terça-feira, 16 de janeiro de 2024

CRÔNICA: CANTADORES DE VIOLA - VIRIATO CORRÊA - COM GABARITO

 Crônica: Cantadores de viola

              Viriato Corrêa

        No povoado, a festa mais bonita do Natal era no sítio do João Raimundo, o lavrador que fazia anualmente a maior colheita de algodão.

        Festa de papouco. Brincava-se, cantava-se e dançava-se dois dias e duas noites.

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        Nos lugarejos da roça, o Natal é a grande quadra dos "sambas". Em toda palhoça uma festa. Violas, sanfonas e cavaquinhos enchem de música todos os terreiros.

        O "samba" do João Raimundo começava ao amanhecer de 24 de dezembro. Mal o sol ia apontando no céu quando as ronqueiras estrondeavam nos ares.

        Quando a manhã nascia, o terreiro estava todo plantado de arírís, enfeitado de arcos de píndoba e bandeirolas de papel. No centro, um grande mastro com a figura do menino Deus pregada na bandeira que tremulava no alto.

        Junto à casa — a latada coberta de murta e palmas verdes. Era debaixo da latada que se dançava.

        A festa do João Raimundo tinha fama por aquelas redondezas.

        Convidavam-se os melhores tocadores de viola. Apareciam dois ou quatro cantadores para o "desafio". As mais queridas dançadeiras de chorado não deixavam de vir dançar. Havia comida para se botar fora.

        Os convidados iam chegando pela manhã. E, logo que entrava o primeiro tocador de sanfona ou de viola, começavam as danças.

        Nós, as crianças, íamos para a sombra das jaqueiras brincar o dia inteiro.

        À noite é que a festa crescia e ficava bonita. Nada menos de seis, oito violas, três ou quatro cavaquinhos, rabecas, flautas e pandeiros.

        Na latada e na varanda, dançava um mundo de gente. No terreiro, lavado de luar, estrondeavam de quando em quando as ronqueiras.

        Devia ser meia-noite e eu já cochilava no regaço de minha mãe, quando o Manduca me veio prevenir que o "desafio" não tardaria a começar.

        Corri à latada. Dançava-se vivamente.

        Para a gente matuta, não há nada mais importante numa festa do que o "desafio" entre dois famosos cantadores de viola. Suspendem-se as danças para que todo mundo os ouça em silêncio.

        Os cantadores que se iam medir aquela noite, eram o José Firmino e o Pedro Jeju, os mais festejados daquela beirada de rio. Ninguém queria perder uma palavra da luta que eles iam travar em versos.

        O João Raimundo bateu palmas no meio da latada impondo silêncio:

        — Minha gente, vamos ouvir estes dois "turunas".

        Zoou no ar um quente repinicado de primas e bordões de violas. Os dois cantadores sentaram-se frente a frente.

        Versos de cá, versos de lá, a cruzarem-se. Um improvisava uma quadra ou uma sextilha ou uma oitava e o outro imediatamente respondia com uma oitava ou uma quadra ou uma sextilha.

        No começo, cada um deles disse, em versos, quem era, como nascera, de onde tinha vindo. Cinco minutos depois, começaram a gabar-se de feitos maravilhosos.

        O Pedro Jeju, dedilhando assanhadamente as cordas da viola, soltou a primeira gabolice:

— José Firmino acredite,

                                  Não gosto de me gabar,

Mas quando pego a viola,

Quando começo a cantar,

  Saem da cova os defuntos,

                                  Os peixes saem do mar,

Os anjos descem do céu,

                                   E tudo vem me escutar.

        O José Firmino quase não deixou que o companheiro acabasse o último verso, e cantou de viola estendida no peito:

— Eu não tenho inveja disso,

                               Sou valente, valentão,

                               Canguçu é meu cavalo,

                               Cascavel meu cinturão,

                               Eu engulo brasa viva,

                               Pego corisco com a mão,

                               Um empurrão do meu dedo

                               Bota dez morros no chão.

        O Pedro Jeju respondeu:

— Você pode ser valente,

                                  Habilidoso não é.

                                  Eu calço chinelo em cobra,

                                  Boto guizo em jacaré,

                                  Asso manteiga no espeto,

                                  Faço o tempo andar à ré,

                                  Carrego água em peneira,

                                  Dou beijos em busca-pé.

        O povo aplaudia com palmas e gritos. José Firmino olhou o cantador de alto a baixo e improvisou:

— Isso tudo não é nada,

                                   Não me pode amedrontar:

                                   Paro o vento quando quero,

                                   Já fiz o sol esfriar,

                                   Bebo chumbo derretido,

                                   Sem o chumbo me queimar,

                                   Seguro as onças no mato,

                                    Para meu filho mamar.

