sábado, 12 de fevereiro de 2022

CRÔNICA: UMA AULA ESPECIAL - ANA MARIA MACHADO - COM GABARITO

 Crônica: Uma aula especial

              Ana Maria Machado

        [...]

        -- Isabel, eu mostrei à turma o retrato de sua bisavô e todo mundo começou a trazer retratos dos bisavós também. Então, resolvemos fazer uma pesquisa sobre o tempo em que eles viveram. Vamos passar algumas semanas estudando esse tempo, o final do século XX. Que é que você acha?

        Eu estava tão feliz de ter achado o retrato de Bisa Bia que não conseguia achar nada para falar. Ainda mais agora, com essa boa ideia, de ficar sabendo montes de coisas do tempo dela, ah! Ia ser ótimo!... Foi me dando um nó na garganta, uma vontade de chorar de alegria, de emoção, sei lá, nem consigo explicar. Aí, de repente, reparei que Vitor, o novo aluno, também estava disfarçando e enxugando uma lágrima no canto do olho. Não entendi por quê. Ainda bem que Dona Sônia não esperou minha resposta nem reparou no choro do Vítor (que menino mais esquisito... será que ele nunca ouviu falar que homem não chora?) e foi começando a aula, contando que havia escravos no tempo da minha bisavó, que os escravos tinham donos, como se fossem coisas, trabalhavam a vida inteira sem descanso, não tinham salário, não tinham direitos, enfim, uma porção de coisas assim, algumas até que a gente já tinha ouvido falar, mas nunca tinha reparado direito.

        De repente, quando ela perguntou se alguém tinha alguma dúvida, queria fazer uma pergunta ou algum comentário, o Vítor levantou a mão e, ainda com um jeito bem emocionado, começou a falar:

        -- Sabe, Dona Sônia, me deu um aperto no coração quando a senhora começou a falar da bisavó dela, porque eu comecei a pensar no meu avô e descobri que estou com muita vontade de falar dele. Posso?

        -- Claro que pode, Vítor.

        -- Vocês sabem que nós moramos muito tempo fora do Brasil. Por isso, eu conheci pouco o meu avô, porque ele ficou aqui. Mas o conheci muito bem. Quando nós fomos para o exílio, éramos muito pequenos e não nos lembramos de quase nada. Mas ele foi lá nos visitar algumas vezes. Depois, a gente sempre se escrevia, às vezes falava no telefone. E ele morreu enquanto nós estávamos lá longe, nunca deu para a gente curtir o avô direito, e isso dá muita saudade, muita tristeza, essa vontade de chorar, até hoje.

        Puxa! Ele enxugou outra lágrima! Não tinha medo de que ninguém risse dele... Na mesma hora descobri que o Vítor era o menino mais corajoso que eu já tinha conhecido. Tinha até coragem de chorar na frente da turma toda!

        Mas ele continuava:

        -- Lembro-me de uma noite, quando nós estávamos em Roma e ele tinha ido nos visitar. Era na véspera do embarque dele de volta para o Brasil. Maria e eu queríamos viajar com ele, queríamos que papai e mamãe também voltassem para a terra da gente, estávamos todos meio tristes... Eu não entendia direito por que não podíamos voltar. Aí vovô explicou que um dia íamos poder, mas falou que quem quer construir os tempos novos geralmente não é compreendido, é perseguido e sofre muito, e era isso que estava acontecendo com meus pais. Aí ele contou muita coisa da História do Brasil e do mundo. Disse que no tempo dele já tinha sido melhor do que no tempo do pai dele, não tinha mais escravos, os trabalhadores já recebiam salário, mas ele se lembrava de que, quando era pequeno, na cidade dele (que era cheia de fábricas), os trabalhadores ficavam nas máquinas catorze ou dezesseis horas por dia – nem lembro mais – e não podiam fazer greve também, criança pequena trabalhava, uma porção de coisas assim.

        Eu não lembro direito, porque isso tudo ficou misturado na minha cabeça, quer dizer, os detalhes da conversa, quando foi que cada coisa foi mudando. Conversamos muito sobre isso e não dá para lembrar tudo. Mas nunca vou esquecer o brilho dos olhos do meu avô quando me falava dessas coisas. Nem vou esquecer também que essa foi a primeira vez que eu vi meu pai chorar, enquanto escutava o papo do vovô.

        Até na gente, que não era da família nem nada, estava dando uma vontade de chorar. Era só ouvir o jeito emocionado do Vítor contando essas coisas acontecidas há alguns anos numa noite fria, lá longe do Brasil, no outro lado do mar, numa conversa com um velho que não existia mais.

