domingo, 31 de outubro de 2021

DEBATE: A POSTURA DO BRASILEIRO DIANTE DAS LEIS - PARTE 02 - DIÁLOGOS NA USP - COM GABARITO

 Debate: A postura do brasileiro diante das leis Parte 2


TRECHO 3:
Pequenas e grandes corrupções

        Rollemberg: Nós temos de pensar... Nós estamos falando de corrupção, claro... nós sempre pensamos em situações grandes: malas com dinheiro, essas coisas todas. Mas vamos pensar no dia a dia... As pequenas corrupções, as pequenas infrações, os pequenos deslizes [...] durante muito tempo o Brasil, os brasileiros ou uma parte dos brasileiros se orgulhou do chamado jeitinho brasileiro [...] Está tudo bem, professor?

        Justino: Alguns pontos para a gente compreender esse comportamento [...] Dois pontos essenciais. Existe uma expressão muito típica da Ciência da Administração que é: Not in my backyard (não no meu jardim/quintal). O que significa isso? Eu entendo que aquela providência, que aquela ferramenta, que aquele posicionamento, que aquela atitude é importante, é relevante, ela é ética, mas não comigo. [...]

        Rollemberg: Filosoficamente é muito bom, mas na prática, não. É isso?

        Justino: Isso também é... é algo que acontece muitos nas análises pessoais e interpessoais, né? É como se, sua pergunta foi bem nessa linha, é como se o tema da corrupção envolvesse apenas grandes corrupções. Então ela é uma corrupção política, dos agentes políticos... Aquilo que tem a ver com a minha esfera mais próxima, a esfera familiar, a esfera do trabalho, a esfera das relações interpessoais como um todo é como se eu tivesse uma autorização para agir conforme meus melhores interesses.

        [...] Uma outra questão também é o que ninguém vai ver, ninguém vai saber. Então tem também aquela sensação da impunidade, sim, a sensação de que não vou ser pego. Isso é do ser humano e aí quando você não tem bases éticas muito sólidas em uma sociedade... E, infelizmente, nós temos que dizer que, não generalizando, as bases éticas da sociedade brasileira hoje, elas estão um pouco nebulosas...

        Rollemberg: Você está sendo eufemístico.

        Justino: [...] Existe essa questão de que, sim, a corrupção existe, mas ela está longe. Existe também o tema da corrupção, mas ela tem de ser grande para ser um problema e existe também uma questão de que as minhas atitudes, elas são justificadas por mim, porque há uma percepção (esse é o ponto) de que ninguém vai ver e de que eu não serei punido. Então é claro que isso não vale para todas as pessoas, mas nós não chegaríamos ao momento em que nós chegamos, me parece [...] Há uma relação forte entre a grande corrupção, da corrupção política, da corrupção constitucional, da corrupção que hoje é endêmica no Brasil com as pequenas corrupções.

        Rollemberg: [...] O senhor comentou que é como isso vai se dando quando nós não temos bases éticas sólidas e não temos tido. Aí a pergunta para a professora Marilene: não temos tido ou nunca tivemos?

        Marilene: Não. Eu acho que nós temos bases éticas sólidas. Quer dizer, o Brasil é um dos países que tem uma das Constituições mais fortes no sentido dos direitos sociais, de mostrar quais são os direitos do cidadão brasileiro, de defender esses direitos. Nós somos signatários de declarações: Declaração universal dos direitos humanos, declaração dos direitos da pessoa com deficiência. Quer dizer, nós temos inúmeras participações como país em movimentos internacionais éticos que estão sendo também trazidos como políticas públicas. [...] Veja então você tem princípios éticos que estão o tempo todo sendo trazidos, inseridos, defendidos por muitas pessoas no campo social. É que de fato essa tensão, essa polarização que a gente tem de valores no campo social, geralmente, faz com que esses valores que são os negativos, que são aqueles que são os piores, os mais perversos ocupem um espaço muito grande de visibilidade, mas também nós precisaríamos dar visibilidade para aquelas questões que são éticas, pela defesa dos princípios éticos, pelas ações éticas que têm no campo social.

TRECHO 4: Em busca de saídas

TRECHO 4: Em busca de saídas

        Rollemberg:  [...] como fazer o cidadão comum se imbuir da necessidade da aceitação, mais do que aceitação, da necessidade de seguir esses preceitos. Isso é uma questão de educação também?

        Marilene: Sem dúvida nenhuma é uma questão educação, é uma questão de participação social nesses processos. [...] A crítica é fundamental. Nós temos que fazer a crítica, nós temos de produzir a crítica, mas nós temos de produzir as saídas. [...] Então nós precisamos superar o nosso discurso crítico para as práticas políticas e para as políticas públicas e para as ações nos mais diversos campos que a gente chegue nos indivíduos, chegue nas pessoas e que elas possam viver e pensar alternativas para sair do problema.

Unidade 6

228mais diversos campos que a gente chegue nos indivíduos, che-gue nas pessoas e que elas possam viver e pensar alternativas    

        [...]

        Rollemberg: Professor Justino, e como o Direito pode ajudar nisso? No dia a dia, mesmo? Quer dizer, como é que nós mudamos ou podemos ajudar nessa reformatação do pensamento comum da sociedade?

        Justino: É importante dizer o seguinte: a lei é um componente para mudança de comportamento, mas ela em si, sozinha, ela não muda uma cultura, ela não muda um comportamento. Esse é um primeiro ponto. O Direito então tem funções, o Direito tem uma função de, sobretudo, regulamentar as relações entre as pessoas, do espaço privado com o espaço público, estabelecer, obviamente, comando, estabelecer sanções. Mas o Direito tem uma função transformadora e cada vez mais. No entanto, ele não é o único. Ele não pode ter essa força, na verdade, ele não tem essa força de mudar tudo sozinho.

        [...] Em síntese, não é um tema único e exclusivo do poder judiciário. Não cabe só ao judiciário enfrentar o problema de combate à corrupção. Não é só um caso de responsabilização. É um caso de contenção, prevenção. São várias ações [...] Porque é o que a professora mencionou todos nós temos uma parcela de responsabilidade nesse tema.

