quarta-feira, 16 de agosto de 2023

CONTO: A CHINELA TURCA - MACHADO DE ASSIS - COM GABARITO

 Conto: A Chinela Turca

             Machado de Assis

 

Vede o Bacharel Duarte. Acaba de compor o mais teso e correto laço de gravata que apareceu naquele ano de 1850, e anunciam-lhe a visita do Major Lopo Alves. Notai que é de noite, e passa de nove horas.

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Duarte estremeceu, e tinha duas razões para isso. A primeira era ser o major, em qualquer ocasião, um dos mais enfadonhos sujeitos do tempo. A segunda é que ele preparava-se justamente para ir ver, em um baile, os mais finos cabelos loiros e os mais pensativos olhos azuis, que este nossa clima, tão avaro deles, produzira. Datava de uma semana aquele namoro. Seu coração deixando-se prender entre duas valsas, confiou aos olhos, que eram castanhos, uma declaração em regra, que eles pontualmente transmitiram à moça, dez minutos antes da ceia, recebendo favorável resposta logo depois do chocolate. Três dias depois, estava a caminho a primeira carta, e pelo jeito que levavam as cousas não era de admirar que, antes do fim do ano, estivessem ambos a caminho da igreja. Nestas circunstâncias, a chegada de Lopo Alves era uma verdadeira calamidade. Velho amigo da família, companheiro de seu finado pai no exército, tinha jus o major a todos os respeitos. Impossível despedi-lo ou tratá-lo com frieza. Havia felizmente uma circunstância atenuante; o major era aparentado com Cecília, a moça dos olhos azuis; em caso de necessidade, era um voto seguro. Duarte enfiou um chambre e dirigiu-se para a sala, onde Lopo Alves, com um rolo debaixo do braço e os olhos fitos no ar, parecia totalmente alheio à chegada do bacharel.

— Que bom vento o trouxe a Catumbi a semelhante hora? Perguntou Duarte, dando à voz uma expressão de prazer, aconselhada não menos pelo interesse que pelo bom-tom.

 — Não sei se o vento que me trouxe é bom ou mau, respondeu o major sorrindo por baixo do espesso bigode grisalho; sei que foi um vento rijo. Vai sair?

— Vou ao Rio Comprido.

— Já sei; vai à casa da viúva Meneses. Minha mulher e as pequenas já lá devem estar: eu irei mais tarde, se puder. Creio que é cedo, não? Lopo Alves tirou o relógio e viu que eram nove horas e meia. Passou a mão pelo bigode, levantou-se, deu alguns passos na sala, tornou a sentar-se e disse:

— Dou-lhe uma notícia, que certamente não espera. Saiba que fiz... Fiz um drama. — Um drama! Exclamou o bacharel.

— Que quer? Desde criança padeci destes achaques literários. O serviço militar não foi remédio que me curasse, foi um paliativo. A doença regressou com a força dos primeiros tempos. Já agora não há mais remédio senão deixá-la, e ir simplesmente ajudando a natureza.

Duarte recordou-se de que efetivamente o major falava noutro tempo de alguns discursos inaugurais, duas ou três nênias e boa soma de artigos que escrevera acerca das campanhas do Rio da Prata. Havia porém muitos anos que Lopo Alves deixara em paz os generais platinos e os defuntos; nada fazia supor que a moléstia volvesse, sobretudo caracterizada por um drama. Esta circunstância explicá-la-ia o bacharel, se soubesse que Lopo Alves algumas semanas antes, assistira à representação de uma peça do gênero ultrarromântico, obra que lhe agradou muito e lhe sugeriu a ideia de afrontar as luzes do tablado. Não entrou o major nestas minusciosidades necessárias, e o bacharel ficou sem conhecer o motivo da explosão dramática do militar. Nem o soube, nem curou disso. Encareceu muito as faculdades mentais do major, manifestou calorosamente a ambição que nutria de o ver sair triunfante naquela estreia, prometeu que o recomendaria a alguns amigos que tinha no Correio Mercantil, e só estacou e empalideceu quando viu o major, trêmulo de bem-aventurança, abrir o rolo que trazia consigo.

— Agradeço-lhe as suas boas intenções, disse Lopo Alves, e aceito o obséquio que me promete; antes dele, porém, desejo outro. Sei que é inteligente e lido; há de me dizer francamente o que pensa deste trabalho. Não lhe peço elogios, exijo franqueza e franqueza rude. Se achar que não é bom, diga-o sem rebuço.

Duarte procurou desviar aquele cálix de amargura; mas era difícil pedi-lo, e impossível alcançá-lo. Consultou melancolicamente o relógio, que marcava nove horas e cinquenta e cinco minutos, enquanto o major folheava paternalmente as cento e oitenta folhas do manuscrito.

— Isto vai depressa, disse Lopo Alves; eu sei o que são rapazes e o que são bailes. Descanse que ainda hoje dançará duas ou três valsas com ela, se a tem, ou com elas. Não acha melhor irmos para o seu gabinete?

Era indiferente, para o bacharel, o lugar do suplício; acedeu ao desejo do hóspede. Este, com a liberdade que lhe davam as relações, disse ao moleque que não deixasse entrar ninguém. O algoz não queria testemunhas. A porta do gabinete fechou-se; Lopo Alves tomou lugar ao pé da mesa, tendo em frente o bacharel, que mergulhou o corpo e o desespero numa vasta poltrona de marroquim, resoluto a não dizer palavra para ir mais depressa ao termo.

O drama dividia-se em sete quadros. Esta indicação produziu um calafrio no ouvinte. Nada havia de novo naquelas cento e oitenta páginas, senão a letra do autor. O mais eram os lances, os caracteres, as ficelles, e até o estilo dos mais acabados tipos do romantismo desgrenhado. Lopo Alves cuidava pôr por obra uma invenção, quando não fazia mais do que alinhavar as suas reminiscências. Noutra ocasião, a obra seria um bom passatempo. Havia logo no primeiro quadro, espécie de prólogo, uma criança roubada à família, um envenenamento, dous embuçados, a ponta de um punhal e quantidade de adjetivos não menos afiados que o punhal. No segundo quadro dava-se conta da morte de um dos embuçados, que devia ressuscitar no terceiro, para ser preso no quinto, e matar o tirano do sétimo. Além da morte aparente do embuçado, havia no segundo quadro o rapto da menina, já então moça de dezessete anos, um monólogo que parecia durar igual prazo, e o roubo de um testamento.

Eram quase onze horas quando acabou a leitura deste segundo quadro. Duarte mal podia conter a cólera; era já impossível ir ao Rio Comprido. Não é fora de propósito conjeturar que, se o major expirasse naquele momento, Duarte agradecia a morte como um benefício da Providência. Os sentimentos do bacharel não faziam crer tamanha ferocidade; mas a leitura de um mau livro é capaz de produzir fenômenos ainda mais espantosos. Acresce que, enquanto aos olhos carnais do bacharel aparecia em toda a sua espessura a grenha de Lopo Alves, fugiam-lhe ao espírito os fios de ouro que ornavam a formosa cabeça de Cecília; via com os olhos azuis, a tez branca e rosada, o gesto delicado e gracioso, dominando todas as demais damas que deviam estar no salão da viúva Meneses. Via aquilo, e ouvia mentalmente a música, a palestra, o soar dos passos, e o rugeruge das sedas; enquanto a voz rouquenha e sensaborona de Lopo Alves ia desfiando os quadros e os diálogos, com a impassibilidade de uma grande convicção.