        -- Nesse dia eu entendi que vovô ia sempre existir dentro de mim – continuava ele, como se estivesse lendo meus pensamentos.

        -- Depois de muito papo, vovô disse que cada vez nós tínhamos que fazer força para melhorar, para deixar um mundo melhor para nossos filhos, como papai fazia no trabalho de jornalista, e como mamãe fazia dando as aulas dela. Disse que estava muito orgulhoso dos meus pais e que o exílio estava sendo uma espécie de preço que a gente estava pagando par que o futuro fosse melhor, que havia muita gente pagando esse preço e outros preços mais duros ainda, mas que ia valer a pena... Agora, quando a gente estava falando da bisavó da Isabel, fiquei com saudade do meu avô, com pena de pensar que ele morreu antes da festa da nossa volta. Mas eu vi também como, em algumas coisas, nosso tempo já está sendo melhor do que o dele. E fiquei pensando nisso: como vai ser o mundo dos nossos netos? E dos nossos bisnetos? Acho que a gente podia pesquisar isso também. Era isso o que eu queria dizer.

        Disse e sentou.

MACHADO, Ana Maria. Bisa Bia, Bisa Bel. 4. ed. Rio de Janeiro: Salamandra, 2000. Adaptação.

                     Fonte: Língua Portuguesa – Coleção Mais Cores – 5° ano – 1ª ed. Curitiba 2012 – Ed. Positivo p. 31-5.

Entendendo a crônica:

01 – De acordo com o texto, quais as informações abaixo.

a)   Sobrenome da autora do texto: Machado.

b)   Nome da personagem narradora: Isabel.

c)   Local onde ocorre a história: Escola.

d)   Dois outros personagens dessa história: Vítor e Sônia.

e)   Local do exílio da família de Vítor: Roma.

02 – Leia a opinião de Isabel sobre Vítor.

        “[...] (que menino mais esquisito... será que ele nunca ouviu falar que homem não chora)?”

a)   Você concorda com a opinião de Isabel? Justifique sua resposta.

Resposta pessoal do aluno.

b)   Por que esse trecho do texto aparece entre parênteses?

Porque tratasse de um pensamento da personagem.

03 – No decorrer do texto, Isabel muda de opinião a respeito do seu colega de turma.

        “Na mesma hora descobri que o Vítor era o menino mais corajoso que eu já tinha conhecido.” Que motivo levou Isabel a modificar sua opinião?

      Porque ele chorou na frente da turma e, isto é um ato corajoso.

04 – Vítor comenta com seus colegas que, quando pequeno, ele e sua família estiveram no exílio.

a)   Procure no dicionário o significado da palavra em destaque.

Degredo, expatriação, desterro, expulsão de sua pátria.

b)   Discuta com seus colegas e professor sobre o significado da palavra exílio.

Resposta pessoal do aluno.

c)   Você tem conhecimento de alguém que tenha se exilado por algum motivo? Comente essa questão com seus colegas.

Resposta pessoal do aluno.

05 – Vitor tem opinião formada a respeito do tempo em que ele vive.

        “[...] fiquei com saudade do meu avô, com pena de pensar que ele morreu antes da festa da nossa volta. Mas eu vi também como, em algumas coisas, nosso tempo já está sendo melhor do que o dele.”. Converse com seus colegas sobre as questões a seguir.

a)   Você concorda com a opinião de Vítor sobre o tempo em que você está vivendo ser melhor que o de seus avós e bisavós? Em que sentido? Justifique sua resposta.

Resposta pessoal do aluno.

b)   O que precisa ser modificado para que o nosso país fique ainda melhor?

Resposta pessoal do aluno.

c)   O que você pode fazer para que o Brasil se torne um país melhor no presente e no futuro?

Resposta pessoal do aluno.

06 – Dona Sônia começou a aula contando como era o tempo em que vivia a bisavó de Isabel. Que fatos ela relata a respeito dessa época no que se refere aos trabalhos e aos direitos humanos?

      Naquele tempo havia escravos que tinham donos e trabalhavam sem receber e também não tinham direito a nada.

 

TEXTO: PÁSCOA: SOLIDARIEDADE FOI O PRESENTE - INFORMATIVO ESCOLAR - COM GABARITO

 Texto: Páscoa: solidariedade foi o presente

        A Páscoa Solidária, que neste ano teve por tema “Páscoa: solidariedade é o presente”, foi um verdadeiro sucesso. Não apenas pela alegria que incentivou os alunos nas diversas atividades realizadas na escola, mas, principalmente, pelo verdadeiro espírito de solidariedade que tomou conta de todos, levando-os a promover uma arrecadação muito especial para s 13 entidades que foram escolhidas para serem beneficiadas com as doações.