        Rollemberg: Não podemos, na verdade, passar a bola para o outro, seja judiciário, seja legislativo, seja executivo, parte de nós. [...] Nós somos atores sociais importantíssimos na resolução desse problema. É isso, professora Marilene? Antes de mais nada, nós temos que pensar que o problema é nosso também.

        Marilene: Exatamente. Nós estamos falando em cidadania. Cabe a todos nós. Nenhum de nós está isento da sua parcela de participação, talvez alguns de nós tenhamos mais elementos institucionais de participação, outros menos, mas cada um tem sua responsabilidade social. E ao mesmo tempo nós também podemos mobilizar os nossos entornos.

        [...]

OLIVEIRA, Justino de; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Debate [2017].

Mediador: Marcello Rollemberg. São Paulo: Rádio USP FM 93,7 (SP). Debate promovido pelo programa Diálogos na USP com o tema “Especialistas discutem a postura do brasileiro diante das leis”. Publicado no site da emissora em 10

nov. 2017.  Disponível em: <https://jornal.usp.br/atualidades/especialistas-discutem-postura-do-brasileiro-diante-das-leis/>. Acesso em: 16 jul. 2018.

Transcrição feita para esta edição.

Fonte: Língua Portuguesa – Programa mais MT – Ensino fundamental anos finais – 9° ano – Moderna – Thaís Ginícolo Cabral. p. 300-8.


Entendendo o debate


01 – Converse com seus colegas e professor sobre as hipóteses levantadas antes da leitura.

a)   O que você listou como grande e pequena corrupções apareceu na conversa entre mediador e debatedores?

Resposta pessoal do aluno.

b)   As hipóteses que você levantou sobre as saídas para o problema da corrupção se confirmaram após a leitura?

Resposta pessoal do aluno.

02 – Releia a primeira intervenção do mediador no trecho 3.

a)   O mediador emprega a primeira pessoa do plural para formular a pergunta ao debatedor. A quem ele se refere ao usar esse pronome? Explique.

O emprego do pronome nós se refere a uma opinião ligada ao senso comum e não necessariamente a ele, mediador, e aos debatedores.

b)   Nesse trecho, o mediador emprega uma frase em que reformula o que havia dito anteriormente, demonstrando certa hesitação. Identifique e transcreva essa frase.

“[...] durante muito tempo o Brasil, os brasileiros ou uma parte dos brasileiros se orgulhou do chamado jeitinho brasileiro [...]”.

c)   Observe que no trecho 3 as reticências são usadas com duas funções.

·        Dê um exemplo de quando ela é utilizada para indicar trechos de supressão.

“Os pequenos deslizes [...] durante muito tempo o Brasil, os brasileiros ou uma parte dos brasileiros se orgulhou do chamado jeitinho brasileiro [...] Está tudo bem, professor?”.

·        Também exemplifique quando sinalizam a hesitação do interlocutor no momento da fala.

“Nós temos de pensar... nós estamos falando de corrupção, claro... nós sempre pensamos em situações grandes: malas de dinheiro, essas coisas todas. Mas vamos pensar no dia a dia... as pequenas corrupções, as pequenas infrações”.

d)   Dentro do contexto do debate o que você entende quando lê a expressão jeitinho brasileiro?

É o comportamento de quem procura levar vantagem em pequenas ações do cotidiano.

03 – Marque as afirmações verdadeiras sobre a resposta do professor Justino ao mediador acerca do jeitinho brasileiro.

a)   O professor de Direito responde sem rodeios à pergunta do mediador.

b)   O professor de Direito problematiza a questão na tentativa de compreender o problema. 

      b)   O professor de Direito justifica o problema, com uma citação em inglês da Ciência da Administração.

d)   O professor de Direito sinaliza que o comportamento pode ser compreendido a partir de duas perspectivas.

04 – Como você resumiria os pontos essenciais levantados pelo professor para a compreensão do comportamento relacionado aos pequenos deslizes?

      De acordo com o professor Justino, as pessoas cometem pequenas corrupções por dois motivos, sentem-se autorizadas em agir conforme seus interesses e têm como parâmetro a sensação de impunidade.

05 – Releia o seguinte trecho da fala do professor Justino.

        Justino: [...] Existe essa questão de que, sim, a corrupção existe, mas ela está longe. Existe também o tema da corrupção, mas ela tem de ser grande para ser um problema e existe também uma questão de que as minhas atitudes, elas são justificadas por mim, porque há uma percepção (esse é o ponto) de que ninguém vai ver e de que eu não serei punido. Então é claro que isso não vale para todas as pessoas, mas nós não chegaríamos ao momento em que nós chegamos, me parece [...] Há uma relação forte entre a grande corrupção, da corrupção política, da corrupção constitucional, da corrupção que hoje é endêmica no Brasil com as pequenas corrupções.”

OLIVEIRA, Justino de; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Debate [2017].

Mediador: Marcello Rollemberg. São Paulo: Rádio USP FM 93,7 (SP). Debate promovido pelo programa Diálogos na USP com o tema “Especialistas discutem a postura do brasileiro diante das leis”. Publicado no site da emissora em 10

nov. 2017.  Disponível em: <https://jornal.usp.br/atualidades/especialistas-discutem-postura-do-brasileiro-diante-das-leis/>. Acesso em: 16 jul. 2018.

Transcrição feita para esta edição.

a)   Como você já sabe, o debate é um gênero oral. Encontre duas marcas de oralidade mantidas nesse trecho transcrito e editado.

A repetição do verbo existe e o predomínio de frases curtas e simples.

b)   O professor defende que a corrupção deve ser grande para ser um problema? Justifique sua resposta.

Não. Pelo contrário, ele rebate essa posição. Para o professor, o tema da corrupção envolve a grande corrupção e pequenas corrupções cotidianas. Em sua opinião, as duas têm um forte vínculo cultural e sistêmico.

c)   A palavra endêmica na última oração do trecho poderia ser substituída por qual outra, sem alterar o sentido do texto?

