segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

NOTÍCIA: MUITO CALOR NO PR E SC - FRAGMENTO - CLIMATEMPO - COM GABARITO

 Notícia: Muito calor no PR e SC – Fragmento

        O calor intenso ainda não vai dar trégua a Região Sul do Brasil neste início de semana. Uma forte massa de ar seco continua sobre o Paraná e Santa Catarina e afasta as condições de chuva nos dois estados. O sol forte e as altas temperaturas vêm predominando há vários dias, com registro de poucas pancadas de chuva.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYI25XqUjfzNKdE4I0nDlzOj4s0QqD9yNejtwHf39uwFWVEeRTPP82ysyyKhrrksn6gpUgkA98qhepkAWeXZRS_jnfhyphenhyphen17qvGxLffLpcUNPm4CkWWOHhUBD4-nRKXQELgwKnXd3y2F9RFJs9Mlm_uPY0B5tIUaxXYgboXWCepmdpQXjAi01eE_9xiPhDg/s1600/CALOR.jpg


        Até a terça-feira (21) o tempo continua aberto, com poucas nuvens no céu, grande incidência de radiação solar e por isso muito calor. Porém, não há expectativa de novos recordes de calor como aconteceu no fim de semana.

        Curitiba (PR) registrou no domingo (19), a maior temperatura do ano até agora com máxima de 33,7°C, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). 

        Municípios do Paraná e de Santa Catarina ficaram na lista das dez cidades mais quentes do Brasil neste domingo.

        Somente o estado do Rio Grande do Sul vem recebendo mais pancadas de chuva. O tempo muito abafado tem favorecido a ocorrência de pancadas de chuva e temporais localizados no estado gaúcho. Ainda nesta segunda-feira (20) e terça, há novamente chance de chuva forte no Rio Grande do Sul.

        Quando o tempo vai mudar? 

        A partir de quarta-feira (22), a Alta Subtropical do Atlântico Sul (ASAS), que está barrando a entrada de frentes frias e as mudanças no tempo no Sul, começa a enfraquecer. As áreas de instabilidade vão voltar a se formar aos poucos sobre o Paraná, Santa Catarina e se intensificar no Rio Grande do Sul. 

        Com o afastamento da ASAS, vamos ter a formação de novo cavado, uma baixa pressão atmosférica e até o avanço de uma nova frente fria. Todas essas mudanças vão permitir o aumento nas condições de chuva por toda a Região Sul. 

        "O que vai acontecer é o aumento nas condições de chuva até o final da semana. Não dá para descartar o risco de temporais porque a atmosfera está muito quente sobre a Região", comenta a meteorologista Josélia Pegorim.

        [...]

Muito calor no PR e SC. Climatempo. Disponível em: www.climatempo.com.br/noticia/2017/02/20/muito-calor-no-pr-e-sc-8639. Acesso em: 17 ago. 2018.

Fonte: Da escola para o mundo. Roberta Hernandes; Ricardo Gonçalves Barreto. Ensino Fundamental – Anos finais. Projetos integradores 8º e 9º anos. Ed. Ática. São Paulo, 1ª edição, 2018. p. 75-76.

Entendendo a notícia:

01 – Qual fenômeno meteorológico é o responsável por manter as altas temperaturas e afastar a chuva no Paraná e em Santa Catarina neste início de semana?

      Uma forte massa de ar seco continua sobre o Paraná e Santa Catarina, mantendo o sol forte e as altas temperaturas e afastando as condições de chuva.

02 – Qual foi a maior temperatura registrada em Curitiba (PR) neste ano, de acordo com o INMET, e em que dia isso ocorreu?

      A maior temperatura do ano até o momento foi de 33,7º, registrada no domingo (19), segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).

03 – Entre os três estados da Região Sul (PR, SC e RS), qual deles tem recebido mais pancadas de chuva e qual fenômeno favorece isso?

      O estado do Rio Grande do Sul vem recebendo mais pancadas de chuva. O tempo muito abafado (calor e umidade) tem favorecido a ocorrência dessas pancadas e temporais localizados.

04 – Qual sistema de pressão atmosférica tem impedido a entrada de frentes frias e a mudança no tempo na Região Sul?

      O sistema responsável por barrar as frentes frias é a Alta Subtropical do Atlântico Sul (ASAS).

05 – A partir de que dia o tempo deve começar a mudar e quais fenômenos meteorológicos devem permitir o aumento das chuvas em toda a Região Sul?

      A partir de quarta-feira (22), a ASAS começa a enfraquecer. As mudanças virão com a formação de um novo cavado (baixa pressão atmosférica) e o avanço de uma nova frente fria, que permitirão o aumento das condições de chuva.

 

REPORTAGEM: A CHEGADA DOS CARROS VOADORES - FRAGMENTO - RODRIGO DE OLIVEIRA ANDRADE - COM GABARITO

 Reportagem: A chegada dos carros voadores – Fragmento

        Projetos impulsionam desenvolvimento de protótipos de eVTOLs no Brasil e no mundo

        Carros voadores, como os que cruzam os céus do desenho animado Os Jetsons, lançado nos anos 1960, ou da distopia futurista Blade Runner, de 1984, foram durante muito tempo apenas peça de ficção científica. Hoje, há várias iniciativas tentado tornar essas aeronaves realidade. Projetos de veículos voadores elétricos capazes de levar passageiros de um lado para outro, como se fossem táxis aéreos, são executados por diversas empresas ao redor do mundo. Conhecidos pela sigla eVTOL, acrônimo em inglês para veículo elétrico que decola e pousa na vertical, esses aparelhos estão sendo projetados para reduzir os congestionamentos e melhorar a qualidade do ar nas grandes cidades. Para que isso ocorra, vários desafios precisam ser superados, a começar pela viabilidade técnica dos próprios veículos.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhup60Kkc8b0XtNchXCH0QEAXb6c5boRCPRF1inouDZamYp_WKkx7JvWm7Xjd7C0fe1Og04KU9bQ9Pu72ZiNy_o0O2tmCJo6vThWH6Eo6v58Ia-t06Pajdbjg8aHUgGMYXuoHlr-sM9Cw-Zq1wT_0PG6vbhIbm5VbQ99HroFWgIbsli-GkT-Ch3_5VOi0s/s320/EVTOLS.jpg


        [...]