        Assim, para dar início à Páscoa Solidária, grupos de alunos do 6° ao 9° ano, acompanhados pelos professores, visitaram algumas das entidades que seriam beneficiadas, para conhecer a realidade e as necessidades que cada uma apresentava. O trabalho dos alunos foi despertar a sensibilidade diante da situação de abandono, necessidade e carência por que passam muitas crianças e adultos.

        Para M., do 8° ano, muitas dessas pessoas não tiveram oportunidades na vida: “Você ouvir falar das crianças carentes é diferente de vê-las pessoalmente, brincar, conversar com elas e saber das suas necessidades”, afirmou na volta da visita à Creche Uberlândia. Além disso, M. conta ainda que sempre teve o exemplo da solidariedade em casa: “Minha mãe sempre doa brinquedos e, neste ano, também procuramos ajudar os desabrigados por causa das enchentes”, contou.

        R., também do 8° ano, concorda com a amiga: “Nós, muitas vezes, temos tanto e ainda reclamamos. Depois de ver a situação destas crianças, dá vontade de dar tudo o que se tem. A gente tem muito!”, desabafou. A importância da visita se reflete na emoção de quem vive outra realidade.

        “Muitas crianças e jovens como nós não têm a mínima noção ou interesse pelas pessoas carentes, talvez até por não terem tido a oportunidade de ver isso de perto: crianças que usam camisas como fraldas, que brincam com pedaços de pano, que foram vítimas de violência... e que ficam felizes só em poder brincar conosco!”, concluiu.

INFORMATIVO ESCOLAR. Páscoa: solidariedade foi o presente.

                   Fonte: Língua Portuguesa – Coleção Mais Cores – 5° ano – 1ª ed. Curitiba 2012 – Ed. Positivo p.163-5.

Entendendo o texto:

01 – Do que trata a notícia divulgada nesse informativo?

      Informa como o feriado de páscoa foi comemorado na escola.

02 – Qual foi a primeira etapa realizada na campanha da Páscoa Solidária desse colégio?

     Grupos de alunos do 6° ao 9° ano, acompanhados pelos professores, visitaram algumas das entidades que seriam beneficiadas, para conhecer a realidade e as necessidades que cada uma apresentava.

03 – Por que a campanha da Páscoa foi um sucesso?

      Porque o verdadeiro espírito de solidariedade tomou conta de todos os alunos, os quais promoveram uma arrecadação muito especial.

04 – Segundo a opinião de R., por que muitos jovens não têm interesse pelas pessoas carentes?

      “[...] talvez até por não terem tido a oportunidade de ver isso de perto: crianças que usam camisas como fraldas, que brincam com pedaços de pano, que foram vítimas de violência... e que ficam felizes só em poder brincar conosco!”

05 – Se você fosse convidado a participar de uma campanha solidária par pessoas carentes, que tipo de instituição gostaria de ajudar? Por quê?

      Resposta pessoal do aluno.

06 – O que significa a palavra solidariedade?

      É praticar a bondade e ajuda aos mais necessitados, ser solidário.

07 – Você já foi solidário com alguém ou com alguma entidade? Como foi essa experiência?

      Resposta pessoal do aluno.

     

     

CONTO: LUNA, MINHA HEROÍNA - HELOÍSA PRIETO - COM GABARITO

 Conto: Luna, minha heroína

             Heloísa Prieto

        Quando se fala em um herói, sempre se pensa em um homem alto e forte, uma espécie de guerreiro, com uma espada ou arma na mão.

        Mas agora, que já tenho quarenta e cinco anos, sei que todos nós podemos ser heróis. E que muitos daqueles que nos ajudaram durante a vida, nossos heróis íntimos, quase sempre ficam guardados anônimos, em uma lista secreta no fundo de nossa memória.

        Luna foi uma das heroínas da minha infância, minha querida amiga da espécie canina dos dobermanns. Linda, negra, brilhante, musculosa, rápida como ninguém, Luna era nossa babá. Dormíamos, minha irmã Sandra e eu, com a cabeça apoiada em sua barriga macia.

        Passávamos a maior parte do tempo metidos em brincadeiras malucas no quintal, ainda não tínhamos uma televisão, e, às vezes a folia ia longe demais. Como no dia em que resolvemos dar um susto em nossa mãe e costuramos com muito cuidado uma longa “cobra” de pano verde, amarramos uma linha nela e a fizemos rastejar lentamente pelo meio do gramado.