A palavra endêmica poderia ser substituída pela palavra enraizada.

06 – Releia agora a seguinte interação entre debatedor e mediador.

        Justino: [...] e aí quando você não tem bases éticas muito sólidas em uma sociedade... E, infelizmente, nós temos que dizer que, não generalizando, as bases éticas da sociedade brasileira hoje, elas estão um pouco nebulosas...

        Rollemberg: Você está sendo eufemístico.”

OLIVEIRA, Justino de; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Debate [2017].

Mediador: Marcello Rollemberg. São Paulo: Rádio USP FM 93,7 (SP). Debate promovido pelo programa Diálogos na USP com o tema “Especialistas discutem a postura do brasileiro diante das leis”. Publicado no site da emissora em 10

nov. 2017.  Disponível em: <https://jornal.usp.br/atualidades/especialistas-discutem-postura-do-brasileiro-diante-das-leis/>. Acesso em: 16 jul. 2018.

Transcrição feita para esta edição               

a)   Qual é o ponto de vista defendido pelo debatedor?

Justino defende que a sociedade brasileira não tem bases éticas muito sólidas.

b)   Na frase “elas estão um pouco nebulosas”, o pronome elas se refere a quê?

Se refere à expressão bases éticas.

c)   Que figura de linguagem é utilizada pelo professor para expressar, pela segunda vez, seu ponto de vista? Por que ele a utiliza?

O professor utiliza o eufemismo. Ele utiliza essa figura de linguagem para suavizar a afirmação anterior, fazendo uma ressalva contra a generalização e ilustrando sua visão. Assim, demonstra sua incerteza em relação às bases éticas.

d)   O mediador concorda ou discorda do debatedor? Justifique sua resposta com um trecho do texto.

O mediador concorda com o debatedor. Isso se evidencia no seguinte trecho: “O senhor comentou que é como isso vai se dando quando nós não temos bases éticas sólidas e não temos tido. Aí a pergunta para a professora Marilene: não temos tido ou nunca tivemos?”. Ou seja, o mediador já exclui da sua pergunta a possibilidade de o Brasil ter bases éticas sólidas.

07 – Sobre a primeira intervenção da professora Marilene no trecho 3, responda:

a)   Marilene concorda ou discorda do posicionamento defendido pelo professor Justino?

Ela discorda do posicionamento do professor Justino.

·        Transcreva o trecho do texto que comprove sua resposta.

“Eu acho que nós temos bases éticas sólidas”.

b)   Compare a forma como a professora Marilene e o professor Justino expressam seus pontos de vista a respeito da questão: quem é mais e quem é menos contundente?

A professora Marilene é mais contundente que o Professor Justino no momento de expressar seu posicionamento. Ele faz uma afirmação, mas depois tenta suavizá-la.

c)   Quais argumentos a professora Marilene utiliza para defender seu ponto de vista?

Ela utiliza argumentos de comprovação. Cita a Constituição Federal e as declarações internacionais dos Direitos Humanos e dos Direitos das Pessoas com Deficiência, assinadas pelo Brasil, para comprovar que o país tem bases éticas fundamentadas nas leis que prescrevem direitos e deveres aos cidadãos. Também argumenta que o país participa de movimentos internacionais éticos.

d)   Nesse trecho, a professora diz: “Nós somos signatários de declarações”. Qual o significado do termo signatários?

Segundo o Grande Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, signatário é aquele que assina ou subscreve um texto, um documento, etc.

e)   É possível estabelecer uma relação entre esses argumentos e o fato de o interlocutor da professora ser da área do Direito? Justifique sua resposta.

Possivelmente, ela citou esses marcos legais, porque seu debatedor é da área do Direito. Implicitamente, ela parece chamar a atenção dele para o fato de o Brasil ter uma Constituição cidadã e ser signatário de tratados internacionais.

f)    Que reivindicação a professora faz no encerramento de sua fala? Por que ela faz esse pedido?

Ela reivindica que as questões/ações éticas no campo social tenham mais visibilidade, pois enxerga que predominam os valores negativos e a polarização de valores.

08 – Releia, no trecho 4, a primeira pergunta de Rollemberg.

a)   Com base no contexto, substitua a palavra imbuir por outra, sem alterar o sentido da questão.

“[...] como fazer o cidadão comum se convencer da necessidade da aceitação, mais do que da aceitação da necessidade de seguir esses preceitos.”

b)   Como você reformularia essa questão para que ela fosse publicada em site, por exemplo?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Como convencer o cidadão comum sobre a necessidade de agir e seguir de acordo com princípios éticos? É uma questão relacionada à educação?

09 – Qual é o ponto de concordância entre os debatedores em relação à saída para o problema da corrupção?

      Eles concordam que todos têm de assumir sua parcela de responsabilidade em relação ao problema e modificar a si e os demais no combate à corrupção.

10 – Sobre as saídas propostas pela professora Marilene, responda:

a)   Ela defende que a solução passa apenas pela educação? Justifique sua resposta.

Não. A professora acredita que a educação é um caminho. No entanto, também enfatiza a importância de práticas políticas e de políticas públicas, bem como da participação social e do comprometimento individual, para superar o problema da corrupção.

b)   Você concorda com a afirmação da professora de que todos podem mobilizar seus entornos sobre o tema da corrupção? Justifique sua resposta.

Resposta pessoal do aluno.

11 – Como o professor Justino vê o papel do Judiciário em relação às saídas para o problema da corrupção?

      Ele defende que o Judiciário pode contribuir com o combate à corrupção, principalmente em relação às medidas de responsabilização.

·        Essa visão é coerente com a visão apresentada por ele sobre a corrupção no início do debate?

Não. Ele ressalta que não cabe ao Judiciário enfrentar sozinho esse problema, uma vez que são necessárias várias ações em diferentes esferas e comprometimento social.