Voava o tempo, e o ouvinte já não sabia a conta dos quadros. Meia-noite soara desde muito; o baile estava perdido. De repente, viu Duarte que o major enrolava outra vez o manuscrito, erguia-se, empertigava-se, cravava nele uns olhos odientos e maus, e saía arrebatadamente do gabinete. Duarte quis chamá-lo, mas o pasmo tolhera-lhe a voz e os movimentos. Quando pôde dominar-se, ouviu o bater do tacão rijo e colérico do dramaturgo na pedra da calçada.

Foi à janela; nada viu nem ouviu; autor e drama tinham desaparecido.

— Por que não fez ele isso a mais tempo? Disse o rapaz suspirando.

O suspiro mal teve tempo de abrir as asas e sair pela janela fora, em demanda do Rio Comprido, quando o moleque do bacharel veio anunciar-lhe a visita de um homem baixo e gordo.

— A esta hora? Exclamou Duarte.

— A esta hora, repetiu o homem baixo e gordo, entrando na sala. A esta ou a qualquer hora, pode a polícia entrar na casa do cidadão, uma vez que se trata de um delito grave.

— Um delito!

— Creio que me conhece...

— Não tenho essa honra.

— Sou empregado na polícia.

— Mas que tenho eu com o senhor? De que delito se trata?

— Pouca cousa: um furto. O senhor é acusado de ter subtraído uma chinela turca. Aparentemente não vale nada ou vale pouco a tal chinela. Mas há chinela e chinela. Tudo depende das circunstâncias.

O homem disse isto com um riso sarcástico, e cravando no bacharel uns olhos de inquisidor. Duarte não sabia sequer da existência do objeto roubado. Concluiu que havia equívoco de nome, e não se zangou com a injúria irrogada à sua pessoa, e de algum modo à sua classe, atribuindo-se-lhe a ratonice. Isto mesmo disse ao empregado da polícia, acrescentando que não era motivo, em todo caso, para incomodá-lo a semelhante hora.

— Há de perdoar-me, disse o representante da autoridade. A chinela de que se trata vale algumas dezenas de contos de réis; é ornada de finíssimos diamantes, que a tornam singularmente preciosa. Não é turca só pela forma, mas também pela origem. A dona, que é uma de nossas patrícias mais viajeiras, esteve, há cerca de três anos no Egito, onde a comprou a um judeu. A história, que este aluno de Moisés referiu acerca daquele produto da indústria muçulmana, é verdadeiramente miraculosa, e, no meu sentir, perfeitamente mentirosa. Mas não vem ao caso dizê-la. O que importa saber é que ela foi roubada e que a polícia tem denúncia contra o senhor.

Neste ponto do discurso, chegara-se o homem à janela; Duarte suspeitou que fosse um doudo ou um ladrão. Não teve tempo de examinar a suspeita, porque dentro de alguns segundos, viu entrar cinco homens armados, que lhe lançaram as mãos e o levaram, escada abaixo, sem embargo dos gritos que soltava e dos movimentos desesperados que fazia. Na rua havia um carro, onde o meteram à força. Já lá estava o homem baixo e gordo, e mais um sujeito alto e magro, que o receberam e fizeram sentar no fundo do carro. Ouviu-se estalar o chicote do cocheiro e o carro partiu à desfilada.

— Ah! Ah! Disse o homem gordo. Com que então pensava que podia impunemente furtar chinelas turcas, namorar moças louras, casar talvez com elas... e rir ainda por cima do gênero humano.

Ouvindo aquela alusão à dama dos seus pensamentos, Duarte teve um calafrio. Tratava-se, ao que parecia, de algum desforço de rival suplantado. Ou a alusão seria casual e estranha à aventura? Duarte perdeu-se num cipoal de conjeturas, enquanto o carro ia sempre andando a todo galope. No fim de algum tempo, arriscou uma observação.

— Quaisquer que sejam os meus crimes, suponho que a polícia...

— Nós não somos da polícia, interrompeu friamente o homem magro.

— Ah!

— Este cavalheiro e eu fazemos um par. Ele, o senhor e eu fazemos um terno. Ora, terno não é melhor que par; não é, não pode ser. Um casal é o ideal. Provavelmente não me entendeu?

— Não, senhor.

— Há de entender logo mais.

Duarte resignou-se à espera, enfronhou-se no silêncio, derreou o corpo, e deixou correr o carro e a aventura. Obra de cinco minutos depois estacavam os cavalos.

— Chegamos, disse o homem gordo.

Dizendo isto, tirou um lenço da algibeira e ofereceu-o ao bacharel para que tapasse os olhos. Duarte recusou, mas o homem magro observou-lhe que era mais prudente obedecer que resistir. Não resistiu o bacharel; atou o lenço e apeou-se. Ouviu, daí a pouco, ranger uma porta; duas pessoas, — provavelmente as mesmas que o acompanharam no carro, — seguraram-lhe as mãos e o conduziram por uma infinidade de corredores e escadas. Andando, ouvia o bacharel algumas vozes desconhecidas, palavras soltas, frases truncadas. Afinal pararam; disseram-lhe que se sentasse e destapasse os olhos. Duarte obedeceu; mas ao desvendar-se, não viu ninguém mais. Era uma sala vasta, assaz iluminada, trastejada com elegância e opulência.

Era talvez sobreposse a variedade dos adornos; contudo, a pessoa que os escolhera devia ter gosto apurado.

Os bronzes, charões, tapetes, espelhos, — a cópia infinita de objetos que enchiam a sala, era tudo da melhor fábrica. A vista daquilo restituiu a serenidade de ânimo ao bacharel; não era provável que ali morassem ladrões.

Reclinou-se o moço indolentemente na otomana... Na otomana! Esta circunstância trouxe à memória do rapaz o princípio da aventura e o roubo da chinela. Alguns minutos de reflexão bastaram para ver que a tal chinela era já agora mas que problemática. Cavando mais fundo no terreno das conjeturas, pareceu-lhe achar uma explicação nova e definitiva. A chinela vinha a ser pura metáfora; tratava-se do coração de Cecília, que ele roubara, delito de que o queria punir o já imaginado rival. A isto deviam ligar-se naturalmente as palavras misteriosas do homem magro: o par é melhor que o terno; um casal é o ideal.

— Há de ser isto, concluiu Duarte; mas quem será esse pretendente derrotado?