        Os eVTOLs conjugam características de helicópteros e aviões. Como os primeiros, pairam, decolam e pousam verticalmente – por isso, não precisam de pistas longas para operar. Também podem se deslocar para frente, para trás e para os lados. Uma diferença entre eles está na concepção de asas fixas, estrutura que não existe nos helicópteros, e na quantidade de rotores. Enquanto a maioria dos helicópteros modernos tem dois rotores – o maior, geralmente situado acima da cabine, responsável pelo movimento de subida e descida do aparelho e algumas manobras, e um menor, na cauda, também usado para fazer manobras –, os eVTOLs estão sendo projetados para ter vários rotores e atuando em conjunto.

        A principal semelhança entre eVTOLs e aviões é a existência de asas fixas. “Elas conferem mais estabilidade durante o voo e maior autonomia [tempo máximo de voo ou distância máxima percorrida pelo veículo]”, explica o engenheiro eletricista Guilherme Augusto Silva Pereira, do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Segundo ele, o fluxo de ar que passa sob as asas ajuda a manter a aeronave por mais tempo no ar, gastando menos energia.

        Outro diferencial dos eVTOLs é que, além de serem elétricos, podem ter fontes híbridas de energia, como baterias, células fotovoltaicas e células a combustível. Aviões e helicópteros utilizam principalmente querosene de aviação, combustível derivado do petróleo, para mover seus motores, embora existam projetos em andamento de aviões elétricos.

        [...]

        O engenheiro de controle de automação Guilherme Vianna Raffo, do Departamento de Engenharia Eletrônica da UFMG, explica que, do ponto de vista acadêmico, o desenvolvimento de eVTOLs se encontra bastante avançado. “Vários sistemas de navegação e controle para detecção e desvio de obstáculos, identificação de falhas de sistemas e manobras agressivas estão sendo ou já foram criados para ser acoplados a essas aeronaves”, diz Raffo, que trabalha com eVTOLs desde o doutorado realizado na Universidade de Sevilla, na Espanha, entre 2007 e 2011. O pesquisador participa atualmente de um projeto executado pelas universidades Federal de Minas Gerais (UFMG), Federal de Santa Catarina (UFSC) e de Sevilha cuja finalidade é desenvolver um eVTOL para apoiar o serviço de resgate e atendimento médico de urgência da Espanha.

        Os principais grupos de estudo nessa área, de acordo com Raffo, estão no Laboratório Geral de Robótica, Automação, Sensoriamento e Percepção da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, no Instituto de Sistemas Dinâmicos e Controle do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, na Suíça, e no Grupo de Robótica, Visão e Controle da Universidade de Sevilha. No Brasil, a UFMG, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos (SP), a Universidade de São Paulo (USP), campus de São Carlos, e a UFSC se destacam na realização de pesquisas visando ao aperfeiçoamento das tecnologias.

        [...]

        No Brasil, além de trabalhar em um conceito de eVTOL, a Embraer estuda a implementação de um ecossistema de pesquisa e desenvolvimento (P&D) que viabilize o atendimento da potencial demanda por esse novo tipo de mobilidade urbana. Isso envolve, entre outras coisas, o aprimoramento do sistema de controle de tráfego aéreo urbano. “É imprescindível garantir rotas de navegação seguras para essas aeronaves”, declara o cientista da computação Felipe Leonardo Lôbo Medeiros, do Instituto de Estudos Avançados do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (IEAv-DCTA), em São José dos Campos.

        [...].

ANDRADE, Rodrigo de Oliveira. A chegada dos carros voadores. Pesquisa Fapesp, Ed. 286, dez. 2019. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/a-chegada-dos-carros-voadores. Acesso em: 26 out. 2020. (Adaptado).

Fonte: Coleção Rotas. Língua Portuguesa. Ensino fundamental. Anos finais. 8º ano/Sandra Moura Severino (org.) – Brasília: Caderno de atividades – Editora Edebê Brasil, 2020. p. 21-22.

Entendendo a reportagem:

01 – Qual é o significado da sigla eVTOL e qual é o propósito principal desses veículos, de acordo com o texto?

      A sigla eVTOL é um acrônimo em inglês para veículo elétrico que decola e pousa na vertical ("electric Vertical Take-Off and Landing"). O propósito principal desses veículos é funcionar como táxis aéreos para reduzir os congestionamentos e melhorar a qualidade do ar nas grandes cidades.

02 – O texto menciona obras de ficção científica que apresentavam a ideia de carros voadores. Quais são elas?

      As obras de ficção científica mencionadas são o desenho animado Os Jetsons (lançado nos anos 1960) e a distopia futurista Blade Runner (de 1984).

03 – Quais são as duas principais características que os eVTOLs conjugam, e como eles se assemelham a cada uma dessas aeronaves?

      Os eVTOLs conjugam características de helicópteros e aviões.

      Semelhança com helicópteros: Eles pairam, decolam e pousam verticalmente (não precisam de pistas longas) e podem se deslocar para frente, para trás e para os lados.