12 – Leia o trecho de encerramento do debate:

        Rollemberg: É um assunto que daria mais uma hora fácil de programa, mas o Diálogos na USP está chegando ao seu final. Queria agradecer muitíssimo a presença do professor Justino de Oliveira, que é professor de Direito Administrativo da Faculdade de Direito da USP, advogado, consultor jurídico e árbitro especializado em Direito Público. Muito obrigado a professora Marilene Proença Rebello de Souza, professora titular da Universidade de São Paulo, pesquisadora do programa de pós-graduação em Psicologia Escolar e Desenvolvimento humano e atual diretora do Instituto de Psicologia da USP.”

OLIVEIRA, Justino de; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Debate [2017].

Mediador: Marcello Rollemberg. São Paulo: Rádio USP FM 93,7 (SP). Debate promovido pelo programa Diálogos na USP com o tema “Especialistas discutem a postura do brasileiro diante das leis”. Publicado no site da emissora em 10

nov. 2017.  Disponível em: <https://jornal.usp.br/atualidades/especialistas-discutem-postura-do-brasileiro-diante-das-leis/>. Acesso em: 16 jul. 2018.

Transcrição feita para esta edição.

a)   Quem faz o encerramento?

É o mediador, o jornalista Marcello Rollemberg.

b)   Quais são os dois momentos do encerramento?

São a despedida e o agradecimento aos participantes.

c)   Por que há repetição de dados já apresentados na abertura do debate?

Provavelmente, o mediador repete os dados referentes à apresentação dos participantes, pois alguém da audiência pode ter começado a acompanhar o debate após a abertura.

 

 

       

 

01  

DEBATE: A POSTURA DO BRASILEIRO DIANTE DAS LEIS - PARTE 1 - DIÁLOGOS NA USP - RÁDIO USP FM 93,7 (SP) - COM GABARITO

Debate: A postura do brasileiro diante das leis” – Parte 1

TRECHO 1: Corrupção, um problema complexo

        Marcello Rollemberg, jornalista e apresentador do Diálogos na USP: Professores, antes de mais nada, muito obrigado pela presença dos senhores aqui conosco. Vamos lá [...] Segundo os dados da Organização Transparência Internacional, o Brasil ocupa o 79° lugar no ranking de corrupção do mundo entre 76 países. Já o Fórum Econômico Mundial apontou o Brasil como o quarto país mais corrupto do mundo, atrás apenas do Chade, da Bolívia e da Venezuela. São números que não dá para comemorar. [...] Professor Justino, por que estamos em uma colocação tão alar mante como essa?

        Justino de Oliveira, professor de Direito Administrativo na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo: O tema realmente é bastante complexo [...] A corrupção é daqueles problemas chamados de wicked problems (problemas complexos). Nós não vamos encontrar uma única solução e rápida para resolvermos. Então esse é um primeiro ponto.

        Rollemberg: E também não há uma única justificativa, não é?

        Justino: Exato. Ela é multifatorial. As causas da corrupção são várias. Então esse é um primeiro ponto. Segundo, eu tenho sempre um pouco de cuidado para retirar consequências desses rankings. [...] mas o que eu quero dizer: é importante sabermos onde estamos em rankings mundiais, porque as organizações mundiais hoje realmente são importantes, no sentido de nos comunicar qual é a percepção de corrupção a respeito de um determinado país. E, para se chegar nesse resultado, ou vai se indagar aos cidadãos daquele país qual é a percepção que eles têm sobre o problema ou, eventualmente, de empresas e estrangeiros que têm contato com aquele país, por exemplo, na área do comércio. Então, as pesquisas são muito diferentes, as metodologias são diferentes. Agora, as causas da corrupção, elas são inúmeras... É... talvez, até porque estamos aqui na presença da professora Marilene, um ponto de partida é saber qual é o valor da intenção.

        Rollemberg: Sim, exatamente...

        Justino: A corrupção é feita por pessoas, não é? Pessoas integram instituições. Então nós vamos dizer que a corrupção é institucional; ela pode ser sistêmica, pode ser endêmica... aí ela ganha uma grande relevância, mas a intenção é da pessoa.

TRECHO 2: Questões culturais e históricas em torno da corrupção

        Rollemberg: [...] Professora, a intenção, como disse o professor Justino, é da pessoa. Onde fica o cidadão nessa história? Ou, melhor dizendo, a cidadania e a questão ética?

        Marilene Proença Rebello de Souza, professora e diretora do Instituto de Psicologia da USP: Eu diria que, também pela Psicologia, é um problema extremamente complexo, multifatorial. Eu acho que tudo isso o professor Justino colocou. Nós temos trabalhado no campo da Psicologia com duas grandes categorias:  a constituição do significado social dos nossos atos, das nossas ações, e o sentido pessoal que nós damos para esses atos e para essas ações. E o nosso sentido pessoal é constituído no significado social. Então essa relação entre a intenção... a presença da intenção... ela tem essas duas dimensões. Ela não é algo intrínseco, psíquico, internalizado pelo indivíduo, mas é algo que vai ser constituído nas relações que esse indivíduo estabelece durante toda a sua história de vida. [...] Na medida em que a gente vai crescendo, vai se desenvolvendo, nós vamos aprendendo outras formas de relação com a realidade. Por que nós vamos aprendendo? Porque nós estamos em um meio onde essas maneiras de pensar a sociedade e a cultura e as relações sociais estão postas. Então a infração, a delinquência, as saidinhas, as escapadas, nós aprendemos isso no campo social, à medida que isso também é ensinado para nós. E aí os fatores realmente são múltiplos. Como é que esse aprendizado se dá? Por que esse aprendizado se dá?

        Rollemberg: Por quê? Então vou trazer para o professor Justino... por que esse aprendizado se dá numa sociedade como a nossa, por exemplo? Quer dizer, por que... a gente pode fazer um paralelo... esse aprendizado se dá, por exemplo, na Finlândia... ou no Chade? Ou seja, depende também da sociedade, também depende do tecido social no qual nós estamos incorporados?

        Justino: Sim, mas eu queria voltar a sua pergunta... que foi o tema da cidadania.

        Rollemberg: Sim, sim. Por favor...