        Mamãe ficou louca. Apanhou a vassoura para matar a “cobra” e, quando descobriu que era tudo brincadeira, virou-se furiosa, com a vassoura ainda levantada, e saiu correndo atrás de nós. No começo não conseguíamos parar de rir, mas depois ficamos com medo – mamãe estava tão brava que quase não a reconhecíamos. Foi nesse momento atroz que Luna se colocou entre nós e mamãe, protegendo-nos da vassoura. Sentou-se na nossa frente a não deixou que ela nos tocasse.

        Hoje sei que mamãe não bateria em nós com a vassoura. Jamais apanhamos. Ela sempre nos disse: “Quem bate está ensinando a bater.” Mas daquele dia em diante, sempre que mamãe ficava brava, antes de nos pôr de castigo ou simplesmente nos dar uma bronca, ela trancava Luna no canil, só para prevenir. Assim, durante boa parte de minha infância, mãe brava virou sinônimo de cachorro preso.

                       Heloísa Prieto – “Minhas três heroínas”. In: Heróis e guerreiros. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1995.

                    Fonte: Língua Portuguesa – Coleção Mais Cores – 5° ano – 1ª ed. Curitiba 2012 – Ed. Positivo p. 128-131.

Entendendo o conto:

01 – Qual é a diferença entre a imagem de herói que as pessoas geralmente fazem e a heroína desse texto?

      O herói que as pessoas falam, não existe. Mas, já o da história é um personagem real, que quando precisamos ele está pronto a nos ajudar.

02 – Ao contar a história, a narradora resgata de sua memória fatos de sua infância. Que parte do texto comprova essa afirmação?

      “Mas agora, que já tenho quarenta e cinco anos, sei que todos nós podemos ser heróis.”

03 – Relate, resumidamente, como Luna se tornou a heroína das crianças daquela casa.

      Luna defendeu-as quando sua mãe iria bater nelas.

04 – Você concorda com as palavras da mãe das crianças? Justifique sua resposta.

          “Quem bate está ensinando a bater.”

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Não, porque ela só queria ensina-las que o que fizeram foi errado.

05 – Analise os dois trechos em que as aspas foram usadas. A seguir, justifique o uso desse sinal de pontuação em ambos os casos.

        [...] e costuramos com muito cuidado uma longa “cobra” [...] (4° parágrafo). Apanhou a vassoura para matar a “cobra” [...] (5° parágrafo).

        Ela sempre nos disse: “Quem bate está ensinado a bater”. (6° parágrafo).

      Ela é usada para ressaltar o tema empregado (não tem significado real).

a)   Que outro sinal de pontuação poderia substituir as aspas no 2° caso apresentado anteriormente?

Travessão.

b)   Reescreva esse trecho, usando o sinal de pontuação indicado por você na resposta do item anterior. Faça as devidas adequações.

Ela sempre nos disse: -- Quem bate está ensinado a bater.

06 – Nem sempre o travessão é usado para indicar a fala direta de personagens. Analise o uso da travessão no trecho a seguir. Depois, explique por que foi usado.

        “No começo não conseguíamos parar de rir, mas depois ficamos com medo – mamãe estava tão brava que quase não a reconhecíamos.”

      Porque isso é tipo um diálogo.

07 – A que substantivo do texto se referem estes adjetivos?

a)   Linda, negra, brilhante, musculosa, rápida.

Luna.

b)   Malucas.

As brincadeiras.

c)   Louca, furiosa, brava.

Mãe.

08 – Observe os pronomes em destaque no parágrafo abaixo. A seguir, resolva as questões propostas.

        “Mamãe ficou louca. Apanhou a vassoura para matar a “cobra” e, quando descobriu que era tudo brincadeira, virou-se furiosa, com a vassoura ainda levantada, e saiu correndo atrás de nós. No começo não conseguíamos parar de rir, mas depois ficamos com medo – mamãe estava tão brava que quase não a reconhecíamos. Foi nesse momento atroz que Luna se colocou entre nós e mamãe, protegendo-nos da vassoura. Sentou-se na nossa frente a não deixou que ela nos tocasse.”

a)   A quem se refere o pronome se de “virou-se”?

A mãe.

b)   Que expressão está sendo substituída pelo pronome a?

A mãe.

c)   A quem se refere o pronome nos?

As meninas.

d)   A quem se refere o pronome se de “sentou-se”?

Luna.

e)   O pronome ela está no lugar de que palavra?

Mãe.

 

CONTO: A NOITE DOS ESPETÁCULOS - PAULO LEMINSKI - COM GABARITO

 Conto: A Noite dos Espetáculos

           Paulo Leminski


        A Noite dos Espetáculos só acontecia de cinco em cinco anos, quando o elefante branco fazia aniversário.