      Semelhança com aviões: Eles possuem asas fixas, que conferem mais estabilidade durante o voo e maior autonomia.

04 – Qual é uma diferença fundamental na concepção de rotores entre a maioria dos helicópteros modernos e os eVTOLs, conforme o texto?

      Enquanto a maioria dos helicópteros modernos tem dois rotores (um maior, acima da cabine, e um menor, na cauda), os eVTOLs estão sendo projetados para ter vários rotores atuando em conjunto.

05 – Além de serem elétricos, quais outras fontes de energia híbrida os eVTOLs podem utilizar, e qual é o principal combustível utilizado por aviões e helicópteros convencionais?

       Os eVTOLs podem ter fontes híbridas de energia como baterias, células fotovoltaicas e células a combustível. Aviões e helicópteros convencionais utilizam principalmente querosene de aviação, um combustível derivado do petróleo.

06 – Segundo o engenheiro Guilherme Vianna Raffo, em que nível de desenvolvimento os eVTOLs se encontram do ponto de vista acadêmico e qual é um exemplo de projeto em que ele participa?

      Do ponto de vista acadêmico, o desenvolvimento de eVTOLs se encontra bastante avançado, com vários sistemas de navegação e controle já criados ou em desenvolvimento (como detecção/desvio de obstáculos e identificação de falhas). Um exemplo de projeto em que ele participa é o desenvolvimento de um eVTOL para apoiar o serviço de resgate e atendimento médico de urgência da Espanha, executado por universidades brasileiras (UFMG, UFSC) e a Universidade de Sevilha.

07 – No Brasil, qual empresa está estudando, além do conceito de eVTOL, a implementação de um ecossistema de P&D para esse novo tipo de mobilidade, e o que essa iniciativa envolve?

      A empresa é a Embraer. A iniciativa envolve, entre outras coisas, o aprimoramento do sistema de controle de tráfego aéreo urbano, pois é imprescindível garantir rotas de navegação seguras para essas aeronaves.

 

CONTO: PLANETAS HABITADOS - ANDRÉ CARNEIRO - COM GABARITO

 Conto: Planetas habitados

           André Carneiro

        — Olhe como são bonitas, milhares de estrelas...

        — E quase todas devem ser rodeadas de planetas como o nosso, habitados, provavelmente...

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXtXoYv3R9lvnC5dz6aZt6lX2dIUb5-4KRX4-_qbLr7g2S8qaiEMz27S_wkEnYB0bO8PX7ySyYktGHZm43dyBFnmTM052srO8vUqbdz55zTkRJMCkg76po3sovDDeYdCS7ocUhkglqKbmg-STsbv5wOzmQov6E9kkzzKmiKSfw-MBW_LJ3zCZ_TEN3lIg/s1600/ESTRELAS.jpg


        — Custa-me acreditar...

        — Os cientistas dizem que há milhões, talvez trilhões de planetas, só nas galáxias mais próximas. A vida existiria como aqui.

        — Devo ter pouca imaginação. Acho difícil visualizar planetas habitados, com seres iguais a nós, vivendo como nós.

        — Por que “iguais e vivendo como nós”? É pretensão injustificável deduzir que só animais semelhantes tenham desenvolvidos inteligência. E os objetos de forma arredondada, vistos em nossa órbita? Muita gente os vê a olho nu.

        — Não seriam pessoas sugestionáveis ou com defeitos na vista? Li num artigo: essas aparições são fenômenos naturais pouco estudados, ou máquinas voadoras feitas aqui mesmo, em experiências secretas.

        — Talvez, em parte. Mas já há uma boa documentação e não vejo motivo de espanto em supor que outros planetas do nosso sistema sejam habitados.

        — Mas os seres que comandam ou pilotam essas naves espaciais, por que não pousam e entram em contato?

        — Não passa de orgulho gratuito pensar que habitantes de outros planetas estejam interessados em dialogar conosco. Esses engenhos talvez sejam minúsculos, comandados a distância. Estarão apenas nos estudando com seus aparelhos? E é bem possível que eles sejam tão diferentes de nós que não haja uma possibilidade de entendimento imediato.

        — Falariam línguas impossíveis de se aprender? Quem sabe emitam ruídos, ou comuniquem-se por gestos...

        — Nossos cientistas acabariam descobrindo a chave. Ou eles, mais inteligentes, nos ajudariam a compreendê-la.

        — Aquela estrela brilhante não é um planeta?

        — É. Ali há condições para a vida. Talvez primitiva e diversa da nossa, pois sua temperatura é extraordinariamente alta.

        — Escrevem muitas histórias sobre aquele planeta. Costumam inventar seus habitantes como sendo monstros destruidores, interessados em conquistar a galáxia...

        — Histórias e hipóteses... Quem sabe eles têm mesmo duas antenas na cabeça, um olho atrás, outro na frente, quatro braços e seis patas.

        — Seria engraçado se fosse assim.

        — Por quê?

        — Pior se tivessem dois braços, um par de olhos em cima do nariz...

        — Seu conceito de beleza é muito exclusivista.

        — Gente normal como nós poderia se entender com monstros pavorosos?

        — Fique tranquilo. É provável que eles só existam nas histórias. E descobriram que lá a atmosfera é oxigênio puro. De mais a mais, o terceiro planeta possui só um terço de matéria sólida. O resto é uma substância líquida onde a vida é improvável.

        — Esta conversa me abala os nervos. Imaginar monstros pernaltas, com dois olhos na frente. Toque aqui a antena.