        Justino: Sem dúvida, as práticas de corrupção... embora hoje elas aconteçam em uma escala global e há também uma escalada das práticas de corrupção, ao mesmo tempo em que isso traz uma reação dos países, de acordos entre países, tratados e convenções para conter e combater essa corrupção. Mas a corrupção tem a ver com a cultura de cada país, ela tem a ver com a sociedade, com o perfil de sociedade de cada país. Vamos falar de Brasil. Quando a gente pensa no Brasil, qual é a nossa história? [...] Bom, de uma maneira muito sintética, nós temos um histórico – e isso faz parte da nossa história – de espoliação, de ... Aqueles que estão no poder, eles se apropriam dos recursos que seriam públicos. Há uma apropriação privada de recursos públicos.  [...] Então você tem uma trajetória de espoliação, uma trajetória de abusos, você tem uma trajetória em que há uma luta pela sobrevivência das pessoas e o Estado vai ensinando, e ensinando muito mal as pessoas, de que elas são dependentes do Estado. Elas são dependentes do governo. É aí que nós vamos formar a base, infelizmente, ainda política da sociedade brasileira: de clientelismo, de fisiologismo, de nepotismo sem limites... Esses “ismos” todos são decorrências do abuso de um exercício de poder que deveria ser contido sobretudo por quem está no poder. [...]

        Rollemberg: Nesse ponto, professora Marilene, o sem limites...  Isso é claro para o cidadão? Ou ele faz de uma maneira quase que... inconsciente... dentro da sociedade que nós vivemos?

        Marilene: É... Talvez a gente possa pensar de uma maneira naturalizada, mais do que inconsciente. Quer dizer, a gente trata isso como uma coisa natural, como uma coisa trivial. Ah, o meu colega fez, por que eu não vou fazer? Ah eu vi alguém fazendo, deu certo. Não houve nenhum tipo de questionamento a uma deter minada atitude, não é? Então o que nós vemos é uma naturalização dos processos de corrupção na sociedade. Aí esse significado social vai se transformando no sentido pessoal. E você vai tratando, introjetando aquilo como uma coisa dos seus pares. 

OLIVEIRA, Justino de; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Debate [2017]. Mediador: Marcello Rollemberg. 

São Paulo: Rádio USP FM 93,7 (SP). Debate promovido pelo programa Diálogos na USP com o tema “Especialistas discutem a postura do brasileiro diante das leis”. Publicado no site da emissora em 10 nov. 2017.  Disponível em:

<https://jornal.usp.br/atualidades/especialistas-discutem-postura-do-brasileiro-diante-das-leis/>. Acesso em: 16 jul. 2018. Transcrição feita para esta edição.

Fonte: Língua Portuguesa – Programa mais MT – Ensino fundamental anos finais – 9° ano – Moderna – Thaís Ginícolo Cabral. p. 278-287.

Entendendo o debate:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·                   Clientelismo: prática de troca de favores entre quem detém o poder e quem vota.

·                        Endêmico: o que é restrito a determinada região.

·        Fisiologismo: prática que visa à satisfação de interesses pessoais em detrimento do bem comum.

·        Introjetar: interiorizar algo externo como se fosse constitutivo de sua personalidade.

·                        Nepotismo: favoritismo para e com parentes.

·                      Sistêmico: o que afeta todo o sistema.

02 – Após a leitura, retome as anotações que fez previamente e comente com seus colegas e professor:

a)   As palavras que você anotou em relação ao tema do debate correspondem ao que foi discutido pelos convidados do programa Diálogos na USP?

Resposta pessoal do aluno.

b)   A leitura do debate atendeu a sua expectativa de antes da leitura? Justifique.

Resposta pessoal do aluno.

03 – Imagine que você é jornalista e tenha de escrever uma breve descrição sobre esses dois trechos do debate. Como faria essa apresentação? Escreva esse texto limitando-o a quatro linhas.

      Resposta pessoal do aluno.

04 – Leia a transcrição editada da parte em que o jornalista introduz o debate.

        “Marcello Rollemberg: Bom dia! Mesmo que em tempos politicamente conturbados o discurso anticorrupção seja pauta diária, brasileiros não avaliam como graves pequenas fraudes no cotidiano, segundo um estudo da empresa Flyfrog, especializada em pesquisa de mercado. [...] Mas afinal como o brasileiro se posiciona diante das leis? Por que alguns criticam políticos e empresários que infringem a legislação, mas são capazes de atos ilícitos, desculpando-se por serem menos graves? Justamente para entendermos como se dá a aplicação e a compreensão das leis no Brasil, o Diálogos da USP recebe agora os professores Gustavo Justino de Oliveira, professor de Direito Administrativo na Faculdade de Direito da USP [Universidade de São Paulo]. Ele é advogado, consultor jurídico e árbitro especializado em direito público e ministra curso sobre corrupção na administração pública no mestrado e doutorado na Faculdade de Direito da USP. Essa disciplina é ofertada pela primeira vez no Brasil. E a professora Marilene Proença Rebello de Souza, professora titular da Universidade de São Paulo, pesquisadora do programa de pós-graduação em Psicologia escolar e do Desenvolvimento Humano no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo e ela é também a atual diretora do Instituto de Psicologia da USP.

OLIVEIRA, Justino de; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Debate [2017]. Mediador: Marcello Rollemberg. São Paulo: Rádio USP FM 93,7 (SP). De bate promovido pelo programa Diálogos na USP com o tema “Especialistas discutem a postura do brasileiro diante das leis”. Publicado no site da emissora em 10 nov. 2017.  Disponível em: <https://jornal.usp.br/atualidades/especialistas-discutem-postura-do-brasileiro-diante-das-leis/>. Acesso em: 16 jul. 2018. Transcrição feita para esta edição.

a)   Com base na introdução, o que parece ter motivado a escolha do tema do debate?

O estudo da empresa Flyfrog parece ter sido o mote para o tema do debate no programa Diálogos na USP.

b)   Retome as duas perguntas feitas nesta introdução. Qual é a função das duas perguntas nesta introdução?

É apresentar o tema, norteando as questões iniciais do debate. Além disso, as perguntas evidenciam ao ouvinte/leitor a delimitação do tema, ou seja, o debate tratará da corrupção na sociedade brasileira.

