quarta-feira, 15 de julho de 2020

CRÔNICA: O RELÓGIO - RUBEM ALVES - COM GABARITO

Crônica: O relógio

            Rubem Alves

        Eu tinha medo de dormir na casa do meu avô. Era um sobradão colonial enorme, longos corredores, escadarias, portas grossas e pesadas que rangiam, vidros coloridos nos caixilhos das janelas, pátios calçados com pedras antigas… De dia, tudo era luminoso. Mas quando vinha a noite e as luzes se apagavam, tudo mergulhava no sono: pessoas, paredes, espaços. Menos o relógio… De dia, ele estava lá também. Só que era diferente. Manso, tocando o carrilhão a cada quarto de hora, ignorado pelas pessoas, absorvidas por suas rotinas. Acho que era porque durante o dia ele dormia. Seu pêndulo regular era seu coração que batia, seu ressonar, e suas músicas eram seus sonhos, iguais aos de todos os outros relógios. De noite, ao contrário, quando todos dormiam, ele acordava, e começava a contar estórias. Só muito mais tarde vim a entender o que ele dizia: “Tempus fugit”. E eu ficava na cama, incapaz de dormir, ouvindo sua marcação sem pressa, esperando a música do próximo quarto de hora. Eu tinha medo. Hoje, acho que sei por quê: ele batia a Morte. Seu ritmo sem pressa não era coisa daquele tempo da minha insônia de menino. Vinha de muito longe. Tempo de musgos crescidos em paredes húmidas, de tábuas largas de assoalho que envelheciam, de ferrugem que aparecia nas chaves enormes e negras, da senzala abandonada, dos escravos que ensinaram para as crianças estórias de além-mar “dinguele-dingue que eu vou para Angola, dingue-ledingue que eu vou para Angola” de grandes festas e grandes tristezas, nascimentos, casamentos, sepultamentos, de riqueza e decadência… O relógio batera aquelas horas – e se sofrera, não se podia dizer, porque ninguém jamais notara mudança alguma em sua indiferença pendular. Exceto quando a corda chegava ao fim e o seu carrilhão excessivamente lento se tomava num pedido de socorro: “Não quero morrer… “Aí, aquele que tinha a missão de lhe dar corda – (pois este não era privilégio de qualquer um. Só podia tocar no coração do relógio aquele que já, por muito tempo, conhecesse os seus segredos) – subia numa cadeira e, de forma segura e contada, dava voltas na chave mágica. O tempo continuaria a fugir… Todas aquelas horas vividas e morridas estavam guardadas. De noite, quando todos dormiam, elas saíam. O passado só sai quando o silêncio é grande, memória do sobrado. E o meu medo era por isto: por sentir que o relógio, com seu pêndulo e carrilhão, me chamava para si e me incorporava naquela estória que eu não conhecia, mas só imaginava. Já havia visto alguns dos seus sinais imobilizados, fosse na própria magia do espaço da casa, fosse nos velhos álbuns de fotografia, homens solenes de colarinho engomado e bigode, famílias paradigmáticas, maridos assentados de pernas cruzadas, e fiéis esposas de pé, ao seu lado, mão docemente pousada no ombro do companheiro. Mas nada mais eram que fantasmas, desaparecidos no passado, deles, não se sabendo nem mesmo o nome. “Tempus fugit”. O relógio toca de novo. Mais um quarto de hora. Mais uma hora no quarto, sem dormir… Sentia que o relógio me chamava para o seu tempo, que era o tempo de todos aqueles fantasmas, o tempo da vida que passou. Depois o sobradão pegou fogo. Ficaram os gigantescos barrotes de pau-bálsamo fumegando por mais de uma semana, enchendo o ar com seu perfume de tristeza. Salvaram-se algumas coisas. Entre elas, o relógio. Dali saiu para uma casa pequena. Pelas noites adentro ele continuou a fazer a mesma coisa. E uma vizinha que não suportou a melodia do “Tempus fugit” pediu que ele fosse reduzido ao silêncio. E a alma do relógio teve de ser desligada.