        O outro acelerou os dedos nas cordas da viola e respondeu:

              — Se eu for contar minhas artes

                                   Não acabo nunca mais;

                                   Para apagar os incêndios

                                   Uso breu e aguarrás,

                                   Eu ponho luneta em pulga,

                                   E gravata em Satanás,

                                   Eu faço gelo com brasa,

                                   Coisa que você não faz,

                                   Faço o carro andar na frente,

                                   Faço o boi andar atrás.

        E ergueu-se. José Firmino ergueu-se também. Eram ambos fortes no desafio. Não haveria vencido nem vencedor. Não valia a pena teimar.

Viriato Corrêa. Cazuza. 27. ed. São Paulo: Nacional, 1997. p. 16-7.

Entendendo a crônica:

01 – Qual é o cenário principal da festa de Natal descrita na crônica?

      A festa de Natal acontece no sítio do lavrador João Raimundo, onde ocorre a maior colheita de algodão.

02 – Como se caracteriza a festa de Natal no povoado descrito na crônica?

      A festa é animada, com brincadeiras, danças e música, principalmente com a presença de violas, sanfonas e cavaquinhos.

03 – Quem eram os cantadores famosos convidados para o "desafio" na festa?

      José Firmino e Pedro Jeju eram os cantadores famosos convidados para o desafio na festa.

04 – O que caracteriza a importância do "desafio" entre os cantadores na festa?

      O "desafio" entre os cantadores é considerado muito importante, a ponto de suspenderem as danças para que todos possam ouvi-los em silêncio.

05 – Quais são algumas das habilidades mencionadas pelos cantadores durante o "desafio"?

      Os cantadores mencionam habilidades como parar o vento, fazer o sol esfriar, beber chumbo derretido, entre outras.

06 – Como o povo reage ao "desafio" entre José Firmino e Pedro Jeju?

      O povo aplaude com palmas e gritos durante o "desafio" entre José Firmino e Pedro Jeju.

07 – Qual é o desfecho do "desafio" entre José Firmino e Pedro Jeju?

      Não houve vencedor no "desafio". Ambos os cantadores mostraram-se fortes, e a crônica sugere que não valia a pena insistir na busca de um vencedor.

 

 

CRÔNICA: O PATA-CHOCA - VIRIATO CORRÊA - COM GABARITO

 Crônica: O Pata-choca

              Viriato Corrêa

        O Hilário bradou em pleno silêncio do exercício de escrita: — Professor, o Pata- choca está comendo terra! João Ricardo pousou nas pernas o jornal que estava lendo, ergueu os óculos para a testa e chamou: — Evaristo, venha cá!

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBd5_sPAz5fOPRb91tSd__ay2Xq8OK7bQY2a0AhdXP59YEe7Zqm_0JeeSVwZnyNP7FYwVBHGU655EumsyniJYbSjwo4cSzrSSipZJxXw6ZDio2T5WNDPNRhpfDtvJlEf_NvAQijy7xSWavKJfITp-NZD62MJwxT1K-yKTc-Ujhl3dq32B0-9p02lIOpGI/s1600/PATA.jpg


        Vagaroso, mole, pesadão, o Pata-choca arrastou-se até a grande mesa próxima à parede.

        — Abre essa boca!

        Ele não fez um movimento. O professor segurou a régua.

        — Abre essa boca, estou mandando. O pequeno obedeceu. Era verdade: a língua, as gengivas, os dentes estavam cheios de terra.

        Os "bolos" começaram a ressoar. De repente, João Ricardo parou, atirando à palmatória para cima da mesa.

        — Não lhe dou mais, disse. É a décima ou vigésima vez que o castigo porque come terra. Se eu for castigá-lo como merece, rebento-lhe as mãos. O melhor é entregar você a seu pai.

        E para o Caetano, que se sentava no banco atrás do meu:

        — Dê um pulo, ali, à casa do Chico Lopes e peça que ele venha aqui.

        O Pata-choca era o aluno mais atrasado da escola. Havia bastante tempo que lá estava e não conhecia, sequer, as letras do alfabeto.

        Talvez já tivesse dez anos, mas, pela inteligência, não parecia ter mais de cinco.

        O povoado inteiro o considerava o modelo do menino que não dá para nada.

        — Se não abrires os olhos, diziam as mães aos filhos que não sabiam as lições, se não abrires os olhos, tu acabas como o Pata-choca.

        Era um pequeno amarelo, feio, desmazelado, carne balofa, olhos mortos, barriga muito grande e pernas muito finas. Vivia silencioso, boca aberta, cochilando nos bancos, com um eterno ar de cansaço, como se a vida lhe fosse um grande sacrifício.

        Começou a comer terra quando ainda engatinhava.

        O pai (ele não tinha mãe) dava-lhe surras tremendas, de lhe deixar o corpo moído e de levá-lo à cama.