        O Rei, a Rainha e a Princesa se sentariam nos tronos para ver as danças, as acrobacias e as lutas, até chegar o elefante branco, conduzido por um menino.

        O elefante branco deveria se ajoelhar diante do Grande Rei, levantar a cabeça e emitir um grito. Assim faziam os elefantes brancos desde os tempos do avô do Grande Rei.

        Quando a festa começou, o Palácio parecia estar em chamas de tantas luzes. Escravos e escravas corriam de um lado para outro, trazendo ou levando coisas. Baita, com dois cães, estava ao lado do trono vazio esperando a hora de o Rei chegar.

        De repente, soaram trombetas, a multidão abriu caminho e passou um elefante trazendo a Rainha. A Rainha desceu, foi até o trono e sentou.

        De novo soaram as trombetas. Era o animal trazendo a Princesa para a cerimônia.

        Mas algo parecia errado, ele começou a balançar, uma tragédia estava para acontecer.

        Do lado do trono vazio, esperando o Rei, com um cachorro em cada mão, Baita percebeu logo o perigo. Ele conhecia os elefantes como se fosse um deles.

        Percebeu que o que trazia a Princesa era uma fêmea grávida. E sabia que as fêmeas grávidas têm medo de fogo.

        Desatou dos pulsos as coleiras dos cachorros e saltou para o pátio, correndo para o animal enfurecido como se corresse para seu grande destino.

        A multidão tinha se afastado. Parecia que a Princesa ia cair a qualquer momento da cesta.

        Baita chegou diante da elefanta, jogou-se no chão e se encolheu como um caramujo. Ela ainda se agitou um pouco. Mas logo parou e estendeu a tromba para acariciar as costas do Mestre do Cachorros. Dava para ouvir uma mosca voar no imenso pátio do Palácio.

        Tudo voltou ao normal, as pessoas voltaram a murmurar e a respirar. A Princesa desceu sob os aplausos e o som das trombetas.

        Agora só faltava o Grande Rei.

        Sua entrada foi recebida de acordes de música e trombetas, coros de vozes masculinas e femininas e gritos ritmados da multidão. Seu elefante era o maior de todos, um macho gigantesco que entrou majestoso no pátio. A figura do Rei estava encoberta por um véu de seda, já que era crime ver seu rosto. O Grande Rei era, sobretudo, uma voz.

        E assim que se sentou no trono, a voz falou:

        -- Na Noite dos Espetáculos, sempre acontecem coisas. Hoje vimos um oficial da Guarda acalmar um elefante furioso. Que pode um homem contra um elefante? Um elefante é o mar, um homem é uma gota-d’água. Mas este homem pôde com um elefante. Não fosse ele, estaríamos chorando a morte da Princesa.

        Este homem que tem poderes sobre os elefantes é, a partir de agora, meu novo Chefe da Guarda. Ele é agora o Mestre dos Elefantes.

LEMINSKI, Paulo. Guerra dentro da gente. 5. ed. São Paulo: Scipione, 1993, p. 51-2.

                  Fonte: Língua Portuguesa – Coleção Mais Cores – 5° ano – 1ª ed. Curitiba 2012 – Ed. Positivo p. 110-4.

Entendendo o conto:

01 – Essa história é real ou ficcional? Quem a criou?

      Ficcional. Criada por Paulo Leminski.

02 – Explique por que a Noite dos Espetáculos só acontecia de cinco em cinco anos.

      Porque era comemorado o aniversário do elefante branco, o qual fazia de cinco em cinco anos.

03 – Quais são as personagens principais desse cerimonial?

      O Grande Rei e o elefante branco.

04 – Na cerimônia acontecia um ritual de apresentação do elefante branco perante os reis. Descreva como você entendeu esse ritual.

      Resposta pessoal do aluno.

05 – Ao final da cerimônia, quem se tornou o personagem mais importante? Por quê?

      O mestre dos cachorros, por ter salvo a Princesa da ira do elefante que a carregava.

06 – De que maneira Baita foi recompensado?

      Ele recebeu o reconhecimento do Grande Rei, que promoveu ao cargo de Chefe da Guarda e o Mestre dos Elefantes.

07 – Escreva os verbos que aparecem nos trechos abaixo.

a)   “A Noite dos Espetáculos só acontecia de cinco em cinco anos”.

Acontecia.

b)   “O elefante branco deveria se ajoelhar diante do Grande Rei [...]”.

Deveria e ajoelhar.

c)   “Baita chegou diante da elefanta, jogou-se no chão e se encolheu como um caramujo”.