        Tenho saudades dele. Por sua tranquila honestidade, repetindo sempre, incansável, “Tempus fugit”. Ainda comprarei um outro que diga a mesma coisa. Relógio que não se pareça com este meu, no meu pulso, que marca a hora sem dizer nada, que não tem estórias para contar. Meu relógio só me diz uma coisa: o quanto eu devo correr, para não me atrasar. Com ele, sinto-me tolo como o Coelho da estória da Alice, que olhava para seu relógio, corria esbaforido, e dizia: “Estou atrasado, estou atrasado…”.

        Não é curioso que o grande evento que marca a passagem do ano seja uma corrida, corrida de São Silvestre?

        Correr para chegar, aonde?

        Passagem de ano é o velho relógio que toca o seu carrilhão.

        O sol e as estrelas entoam a melodia eterna: “Tempus fugit”.

        E porque temos medo da verdade que só aparece no silêncio solitário da noite, reunimo-nos para espantar o tenor, e abafamos o ruído tranquilo do pêndulo com enormes gritarias. Contra a música suave da nossa verdade, o barulho dos rojões…

        Pela manhã, seremos, de novo, o tolo Coelho da Alice: “Estou atrasado, estou atrasado…”.

        Mas o relógio não desiste. Continuará a nos chamar à sabedoria:

        Quem sabe que o tempo está fugindo descobre, subitamente, a beleza única do momento que nunca mais será…

Rubem Alves. Tempus fugit. São Paulo: Paulinas, 1990, p. 8-11.

              Fonte: Português – Uma proposta para o letramento – Ensino fundamental – 8ª série – Magda Soares – Ed. Moderna, 2002 – p. 91-4.

Entendendo a crônica:

01 – O narrador conta que, na infância, tinha medo de dormir na casa do avô. Que relação tinha relógio com esse medo?

      No escuro e no silêncio da noite, só o relógio não dormia, continuava batendo as horas.

02 – Só mais tarde o narrador entende por que o relógio lhe causava medo, na infância. Explique as causas que ele dá para esse medo.

a)   “Eu tinha medo. Hoje, acho que sei por quê: ele batia a Morte”. Leia o trecho que se segue a essa frase e explique: por que o bater do relógio lembrava a Morte?

Porque ele já batia em tempos passados, na época de fatos e pessoas que já tinham desaparecido, já tinham morrido.

b)   Identifique na crônica esta frase que introduz outra causa para o medo: “E o meu medo era por isto:” Isto o quê?

O bater do relógio levava a criança a perceber que fazia parte de uma história passada que ela não conhecia.

03 – O narrador declara que só mais tarde entendeu o que relógio dizia: “Só muito mais tarde vim a entender o que ele dizia: “Tempus fugit”.

a)   Relógio não fala... como o relógio dizia: “Tempus fugit”?

Batendo regularmente seu pêndulo, tocando o carrilhão a cada quarto de hora.

b)   Por que o que o relógio dizia era “Tempus fugit”?

Porque suas batidas indicam que o tempo estava passando, estava fugindo.

04 – Localize este trecho na crônica: “Todas aquelas horas vividas e morridas estavam guardadas. De noite, quando todos dormiam, elas saíam.”

a)   A expressão “horas vividas” se refere a que acontecimento? E a expressão “horas morridas”?

Horas vividas – as horas em que as pessoas tinham vivido fatos, acontecimentos (festas e tristeza, nascimentos, casamentos, sepultamentos...).

Horas morridas – as horas de acontecimentos que já tinham passado.

b)   O que fazia que as “horas vividas e morridas” saíssem, quando todos dormiam?

No silêncio da noite, o bater do relógio trazia a lembrança das horas que ele tinha marcado, no passado – lembrança das horas durante as quais as pessoas tinham vivido, fatos tinham acontecido, e lembrança das horas que tinham desaparecido no passado, tinham morrido.

05 – Localize esta frase na crônica: “Já havia visto alguns dos seus sinais imobilizados...”.

a)   “... seus sinais” – sinais de quem?