        — Adeus. Não pense mais no assunto. E saia com cuidado para não incomodar as crianças. Seis patas fazem muito barulho...

Fonte: André Carneiro. Planetas Habitados. CARNEIRO, André et. Al. Histórias de ficção científica. São Paulo: Ática, 2005. p. 27-30. (Adaptado).

Fonte: Coleção Rotas. Língua Portuguesa. Ensino fundamental. Anos finais. 8º ano/Sandra Moura Severino (org.) – Brasília: Caderno de atividades – Editora Edebê Brasil, 2020. p. 45-46.

Entendendo o conto:

01 – Qual é a crença inicial de um dos personagens em relação à vida em outros planetas, e o que o outro personagem usa para argumentar contra essa crença?

      Um dos personagens expressa dificuldade em acreditar e visualizar planetas habitados por seres "iguais a nós, vivendo como nós". O outro personagem argumenta que essa é uma "pretensão injustificável" e que não se deve deduzir que apenas animais semelhantes aos humanos tenham desenvolvido inteligência.

02 – Que fenômeno incomum é mencionado no conto como possível evidência de vida extraterrestre, e quais são as explicações alternativas dadas por um dos personagens?

      O fenômeno mencionado são objetos de forma arredondada, vistos em nossa órbita. As explicações alternativas citadas por um dos personagens incluem: Pessoas sugestionáveis ou com defeitos na vista. Fenômenos naturais pouco estudados. Máquinas voadoras feitas na Terra (em experiências secretas).

03 – Por que, na visão de um dos personagens, os seres que pilotam as naves espaciais (OVNIs) não pousam e entram em contato com os humanos?

      O personagem sugere que é um "orgulho gratuito" pensar que habitantes de outros planetas estariam interessados em dialogar conosco. Ele levanta a hipótese de que: Os engenhos sejam minúsculos e comandados a distância, apenas nos estudando. Os seres sejam tão diferentes dos humanos que não haja possibilidade de entendimento imediato.

04 – Como os personagens descrevem a possível aparência e forma de comunicação dos habitantes de outros planetas?

      As aparências são descritas de forma especulativa e até irônica, mencionando "duas antenas na cabeça, um olho atrás, outro na frente, quatro braços e seis patas". A comunicação é sugerida como sendo feita por "línguas impossíveis de se aprender", "ruídos" ou "gestos".

05 – Qual é o conceito de beleza questionado no diálogo e qual a analogia final usada para ilustrar essa exclusividade?

      O conceito de beleza exclusivista de um dos personagens é questionado. O personagem que critica essa exclusividade inverte a situação, sugerindo que seria "pior" se os seres tivessem "dois braços, um par de olhos em cima do nariz" – ou seja, fossem semelhantes aos humanos, o que seria considerado "normal" por um dos interlocutores, mas não necessariamente por todos.

06 – Que informação científica é dada no conto sobre o terceiro planeta (que é o objeto da conversa, provavelmente Marte ou Vênus em uma especulação antiga) que tornaria a vida improvável lá?

      A informação é que a atmosfera desse terceiro planeta é oxigênio puro, mas que o planeta "possui só um terço de matéria sólida", e o resto é uma substância líquida onde a vida é improvável.

07 – Qual é a revelação surpreendente (e cômica) do conto que muda o contexto de toda a conversa, sugerindo a identidade oculta do narrador ou de um dos interlocutores?

      A revelação ocorre na última fala, quando um personagem se despede e pede ao outro para sair com cuidado para não incomodar as crianças, pois "Seis patas fazem muito barulho...". Isso implica que o personagem que está saindo (ou o narrador) tem seis patas, confirmando a aparência "monstruosa" que eles estavam discutindo e indicando que ele é o próprio ser extraterrestre.

 

quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

NOTÍCIA: PRESENÇA PORTUGUESA: DE COLONIZADORES A IMIGRANTES -IBGE - COM GABARITO

 Notícia: Presença portuguesa: de colonizadores a imigrantes

        Os registros da imigração portuguesa apareceram no século XVIII e se tornaram mais regulares a partir do século XIX. Devido aos inúmeros estudos sobre o tema, hoje já se pode contar com estimativas mais confiáveis sobre o número de imigrantes que vieram para o Brasil desde o século XVI.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfTkTdKrovr9tdIliWuaUWGKESneSZwJabhXMqu1IGwY9jUV6jBq1wFVa9vy4OG7y97XnfqjVJDTjofc8Abmj9mKZsViQejgJ2H2VOWvDydhTl5dASAopAuCLLExwvsEHc1YfTYHlUCNLAJB6iu2IuRG9ihG1ejoco7xPdwXcVRn6g7AtrJwy2aNZaPU0/s1600/Portugueses2.jpg


        Nos primeiros dois séculos de colonização, vieram para o Brasil cerca de 100 mil portugueses, uma média anual de 500 imigrantes. No século seguinte, esse número aumentou: foram registrados 600 mil e uma média anual de 10 mil imigrantes portugueses. O ápice do fluxo migratório ocorreu na primeira metade do século XX, entre 1901 e 1930: a média anual ultrapassou a barreira dos 25 mil.

        A origem socioeconômica do português imigrante é muito diversificada: de uma próspera elite nos primeiros séculos de colonização, passou-se a um fluxo crescente de imigrantes pobres a partir da segunda metade do século XIX. Estes últimos foram alvo de um anedotário pouco condizente com a rica herança cultural que nos deixou o português.

Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSICA. Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de Janeiro: 2000. Disponível em: https://brasil500anos.ibge.gov.br/territorio-brasileiro-e-povoamento/pportugueses.html. Acesso em: 18 ago. 2018.