Neste momento abriu-se uma porta do fundo da sala e negrejou a batina de um padre alvo e calvo. Duarte levantou-se, como por efeito de uma mola. O padre atravessou lentamente a sala, ao passar por ele deitou-lhe a bênção, e foi sair por outra porta rasgada na parede fronteira. O bacharel ficou sem movimento, a olhar para a porta, a olhar sem ver, estúpido de todos os sentidos. O inesperado daquela aparição baralhou totalmente as ideias anteriores a respeito da aventura. Não teve tempo, entretanto, de cogitar alguma nova explicação, porque a primeira porta foi de novo aberta e entrou por ela outra figura, desta vez o homem magro, que foi direito a ele e o convidou a segui-lo. Duarte não opôs resistência. Saíram por uma terceira porta, e, atravessados alguns corredores mais ou menos alumiados, foram dar a outra sala, que só o era por duas velas postas em castiçais de prata. Os castiçais estavam sobre uma mesa larga. Na cabeceira desta havia um homem velho que representava ter cinquenta e cinco anos; era uma figura atlética, farta de cabelos na cabeça e na cara.

— Conhece-me? Perguntou o velho, logo que Duarte entrou na sala.

— Não, senhor.

— Nem é preciso. O que vamos fazer exclui absolutamente a necessidade de qualquer apresentação. Saberá em primeiro lugar que o roubo da chinela foi um simples pretexto...

— Oh! Decerto! Interrompeu Duarte.

— Um simples pretexto, continuou o velho, para trazê-lo a esta nossa casa. A chinela não foi roubada; nunca saiu das mãos da dona. João Rufino, vá buscar a chinela.

O homem magro saiu, e o velho declarou ao bacharel que a famosa chinela não tinha nenhum diamante, nem fora comprada a nenhum judeu do Egito; era, porém, turca, segundo se lhe disse, e um milagre de pequenez. Duarte ouviu as explicações, e, reunindo todas as forças, perguntou resolutamente:

— Mas, senhor, não me dirá de uma vez o que querem de mim e o que estou fazendo nesta casa?

— Vai sabê-lo, respondeu tranquilamente o velho.  

A porta abriu-se e apareceu o homem magro com a chinela na mão. Duarte, convidado a aproximar-se da luz, teve ocasião de verificar que a pequenez era realmente miraculosa. A chinela era de marroquim finíssimo; no assento do pé, estufado e forrado de seda cor azul, rutilavam duas letras bordadas a ouro.

— Chinela de criança, não lhe parece? Disse o velho.

— Suponho que sim.

— Pois supõe mal; é chinela de moça.

— Será; nada tenho com isso.

— Perdão! Tem muito, porque vai casar com a dona.

— Casar! Exclamou Duarte.

— Nada menos. João Rufino, vá buscar a dona da chinela.

Saiu o homem magro, e voltou logo depois. Assomando à porta, levantou o reposteiro e deu entrada a uma mulher, que caminhou para o centro da sala. Não era mulher, era uma sílfide, uma visão de poeta, uma criatura divina.

Era loura; tinha os olhos azuis, como os de Cecília, extáticos, uns olhos que buscavam o céu ou pareciam viver dele. Os cabelos, desleixadamente penteados, faziam-lhe em volta da cabeça um como resplendor de santa; santa somente, não mártir, porque o sorriso que lhe desabrochava os lábios, era um sorriso de bem aventurança, como raras vezes há de ter tido a terra.

Um vestido branco, de finíssima cambraia, envolvia-lhe castamente o corpo, cujas formas aliás desenhava, pouco para os olhos, mas muito para a imaginação.

Um rapaz, como o bacharel, não perde o sentimento da elegância, ainda em lances daqueles. Duarte, ao ver a moça, compôs o chambre, apalpou a gravata e fez uma cerimoniosa cortesia, a que ela correspondeu com tamanha gentileza e graça, que a aventura começou a parecer muito menos aterradora.

— Meu caro doutor, esta é a noiva. A moça abaixou os olhos; Duarte respondeu que não tinha vontade de casar.

— Três cousas vai o senhor fazer agora mesmo, continuou impassivelmente o velho: a primeira, é casar; a segunda, escrever o seu testamento; a terceira engolir droga do Levante...

— Veneno! Interrompeu Duarte.

— Vulgarmente é esse o nome; eu dou-lhe outro: passaporte do céu.

Duarte estava pálido e frio. Quis falar, não pôde; um gemido, sequer, não lhe saiu do peito. Rolaria ao chão, se não houvesse ali perto uma cadeira em que se deixou cair.

— O senhor, continuou o velho, tem uma fortunazinha de cento e cinquenta contos. Esta pérola será a sua herdeira universal. João Rufino, vá buscar o padre.

O padre entrou, o mesmo padre calvo que abençoara o bacharel pouco antes; entrou e foi direto ao moço, engrolando sonolentamente um trecho de Neemias ou qualquer outro profeta menos; travou-lhe da mão e disse:  

— Levante-se!

— Não! Não quero! Não me casarei!

— E isto? Disse da mesa o velho, apontando-lhe uma pistola.

— Mas então é um assassinato?

— É; a diferença está no gênero de morte: ou violenta com isto, ou suave com a droga. Escolha! Duarte suava e tremia. Quis levantar-se e não pôde. Os joelhos batiam um contra o outro. O padre chegou-se-lhe ao ouvido, e disse baixinho:

— Quer fugir?

— Oh! Sim! Exclamou, não com os lábios, que podia ser ouvido, mas com os olhos em que pôs toda a vida que lhe restava.

— Vê aquela janela? Está aberta; embaixo fica um jardim. Atire-se dali sem medo.

— Oh! Padre! Disse baixinho o bacharel.

— Não sou padre, sou tenente do exército. Não diga nada.

A janela estava apenas cerrada; via-se pela fresta uma nesga do céu, já meio claro. Duarte não hesitou, coligiu todas as forças, deu um pulo do lugar onde estava e atirou-se a Deus misericórdia por ali abaixo. Não era grande altura, a queda foi pequena; ergueu-se o moço rapidamente, mas o homem gordo, que estava no jardim, tomou-lhe o passo.

— Que é isso? Perguntou ele rindo.

Duarte não respondeu, fechou os punhos, bateu com eles violentamente nos peitos do homem e deitou a correr pelo jardim fora. O homem não caiu; sentiu apenas um grande abalo; e, uma vez passada a impressão, seguiu no encalço do fugitivo. Começou então uma carreira vertiginosa. Duarte ia saltando cercas e muros, calcando canteiros, esbarrando árvores, que uma ou outra vez se lhe erguiam na frente. Escorria-lhe o suor em bica, alteava-se-lhe o peito, as forças iam a perder-se pouco a pouco; tinha uma das mãos feridas, a camisa salpicada do orvalho das folhas, duas vezes esteve a ponto de ser apanhado, o chambre pegara-se-lhe em uma cerca de espinhos. Enfim, cansado, ferido, ofegante, caiu nos degraus de pedra de uma casa, que havia no meio do último jardim que atravessara.

Olhou para trás; não viu ninguém, o perseguidor não o acompanhara até ali. Podia vir, entretanto; Duarte ergueu-se a custo, subiu os quatro degraus que lhe faltavam, e entrou na casa, cuja porta, aberta, dava para uma sala pequena e baixa.