Sinais da estória passada, que a criança não conhecia.

b)   Que sinais o narrador, quando criança, já havia visto?

Marcas do passado que tinham ficado na casa, fatos de pessoas que já tinham desaparecido.

c)   Por que esses sinais estavam imobilizados?

Porque eram sinais estáticos, parados, já não tinham vida, movimento.

06 – Recorde este trecho em que o narrador explica sua saudade do relógio da casa de seu avô: “Tenho saudades dele. Por sua tranquila honestidade, repetindo sempre, incansável, ‘Tempus fugit’.” Por que o narrador considera que o relógio era honesto?

      Porque ele informava escrupulosamente, francamente, que o tempo estava fugindo.

07 – Segundo o narrador, o relógio de pulso, ao contrário do relógio da casa de seu avô, “marca a hora sem dizer nada”. Por que o relógio de pulso não diz nada?

      Porque ele é silencioso, não bate as horas, não marca com sons a passagem do tempo.

08 – Por que “é curioso” que o grande evento que marca a passagem do ano seja a corrida de São Silvestre?

      Porque, tal como a corrida de São Silvestre é um correr em direção a algum lugar, também a passagem do ano é vista como o tempo correndo em direção ao ano seguinte.

09 – Quando criança, o narrador tinha medo – recorde as duas primeiras questões. No final da crônica, o narrador fala de novo de medo, um medo que todos temos: localize este trecho: “E porque temos meda da verdade que só aparece no silêncio solitário da noite...”.

a)   Que verdade é essa de que temos medo?

O tempo está sempre fugindo.

b)   Por que esse medo aparece na noite de passagem de ano?

Porque é uma ocasião em que prestamos atenção no relógio, na passagem do tempo, esperando a meia-noite que vai marcar a chegada de outro ano.

c)   Segundo o narrador, o que fazemos para espantar esse medo?

Fazemos barulho, gritamos, soltamos rojões.

10 – Recorde este trecho no final da crônica: “Mas o relógio não desiste. Continuará a nos chamar à sabedoria.”

a)   O relógio não desiste de quê?

Não desiste de dizer que o tempo está fugindo.

b)   Que mensagem sábia nos dá o relógio?

Sabendo que o tempo está fugindo, devemos descobrir a beleza do momento presente, que é único, pois logo fugirá, logo deixará de existir.

 


CRÔNICA: BALADA DO APOSENTADO - JÔ SOARES - COM GABARITO

Crônica: Balada do aposentado

  Jô Soares

 

Depois de trabalhar toda uma vida

E descontar por mês do seu salário,

Ao ver aquela soma recolhida,

Saindo do seu bolso para o erário,

Reflete o brasileiro conformado:

“No fundo esse dinheiro volta um dia,

Isso é pra quando eu for aposentado”.

Mas saibam da verdade nua e fria:

 

Hoje, não há mais quem se aposente

Como se aposentava antigamente.

 

Por onde andam os bancos de praça

Onde os velhinhos contavam vantagem?

Já perderam de vez a sua graça,

Viraram camas para a vadiagem.

 

Se agora vai à rua o aposentado

E escapa aos golpes de uma patinete,

Acaba seu passeio, injuriado,

Sendo assaltado por algum pivete.

 

Hoje, não há mais quem se aposente

Como se aposentava antigamente.

 

Onde andarão as mesas das esquinas

Tão frequentadas por nossos avós,

Que, enquanto olhavam pernas das meninas,

Jogavam damas, cartas, dominós?

Viraram bocas de fumo, e o bondoso

Senhor que ali ficar na contramão,

Além de ser carente e bem idoso,

Ainda leva fama de doidão.

 

Hoje, não há mais que se aposente

Como se aposentava antigamente.

 

E as praias em que a areia, o sol e o sal,

Num mágico e perfeito sintetismo,

Curavam de uma forma natural

Lumbago, asma, tosse, reumatismo?

Agora, ao frequentar um balneário,

Corre risco de vida o ancião:

Lá vai ao longe o afoito octogenário

Levado pela turba do arrastão.