Diálogos na USP

        Criado em 2016, o programa Diálogos na USP faz parte da programação da rádio universitária dessa instituição de ensino e pesquisa. O objetivo do programa é discutir temas que estão em pauta na sociedade. É comum pesquisadores da USP participarem do programa para debater temas da Ciência, do país e do mundo, oferecendo sua visão a respeito dos assuntos e propiciando a reflexão dos ouvintes. O acervo do programa pode ser encontrado na Internet.

Disponível em: <https://jornal.usp.br/tag/dialogos-na-usp/>. Acesso em: 12 jun. 2019.

c)   Nessa introdução também são apresentados, em debate, o currículo dos debatedores. Com que propósito essa forma de apresentação é feita aos ouvintes/leitores? 

Com o propósito de convencê-los de que eles são pessoas que têm formação e credibilidade para tratar do tema.

05 – Considerando os participantes do debate, responda:

a)   Qual é o papel do jornalista Marcello Rollemberg no debate?

O jornalista Marcello Rollemberg faz a moderação ou a mediação do debate.

·        O que ele propõe aos convidados?

Ele propõe questões aos convidados, determinando a vez de cada um falar. Há momentos ainda em que ele procura sintetizar a fala dos convidados.

b)   Justino de Oliveira e Marilene de Souza foram convidados a participar do programa. Que fatores profissionais justificam o convite feito a eles?

Ambos são professores da Universidade de São Paulo “a rádio pertence à instituição) onde atuam em pesquisas relacionadas ao tema que é desenvolvido no programa, embora sejam de faculdades e áreas diferentes. O professor Justino Oliveira é professor de Direito Administrativo, com pesquisas ligadas à administração pública e participação popular. Já Marilene Proença Rebello de Souza é professora de Psicologia e estuda temas ligados à Psicologia Escolar e Desenvolvimento Humano.

06 – No primeiro parágrafo do texto transcrito, o jornalista cita dados a respeito do tema em debate.

a)   Quais são esses dados?

São dados referentes à colocação do Brasil nos Índices Globais de Corrupção.

b)   Quais são as fontes de informação?

São a Organização Transparência Internacional e o Fórum Econômico Mundial.

c)   Por que ele menciona esses dados?

Porque quer introduzir o tema e mostrar aos ouvintes a relevância da corrupção para o debate.

d)   Como o professor Justino recebe esses dados iniciais mencionados pelo jornalista?

Ele recebe os dados com certa reserva, problematizando as metodologias dessa pesquisas e destacando que elas se referem à percepção sobre a corrupção.

e)   Você diria que o professor expõe o posicionamento sobre os dados iniciais de maneira polida?

Sim. Ele comenta “eu sempre tenho um pouco de cuidado para retirar consequências desses ranking”, empregando a expressão um pouco para modalizar seu discurso. Além disso, ele pondera os aspectos positivos e negativos desses rankings.

07 – O debate é um texto que vai se construindo coletivamente à medida que a interação avança. Por isso, há retomadas do tema, desvios em relação à pergunta proposta acréscimos. Releia os quatro primeiros parágrafos para observar esses movimentos. Então, responda:

a)   Como o professor reage à primeira pergunta do jornalista?

O professor se desvia da pergunta do apresentador. No lugar de responder diretamente à questão, destaca que o problema é complexo, deixando implícito que não há uma única causa para o país ocupar essa colocação nos índices.

b)   Por que o professor destaca duas vezes que o problema da corrupção é complexo?

Porque ele deseja que o ouvinte compreenda o quão complexo é o tema que vão discutir. Ao mesmo tempo, revela sua visão sobre o assunto ao apresentador.

c)   Por meio da segunda pergunta do jornalista, é possível afirmar que ele compreendeu o primeiro ponto colocado pelo professor? Justifique.

Sim. O apresentador compreendeu que o professor enxerga a corrupção como algo complexo, porque infere que, se não há uma única solução, também não há uma única justificativa.

08 – Leia o texto a seguir sobre o que faz um psicólogo e responda às questões:

        Saiba mais sobre o que faz um psicólogo.

        O psicólogo estuda os fenômenos psíquicos e de comportamento do ser humano por intermédio da análise de suas emoções, suas ideias e seus valores. Ele diagnostica, previne e trata doenças mentais, distúrbios emocionais e de personalidade. Ele observa e analisa as atitudes, os sentimentos e os mecanismos mentais do paciente e procura ajudá-lo a identificar as causas dos problemas e a rever comportamentos inadequados. Este profissional atua em consultórios, em hospitais e nas mais variadas instituições de saúde, contribuindo para a recuperação da saúde psicológica e física das pessoas. Em escolas, colabora na orientação educacional. É necessário registrar-se no Conselho Regional de Psicologia para exercer a profissão.

              PROFISSÕES: saúde e bem-estar. Guia do estudante e profissões: vestibular 2018. São Paulo:  Abril, [S.I.], p. 137, 2018.

a)   Com base nessa informação, qual é o papel da professora Marilene no debate?

Ela foi convidada para o debate para contribuir com seu ponto de vista a respeito da relação entre corrupção e comportamento humano.

b)   Retome o texto e transcreva o trecho em que o mediador convoca a professora Marilene para o debate.

“Agora, as causa da corrupção, elas são inúmeras... É... talvez se pudermos, porque estamos aqui na presença da professora Marilene, um ponto de partida é saber qual é o valor da intenção”.

c)   Por que ele faz menção à professora quando comenta sobre a intenção do ser humano?

Porque ele considera que a professora é, dos dois debatedores, a pessoa mais apropriada para tratar sobre o que leva alguém a ser corrupto, uma vez que é psicóloga, especialista na análise dos comportamentos e valores humanos.

d)   Levando em conta o papel que a professora desempenha no debate, em que momento ela reforça essa expectativa?