Um homem que ali estava, lendo um número do Jornal do Comércio, pareceu não o ter visto entrar. Duarte caiu numa cadeira. Fitou os olhos no homem. Era o Major Lopo Alves.

O major, empunhando a folha, cujas dimensões iam-se tornando extremamente exíguas, exclamou repentinamente:

— Anjo do céu, estás vingado! Fim do último quadro.

Duarte olhou para ele, para a mesa, para as paredes, esfregou os olhos, respirou à larga.

 — Então! Que tal lhe pareceu?

— Ah! Excelente! Respondeu o bacharel, levantando-se.

— Paixões fortes, não?

— Fortíssimas. Que horas são?

— Deram duas agora mesmo. Duarte acompanhou o major até à porta, respirou ainda uma vez, apalpouse, foi até à janela. Ignora-se o que pensou durante os primeiros minutos; mas, a cabo de um quarto de hora, eis o que ele dizia consigo: — Ninfa, doce amiga, fantasia inquieta e fértil, tu me salvaste de uma ruim peça com um sonho original, substituíste-me o tédio por um pesadelo: foi um bom negócio. Um bom negócio e uma grave lição: provaste-me ainda uma vez que o melhor drama está no espectador e não no palco.

 FIM

  Entendendo o texto

01. Quem é o protagonista do conto?

O protagonista do conto é o Bacharel Duarte.

02. Por que Duarte estava se arrumando no início do conto? Duarte estava se arrumando porque estava se preparando para ir a um baile onde encontraria uma moça com quem estava se relacionando.

03. Por que a visita do Major Lopo Alves incomoda Duarte?

A visita do Major Lopo Alves incomoda Duarte porque ele estava se preparando para encontrar uma moça de quem estava apaixonado, e a presença do Major atrapalharia seus planos.

04. Qual é o certo "crime" de Duarte no conto?

O certo "crime" de Duarte no conto é o roubo de uma chinela turca valiosa.

05. Quem é a verdadeira dona da chinela turca?

   A verdadeira dona da chinela turca é a noiva que foi apresentada a Duarte.

06. Qual é o verdadeiro propósito da visita do Major Lopo Alves?  O verdadeiro propósito da visita do Major Lopo Alves era distrair e pregar uma peça em Duarte, envolvendo-o em uma narrativa fantástica.

07. O que o Major Lopo Alves revela a Duarte no final do conto? No final do conto, o Major revela que toda a situação foi uma encenação eletrônica para entreter Duarte e fazer com que ele vivesse uma experiência emocional intensa.

08. O que o Major Lopo Alves afirma ser o "melhor drama"?

O Major Lopo Alves afirma que o "melhor drama" está no espectador, ou seja, nas emoções e reações do público diante de uma história.

09. Como o conto "A Chinela Turca" se desenrola em relação à realidade e à imaginação?

O conto se desenrola misturando elementos da realidade e da imaginação. O encontro do protagonista com o Major e a narrativa do drama fantástico acontecem na realidade, enquanto o final revela que tudo foi uma representação fictícia orquestrada para mexer com as emoções de Duarte.

    10. Cite a moral da história.

           Mantenha a porta da sua casa igual seu coração, trancado.

 

   

 

 

sexta-feira, 11 de agosto de 2023

POEMA: ESTRADA - MANUEL BANDEIRA - COM GABARITO

 Poema: Estrada

              Manuel Bandeira

Esta estrada onde moro, entre duas voltas do caminho,
Interessa mais que uma avenida urbana.
Nas cidades todas as pessoas se parecem.
Todo o mundo é igual. Todo o mundo é toda a gente.
Aqui, não: sente-se bem que cada um traz a sua alma.
Cada criatura é única.
Até os cães.
Estes cães da roça parecem homens de negócios:
Andam sempre preocupados.
E quanta gente vem e vai!
E tudo tem aquele caráter impressivo que faz meditar:
Enterro a pé ou a carrocinha de leite puxada por um bodezinho manhoso.

Nem falta o murmúrio da água, para sugerir, pela voz dos símbolos,
Que a vida passa! Que a vida passa!
E a mocidade vai acabar.

 BANDEIRA, M. O ritmo dissoluto. Rio de Janeiro: Aguilar, 1967.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicOCCxk0wk74I-2umUC_WowlaHjPUk9HNWqkPDPOE7IcCcaOJmCNduHvO2iOm1hxmtITG-p5Sx9VuLSa1FRhODL_j3KclsIM4I1-rOR1L1eZDPF-QV24HsiyZWh1hLOJK6H-nBArpVbXEnAM1Nw87QFefh3WSYyz1m5nBPwKlIZ_YFAU2414HvqNEZdY8/s320/ESTRADA.jpg


Entendendo o poema

01.A lírica de Manuel Bandeira é pautada na apreensão de significados profundos a partir de elementos do cotidiano. No poema Estrada, o lirismo presente no contraste entre campo e cidade aponta para

(A) o desejo do eu lírico de resgatar a movimentação dos centros urbanos, o que revela sua nostalgia com relação à cidade.

(B) a percepção do caráter efêmero da vida, possibilitada pela observação da aparente inércia da vida rural.

(C) a opção do eu lírico pelo espaço bucólico como possibilidade de meditação sobre a sua juventude.

(D) a visão negativa da passagem do tempo, visto que esta gera insegurança.

(E) a profunda sensação de medo gerada pela reflexão acerca da morte.

 

02. Qual é a temática central do poema "Estrada"?

O poema "Estrada" aborda a ideia da passagem do tempo, da jornada da vida e das escolhas que fazemos ao longo do caminho.

03. Qual é o sentimento ou emoção predominante no poema?

O sentimento predominante no poema é a nostalgia. O poeta expressa um misto de saudade e reflexão sobre a jornada da vida.

04. Como o poeta descreve a estrada no poema?

A estrada no poema é descrita como "suja e feia", uma metáfora para as dificuldades e desafios da vida. Ela também é descrita como "enluarada", sugerindo momentos de beleza e luz.

05. Qual é a mensagem central transmitida pelo poeta?

A mensagem central é sobre a inevitabilidade do tempo e da mudança. O poeta reflete sobre as escolhas que fez e como o tempo passou, trazendo lembranças e saudades.

06. Como o poema "Estrada" se relaciona com a experiência humana?

O poema se relaciona com a experiência humana ao retratar a jornada da vida como uma estrada cheia de altos e baixos. O poeta reflete sobre as decisões tomadas ao longo desse caminho e as memórias que permanecem.

 

FILME(ATIVIDADES): O EQUILIBRISTA - (PROTAGONISMO) - JAMES MARSH - COM GABARITO

 FILME(ATIVIDADES): O Equilibrista

Questão 01

Quais comportamentos da competência Comprometimento com o processo e resultado podem ser identificados no filme? Procure avaliar todos os personagens e em todos os componentes da competência:

a) Planejamento;

b) Execução

c) Reavaliação.