        Mas nada o corrigia. Ao apanhar distraídas as pessoas de casa, atirava-se aos torrões de terra, comendo-os gulosamente.

        Vivia machucado de pancadas, doentinho, o ar de fadiga, o ar estúpido, malquerido da gente grande e desprezado pelas próprias crianças.

        Não havia nada que o acordasse daquela moleza. Se ralhavam com ele, parecia que o ralho lhe entrava por um ouvido e lhe saía pelo outro. Se lhe davam bordoada, chorava um instante, enquanto as pancadas doíam, mas voltava imediatamente à expressão de indiferença e de embrutecimento.

        Ao ver o pai entrar na sala, não se mexeu. Estava encostado à parede e encostado ficou, como se lhe não interessasse nada daquilo.

        O Chico Lopes veio até à mesa do professor, pálido, chapéu na mão, ar constrangido.

        — Já sei, disse depois de encarar o filho, foi ele que fez alguma. É a minha vergonha, professor, este menino é a minha vergonha!

        — É mesmo! afirmou João Ricardo. Não é mais possível aturá-lo. Leve-o, leve-o de uma vez. O senhor é pai, pode fazer o que quiser. Eu é que não posso mais fazer nada. São três anos. Durante três anos castiguei-o, dei-lhe bordoada, fiz tudo que estava nas minhas forças e nada, absolutamente nada consegui. Leve-o, leve-o, que eu perdi completamente a paciência!

        O Chico Lopes machucou nervosamente o chapéu nos dedos e rebateu energicamente:

        — Não, professor! O senhor vai ficar com ele! O senhor vai dar-lhe ensino! Por que não? Porque tem medo de esbofeteá-lo demais? Não tenha medo nenhum! Dê-lhe a bordoada que quiser! Está autorizado por mim.

        E com a voz tocada de emoção:

        — Eu, como pai, lhe peço: fique, fique com o menino! O que eu não quero é que, amanhã, ele seja um animal como eu!

        O mestre-escola abrandou. Cedeu.

        — Está bem! Está bem! Vou tentar, vou fazer o possível. No dia seguinte o Pata-choca entrou na escola cheio de machucões nos braços e no rosto. Havia apanhado brutalmente em casa.

        João Ricardo preveniu-lhe:

        — Hoje, ou você dá a lição certinha ou eu lhe ponho a orelha de burro".

        À tarde, o pequeno deu a lição pior do que nos outros dias. O professor terminou as aulas mais cedo que de costume.

        — Podem ir embora, disse-nos. Quero que vejam o "burro" passar.

        Eu estava em casa, mudando a roupa, quando ouvi uma gritaria na rua. Corri ao peitoril da varanda.

        O Pata-choca vinha caminhando pesadamente. No lugar das orelhas trazia duas grandes, duas enormes orelhas de asno talhadas em papelão. Atrás, um bando de garotos, vaiando-o:

        — Olhe o burro! Olhe o burro!

        Achei uma infinita graça em tudo aquilo e tive a tentação de ir para o meio dos que gritavam, gritar também.

        Passei a perna por cima do peitoril para pular na rua. Minha mãe segurou-me fortemente pelo braço, dizendo-me com energia:

        — Não faças isso! Não vês que ele é um infeliz?

Viriato Corrêa. Cazuza. 27. ed. São Paulo: Nacional, 1997. p. 16-7.

Entendendo a crônica:

01 – Qual é o comportamento peculiar do Pata-choca que chama a atenção do Hilário durante o exercício de escrita?

      O Pata-choca está comendo terra.

02 – Como o professor João Ricardo reage ao saber que o Pata-choca está comendo terra?

      João Ricardo chama o Pata-choca e exige que ele abra a boca para verificar que sua língua, gengivas e dentes estão cheios de terra.

03 – Como o Pata-choca é descrito fisicamente e emocionalmente pelos habitantes do povoado?

      O Pata-choca é descrito como pequeno, amarelo, feio, desmazelado, com carne balofa, olhos mortos, barriga grande e pernas finas. Ele vive silencioso, com um ar de cansaço constante, como se a vida fosse um grande sacrifício.

04 – Por que o Pata-choca é considerado o modelo do menino que "não dá para nada" pelo povoado?

      O Pata-choca é considerado incapaz e inútil devido ao seu atraso escolar, falta de inteligência aparente e ao hábito de comer terra.

05 – Qual é a reação do professor João Ricardo ao comportamento repetitivo do Pata-choca de comer terra?

      João Ricardo expressa frustração e decide não castigar mais o Pata-choca, afirmando que o melhor é entregá-lo ao seu pai.

06 – Como o pai do Pata-choca, Chico Lopes, reage ao ser chamado à escola pelo professor?

      Chico Lopes pede desculpas pelo comportamento do filho e sugere que o professor continue educando o Pata-choca, mesmo que isso envolva castigos físicos, para evitar que ele se torne um "animal" como o pai.