Quando ela afirma que, no campo da Psicologia, trabalha-se com duas grandes categorias: a constituição do significado social dos atos e o sentido pessoal que o ser humano dá a esses atos. Então, ela explica que uma atitude corrupta não é algo somente psíquico, como também algo relacionada à cultura e às relações sociais.

e)   Se em vez de uma psicóloga, fosse convidada uma professora de Direito, o que mudaria no debate?

Seria outro debate, com foco especial na área do Direito, Já que os dois debatedores seriam dessa mesma área.

09 – Releia o trecho a seguir e desenvolva, no caderno ou em uma folha avulsa, junto com um colega, um esquema para expor a visão da professora Marilene.

        “Marilene: [...] Nós temos trabalhado no campo da Psicologia com duas grandes categorias:  a constituição do significado social dos nossos atos, das nossas ações, e o sentido pessoal que nós damos para esses atos e para essas ações. E o nosso sentido pessoal é constituído no significado social. Então essa relação entre a intenção... a presença da intenção... ela tem essas duas dimensões. Ela não é algo intrínseco, psíquico, internalizado pelo indivíduo, mas é algo que vai ser constituído nas relações que esse indivíduo estabelece durante toda a sua história de vida. [...]”

OLIVEIRA, Justino de; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Debate [2017]. Mediador: Marcello Rollemberg. São Paulo: Rádio USP FM 93,7 (SP). De bate promovido pelo programa Diálogos na USP com o tema “Especialistas discutem a postura do brasileiro diante das leis”. Publicado no site da emissora em 10 nov. 2017.  Disponível em: <https://jornal.usp.br/atualidades/especialistas-discutem-postura-do-brasileiro-diante-das-leis/>. Acesso em: 16 jul. 2018. Transcrição feita para esta edição.

      Resposta pessoal do aluno.

10 – Em um debate, é importante compreender o posicionamento de cada um dos participantes. Relacione as afirmações aos nomes dos participantes.

I – Justino de Oliveira.

II – Marilene Proença Rebello de Souza

(II) Há uma naturalização do processo de corrupção na sociedade brasileira.

(I) É possível relacionar a corrupção à cultura de cada país.

(I) É fundamental compreender a história brasileira para entender as origens da corrupção.

(II) A corrupção não é algo inconsciente, mas algo que é aprendido nas relações sociais ao longo da vida.

11 – Em um debate, os participantes concordam e discordam sobre os pontos apresentados.

a)   Identifique um momento de concordância entre os dois participantes.

Os dois convidados concordam que a corrupção é um problema complexo, multifatorial, isso fica evidente nos seguintes trechos: “O tema é bastante complexo” (Justino); “Ela é multifatorial” (Justino); “Eu diria que, também pela Psicologia, é um problema complexo, multifatorial”. (Marilene).

b)   E qual é o momento de discordância entre os participantes nesse debate? Justifique.

Nos trechos selecionados para esta Leitura 1, não há discordância entre os dois debatedores. Mas há uma pequena discordância entre Marilene e o mediador, quando ela diz que é possível pensar em naturalização do processo de corrupção, mas não em algo inconsciente.

12 – Observe o modo como o jornalista se dirige aos debatedores e a maneira como os convidados se tratam.

a)   Que pronome de tratamento o jornalista utiliza para se dirigir aos convidados?

É o pronome senhores.

b)   Como os debatedores se dirigem um ao outro? Por quê?

Ambos se dirigem um ao outro, inserindo na frente do primeiro nome o título de professor(a), como sinal de respeito e polidez.

c)   Essas formas de tratamento revelam que a situação de comunicação é:

(X) mais formal.                           (  ) mais informal.

* Justifique sua resposta.

Elas revelam que se trata de uma situação de comunicação mais formal, em que o moderador se dirige aos debatedores em tom respeitoso e polido.

13 – Releia o seguinte trecho:

        “Marilene: [...] Na medida em que a gente vai crescendo, vai se desenvolvendo, nós vamos aprendendo outras formas de relação com a realidade. Por que nós vamos aprendendo? Porque nós estamos em um meio onde essas maneiras de pensar a sociedade e a cultura e as relações sociais estão postas. Então a infração, a delinquência, as saidinhas, as escapadas, nós aprendemos isso no campo social, à medida que isso também é ensinado para nós. E aí os fatores realmente são múltiplos. Como é que esse aprendizado se dá? Por que esse aprendizado se dá?”

OLIVEIRA, Justino de; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Debate [2017]. Mediador: Marcello Rollemberg. São Paulo: Rádio USP FM 93,7 (SP). De bate promovido pelo programa Diálogos na USP com o tema “Especialistas discutem a postura do brasileiro diante das leis”. Publicado no site da emissora em 10 nov. 2017.  Disponível em: <https://jornal.usp.br/atualidades/especialistas-discutem-postura-do-brasileiro-diante-das-leis/>. Acesso em: 16 jul. 2018. Transcrição feita para esta edição.

a)   Para quem a debatedora faz a primeira pergunta presente nesse trecho? Com qual intenção?

Ela faz a pergunta para si mesma, como estratégia para organizar seu discurso e chamar a atenção o ouvinte.

b)   As duas últimas perguntas têm a mesma finalidade? Esse propósito é alcançado?

As duas últimas perguntas também ajudam a professora a organizar sua fala e a atrair o interesse do ouvinte. No entanto, ela não consegue desenvolver a resposta, pois o mediador toma a palavra da debatedora, pedindo que o professor Justino responda às questões.  

14 – Tanto na fala como na escrita, utilizamos alguns marcadores que ajudam na construção do sentido do texto. São os chamados articuladores textuais. Com base no debate, preencha as colunas em branco do quadro a seguir. FUNÇÃOMARCADOR (expressão linguística) – QUEM UTILIZA.

Ordenar o texto em partes complementares: primeiro ponto, segundo   –   Justino.

Reformular seu próprio discurso anterior: o que eu quero dizer, quer dizer   –   Justino e Marilene.

Posicionar-se diante do que é dito pelo outro interlocutor: exatamente     –   Rollemberg.

15 – Coloque-se no lugar do mediador e formule três perguntas para prosseguir a discussão proposta pelo programa.

      Resposta pessoal do aluno.