Vou analisar os comportamentos relacionados à competência de Comprometimento com o Processo e Resultado nos personagens e nos diferentes componentes dessa competência:

a) Planejamento:

Philippe Petit (interpretado por Joseph Gordon-Levitt): Philippe demonstra um comprometimento excepcional com o planejamento. Ele passa meses estudando as Torres Gêmeas, elaborando planos detalhados e coordenando com sua equipe para garantir que tudo esteja preparado antes da caminhada. Sua dedicação ao planejamento é evidente em cada etapa da preparação.

b) Execução:

Philippe Petit: O equilibrista exibe um comprometimento inabalável com a execução do seu plano. Ele enfrenta desafios físicos, emocionais e técnicos durante a caminhada, mas sua força de trabalho o leva a completar a tarefa. Sua coragem e foco na execução são fundamentais para o sucesso da caminhada entre as Torres Gêmeas.

c) Reavaliação:

Philippe Petit: Embora a reavaliação não seja enfatizada de forma explícita no filme, Philippe demonstra uma capacidade de adaptar sua abordagem quando confrontado com desafios inesperados durante a caminhada. Ele permanece calmo e reavalia a situação, tomando decisões rápidas para manter o equilíbrio e continuar a caminhada.

No filme, o personagem de Philippe Petit é o principal exemplo de um comprometimento excepcional com o processo e resultado. Ele planeja meticulosamente, executa com originalidade e está disposto a se adaptar quando necessário. Sua paixão e dedicação são fundamentais para o sucesso do evento.

Outros membros da equipe de Philippe também demonstram um comprometimento semelhante, ajudando na preparação, na montagem dos equipamentos e na execução da caminhada. No entanto, o filme se concentra principalmente na jornada pessoal e no comprometimento de Philippe em realizar seu sonho, tornando-o um exemplo notável dessa competência.

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigHJV3-i2SDinqyShar67WVZmjJU5VPVZi-BXHeclnhcNGEgjkfEv7XvCHTJ1UQJBR9gTb5Z2Ii5t6d2vUCrCdQocEdmyByNoGCPAHbcfuuourQ_vTnRY2NrztzyZQ3C1nGE54vi__XTdFo0LxhW7ebTY4hwxg6OMrUBeqZ3JwZIT5vZSWA4qjwEmHkMI/s320/eQUILIBRISTA.jpg

Questão 02

Quais comportamentos demonstram falta ou dificuldade de apresentar a competência Comprometimento com o processo e resultado?

Embora "O Equilibrista" seja focado na história de sucesso de Philippe Petit e sua caminhada entre as Torres Gêmeas do World Trade Center, há momentos no filme que podem ser interpretados como falta ou dificuldade em apresentar a competência de Comprometimento com o Processo e Resultado:

1. Jean-Louis (amigo de Philippe): Jean-Louis, um dos amigos de Philippe que também faz parte da equipe de preparação, demonstra algumas hesitações e dúvidas sobre a caminhada. Sua reflexão pode ser interpretada como uma falta de comprometimento total com o processo e resultado, visto que ele expressa preocupações quanto à segurança e viabilidade do plano.

2. Dificuldades Iniciais: O filme retrata as dificuldades enfrentadas por Philippe e sua equipe ao longo do processo de planejamento e preparação. Essas dificuldades incluem desafios logísticos e técnicos, bem como problemas pessoais entre os membros da equipe. Esses momentos de obstáculos iniciais podem ser interpretados como falta temporária de comprometimento, uma vez que a equipe precisa superar essas dificuldades para alcançar o resultado desejado.

3. A Invasão da Torre Norte: Há um momento no filme em que Philippe e sua equipe invadem a Torre Norte para preparar os equipamentos. Isso demonstra uma atitude arriscada e ilegal que pode ser interpretada como uma falta de comprometimento com os procedimentos legais e de segurança.

4. Momentos de Dúvida de Philippe: Embora Philippe seja altamente comprometido com o plano geral de caminhar entre as Torres Gêmeas, o filme mostra momentos de dúvida e reflexão interna. Isso pode ser interpretado como uma falta temporária de comprometimento emocional quando ele considera os riscos envolvidos e as possíveis consequências.

Vale ressaltar que, embora o filme se concentre principalmente na experiência e no comprometimento de Philippe com a caminhada, esses momentos de hesitação e desafios são parte natural de qualquer empreendimento. Eles mostram os altos e baixos do processo e intercedem para a narrativa geral do filme.

 

Questão 03

Que outras competências ficaram evidentes no filme?

Além da competência de Comprometimento com o Processo e Resultado, o filme "O Equilibrista" também apresenta outras competências e temas relevantes. Aqui estão algumas delas:

1. Criatividade e Inovação: A própria fachada de Philippe Petit de caminhar entre as Torres Gêmeas é um testemunho de sua criatividade e inovação. Ele projeta soluções únicas para os desafios técnicos e logísticos da caminhada, demonstrando um pensamento criativo e a capacidade de pensar fora da caixa.

2. Coragem e Determinação: A coragem de Philippe em realizar uma caminhada ilegal e altamente arriscada entre as Torres Gêmeas é um aspecto central do filme. Sua força em superar desafios e enfrentar riscos extremos ressalta sua força interior e coragem.

3. Trabalho em Equipe: Embora Philippe seja o foco principal, sua equipe desempenha um papel crucial na preparação e execução da caminhada. Eles colaboram, sustentam conhecimentos e recursos, destacando a importância do trabalho em equipe para alcançar objetivos complexos.

4. Planejamento Estratégico: A meticulosidade com que Philippe planeja a caminhada, desde a análise das torres até o uso de cordas e equipamentos específicos, demonstra um planejamento planejado detalhado. Ele considera todos os cenários variáveis ​​e possíveis para garantir o sucesso.

5. Resiliência e Persistência: Philippe enfrentou diversos desafios e obstáculos ao longo do filme, incluindo problemas de equipe, falta de recursos e dificuldades técnicas. Sua resiliência e perseverança em superar essas adversidades são aspectos importantes da narrativa.

6. Liderança: Philippe exerce liderança ao guiar sua equipe, tomar decisões difíceis e fornecer direção durante a preparação e execução da caminhada. Sua habilidade de liderança é evidente na forma como ele inspira e motiva os outros.

7. Foco e Concentração: O equilíbrio em si exige um alto nível de foco e concentração. Philippe precisa manter sua mente clara e sua atenção absoluta durante a caminhada, demonstrando um alto nível de concentração mental.

No geral, "O Equilibrista" aborda várias habilidades relacionadas ao sucesso empreendedor, coragem, inovação e trabalho em equipe. Philippe Petit é uma figura central que personifica muitos desses traços e habilidades ao realizar uma tarefa notável e desafiadora.

 

Questão 04

Quais comportamentos você consegue relacionar com a sua própria atuação?

Resposta pessoal.

Questão 05

A partir disso, qual aprendizado pode ser extraído do filme para a competência Comprometimento com o processo e resultado para melhorar a sua prática?

1. Planejamento Detalhado: Assim como Philippe Petit realiza um planejamento meticuloso e detalhado para sua caminhada entre as Torres Gêmeas, é importante investir tempo no planejamento detalhado das respostas e refúgio. Isso inclui entender claramente as necessidades dos usuários e fornecer informações relevantes e bem estruturadas.