Fonte: Da escola para o mundo. Roberta Hernandes; Ricardo Gonçalves Barreto. Ensino Fundamental – Anos finais. Projetos integradores 8º e 9º anos. Ed. Ática. São Paulo, 1ª edição, 2018. p. 135.

Entendendo a notícia:

01 – De acordo com o texto, quando começaram a aparecer os primeiros registros de imigração portuguesa e a partir de qual século se tornaram mais regulares?

      Os primeiros registros da imigração portuguesa apareceram no século XVIII e se tornaram mais regulares a partir do século XIX.

02 – Qual foi o número total de portugueses que vieram para o Brasil nos primeiros dois séculos de colonização (séculos XVI e XVII) e qual era a média anual de imigrantes nesse período?

      Nos primeiros dois séculos de colonização, vieram cerca de 100 mil portugueses, com uma média anual de 500 imigrantes.

03 – Em qual século houve um aumento significativo no fluxo migratório, registrando 600 mil imigrantes e uma média anual de 10 mil?

      Esse aumento ocorreu no século seguinte aos dois primeiros de colonização, ou seja, no século XVIII (segundo a cronologia implícita no texto, já que o século XIX é marcado por uma imigração mais regular, e o ápice ocorre no século XX). Nota: O texto indica "no século seguinte", que seria o XVIII, antes da regularização no XIX.

04 – Quando ocorreu o ápice do fluxo migratório português para o Brasil e qual foi a média anual de imigrantes registrada nesse período?

      O ápice do fluxo migratório ocorreu na primeira metade do século XX, entre 1901 e 1930, com uma média anual que ultrapassou a barreira dos 25 mil imigrantes.

05 – Como a origem socioeconômica dos imigrantes portugueses se transformou ao longo do tempo, desde os primeiros séculos de colonização até a segunda metade do século XIX?

      A origem socioeconômica se transformou de uma próspera elite nos primeiros séculos de colonização para um fluxo crescente de imigrantes pobres a partir da segunda metade do século XIX.

 

 

NOTÍCIA: OS 10 EXPERIMENTOS CIENTÍFICOS MAIS IMPORTANTES DA HISTÓRIA - FRAGMENTO - FELIPE JUNQUEIRA - COM GABARITO

 Notícia: Os 10 experimentos científicos mais importantes da história – Fragmento

Por Felipe Junqueira

        [...]

        3. William Harvey e a pulsação sanguínea

        Até o século XVII, a ciência acreditava que os seres vivos possuíam dois fluxos sanguíneos distintos, sendo que uma possuiria “espíritos vitais”, trazidos pelo ar para os pulmões. E ainda o fígado produzia sangue novo, a partir do alimento que a gente ingere. A ideia foi proposta pelo filósofo grego Cláudio Galeno, no século II.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJYkXW4AvmpEjf2PWPYnHkm4txChzU3FCtaS-KCt0HPacTSHvAT-vwVf1WwgGx4luwdYHf432Ns-qpdRrwTIlvOrI6JBLnAUoheyIMei8NvzuueOZqwJTTCTJRSxjABDJPCtrp1xFhFMFSd0gzVTV-NOrCsDxCZDrWCfd5axicPHyLGdQ0dyrJWguoN1w/s320/Harvey.jpg


        William Harvey provou que essa teoria, apesar de ser considerada correta por cerca de 1.500 anos, estava errada. Em 1628, o médico inglês publicou seus estudos sobre a circulação sanguínea refutando basicamente tudo o que Galeno propôs. O que ele fez não foi simples, mas tem grande importância científica até hoje. Harvey abriu animais vivos e bloqueou com uma pinça o fluxo sanguíneo na veia cava, impedindo que o sangue retornasse ao coração, que perdia coloração, empalidecendo e diminuindo de tamanho. Quando ele liberava o fluxo novamente, o coração voltava ao normal.

        Ao fazer o mesmo procedimento na artéria aorta, Harvey mostrou que o coração se enchia de sangue, inflando como um balão. Assim, o médico demonstrou que era esse músculo o responsável por bombear o sangue e fazê-lo circular em nosso corpo, e não espíritos invisíveis. E mais: todo o sistema circulatório era um só, saindo do coração para passar por todo o corpo, retornando ao músculo que é o motor da vida.

        [...]

JUNQUEIRA, Felipe. Os 10 experimentos científicos mais importantes da história. Canaltech, 25 nov. 2019. Disponível em: https://canaltech.com.br/ciencia/os-10-experimentos-cientificos-mais-importantes-da-história-156069. Acesso em: 31 out. 2020.

Fonte: Coleção Rotas. Língua Portuguesa. Ensino fundamental. Anos finais. 8º ano/Sandra Moura Severino (org.) – Brasília: Caderno de atividades – Editora Edebê Brasil, 2020. p. 62.

Entendendo a notícia:

01 – Qual era a teoria científica aceita sobre o sistema sanguíneo antes dos estudos de William Harvey, e quem a propôs originalmente?

      A teoria, proposta pelo filósofo grego Cláudio Galeno no século II, acreditava em dois fluxos sanguíneos distintos. Além disso, defendia que um desses fluxos possuía "espíritos vitais" trazidos pelo ar para os pulmões, e que o fígado produzia sangue novo a partir dos alimentos ingeridos.

02 – Por quanto tempo a teoria de Galeno foi considerada correta antes de ser refutada por William Harvey?

      A teoria de Cláudio Galeno foi considerada correta por cerca de 1.500 anos (até o século XVII).

03 – Em que ano William Harvey publicou seus estudos revolucionários sobre a circulação sanguínea?

      William Harvey publicou seus estudos em 1628.