07 – Como a crônica termina e qual é a reação do narrador ao ver o Pata-choca com orelhas de burro?

      O professor João Ricardo concorda em ficar com o Pata-choca, que entra na escola no dia seguinte com machucados. Ao final, o Pata-choca é visto com grandes orelhas de burro de papelão, e o narrador sente a tentação de rir, mas sua mãe o impede, lembrando-o de que o Pata-choca é um infeliz.

CRÔNICA: A SABATINA DE TABUADA - VIRIATO CORRÊA - COM GABARITO

 Crônica: A sabatina de tabuada

              Viriato Corrêa

        Nos dois anos e meio em que alisei os bancos da escola da povoação, não houve para mim dia pior do que aquele da sabatina de tabuada.

        Saía de casa com o coração deste tamanhinho, a pressentir coisas ruins.

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        Eu havia assistido a vários argumentos de tabuada das classes mais adiantadas e aquilo me causara estranha confusão na cabeça.

        A sabatina de tabuada era, realmente, o grande pavor dos meninos do meu tempo.

        O professor chamava quinze, vinte, trinta alunos, colocava-os de pé, em fila, conforme a ordem de chamada, e fazia-lhes perguntas.

        A resposta devia ser dada imediatamente, em quatro ou cinco segundos. Se o aluno da ponta da fila não respondia acertadamente, o professor, com rapidez, passava ao segundo, ao terceiro, ao quarto, ao quinto, aos outros.

        Adiante, adiante, adiante, e ia ele dizendo, apressadamente, de indicador esticado, apontando menino a menino.

        Quem acertava, ia buscar a palmatória em cima da grande mesa e dava um "bolo" em cada companheiro.

        Se, de ponta a ponta, todos erravam, o professor é quem dava os "bolos" de ponta a ponta.

        As perguntas como se organizavam de propósito para embaraçar: três vezes sete, multiplicado por doze, menos cinquenta e dois, dividido por cinco.

        Em poucos segundos o aluno devia calcular mentalmente: 3 x 7 = 21, 21 x 12 = 252, 252 - 52 = 200, 200 : 5 = 40.

        Quem ficava no começo da fila não tinha tempo nenhum para isso. Os cálculos só podiam ser feitos pelos que a sorte colocava na extremidade oposta.

        Quando a pergunta chegava ao meio do caminho, já os últimos meninos agitavam o indicador da mão direita, a dizer nervosamente:

        — Eu sei, professor, eu sei.

        Não tive sorte: o professor chamou-me em terceiro lugar.

        As perguntas passavam por mim sem que eu tivesse tempo de concluir os cálculos.

        Não dei uma resposta acertada. Os "bolos" estalaram cruelmente nas minhas mãos.

        Dez minutos depois de começada a prova, eu já não suportava as palmatoadas e abria num berreiro.

        O velho João Ricardo ralhava-me sem piedade.

        — Cale essa boca! Quem não quer apanhar, estuda! Por que não estudou?

        O argumento durou hora e meia, sem uma pausa.

        Minhas mãos encheram-se de bolhas de sangue e duas delas rebentaram aos últimos "bolos".

        Quando entrei em casa, minha família estava quase toda reunida no avarandado da rua.

        Atirei-me, soluçando, aos braços de minha mãe. E quando ela me viu de mãozinhas inchadas e sangrando, voltou-se dolorosamente para meu pai.

        — Veja! Isto é coisa que se faça?

        Meu pai examinou devagar as minhas mãos.

        — Que foi isto? perguntou.

        Contei.

        Pôs-se a andar silenciosamente ao comprido da varanda, as mãos para trás e uma ruga na testa. Minutos depois exclamou com a voz abafada:

        — Eu sempre achei bárbaro o argumento da tabuada, sempre. Tio Olavo, de cigarro de palha ao canto da boca, atalhou:

        — Qual bárbaro, qual nada! No meu tempo era mais rigoroso do que hoje e ninguém morreu por apanhar. Sem palmatória é que não pode haver ensino.

        — Mas não há necessidade de arrebentar as mãos das crianças, retrucou minha mãe, com duas lágrimas brilhando nos olhos.

        Tio Olavo era um homem áspero, teimoso e que, apesar de maduro, se arrebatava facilmente como um rapaz.

        — Criança merece sempre bordoada, disse com o seu vozeirão. O professor nunca é injusto. Às vezes pensamos que ele castigou demais. É engano. Quando o castigo é demais nesta falta, serve para suprir o que foi insuficiente ou nenhum naquela outra. Bordoada nunca faz mal à criança.

        — Isso é muito fácil de dizer quando o filho é alheio, replicou minha mãe.

        E, depois de uns instantes de silêncio, afirmou com a inabalável decisão das criaturas calmas e suaves:

        — O Cazuza não vai mais à escola. Aprende aqui mesmo em casa. Depois ele aprenderá na vila.