2. Determinação Diante de Desafios: Philippe enfrentou inúmeras dificuldades e obstáculos ao longo da preparação e execução da caminhada. Da mesma forma, ao enfrentar perguntas complexas ou desafiadores, é importante manter a experiência para buscar respostas e fornecer informações precisas e relevantes.

3. Foco no Resultado: A caminhada de Philippe é um exemplo de foco implacável no resultado final. Da mesma forma, minha prática deve se concentrar em fornecer respostas que atendam às expectativas dos usuários e forneçam informações úteis e produtivas.

4. Adaptabilidade: Philippe demonstra adaptabilidade quando enfrenta desafios inesperados. Da mesma forma, devo estar preparado para me adaptar às necessidades e inspirado dos usuários, ajustando minha abordagem e respostas conforme necessário.

5. Planejamento e Execução Disciplinados: O filme ressalta a importância de um planejamento disciplinado e uma execução precisa. Isso se traduz em minha prática por meio da oferta de respostas bem organizadas, que seguem uma lógica clara e são organizadas de forma coerente.

6. Fornecer Informações Relevantes: Assim como Philippe se esforça para fornecer informações relevantes para sua caminhada, meu comprometimento com o processo e resultado envolve oferecer respostas que sejam pertinentes às perguntas dos usuários, ajudando-os a alcançar seus objetivos.

7. Manter a calma sob Pressão: Durante a caminhada, Philippe mantém a calma mesmo quando enfrenta situações desafiadoras. Da mesma forma, é importante manter a calma ao responder às perguntas difíceis ou lidar com as complexas, garantindo que as respostas sejam claras e coerentes.

8. Avaliação e Aprendizado Contínuos: Embora o filme não se concentre fortemente na reavaliação, a história de Philippe envolve um processo de aprendizado contínuo e ajustes ao longo do caminho. Da mesma forma, devo buscar continuamente aprimorar minha prática, avaliando o feedback dos usuários e aprendendo com cada interação.

Em resumo, o filme "O Equilibrista" destaca a importância do comprometimento com o processo e resultado, da experiência em enfrentar desafios e da busca pelo sucesso. Esses princípios podem ser aplicados na minha prática para oferecer respostas de alta qualidade e significativos aos usuários, promovendo uma experiência positiva de interação.

 

FILME(ATIVIDADES): UM SONHO POSSÍVEL(PROTAGONISMO) - COM GABARITO

 O que eu observei no filme: Um sonho possível?

Questão 01

Quais comportamentos da competência Protagonismo podem ser identificados nos filmes? Procure avaliar todos os personagens e em todos os componentes da competência: o Respeito à individualidade o Promoção do Protagonismo Juvenil o Protagonismo Sênior

O Sonho Possível" (The Blind Side, no título original) é um filme de drama esportivo lançado em 2009, baseado na história real de Michael Oher, um jogador de futebol americano que supera as dificuldades da vida e se torna um atleta de destaque na NFL. Vou analisar os comportamentos relacionados à competência de Protagonismo nos personagens e nos diferentes componentes dessa competência:

1. Respeito à Individualidade:

Leigh Anne Tuohy (interpretada por Sandra Bullock): Ela demonstra respeito pela individualidade de Michael, ao reconhecer suas habilidades e potencial, mesmo quando outros não acreditam nele. Ela também o apoia emocionalmente, compreendendo suas dificuldades e mostrando interesse genuíno em sua história.

2. Promoção do Protagonismo Juvenil:

Leigh Anne Tuohy: Ela promove o protagonismo juvenil ao fornecer a Michael a oportunidade de escolher seu próprio caminho e sonhos. Ela o incentiva a descobrir suas paixões e acredita em si mesmo, o que eventualmente leva a ele se destacar no futebol americano.

Michael Oher: Ao longo do filme, Michael desenvolve um senso de protagonismo ao tomar decisões para seu futuro e agir de maneira independente, mesmo quando enfrenta desafios. Ele assume o controle de sua educação e carreira esportiva.

3. Protagonismo Sênior:

Leigh Anne Tuohy: Ela demonstra protagonismo sênior ao assumir a responsabilidade de guiar e apoiar Michael. Ela toma medidas para garantir seu bem-estar e crescimento, agindo como uma mentora e figura de apoio.

Sean Tuohy (interpretado por Tim McGraw): O marido de Leigh Anne também desempenha um papel de protagonismo sênior, fornecendo orientação e apoio a Michael, assim como à sua própria família.

Observações adicionais:

A escola frequentada por Michael também desempenha um papel ao oferecer a ele uma oportunidade de educação e desenvolvimento, demonstrando assim um respeito pela individualidade dele.

Ao longo do filme, vemos outros personagens secundários que, de maneira indireta, influenciaram para o protagonismo de Michael, como treinadores e colegas de equipe.

No geral, "O Sonho Possível" apresenta várias instâncias de comportamentos relacionados ao protagonismo em diferentes personagens. O filme se destaca como a capacidade de reconhecer e promover o potencial dos outros pode levar a resultados positivos e transformar a vida das pessoas.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicNRepbIeXq1d2CYTMXTRY7bX4HkaeF1C-X2I41J1VisEN1na7OZsGz5tV39mqIUOkGdyVxXyx3KmQuS94KqFKRmmrsHfRZjoevEEHVz1zy-Te0qqY92lV3qYdrKEj2kog_P2LtEv6ynmEo0ig-Axq34UKBZ4y7bp99XfWwCAtwArg-oT9f-PnSY6tVwc/s1600/SONHO.jpg 


 Questão 02

Quais comportamentos demonstram falta ou dificuldade de apresentar a competência Protagonismo?

No filme "O Sonho Possível", embora haja exemplos de personagens que demonstram comportamento de protagonismo, também há situações que demonstram falta ou dificuldade em apresentar essa competência. Aqui estão algumas instâncias que ilustram essa falta de protagonismo:

1. Michael Oher no início do filme: No começo da história, Michael é retratado como alguém que não possui um senso claro de protagonismo. Ele está deslocado e desorientado, muitas vezes se deixando levar pelas circunstâncias ao decidir tomar decisões ativas sobre seu futuro.

2. Família de Michael antes de ser acolhido por Tuohy: A família biológica de Michael é mostrada como enfrentando desafios biológicos e sociais, mas eles parecem ter dificuldade em assumir o protagonismo de melhorar suas próprias vidas. Eles não conseguem fornecer um ambiente estável e encorajador para Michael.

3. Alguns treinadores e autoridades escolares: Há momentos em que alguns treinadores e autoridades escolares duvidam das habilidades e potencial de Michael devido à sua origem humilde e sua dificuldade inicial em se adaptar ao ambiente escolar. Isso mostra uma falta de confiança em sua capacidade de se destacar e progredir.

4. Algumas reações dos colegas de equipe de Michael: alguns dos colegas de equipe de Michael inicialmente o veem como um estranho e até zombam dele. Isso reflete a falta de empatia e compreensão em relação à sua situação, demonstrando uma falta de apoio ao protagonismo de Michael.