04 – Descreva brevemente o principal procedimento experimental que William Harvey realizou para refutar a teoria antiga e provar o papel do coração.

      Harvey abriu animais vivos e realizou dois procedimentos:

      Bloqueou o fluxo na veia cava (que retorna ao coração), observando que o coração empalidecia e diminuía de tamanho, provando que o sangue retornava por ali.

      Bloqueou o fluxo na artéria aorta (que sai do coração), observando que o coração se enchia de sangue e inflava, provando que o coração bombeava o sangue para fora.

05 – Qual foi a principal conclusão de William Harvey que substituiu a ideia dos "espíritos invisíveis" e dos fluxos separados?

      A principal conclusão foi que o coração é o músculo responsável por bombear o sangue e fazê-lo circular em nosso corpo, e que todo o sistema circulatório é um só, com o sangue saindo do coração, passando por todo o corpo e retornando ao coração.

 

 

NOTÍCIA: MANUAL DE ORIENTAÇÃO DA SAÚDE DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES NA ERA DIGITAL - FRAGMENTO - SBP - COM GABARITO

 Notícia: Manual de orientação da saúde de crianças e adolescentes na era digital – Fragmento

        [...]

        Para Crianças & Adolescentes

        Nas telas do mundo digital tudo é produzido como fantasia e imaginação para distrair ou afastar do mundo real – portanto, não se deixe enganar no mundo virtual.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimK7eB2LvJgbDy0aHY_p8EQclhyphenhyphenp33TCE25qTFl0JJiC0rZgZZj3SvG9x0NzvA0ZQGA6bgNHyPSi-FtLbnTrwsGdh6NRo2n6cuENKpVBRbflp6ImvyQdSJhCfJds9IhLfptLb76A1fiKFrbW1_JQ8wflp8LrMH9-R4kSQnVnQT8eO6jRLHxnEG8fAKRnE/s1600/fundo-300x300.jpg


        Não marque bobeira à toa! Cuidado, desconfie de mensagens esquisitas ou confusas. Aprenda a bloquear mensagens ofensivas ou que zombem de você!

        A senha é só sua, não a compartilhe com ninguém, ninguém mesmo! Única exceção apenas para seus pais que são os responsáveis por você até completar os 18 anos, legalmente.

        Lembre-se que a Internet é um espaço público e as mensagens trocadas ficarão para sempre gravadas e accessíveis, como uma história de você ou como uma impressão digital.

        Preste atenção para não adicionar qualquer pessoa desconhecida e jamais marque encontros com pessoas estranhas ou conhecidas apenas pela Internet e que enviam mensagens solicitando encontros com você! Cuidado ao utilizar a webcam, evite a exposição, se você estiver sem roupas ou mesmo no seu quarto ou sozinho em qualquer lugar.

         Prêmios ou ofertas em dinheiro ou presentes de viagens podem ser ciladas. Surpresas e mágicas online são muitas vezes falsas para pegar otário, portanto, seja mais esperto!

        Seja quem você é mesmo, sem criar avatares, heróis ou inimigos que nem existem, ou só existem em sua imaginação. Pode ser engraçado, mas nem sempre é brincadeira! Você pode se machucar à toa, fi que sempre alerta aos desafios ou confrontos que podem terminar em problemas sérios, colocando sua vida em risco.

        Seja respeitoso online e trate os outros como gostaria de ser tratado, afinal você merece respeito de todos também. Evite repassar mensagens que possam humilhar, ofender, zombar ou prejudicar a pessoa que receber este seu recado.

        Crescer e construir o seu corpo precisa de horas de sono e alimentação balanceada e saudável. Se você estiver se sentindo cansado, sonolento, com fome ou sem apetite, ou com dor de cabeça, nas costas, nos olhos ou nos ouvidos, desligue o seu celular ou seu computador, converse com seus pais ou consulte seu médico pediatra. Conversando, a gente se entende e tudo ficará melhor! Sempre é bom ter mais cuidados de saúde e você é responsável por sua saúde física e mental, e lembre que para ser um adulto melhor e capaz, requer socialização, conversa e reflexão!

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Saúde de crianças e adolescentes na era digital. SBP – Sociedade Brasileira de Pediatria. Disponível em: www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/2016/11/19166d-MOrient-Saude-Crian-e-Adolesc.pdf. Acesso em: 3 out. 2018.

Fonte: Da escola para o mundo. Roberta Hernandes; Ricardo Gonçalves Barreto. Ensino Fundamental – Anos finais. Projetos integradores 8º e 9º anos. Ed. Ática. São Paulo, 1ª edição, 2018. p. 151-152.

Entendendo a notícia:

01 – Qual é o principal alerta dado no manual sobre o modo como o conteúdo nas telas do mundo digital é produzido?

      O manual alerta que, nas telas do mundo digital, tudo é produzido como fantasia e imaginação para distrair ou afastar do mundo real, e por isso, o adolescente ou a criança não deve se deixar enganar no mundo virtual.

02 – Para quem, em termos de segurança e responsabilidade legal, o manual permite a única exceção para o compartilhamento da senha pessoal?

      A única exceção permitida para o compartilhamento da senha é apenas com os pais (ou responsáveis), pois eles são os responsáveis legais pelo menor até que este complete os 18 anos.

03 – O que o manual afirma sobre a durabilidade e acessibilidade das mensagens trocadas na Internet, e a que metáfora esse registro é comparado?

      O manual lembra que a Internet é um espaço público e que as mensagens trocadas ficarão para sempre gravadas e acessíveis. Esse registro é comparado a uma história de você ou a uma impressão digital.