Chegou, jogou-se e encolheu.

08 – A que tempo se referem os verbos em destaque nas frases abaixo?

a)   A Princesa jogou o véu que cobria sua face.

Pretérito.

b)   O Grande Rei falará para o público.

Futuro.

c)   Baita é, agora, o Mestre dos Elefantes.

Presente.

LENDA GREGA: A LENDA DE ÓRION - WALMIR CARDOSO - COM GABARITO

 Lenda Grega: A Lenda de Órion

                  Walmir Cardoso

        Dizem que na Grécia Antiga, muito tempo atrás, um jovem caçador chamado Órion apaixonou-se por uma princesa de nome Mérope. Era filha do rei Enopião, com quem morava numa ilha do Mar Mediterrâneo. Dona de grande beleza, Mérope era muito amada pelo pai, que impedia os rapazes de se aproximarem da filha e namorá-la. Acontece que Órion não era um jovem qualquer, mas filho do deus grego Posêidon, conhecido na Roma Antiga como Netuno. Muito poderoso, esse deus reinava sobre os mares. Com receio de deixar Posêidon zangado, Enopião permitiu a Órion achegar-se à filha, com uma condição: devia capturar todos os animais ferozes que infestavam seu reino.

        Sendo um hábil caçador, nosso herói aceitou a proposta, pedindo a mão da princesa como prêmio pela façanha. Enopião nada respondeu e Órion interpretou seu silêncio como consentimento. Durante um bom tempo o caçador enfrentou as feras, que por fim conseguiu aprisionar e transportar para outra ilha, desabitada. Terminada a missão, ele imaginou que pudesse, enfim, casar-se com Mérope. Contudo, os ciúmes de Enopião em relação à filha falou mais alto e ele escondeu-a do noivo num castelo.

        Inconformado, Órion começou a trazer os animais caçados de volta à ilha de Enopião. Numa de suas viagens foi capturado pelos soldados do rei, que o cegaram e em seguida o abandonaram numa praia deserta. Felizmente, o caçador cego foi encontrado por um ciclope, gigante mitológico de um olho só, que o conduziu até Aurora, a deusa do amanhecer. Apaixonada que era por Órion, ela restituiu-lhe a visão, fazendo-o olhar para onde o sol nasce. Porém, mesmo com a vista totalmente recuperada, o caçador não conseguiu casar-se com Mérope.

        Tempos depois apaixonou-se por Ártemis, a deusa da caça, conhecida entre os romanos como Diana. Mas Ártemis tinha um irmão gêmeo, Apolo, muito ciumento dela. Numa bela tarde, os dois irmãos saíram para um torneio de arco e flecha. No caminho, Apolo desafiou Ártemis a acertar um alvo no mar, perto da linha do horizonte. Excelente arqueira, Ártemis aceitou prontamente o desafio e retesou o arco na direção indicada pelo irmão. Mal sabia ela estar apontando para Órion, que nadava à distância e foi trespassado por sua flecha certeira.

        No dia seguinte, andando a beira-mar, a deusa encontrou o corpo morto do amado, com uma de suas flechas cravada no coração. Pôs-se a chorar, mas era tarde, o mal estava feito. Penalizado com sua dor, Zeus, o maior dos deuses gregos, ofereceu-se para transformar Órion numa constelação. Ártemis aceitou a oferta porque assim, pelo menos, poderia ver seu amado no céu. A mesma sorte não coube aos dois cães fiéis de Órion, que ganiam desesperados ao ver seu dono brilhando no céu noturno. Assim, também eles foram transformados por Zeus em constelações. São elas Cão Maior e Cão Menor, que podem ser vistas no céu junto ao gigante caçador nas noites quentes de verão do hemisfério Sul.

                          CARDOSO, Walmir. A lenda de Órion. Nova Escola, São Paulo: Abril. n. 118, p. 30-31, dez. 1998.

                     Fonte: Língua Portuguesa – Coleção Mais Cores – 5° ano – 1ª ed. Curitiba 2012 – Ed. Positivo p. 103-6.

Entendendo a lenda:

01 – Assinale a alternativa correta.

a)   Quem Órion?

(  ) Filho do rei Enopião.

(X) Filho de deus Posêidon.

(  ) o deus Netuno.

b)   Por quais mulheres Órion se apaixonou no decorrer da história?

(X) Mérope e Ártemis.

(  ) Mérope e Aurora.

(  ) Aurora e Ártemis.

c)   Por que o rei Enopião não permitiu que Órion se casasse com sua filha Mérope?

(  ) Porque Órion não conseguiu dar fim nos animais ferozes que infestavam o seu reino.