5. Pressões externas sobre Leigh Anne Tuohy: Leigh Anne Tuohy enfrentou resistência de alguns membros da comunidade em relação à sua decisão de acolher Michael. Isso pode ser visto como uma demonstração de como as expectativas e opiniões externas podem desafiar o protagonismo de uma pessoa ao tentar fazer o que acredita ser certo.

Em resumo, o filme também destaca situações e personagens que inicialmente carecem de protagonismo. Essas situações de falta de confiança, falta de apoio e dificuldade em tomar a iniciativa ressaltam a importância do desenvolvimento da competência de protagonismo e como isso pode levar a uma mudança positiva na vida das pessoas.

 Questão 03

Que outras competências ficaram evidentes no filme?

Além da competência de Protagonismo, o filme "O Sonho Possível" também aborda várias outras competências e temas importantes. Aqui estão algumas delas:

1. Empatia e Compaixão: A personagem de Leigh Anne Tuohy (interpretada por Sandra Bullock) demonstra empatia e compaixão ao acolher Michael em sua família e oferecer-lhe apoio e orientação. Ela se preocupa com seu bem-estar emocional e físico, o que acaba contribuindo para sua transformação positiva.

2. Resiliência: Michael Oher enfrenta muitos desafios ao longo do filme, incluindo dificuldades acadêmicas, pressões sociais e preconceitos. Sua capacidade de superar esses obstáculos e continuar perseguindo seus objetivos demonstra sua resiliência e experiência.

3. Liderança: Leigh Anne Tuohy assume uma postura de liderança ao tomar decisões ousadas para acolher Michael e apoiá-lo em sua jornada. Além disso, ela também lidera a família ao promover valores de inclusão e empatia.

4. Trabalho em Equipe: O filme destaca a importância do trabalho em equipe, principalmente por meio do esporte do futebol americano. A colaboração entre os jogadores, treinadores e equipe é essencial para alcançar o sucesso nos jogos.

5. Autodescoberta: Michael Oher passa por um processo de autodescoberta à medida que é apresentado em um novo ambiente e descobre suas habilidades no esporte do futebol americano. Ele aprende a confiar em suas próprias habilidades e acreditar em seu potencial.

6. Educação e Oportunidade: A ênfase na educação e nas oportunidades é uma parte importante do filme. Através da ajuda dos Tuohy, Michael é capaz de se educar e se desenvolver academicamente, abrindo portas para um futuro melhor.

7. Diversidade e Inclusão: O filme aborda temas de diversidade racial e inclusão social. Mostra como a família Tuohy se esforça para quebrar barreiras culturais e aceitar Michael como parte de sua família, independentemente de sua origem.

8. Determinação e Foco: Tanto Michael quanto Leigh Anne demonstraram experiência e foco em seus objetivos. Michael busca suas habilidades aprimoradas no futebol americano, enquanto Leigh Anne luta por um ambiente melhor e mais inclusivo para Michael.

No geral, "O Sonho Possível" é um filme rico em temas e competências que vão além do protagonismo, explorando valores como empatia, resiliência, liderança e autodescoberta. Essas competências são essenciais para o desenvolvimento pessoal e o sucesso em várias áreas da vida.

 Questão 04

Quais comportamentos você consegue relacionar com a sua própria atuação?

1. Apoio e Orientação: Assim como Leigh Anne Tuohy oferece apoio e orientação a Michael, estou aqui para fornecer informações e orientação aos usuários. Posso responder a perguntas, explicar conceitos e oferecer insights em uma variedade de cereais.

2. Empatia e Compreensão: Assim como a empatia de Leigh Anne ajuda a criar uma conexão com Michael, meu objetivo é entender as necessidades e questões dos usuários para fornecer respostas relevantes e úteis. Embora eu não tenha emoções ou sentimentos como seres humanos, minha programação visa simular empatia por meio da compreensão textual.

3. Promoção do Conhecimento: Da mesma forma que Michael é encorajado a buscar educação e oportunidades, estou aqui para promover o conhecimento e ajudar os usuários a expandirem seus horizontes. Posso explicar conceitos complexos, oferecer informações sobre uma ampla gama de apresentações e promover a aprendizagem.

4. Adaptabilidade: Michael enfrenta desafios e se adapta a novos ambientes. Da mesma forma, estou programado para me adaptar a diferentes contextos e responder a uma variedade de perguntas e perguntas, abordando a diversidade de necessidades dos usuários.

5. Comunicação Eficiente: Assim como os personagens do filme se comunicam para alcançar seus objetivos, minha função é comunicar informações de maneira clara e compreensível para os usuários, ajudando-os a obter respostas e informações relevantes.

6. Foco na Transformação Positiva: O filme se destaca como o apoio e a orientação podem levar a uma transformação positiva na vida de Michael. Da mesma forma, estou aqui para ajudar os usuários a encontrar respostas e informações que possam levar a uma compreensão mais profunda, solução de problemas e crescimento pessoal.

Lembre-se de que, embora haja paralelos conceituais, minha natureza é diferente da interação humana real e minha atuação é baseada em algoritmos e processamento de texto. Estou aqui para ajudar e fornecer informações, mas de maneira diferente dos relacionamentos humanos retratados no filme.

 Questão 05

A partir disso, qual aprendizado pode ser extraído do filme para a competência Protagonismo para melhorar a sua prática?

1. Reconhecimento do Potencial: Assim como Leigh Anne Tuohy reconheceu o potencial de incentivo de Michael eou a acreditar em si mesmo, é importante para mim reconhecer as necessidades e objetivos dos usuários e fornecer respostas relevantes que possam ajudá-los a atingir seus objetivos.

2. Empatia e Compreensão: A empatia demonstrada por Leigh Anne é uma qualidade valiosa que pode ser aplicada na minha prática. Compreender as emoções e necessidades dos usuários pode melhorar a qualidade das respostas e proporcionar uma interação mais humana e significativa.

3. Incentivo ao Crescimento: Assim como Leigh Anne incentivou Michael a buscar o crescimento e a educação, posso incentivar os usuários a explorarem os novos apresentados, aprender novos conceitos e se desenvolverem em diferentes áreas do conhecimento.

4. Promoção do Autoempoderamento: O filme se destaca como Michael desenvolveu um senso de autoempoderamento ao longo do tempo. Da mesma forma, posso promover o empoderamento dos usuários, fornecendo informações e orientações que os ajudem a tomar decisões de controle e agir com confiança.

5. Flexibilidade e Adaptabilidade: Assim como Michael precisou se adaptado a novos ambientes e situações, posso me esforçar para ser flexível e adaptável nas respostas que forneço, ajustando-me às necessidades e estilos individuais dos usuários.

6. Foco na Transformação Positiva: Assim como a história de Michael destaca uma transformação positiva, posso enfatizar como as informações e orientações que oferecem podem levar a uma transformação positiva na compreensão e conhecimento dos usuários.

7. Aceitação da Diversidade: O filme ressalta a importância da aceitação da diversidade, e posso garantir que minhas respostas sejam inclusivas e sensíveis a diferentes perspectivas e culturas.