        À noite, quando me deitei, dormi imediatamente.

        E sonhei. Um sonho muito leve, muito doce e muito bonito.

        Eu ia andando por um caminho liso quando, de repente, me surgiu uma escola diante dos olhos. Era uma escola diferente da que eu conhecia — grande, numa grande casa que parecia um palácio.

        Para chegar à porta, atravessava-se um largo jardim florido. Tinha-se a impressão de que o jardim continuava lá dentro, tantas flores lá dentro havia nos jarros, nas mesas e nos outros móveis. Pelas janelas abertas, o sol entrava luminosamente. As paredes, cobertas de mapas, quadros e desenhos, davam aos olhos um efeito deslumbrante. Havia um mundo de crianças nas salas. E tudo alegre, risonho, em liberdade. Uns escreviam, outros desenhavam, outros organizavam coleções de insetos, ou liam, ou traçavam figuras no quadro-negro.

        Estavam sentados apenas os que precisavam estar sentados; moviam-se os que tinham necessidade de se mover. E todos trabalhavam. Sentia-se que aquela gente cuidava gostosamente dos seus deveres, sem receio de castigo, sem medo de ninguém.

        E o professor que eu não via? Não era um só, eram muitos professores.

        Se não me dissessem eu não acreditava. Tinham tanta bondade no rosto, tanta brandura, delicadeza e carinho para a meninada, que eu pensei que fossem apenas companheiros mais velhos dos alunos.

        Fiquei à porta, silenciosamente, a olhar maravilhado para tudo aquilo. Um menino veio ao meu encontro.

        — Entra, disse, pegando-me a mão. Aqui não existe rigor de cadeia, nem palmatória, nem sabatinas de tabuada.

        Acordei.

Viriato Corrêa. Cazuza. 27. ed. São Paulo: Nacional, 1997. p. 16-7.

Entendendo a crônica:

01 – Por que o narrador considera a sabatina de tabuada o pior dia de sua vida na escola?

      O narrador considera a sabatina de tabuada o pior dia de sua vida na escola porque era um momento de grande pressão, com perguntas complexas e a possibilidade de receber palmatórias se não respondesse corretamente.

02 – Como o professor organizava a sabatina de tabuada?

      O professor chamava os alunos em fila, fazia perguntas de tabuada e, se o aluno não respondesse corretamente, passava para o próximo. Quem acertava ia buscar a palmatória e dava um "bolo" nos colegas.

03 – Quais eram as características das perguntas de tabuada que tornavam a tarefa mais difícil?

      As perguntas eram complexas, envolvendo operações como multiplicação, subtração e divisão em uma única pergunta, dificultando o cálculo mental em poucos segundos.

04 – Como o narrador descreve a reação dos alunos quando a pergunta chegava ao meio do caminho durante a sabatina?

      O narrador descreve que os últimos alunos na fila agitavam nervosamente os indicadores da mão direita, demonstrando ansiedade e vontade de responder à pergunta.

05 – Qual foi o resultado da participação do narrador na sabatina de tabuada?

      O narrador não teve tempo para concluir os cálculos e não deu uma resposta correta. Como resultado, recebeu palmatórias nas mãos.

06 – Como a família do narrador reagiu ao ver suas mãos machucadas após a sabatina?

      A família do narrador ficou indignada ao ver suas mãos machucadas e sangrando. A mãe questionou se era correto castigar uma criança dessa maneira.

07 – Qual foi o sonho do narrador após a experiência da sabatina de tabuada?

      O narrador sonhou com uma escola diferente, onde não havia rigidez, palmatória ou sabatinas de tabuada. Era um lugar alegre, luminoso e livre, com professores bondosos e alunos cuidando de suas tarefas sem medo de castigo.

 

CRÔNICA: O MÉDICO DO "GAIOLA" - VIRIATO CORREA - COM GABARITO

 Crônica: O médico do “gaiola”

              Viriato Corrêa

        Era um domingo. Ao amanhecer, um “gaiola” chegou ao porto, para tomar lenha.

        Logo que o vaporzinho encostou, soube-se, na povoação, que havia um médico a bordo.

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        Meu pai correu para pedir-lhe que fosse ver minha irmãzinha Zizi, que andava doente. Foi.

        Era um homem já grisalho, de suíças, olhos doces e um ar que inspirava confiança desde o primeiro momento.

        Sentou-se no avarandado que o sol da manhã banhava, tomou café, examinou minha irmãzinha e receitou a duas ou três pessoas da família.

        A notícia de que estava em minha casa um médico, espalhou-se pelo povoado. Começou a chegar gente. Quem tinha o seu doente, trazia-o para ser examinado.