(  ) Porque Órion era filho de Posêidon.

(X) Porque Enopião tinha ciúmes da filha.

d)   Quem mandou cegar Órion?

(  ) Mérope.

(X) Enopião.

(  ) Posêidon

e)   Quem restituiu a visão a Órion?

     (  ) Mérope.

     (  ) Ártemis.

     (X) Aurora.

     f) O “acidente” que provocou a morte de Órion foi planejado por quem?

     (  ) Enopião.

     (  ) Ártemis.

     (X) Apolo.

02 – Por que Zeus, o maior dos deuses gregos, resolveu transformar Órion em uma constelação?

      Para consolar Ártemis, pois transformando Órion em uma constelação, ela poderia vê-lo no céu todas as noites.

03 – Por que os cães de Órion também foram transformados em constelações, se eles não haviam morrido?

      Para que pudessem ficar ao lado do seu dono.

04 – Afinal, essa lenda tenta explicar que fenômeno da natureza?

      O surgimento das constelações.

05 – Leia as frases a seguir e resolva as questões.

        “Órion enfrentou os animais ferozes do reino de Enopião.”

a)   Quais são os substantivos próprios?

Órion e Enopião.

b)   Qual é a palavra que indica ação (verbo)?

Enfrentou.

c)   Quem pratica a ação?

Órion.

d)   Qual é o adjetivo? A que substantivo ele se refere?

Ferozes, animais.

e)   De onde são os animais ferozes?

Do reino de Enopião.

        “Choram de tristeza os cães de Órion”.

f)    Qual é o verbo da frase?

Choram.

g)   Quem pratica a ação?

Os cães de Órion.

        “No dia seguinte, Ártemis encontrou o seu amado na praia.”

h)   Qual é a expressão de tempo?

No dia seguinte.

i)     Qual é a expressão de lugar?

Na praia.

j)     Qual é o verbo da frase?

Encontrou.

k)   Quem pratica a ação?

Ártemis.

 

TEXTO: CRIANÇAS ESPORTIVAS - VEJA KID+ - COM GABARITO

 Texto: Crianças esportistas

         Cada vez mais alto

        Nem mesmo um pé torcido fez com que o ginasta carioca B. R. M., de 11 anos, desistisse de disputar o Campeonato Mundial de Ginástica Acrobática na Austrália, em outubro. O garoto tem experiência de sobra: aos 5 anos, começou a treinar ginástica olímpica. Algumas provas e medalhas depois, mudou para a ginástica acrobática. Pelo menos três vezes por semana, treina para melhorar seus saltos e garantir boa classificação nos treinos do Brasil e de outros países. Suas especialidades são salto duplo-míni (na cama elástica) e tumbling (ginástica de solo). “Na hora da prova, tento me concentrar: abaixo a cabeça e vou para o salto. Ganhar é ótimo. Mas gosto é de competir”.

          Quando nada, ela ganha tudo!

        Se pudesse, a paulista C. B. C., de 13 anos, viveria na água. Mesmo estudando de manhã, a garota dá duro para manter os títulos de Campeã Paulista de Nado Medley e Campeã Brasileira de Nado Borboleta. Aliás, esta última prova foi a sua maior vitória: Ela competiu com nadadores mais velhos e saiu vencedora.

        O segredo do sucesso é madrugar nos treinos. Às cinco da manhã, ela já está de pé, pronta para cair na água. E adivinha para onde ela vai depois da aula? Para a piscina de novo, claro! Camila dedica a vida ao esporte desde os 4 anos. “Se quiser ser uma grande esportista, tenho de me esforçar para manter bons resultados”, diz a fã de Gustavo Borges.

VEJA KID+. São Paulo: Abril. Nov. 1998.

                     Fonte: Língua Portuguesa – Coleção Mais Cores – 5° ano – 1ª ed. Curitiba 2012 – Ed. Positivo p. 89-90.

Entendendo o texto:

01 – Segundo o texto, há quanto tempo esses atletas praticam esporte?

a)   B. R. M.: 06 anos.

b)   C. B. C.: 09 anos.

02 – Descreva resumidamente, a paulista C. B. C.

      Levanta as 5 horas da manhã para treinar, vai à escola e volta ao treino.

03 – B. R. M. conta como se comporta na hora da prova.

        “[...] tento me concentrar: abaixo a cabeça e vou para o salto. Ganhar é ótimo. Mas gosto é de competir”.

a)   Nas provas, o que é mais importante para B. R. M.?