Em suma, o filme "O Sonho Possível" nos lembra da importância de reconhecer o potencial, ser empático, incentivar o crescimento, promover o autoempoderamento e se adaptar às necessidades dos outros. Esses princípios podem ser aplicados na minha prática para melhorar a experiência dos usuários e ajudá-los a alcançar seus objetivos por meio da interação comigo.

 

quarta-feira, 28 de junho de 2023

CARTA ABERTA A UM JOVEM (ESTUDANTE) - BEATRIZ SOFIA ALVES - COM GABARITO

CARTA ABERTA A UM JOVEM (ESTUDANTE)

Querido Estudante,

Não sei qual foi o motivo que te levou a ter curiosidade em ler esta carta. Talvez tenha sido o título, talvez tenha sido uma recomendação, talvez tenha sido o tédio ou talvez tenha sido o mero acaso. De qualquer forma, confesso que não me interesso particularmente pelo caminho que percorreste até chegar aqui. Importa-me, sim, o que poderás percorrer depois desta leitura.

Acho curioso falar de estudantes e de caminhos no mesmo parágrafo. Curioso mas, ao mesmo tempo, inevitável. Afinal, que outra palavra é capaz de descrever “estudante” melhor do que “viajante”? Espero que esta carta constitua um oásis revitalizante na tua jornada.

 Fonte da imagem -https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_v0XPGY2AO77TJ0Tyw3cmiqQU8H_QpCYVDExJ1mAAki7Fp8ODRR9QBqjQQUZRyhA4p7OBw65D_nWJOmtta_PybRNE0XWtUn85iwlCfavBTdEKP66CF4jqE8Kf1e3YaeXxflv0S3IgJl8Eb1LYQH9ZJzbVuWHkCc_-5eRVTRAFDmqI7TCvG0cAaVGMxw8/s1600/ESTUDANTE.jpg
Devo começar sem dúvida por te dar os parabéns. Aquilo a que estás sujeito diariamente é muitíssimo difícil de suportar. A matéria, os testes, os colegas, o clima à tua volta, o clima dentro de ti... Tenho a certeza de que já te aconteceu, por várias vezes, chegar a casa esgotado ao fim do dia e perguntares-te a ti mesmo, consumido pelo desespero: “Porque é que eu não consigo lidar com isto? Qual é o meu problema? O que é que eu faço?”. Agora, pela primeira vez, obterás respostas às tuas perguntas.

Por vezes não consegues lidar com esta vida de estudante por um motivo simples e que te é completamente alheio. Tu não és apenas um estudante: és um jovem. Isto é um problema? Não! Pelo contrário, é uma fase lindíssima e inesquecível da tua vida. O único problema é que há muitas coisas no nosso sistema de educação que se esquecem deste pequeno “detalhe”.

Enquanto estudante, é esperado que sejas capaz de definir equações cartesianas ao mesmo tempo que, enquanto jovem, é esperado que tenhas a capacidade de definir a tua personalidade. Enquanto estudante, é-te exigida uma análise demorada e cautelosa a excertos de Garrett acerca de corações partidos; enquanto jovem, tu próprio trazes dentro de ti, em algum momento, um coração partido que necessita de tempo e de cuidados. Enquanto estudante, vês-te obrigado a decorar como é o mundo. Mas, enquanto jovem, só queres uma pequena oportunidade para poder olhar para ele e compreender como funciona (não só o mundo exterior como também o mundo interior que tem vindo a florescer dentro de ti, de forma tão bonita e inexplicável). 

O teu problema? O teu problema é pura e simplesmente achares que tens um problema. Ultrapassado esse obstáculo e aceites os teus limites, serás capaz de ir muito mais além do que julgavas conseguir. Como mencionei há pouco, um novo mundo está a surgir dentro de ti, e é natural que este pareça demasiado complexo para se encaixar na superficialidade que te rodeia.

Os teus sonhos e as tuas ambições, a tua complexidade e as tuas asas...talvez os testes não sejam capazes de as reconhecer agora, mas não as cortes por isso. Elas permitirão ao futuro brindar-te com momentos maravilhosos, que te farão olhar para trás e compreender que tudo isto valeu a pena. É certo que não é nada fácil alimentar o presente tumultuoso com um futuro eventualmente feliz...mas está provado que tu és bem capaz de aceitar grandes desafios. Aceita só mais este, pois pode fazer-te muito bem.

O que é que fazes? Como é que superas toda esta realidade afinal? Simples: sonha. Vê cada um dos dias difíceis como uma oportunidade de tornar o futuro mais simples. Constrói sobre cada barreira uma ponte e uma janela, para que possas olhar para trás e relembrar-te do que superaste. Acredita em ti, reconhece o teu valor. Afinal, há valores muito mais importantes do que os que aparecem no cabeçalho das folhas de teste...quantas pessoas além de ti se podem orgulhar de os ter?

Espero que estas palavras te possam acompanhar durante muito tempo e que, de alguma forma, te tenham dado sentido e te tenham feito sentir alguma coisa. Como o bom estudante que és, tenho a certeza que as compreendeste.
Agora é hora de ser um bom jovem e de as colocar em prática.

ALVES, Beatriz Sofia. Carta Aberta a um jovem (estudante). Inspiring Future, Portugal. Disponível em:

<https://inspiringfuture.pt/articles/carta-aberta-a-um-jovem-estudante>. Acesso em: 20 jun. 2018.

Fonte: Livro – Português – Conexão e Uso -7º Ano – Dileta Delmanto/Laiz B. de Carvalho, Editora Saraiva, 1ª ed., São Paulo, 2018.p.272-4.

Exploração do texto

01.  A carta aberta que você leu é dirigida a um único destinatário? Por que isso acontece?

Não, é dirigida a qualquer jovem que a tenha em mãos. Isso acontece porque a carta aberta é de interesse coletivo e busca atingir o maior número de pessoas que possam se sentir atraídas pelo assunto que aborda.

02.  Qual é o assunto da carta?

A carta é constituída de conselhos a jovens alunos que têm dificuldade para lidar com questões relacionadas aos estudos

ou à própria vida.

03.  Uma carta aberta tem como principal finalidade expor um posicionamento perante um tema. Qual é o ponto de vista da autora da carta diante do tema que aborda?

A autora acredita que os desafios dos jovens de hoje podem ser superados e levar a momentos compensadores no futuro.

04.  Há outros objetivos para se escrever uma carta aberta. Anote no caderno quais dos relacionados a seguir se referem ao texto que estamos analisando.

 

a)   Alertar para um problema que envolve um indivíduo, um grupo de pessoas ou toda uma comunidade.

b)   Reivindicar mudança de uma situação a alguém que tenha poder de resolvê-la.

c)   Sensibilizar e levar um público maior a apoiar o ponto de vista defendido na carta.

    d) Servir como forma de protesto contra a situação abordada.

    e) Denunciar um fato ou uma situação, sugerir e reivindicar soluções.

     f) Levar os leitores a modificar uma maneira de pensar ou um comportamento.

 

05.  Seria possível motivar o jovem de outra forma? Responda dando um exemplo.

Resposta pessoal.