        O Pedro Alexandrino trouxe a filha paralítica. Vovó Candinha mostrou-lhe a erisipela que lhe estava tolhendo a perna. A Zabelinha Novais pediu um alívio para as suas dores de ouvido. A Teresa Pecoapá veio com o filhinho mudo. O velho Mirigido contou a história do ataque que o fez passar por defunto.

        O médico atendia a um por um, bondosamente, animando-os, consolando-os.

        E já se havia levantado para sair, quando pousou os olhos no Pata-choca, encostado tristemente à parede. Imediatamente tornou a sentar-se e chamou:

        — Venha cá, menino.

        O pequeno aproximou-se. O médico examinou-lhe o interior das pálpebras, bateu-lhe na barriga enorme e lançou os olhos pela varanda, perguntando:

        — Quem é o pai deste pequeno? O Chico Lopes adiantou-se:

        — Sou eu, doutor, para servir vossa senhoria. O médico fixou-lhe o olhar, severamente:

        — Como deixou este menino ficar neste estado? É preciso curá-lo e curá-lo com presteza.

        O Chico Lopes avançou um passo.

        — Ele não está doente, doutor. O que ele é, é sem-vergonha. Está assim porque come terra.

        — O senhor está enganado, replicou o médico. Ele não está assim porque come terra. Ele come terra é porque está assim!

        — Como diz, doutor? interrogou o matuto.

        — Ele come terra é porque está assim. O que esta criança tem são bichas. As bichas é que o fazem comer terra.

        — Mas, doutor, então...

        — Não tenha dúvida. São os vermes, no estômago e no intestino, que obrigam essa pobre criança a ter desejos esquisitos de comer coisas extravagantes. O senhor, com certeza, dá-lhe bordoada.

        — Sim, doutor, para lhe tirar o vício.

        — Não adianta nada. Bordoada não adianta. O que adianta é remédio. O que é preciso é curá-lo. No dia em que deixar de ter vermes, deixará de comer terra.

        E, depois de passar carinhosamente a mão pela cabeça do pequeno:

        — É bem possível que neste menino mole e triste esteja uma criatura alegre e inteligente. Dê-lhe remédio para lombrigas.

        O Chico Lopes rompeu num pranto desabalado.

        — Que é isto? perguntou o médico surpreendido.

        — A dor que eu estou sentindo aqui dentro! respondeu o pobre pai, com a mão no peito. O doutor não imagina as pancadas que tenho dado no meu filho. Eu não sabia que ele era doente.

        E atirando-se ao Pata-choca, a soluçar:

        — Perdoa, Evaristo, perdoa!

Viriato Corrêa. Cazuza. 27. ed. São Paulo: Nacional, 1997. p. 16-7.

Entendendo a crônica:

01 – Quem é o protagonista que busca ajuda médica na crônica, e qual o motivo da consulta?

      O protagonista é o pai da narradora, que busca ajuda médica para sua irmãzinha Zizi, que estava doente.

02 – Como o médico é descrito fisicamente na crônica?

      O médico é descrito como um homem já grisalho, com suíças, olhos doces e um ar que inspira confiança desde o primeiro momento.

03 – O que acontece após a notícia de que há um médico na cidade se espalhar?

      As pessoas começam a chegar para serem examinadas pelo médico, trazendo seus doentes para consulta.

04 – Quais são alguns dos casos que o médico atende durante sua visita à povoação?

      O médico atende casos como a filha paralítica de Pedro Alexandrino, a erisipela de Vovó Candinha, as dores de ouvido de Zabelinha Novais, e até mesmo um filhinho mudo trazido por Teresa Pecoapá.

05 – Como o médico reage ao observar Pata-choca e por que decide examiná-lo?

      O médico observa Pata-choca tristemente encostado à parede e decide examiná-lo ao notar algo preocupante em seu estado físico.

06 – Qual é a condição de saúde diagnosticada pelo médico em Pata-choca, e qual a explicação dada para o comportamento estranho do menino?

      O médico diagnostica que Pata-choca está com vermes, especificamente lombrigas, e explica que é a presença desses vermes que faz o menino ter desejos estranhos de comer terra.

07 – Como o pai de Pata-choca reage ao diagnóstico do médico?