É poder competir.

b)   E para você, o que é mais importante em uma competição? Por quê?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Competir e ganhar, assim ficaremos feliz pelo nosso trabalho.

c)   Em sua opinião, como deve ser o comportamento de um atleta antes e depois de uma competição? Por quê?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Antes ele tem que treinar e se concentrar na prova, depois quando for competir se ganhar ficar feliz e se puder ficar satisfeito porque deu seu melhor.

 

REPORTAGEM: TIME DE PERNAS DE PAU - MARCELO LEITE BARBALHO - COM GABARITO

 Reportagem: Time de pernas de pau

         Um grupo de meninos de Fortaleza dá um novo sentido à expressão que é o terror de qualquer jogador

        Para quem sonha em se transformar num superastro do futebol, ser chamado de perna-de-pau é no mínimo desanimador. Mas, para cerca de 50 moleques que vivem na localidade da Sabiaguaba, em Fortaleza, é elogio. É que, num campo de terra batida com uma arvorezinha bem no meio, traves tortas e arquibancada de bambu, eles correm atrás de uma bola de borracha em cima de pernas-de-pau. Há dois anos tem futebol mambembe pelo menos uma vez por semana. O time já tem nome: Calango (espécie de lagartixa muito comum no Ceará).

        É um tal de furar na hora do chute... Sobe poeira para todo lado numa correria doida, desengonçada. “A garotada se diverte até nas quedas. Quando um cai, leva junto uns quatro ou cinco. Eles têm técnica para cair. Ninguém se machuca”, garante Gaudêncio Siqueira, 38 anos, o inventor do novo futebol. Tem até uma musiquinha para essas horas: “Tombei, tombei, tornei tombar/A brincadeira já vai começar”. “É massa ficar no alto e se equilibrar sobre pernas-de-pau pra bater um racha”, diz Del, que quando calça chuteiras é um dos destaques do juvenil do Uniclinic, que disputa o Campeonato Cearense.

        Artista circense e educador, Gaudêncio ensina as crianças a fazerem pernas-de-pau. “Desenvolve a coordenação motora e os músculos. E ajuda a ter coragem para enfrentar situações difíceis da vida.” Mais: guarda para sempre na memória de cada um a sensação de ser criança.

                          BARBALHO, Marcelo Leite. Time de pernas de pau. Placar, São Paulo, abril, n° 1164, p. 90-91, jun. 2000.

                     Fonte: Língua Portuguesa – Coleção Mais Cores – 5° ano – 1ª ed. Curitiba 2012 – Ed. Positivo p. 82-4.

Entendendo a reportagem:

01 – Nessa reportagem, a expressão “perna de pau” aparece com significados diferentes. Com o auxílio de um dicionário, escreva que significados podem ser atribuídos a essa expressão.

      Perna feita com pedaço de madeira; jogadores não habilidoso.

02 – Releia este trecho do texto: “Há dois anos tem futebol mambembe [...]”. O que significa a expressão em destaque?

      Futebol de baixa qualidade, ruim.

03 – De acordo com o texto, responda as questões abaixo:

a)   Nome do estado cuja capital é Fortaleza.

Ceará.

b)   Material de que é feita a arquibancada do campo de futebol dos meninos.

Bambu.

c)   Sinônimo de menino.

Moleque.

d)   Sobrenome do autor da reportagem.

Barbalho.

e)   Nome de um dos times que disputam o Campeonato Cearense.

Uniclinic.

f)    Primeiro nome do inventor do futebol perna de pau.

Gaudêncio.

g)   Uma das profissões desse inventor.

Educador.

04 – Qual é o nome do time?

      Calango.

a)   Essa palavra foi escolhida para nomear o quê?

O time de perna de pau.

b)   Qual é o significado dessa palavra?

Uma espécie de lagartixa do Ceará.

05 – Você gostaria de participar de um time de futebol perna de pau? Por quê?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Sim, porque pode ser divertido e diferente.

06 – Escreva, dentro dos parênteses, o nome do autor de cada fala da reportagem.

a)   “É massa ficar no alto e se equilibrar sobre pernas de pau pra bater um racha”. (Del).

b)   “Desenvolve a coordenação motora e os músculos. E ajuda a ter coragem para enfrentar situações difíceis da vida”. (Gaudêncio Siqueira).

07 – Agora, releia a fala a seguir.

        “A garotada se diverte até nas quedas. Quando um cai, leva junto uns quatro ou cinco. Eles têm técnica para cair. Ninguém se machuca” [...].

a)   Que outras formas foram utilizadas na reportagem para se referir à garotada?

Meninos, moleques e crianças.

b)   Comente com seus colegas qual dessas formas é mais utilizada na região onde você mora.

Resposta pessoal do aluno.