de selecionar e enfatizar diferentes aspectos da experiência.

04 – Qual a metáfora presente nos versos "O tempo cobre o chão de verde manto, / Que já coberto foi de neve fria"?

      A metáfora presente nesses versos compara o tempo ao ciclo das estações. O "verde manto" representa a primavera e o verão, enquanto a "neve fria" simboliza o inverno. Essa imagem sugere a passagem do tempo e a renovação constante da natureza.

05 – Qual a principal reflexão que o soneto nos convida a fazer?

      O soneto nos convida a refletir sobre a natureza passageira da vida e a importância de apreciar cada momento. Ao enfatizar a constante mudança, Camões nos lembra que nada é permanente e que devemos buscar encontrar significado e beleza mesmo diante das adversidades. A obra nos convida a uma profunda reflexão sobre a nossa própria existência e sobre o lugar que ocupamos no mundo.

 

 

 

POEMA: A ESCRITA - SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN - COM GABARITO

 Poema: A escrita

             Sophia de Mello Breyner Andresen

No Palácio Mocenigo onde viveu sozinho

Lord Byron usava as grandes salas

Para ver a solidão espelho por espelho

E a beleza das portas quando ninguém passava.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2pw_FB5nPPZBk8hPenHWoJedT8nXZX-D0dfFJz164VSCvZpcWhSEpFB4UT_qSsDtJnTmhDIVPfoVwYz6Zoj6WHVvMydyFxPMV5LrqEU38qhNL6jaDGpsMu8EKf1GF4v15zZNyrKFcC6e6NwQazGNeE5P2QStXuq_HrQezSZRfhoEFtZaVwgQFQI1Bg3I/s1600/MOCENIGO.jpg


 

Escutava os rumores marinhos do silêncio

E o eco perdido de passos num corredor longínquo

Amava o liso brilhar do chão polido

E os tectos altos onde se enrolam as sombras

E embora se sentasse numa só cadeira

Gostava de olhar vazias as cadeiras.

 

Sem dúvida ninguém precisa de tanto espaço vital

Mas a escrita exige solidões e desertos

E coisas que se veem como quem vê outra coisa.

 

Pudemos imaginá-lo sentado à sua mesa

Imaginar o alto pescoço espesso

A camisa aberta e branca

O branco do papel as aranhas da escrita

E a luz da vela – como em certos quadros –

Tornando tudo atento.

Sophia de Mello Breyner Andresen. Poemas escolhidos. (Organização Vilma Arêas) São Paulo: Companhia das Letras, 2004, p. 261.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 91.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal imagem que o poema evoca e como ela se relaciona com a escrita?

      A principal imagem evocada é a de Lord Byron em seu palácio, cercado por um grande espaço vazio. Essa imagem simboliza a solidão e o isolamento necessários para a criação artística. A escrita, assim como Byron em seu palácio, precisa de um espaço próprio, livre de distrações, para que a imaginação possa fluir livremente.

02 – Quais os sentidos que o poeta utiliza para descrever o ambiente em que Byron escrevia?

      O poeta utiliza principalmente os sentidos da visão e da audição. A visão é explorada através da descrição do palácio, das salas, das portas, do chão e dos tetos. A audição é evocada pelos "rumores marinhos do silêncio" e pelo "eco perdido de passos". Essa combinação de sentidos cria uma atmosfera rica e detalhada, transportando o leitor para o ambiente em que Byron escrevia.

03 – Qual a importância da solidão para o processo criativo, de acordo com o poema?

      A solidão é fundamental para o processo criativo, segundo o poema. Os "desertos" e as "coisas que se veem como quem vê outra coisa" são elementos essenciais para a escrita. A solidão permite que o escritor se conecte com seu mundo interior e explore as profundidades de sua imaginação.

04 – Como a imagem da vela e do papel branco contribui para a compreensão do ato de escrever?

      A imagem da vela e do papel branco representa a fragilidade e a intensidade do ato de escrever. A vela, com sua luz tênue, simboliza a inspiração e a ideia que se acende na mente do escritor. O papel branco, por sua vez, é uma tela em branco, pronta para receber as palavras que darão vida à criação. A combinação dessas duas imagens cria uma atmosfera intimista e concentrada, própria do momento da escrita.

05 – Qual o papel da memória e da imaginação na construção do poema?

      A memória e a imaginação desempenham um papel fundamental na construção do poema. O poeta se baseia em relatos sobre a vida de Lord Byron para criar uma imagem vívida do poeta em seu ambiente de trabalho. Ao mesmo tempo, ele utiliza a imaginação para preencher as lacunas e criar uma atmosfera poética e sugestiva. A combinação de memória e imaginação permite que o poeta construa um retrato rico e multifacetado do ato de escrever.