04 – Quais são as duas principais recomendações de segurança relacionadas à adição de pessoas desconhecidas e ao uso da webcam?

      As duas principais recomendações são:

      Não adicionar qualquer pessoa desconhecida e jamais marcar encontros com pessoas estranhas ou conhecidas apenas pela Internet.

      Evitar a exposição ao utilizar a webcam, especialmente se estiver sem roupas, no quarto ou sozinho em qualquer lugar.

05 – Segundo o manual, por que se deve desconfiar de prêmios, ofertas em dinheiro ou presentes de viagens recebidos online?

      Essas ofertas e surpresas online podem ser ciladas e são, muitas vezes, falsas para enganar ("pegar otário"), sendo necessário que o jovem seja esperto e desconfiado.

06 – Qual é a regra fundamental de convivência e respeito que o manual orienta para a interação online e o que se deve evitar repassar?

      A regra fundamental é ser respeitoso online e tratar os outros como gostaria de ser tratado. Deve-se evitar repassar mensagens que possam humilhar, ofender, zombar ou prejudicar a pessoa que as receber.

07 – Quais são os sinais de alerta de saúde física citados que indicam a necessidade de desligar os dispositivos, e qual é o primeiro passo para buscar ajuda?

      Os sinais de alerta são: estar se sentindo cansado, sonolento, com fome ou sem apetite, ou com dor de cabeça, nas costas, nos olhos ou nos ouvidos. O primeiro passo para buscar ajuda é desligar o celular ou computador e conversar com os pais ou consultar um médico pediatra.

 

REPORTAGEM: POPULAÇÃO AFRO-BRASILEIRA REASSUME O PROTAGONISMO DE SUA HISTÓRIA - ALEX BESSAS - COM GABARITO

 Reportagem: População afro-brasileira reassume o protagonismo de sua história – Fragmento

        Povo negro busca registrar seu passado de uma perspectiva própria, sem ceder ao pensamento colonizador, e, assim, visa transformar a atualidade e projetar um amanhã a partir de sua própria ótica

Por Alex Bessas – 30/06/19 – 03h00

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGS08xbt-K7662sRizop04H_FBwxM-6A2-Rs3NvkJqECdMmYptJHfMx5B_8cn3GrRPlU1aFvzX-CjfmQWcTur_QnGQOxppH2Qvqave8-ZiT8wr1pS-fvIpEgM0jffyO5rb_jQ0xudylsjVw7YN5KdXvk85Yvyq1GOsE43JpLEnvMpQb3B7cQxf9HOnVcE/s1600/AFRO.jpg


        Quando Olorum ordenou que Oxalá criasse o ser humano, várias foram as tentativas do orixá. Com o ferro, ficou rígido demais. Usou a pedra, mas, ficou frio. A água não tomava forma. Tentou o fogo, e logo a criatura se consumiu em suas chamas. Foi quando Nanã Buruku veio em seu socorro: ofereceu-lhe a lama. Então, Oxalá moldou as formas humanas, e com um sopro, Olorum emprestou vida ao homem, que com a ajuda dos orixás, povoou o mundo. Mas o corpo precisa sempre voltar à terra. Nanã, afinal, deu a matéria no início, mas a quer de volta ao final.

        É assim, pela narrativa da origem do mundo, extraída do livro “Mitologia dos Orixás” (2001), do sociólogo Reginaldo Prandi, que Magna Oliveira inicia as aulas do projeto “Iranti: Ser África”, iniciativa que, desde 2015, busca formar professores em contação de histórias dos povos negros, promovendo literaturas e oralidades africanas e afro-brasileiras. Um reforço no sentido de fazer cumprir a Lei 10.639, de 2003, que tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas de níveis fundamental e médio do Brasil. 

        De um entendimento mais dilatado, o projeto encabeçado por Magna pode ser lido como parte de um movimento maior, que tem ganhado força. Nele, a população negra – que, por efeito da diáspora, hoje comunga de uma identidade transcontinental – passa a recontar seu próprio passado para, assim, transformar o presente e projetar um futuro a partir de uma perspectiva afrocentrada. “Quando estudei, me sentia constrangida com o que a história dizia sobre o meu povo. Era a parte que queria que passasse mais rápido! Mas essa não é a nossa história. Essa é a que os colonizadores escreveram por nós”, explica Magna, que é técnica administrativa.

        Valorizando as tradições oral e literária dos povos negros, ela busca furar as sucessivas camadas discursivas elaboradas em contexto colonial – o que faz surtir um efeito antirracista e representa um passo rumo à descolonização do pensamento. “Se, no processo de formação, todas as referências são brancas, o que acontece é que, para me referendar, vou buscar me embranquecer. É essa lógica que nós estamos quebrando”, diz. 

        “Ainda há resistência em abordar esses temas dentro da escola, porque não se reconhece a importância da história e da cultura negra na formação do país – que, embora racista, não se reconhece como tal”, observa a mestre em educação e professora do Departamento de Educação da Universidade Federal de Ouro Preto Luana Tolentino. Para ela, projetos como o “Iranti: Ser África” possibilitam que “jovens e crianças negras valorizem seu pertencimento racial, construam identidades positivas, se orgulhem de sua ancestralidade – algo que faz bem à autoestima e vai afetar diretamente o processo de aprendizagem”, examina ela, que é estudiosa da aplicação da referida lei federal e diz ser crescente o número de iniciativas do gênero.