      O pai, Chico Lopes, reage inicialmente de forma surpresa e nega a condição de saúde do filho. No entanto, ao ser informado sobre a necessidade de tratamento, ele rompe em pranto, expressando arrependimento por ter punido o filho sem saber de sua condição de saúde.

sábado, 13 de janeiro de 2024

MÚSICA(ATIVIDADES): SANGRANDO - GONZAGUINHA - COM GABARITO

 Música(Atividades): Sangrando

                                 Gonzaguinha

 Quando eu soltar a minha voz por favor entenda

Que palavra por palavra eis aqui uma pessoa se entregando
Coração na boca, peito aberto, vou sangrando

 

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9tkSFG-Zj8BcEMPJmf6ITYl-v8HL3PVqd0OA70_HOYpvNaY4aZKfwRslO3izf0bwDtHaFcuXdfyF9Wf1NiNI2LawVQOWjgfv76JTgNvWTGpvwVPYZy0TvoP1NY8snjvqdpkdlwEDx5npkYGczRUD35KUp2zVtbWlorIzZF_xsQSJa0x6HJkjF0v6_Rns/s320/gonzaguinha.jpg 

São as lutas dessa nossa vida que eu estou cantando
Quando eu abrir minha garganta essa força tanta
Tudo que você ouvir, esteja certa que estarei vivendo
Veja o brilho nos meus olhos e o tremor nas minhas mãos

 

E o meu corpo tão suado, transbordando toda raça e emoção
E se eu chorar e o sol molhar o meu sorriso
Não se espante, cante

Que o teu canto é minha força pra cantar
Quando eu soltar a minha voz por favor entenda
É apenas o meu jeito de viver
O que é amar

Entendendo o texto

01. Quem é o eu poético, o eu do texto?

O eu poético no texto é Gonzaguinha, o cantor/compositor que expressa seus sentimentos e emoções através da música. 

02. Explique a metáfora do título da canção.

A metáfora do título "Sangrando" sugere que o ato de cantar para o eu poético é como uma entrega profunda e intensa, comparada a um sangramento emocional. Isso indica que a expressão artística é uma experiência visceral, onde o cantor expõe suas emoções de maneira crua e intensa. 

03. O que significa cantar para o eu poético?

          Cantar para o eu poético significa expressar suas emoções, lutas e vivências através da música. É uma forma de se entregar completamente, compartilhando suas experiências e sentimentos com o público. O ato de cantar é descrito como uma maneira de viver e amar, representando uma expressão autêntica do artista.

    04. O que o eu poético faz ao soltar a sua voz na música?

          a) Sangra.

          b) Dança.

          c) Dorme.

          d) Lê um livro.

   05. Qual a metáfora utilizada para descrever as lutas da vida na música?

         a) Flores no jardim.

         b) Ondas do mar.

         c) Espinhos de uma roseira.

         d) Corrida de cavalos.

   06. O que o eu poético pede para o ouvinte fazer quando ele chorar?

        a) Rir.

        b) Cantar.

        c) Ficar em silêncio.

        d) Ignorar.

  07. Qual é o significado que o eu poético atribui ao ato de soltar a voz na música?

        a) Uma simples atividade cotidiana.

        b) Uma maneira de se expressar e viver.

        c) Algo meramente profissional.

        d) Uma forma de fugir da realidade.

 

 

CRÔNICA: MENTIRAS FELIZES - WALCYR CARRASCO - COM GABARITO

 Crônica: Mentiras Felizes

                Walcyr Carrasco

SÁBADO. RESTAURANTE. Entro com uma amiga. Ambos dispostos a pedir uma salada. Batemos os olhos na mesa do lado. Cumbucas de feijoada. Não é preciso dizer uma palavra. E uma das raras situações em que se pode provar a existência da telepatia. Mal o garçom se aproxima, uivamos ao mesmo tempo:

— Feijoada!

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeC6qGs6dL3RphIR3KV30ofgkkHGKl6Yje8IeBJfTeOe2RzGr4ktq0Q1XWgJ-SvuxFxTmKc9zaqyh7KMg2JK7evVTtYrcuSglnZlgGa-V637BPnbg12Mftgd9vwlmi0SqCXHnudzxtDD9krzHm1PT4079wqkPvWy3ljfdGmvxnnSlBGWFngTLMk-gGte0/s320/FEIJOADA.jpg


Chegam as duas cumbucas, mais a guarnição. Que delícia, torresmos! Devoro os meus e os dela. Em compensação, Lalá ataca minha costelinha. Paio. Carne-seca. Orelha, de porco. Couve com bacon. Farinha. Muito feijão-preto. Tudo regado a cerveja. Na última garfada, tenho a impressão de que vou desmaiar, de tão cheio. Ainda encontro forças para a pergunta essencial:

— O que tem de sobremesa?

Doce de abóbora com queijo para mim. Torta de chocolate para ela. Raspo o prato. Por pouco, não o lambo. Eu e Lalá poderíamos sair rolando do restaurante. Pedimos o cafezinho. Quando o garçom serve, ela exige:

— Traga o adoçante!

Surpreendo-me: 

— Você acha que vai emagrecer por conta do cafezinho?

Ela pinga as gotinhas de hipocrisia e diz com a voz doce de uma gulosa:

— Sempre é melhor.

Levanta a xícara, certa de que continua fazendo regime.

É espantoso como o cotidiano é povoado de enganos. Mentimos a nós mesmos. Damos o truque nos outros. O mais impressionante é que... funciona!