 

 

 

 

 

  

REPORTAGEM: UMA OBRA ABERTA, ONDE PASSADO INSPIRA O FUTURO (FRAGMENTO) - CRISTINE GENTIL - COM GABARITO

 Reportagem: Uma obra aberta, onde passado inspira o futuro (Fragmento)

          Cristine Gentil – Especial para o Correio

        No início, eram o cerrado, o céu, a ideia de Juscelino Kubitschek, o traço de Lúcio Costa. E também homens e mulheres obstinados para concretizar um plano. Deu certo, mas está longe de acabar.

        [...]

        Em cada fase de suas quase seis décadas, e em todos os setores, Brasília venceu resistências, guardou referências e criou o novo. O tempo é mesmo uma janela indiscreta, que permite ao presente flertar com o passado. Por esse túnel, passam memória e inovação. Brasília transita por aí. Lá e cá, antes e durante. Vai e volta, o tempo todo. É, e será sempre, um feliz encontro de referências e também de pessoas.

GENTIL, Cristine. Uma obra aberta, onde passado inspira o futuro. Correio Brasiliense, Brasília. Edição especial. Disponível em: http://especiais.correiobraziliense.com.br/brasilia-patrimonio-vivo-arquitetura. Acesso em: 25 jul. 2019.

Fonte: Língua Portuguesa – Programa mais MT – Ensino fundamental anos finais – 9° ano – Moderna – Thaís Ginícolo Cabral. p. 346.

Entendendo a reportagem:

01 – Que características de Brasília são enumeradas na primeira oração do parágrafo inicial?

      O cerrado, o céu, a ideia de Juscelino Kubitschek e o traço de Lúcio Costa.

02 – É possível perceber um padrão que se repete na sintaxe dessa oração pelo uso de que classe gramatical de palavra? Justifique.

      Da classe dos substantivos.

03 – Nesta oração, ocorre paralelismo? Explique a sua resposta.

      Sim, além de serem substantivos, todos estão acompanhados de artigos e dois deles, de locuções adjetivas.

DIÁRIO ESCONDIDO DE SERAFINA (FRAGMENTO)- CRISTINA PORTO - COM GABARITO

 DIÁRIO ESCONDIDO DE SERAFINA(FRAGMENTO)

                 Cristina Porto


Querido esconderijo,
Eu ainda não contei nada sobre as aulas, a escola, a professora nova, chamada Catarina (que faz aniversário no dia do professor, eu perguntei), os colegas...
Quanto a eles, os colegas, só chegou um novo, de outra escola. É outro Chiquinho, que já teve caxumba, pois eu não aguentei e perguntei. Por que fiz isso? Ora, porque me lembrei daquele Chiquinho, que também estudava na minha classe, que teve caxumba, ficou uma semana sem aparecer e só então me fez descobrir o quanto eu gostava dele!
Pois é. Parece que os Franciscos estão sempre atravessando o meu caminho. Mas esse Chiquinho novo é muito mais gato que o antigo! Sabe o que mais me impressionou nele? O olhar! Que olhos, diário! Que olhos!
Com aqueles cílios longos e tão viradinhos! Ah, e o sorriso, então? Que sorriso, que dentes branquinhos ele tem! Não tem nenhum dente remontado no outro!
Será que eu vou ficar gostando desse Chiquinho também esconderijo? Será?
Bom, agora é melhor voltar para casa, porque já faz muito tempo que estou aqui, escondida, com o diário no colo e o Chiquinho novo na cabeça. Tchau.


PENSANDO SOBRE O TEXTO

01. Observe a saudação inicial do texto e releia o trecho abaixo:

“Será que eu vou ficar gostando desse Chiquinho também esconderijo? Será?”

a) A Serafina se refere algumas vezes ao “esconderijo”. Explique como seria para você esse esconderijo?

    Resposta pessoal.

b) Qual a relação entre o esconderijo e o diário? O que um tem haver com o outro? Explique:

Eles são um só. É o nome que ela deu ao seu Diário.

02.Em que época do ano escolar Serafina anotou isso em seu diário? Explique sua resposta:

É o início do ano letivo. Primeiro dia de aula.

03. Aprendemos que um diário como qualquer tipo de texto precisa de uma organização da escrita em sequência. E que essa organização pode ser cronológica, pode ser por importância de assunto ou aleatório.

a) Como foi organizado o diário de Serafina? Explique:

     Aleatório, pois falou de vários assuntos.

04. Retire do texto um trecho que comprove o uso da primeira pessoa (eu) no registro.

      “Eu ainda não contei nada sobre as aulas...”

05. Sabemos que o uso da pontuação é muito importante em qualquer tipo de texto, e que ela pode ser muito expressiva.
a) Em que momento do texto a autora conseguiu passar para você, uma emoção a mais? Observe a pontuação!

    Quando ela usa interjeição.

  b) Justifique a sua escolha:

      Ela usou a interjeição quando estava suspirando pelo novo Chiquinho, admirando o olhar, os olhos.

06. A forma como Serafina se expressa em seu diário revela que sentimentos? Marque com um X as respostas corretas:

(  ) Raiva
( x ) alegria (  ) amor (  ) fé

(  ) confiança (  ) impaciência
( x ) curiosidade

07.  Releia a frase:
“Parece que os Franciscos estão sempre atravessando o meu caminho.”
a) Explique com suas palavras o que Serafina quis dizer com essa frase.

Resposta pessoal.

8- Durante a nossa vida utilizamos em diversos momentos a linguagem formal e a linguagem informal, observando sempre a ocasião e o objetivo que pretendemos.

a) Nesse texto que você leu que tipo de linguagem foi usada e por quê?

Linguagem informal, coloquial. Porque é uma conversa entre amigos.

9- Nas frases abaixo pinte de acordo com a legenda:

Vermelho – para os verbos.
Azul – para os substantivos.
Amarelo – para os adjetivos.

a) “...pois eu não aguentei e perguntei.”

b) “Ora, porque me lembrei daquele Chiquinho...”

c) “Com aqueles cílios longos e tão viradinhos!”