        Outra perspectiva. Ao divulgar histórias carregadas de significados, Magna junta-se a um movimento pelo qual busca, mais que sentir-se representada, produzir uma completa mudança de perspectiva. Afinal, ao se conhecer outro modo de conceber o mundo, surgem formas novas de oferecer respostas aos seus problemas, por meio de alternativas próprias. É no que acredita a MC Tamara Franklin: “Tanto a ficção quanto a literatura e até as ciências são consumidas de um olhar eurocêntrico. Por isso, muitos de nós passam a reproduzir posturas que não têm nada a ver com a compreensão africana”, diz “Eu boto fé nesse movimento, em que estamos nos reapropriando do que é nosso”, completa a artista.

        A história que abre a reportagem é exemplo dessa mudança de eixo. “As religiões e a filosofia africana trazem, em si, outra relação com o meio. A natureza não é vista como outro, mas como parte”, analisa Tamara. Para ela, aliás, a questão vai muito além da representatividade.

        “É comum ouvir que precisamos ocupar espaços a qualquer custo. Mas a casa-grande tinha muito preto, nem por isso estava sendo empretecida”, reflete. “O que precisamos é quebrar essa estrutura – e pensar o futuro sob uma ótica preta é uma forma de começar esse processo”.

        E, para ela, para construir essa emergente perspectiva, é preciso avançar mais. “O povo negro devia receber condições para estudar a sua própria medicina, seus próprios avanços tecnológicos. Fala-se muito de África para falar de tradição. Precisamos olhar para a frente, para as possibilidades de avanço”, defende a MC. “Acredito que a educação afrocentrada poderia passar por caminhos mais amplos”.

        As proposições de Tamara fazem ecoar formulações do pensador senegalês Cheikh Anta Diop (1923-1986), que pôs em evidência as contribuições africanas para a humanidade. O autor reivindicava o vínculo entre o Egito e a África negra e demonstrava como o país egípcio influenciou a Grécia – considerada berço da civilização ocidental – e o mundo clássico como um todo. Em suas publicações, Diop indicava a capacidade de produzir conhecimento e ciência e de se organizarem politicamente, em escala nacional e continental, aspectos que costumam ser desprezados.

        [...]

BESSAS, Alex. População afro-brasileira reassume o protagonismo de sua história. O Tempo, 30 jun. 2019. Disponível em: https://www.otempo.com.br/interessa/populacao-afro-brasileira-reassume-o-protagonismo-de-sua-historia-1.2202305. Acesso em: 23 out. 2020.

Fonte: Coleção Rotas. Língua Portuguesa. Ensino fundamental. Anos finais. 8º ano/Sandra Moura Severino (org.) – Brasília: Caderno de atividades – Editora Edebê Brasil, 2020. p. 13-14.

Entendendo a reportagem:

01 – Qual é o objetivo central do movimento atual da população negra, conforme o título e o primeiro parágrafo da reportagem?

      O objetivo central é reassumir o protagonismo da sua história, buscando registrar seu passado a partir de uma perspectiva própria (afrocentrada), sem ceder ao pensamento colonizador, para, assim, transformar a atualidade e projetar um futuro.

02 – De acordo com a narrativa de origem do mundo utilizada por Magna Oliveira, qual orixá socorreu Oxalá e ofereceu o material para a criação do ser humano? Que significado essa narrativa tem em relação à matéria e ao ciclo da vida?

      O orixá que socorreu Oxalá foi Nanã Buruku, que ofereceu a lama como matéria para moldar as formas humanas. O significado é que o corpo precisa voltar à terra, pois Nanã, que deu a matéria no início, a "quer de volta ao final", simbolizando o ciclo da vida e morte.

03 – Qual é o propósito da Lei 10.639, de 2003, e como o projeto "Iranti: Ser África" se relaciona com ela?

      A Lei 10.639/2003 tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas de níveis fundamental e médio do Brasil. O projeto "Iranti: Ser África" atua como um reforço no sentido de fazer essa lei ser cumprida, formando professores para promover literaturas e oralidades africanas.

04 – Segundo a MC Tamara Franklin, qual é a principal consequência de consumir ficção, literatura e até ciências a partir de um olhar eurocêntrico?

      A principal consequência é que muitos passam a reproduzir posturas que "não têm nada a ver com a compreensão africana", indicando a adoção de perspectivas culturais e ideológicas desalinhadas com sua ancestralidade.

05 – Qual efeito o trabalho de valorização das tradições oral e literária dos povos negros, como o de Magna Oliveira, produz em relação ao contexto colonial, e qual lógica se busca quebrar?

      O trabalho busca furar as camadas discursivas elaboradas em contexto colonial, o que gera um efeito antirracista e representa um passo para a descolonização do pensamento. A lógica que se busca quebrar é aquela em que, tendo apenas referências brancas, o indivíduo negro busca se "embranquecer" para se referendar.

06 – A MC Tamara Franklin argumenta que a questão vai além da representatividade. Qual é a reflexão que ela utiliza para ilustrar por que "ocupar espaços" não é o suficiente para a verdadeira mudança?

      Ela reflete que "a casa-grande tinha muito preto, nem por isso estava sendo empretecida". Com isso, ela ilustra que a simples presença ou ocupação de espaços não quebra a estrutura de poder; o que é preciso é quebrar essa estrutura e pensar o futuro sob uma ótica preta.

07 – Quais foram as contribuições do pensador senegalês Cheikh Anta Diop que são mencionadas na reportagem, e o que ele buscava evidenciar sobre a África?

      Diop pôs em evidência as contribuições africanas para a humanidade. Ele reivindicava o vínculo entre o Egito e a África negra e demonstrava como o Egito influenciou a Grécia (berço da civilização ocidental). Suas publicações indicavam a capacidade africana de produzir conhecimento, ciência e de organização política em escala continental, aspectos que costumam ser desprezados pelo olhar eurocêntrico.