Outra amiga morre por liquidações. Outro dia apareceu com a sacola cheia. Três jeans e um par de sapatos um número abaixo do seu. Apertava, mas, com boa vontade, servia.

.— Aproveitei. O preço está baixíssimo. Economizei.

-— Mas você tem o armário cheio de jeans! E não vai suportar o sapato.

Gastou à toa.

Irritou-se. Quem gosta de gastar sempre acha que economiza.

Mentiras em relação à idade sempre funcionam. Dia desses uma senhora me revelou:

— Já passei dos 50.

Em seguida, fixou os olhos em mim, aguardando o "oh" de surpresa. Abati os dez anos de praxe e comentei, com expressão fascinada:

-— Você não aparenta a idade que tem. Eu não daria mais que quarenta.  Sorriu, satisfeitíssima. Acreditou. Todo mundo acredita nessa conversa. É a mesma coisa que encontrar alguém e não se lembrar quem é. O sujeito diz:

— Não está lembrando de mim? Eu sou o...

Imediatamente estico os lábios até as orelhas.

— Você? Mas o que você fez? Parece dez anos mais jovem!

Claro que eu não o estava reconhecendo.

Em vez de sentir-se insultado, ele infla de vaidade. Outra coisa que

funciona é dizer, surpreso:

— Que foi que você fez para estar tão diferente? Cortou o cabelo?

         — Ah, é... Ficou bom?           

Aniversários e festas também são um prato cheio para as falsidades.

Encontro um conhecido e comento:

-— Ah, soube que você fez aniversário.

— Por que você não foi?

— Bem... É que nem fiquei sabendo da festa.

— Ah, eu não avisei ninguém. Foi quem quis.

Mentira deslavada. Todo mundo liga convidando os amigos. Dizer que ficou com a mesa posta e a porta aberta é pura malandragem. A pior de todas é quando sou empurrado para a casa de alguém. Chego e descubro que está rolando a maior festa, para a qual não fui convidado. Tento sair correndo. O anfitrião chega, de braços abertos:

— Que bom que você veio!

Bom por quê? Se achasse que era bom, teria me chamado. Agradeço e trato de pegar uma bebida. O outro lado da moeda é chegar de mãos abanando.

— Não deu tempo de comprar seu presente. Depois eu...

Depois coisa nenhuma. Posso beber, comer e me fartar sem dor na consciência. Finjo acreditar que comprarei o presente. O dono da casa finge que vai ganhar, e a noite segue.

Mentiras são mentiras. Mas algumas tornam a vida mais confortável. Quem não adora uma pequena e deliciosa falsidade?

 Entendendo o texto

01. O que o autor e sua amiga decidem pedir no restaurante no início da crônica "Mentiras Felizes" de Walcyr Carrasco?

a) Lasanha.

b) Feijoada.

c) Salada.

d) Sushi.

02. Por que o autor se surpreende quando a amiga pede adoçante para o cafezinho?

a) Ele não esperava que ela gostasse de café.

b) Ele acredita que ela não está fazendo regime.

c) Ele acha que ela não deveria se preocupar com o café.

d) Ele acha estranho o adoçante após uma feijoada.

03. Qual é o tema principal abordado pelo autor na crônica?

a) As vantagens da telepatia.

b) A importância das dietas.

c) As mentiras cotidianas.

d) As experiências em restaurantes.

04. Como o autor descreve o comportamento da amiga que compra roupas em liquidações?

a) Econômica.

b) Despreocupada.

c) Desastrosa.

d) Arrependida.

05. O que o autor menciona sobre mentir em relação à idade?

a) Todos dizem a verdade sobre sua idade.

b) Sempre funciona.

c) É uma prática desonesta.

d) Nunca é aceitável.

06. Como o autor descreve a reação das pessoas quando alguém diz que não se lembra delas?

a) Ficam ofendidas.

b) Sentem-se insultadas.

c) Aceitam a situação com naturalidade.

d) Riem e elogiam a mudança.

07. Qual é a situação em que o autor menciona ser empurrado para a casa de alguém sem convite explícito?

a) Aniversários.

b) Festas de casamento.

c) Reuniões familiares.

d) Jantares improvisados.

08. Como o autor reage quando chega à festa para a qual não foi convidado?

a) Sair correndo.

b) Agradecer e entrar.

c) Expressar sua surpresa.

d) Ignorar a situação.

09. O que o autor menciona sobre chegar de mãos abanando em uma festa?

a) Pode ser constrangedor.

b) É a atitude mais honesta.

c) É uma tradição aceitável.

d) Não há problema em não levar presente.

10. Qual é a conclusão geral do autor sobre as mentiras abordadas na crônica?

a) São desnecessárias.

b) Tornam a vida mais confortável.

c) Devem ser evitadas a todo custo.

d) Não têm impacto na vida cotidiana.