 

Hoje, não há mais quem se aposente

Como se aposentava antigamente.

 

E quando além de tudo ele ainda pensa

Que a aposentadoria é uma benesse,

Descobre em sobressalto pela imprensa

Que vai ter que brigar com o INSS,

Pois quando tudo indica que é direito

Os cento e quarenta e sete por cento,

Lhe dizem logo na raça e no peito

Que nunca ele verá tamanho aumento.

 

Hoje, não há mais quem se aposente

Como se aposentava antigamente.

 

É certo que ministro, funcionário,

Deputado com oito anos de plenário,

Senador ou chefes de secretaria

Têm outro tipo de aposentadoria,

Que vai ser paga, é claro, com o dinheiro

Do pobre aposentado verdadeiro.

 

São os únicos, não há dúvida, minha gente,

Que se aposentam igualzinho a antigamente.

 Jô Soares em revista Veja, de 29.04.1992.

                        Fonte: Livro – Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 8ª Série – Marilda Prates – Ed. Moderna, 2005 – p. 130/1.

Entendendo a crônica:

01 – O que pensa cada trabalhador ao ter, ao final de todo mês, no seu pagamento, uma quantia descontada com a função de um retorno no período da aposentadoria?

      Resposta pessoal do aluno.

02 – Por que Jô Soares diz que hoje não mais se aposenta como se aposentava antigamente? Procure saber e comentar.

      Resposta pessoal do aluno.

03 – Quando o homem e a mulher brasileiros podem aposentar-se no Brasil? Informe-se e comente.

      Resposta pessoal do aluno.

04 – Como viviam e por onde viviam os aposentados de antigamente? Eles era felizes? Conclua pelo texto.

      Resposta pessoal do aluno.

05 – O que acontece com os aposentados hoje, no Brasil? Como funciona o pagamento? Por que há diferenças no recebimento? Pesquise e responda.

      Resposta pessoal do aluno.

06 – Jô Soares termina a balada melancólica com uma crítica. Qual é ela? Comente-a.

      Resposta pessoal do aluno.

 


ARTIGO DE OPINIÃO : ONDE ESTÃO OS ETs? - MARCELO GLEISER - COM GABARITO

Artigo: Onde estão os ETs?

           Marcelo Gleiser

   São mais de 100 bilhões de estrelas apenas na nossa galáxia, a Via Láctea. Inúmeras observações recentes provaram que a existência de planetas não é um privilégio do nosso sistema solar, mas uma consequência corriqueira do processo de formação de estrelas.

   Na Terra, que tem em torno de 4,6 bilhões de anos, a vida surgiu bem cedo: amostras de rochas australianas contêm bactérias fossilizadas com 3,5 bilhões de anos. E, para chegar a essas bactérias, a evolução de seres vivos já devia ter começado bem antes, talvez 4 bilhões de anos atrás. Ou seja, a vida teve início por aqui tão logo as condições ambientais – temperatura, quantidade de água, nitrogênio e oxigênio – o permitiram. É difícil imaginar que o mesmo não tenha se repetido pela galáxia afora, em talvez milhões de planetas. A vida extraterrestre é, a meu ver, praticamente certa.

        E a vida inteligente? Aí já são outros quinhentos. Vários cientistas levam a possibilidade da existência de civilizações extraterrestres ultra-avançadas muito a sério. Programas como o Seti (do inglês, “Busca por Inteligência Extraterrestre”) vêm vasculhando os céus em busca de sinais de rádio gerados por outros seres inteligentes. A ideia é que outras civilizações também tenham desenvolvido tecnologias para transmitir e receber ondas de rádio, que poderiam ser captadas por antenas daqui. Dadas as absurdas distâncias interestelares, “ouvir” vida extraterrestre é uma solução muito mais em conta do que embarcar em explorações ao vivo de outros sistemas solares.

        Mesmo supondo que essas civilizações existam, estabelecer um diálogo seria muito frustrante. Imagine uma civilização em um planeta orbitando uma estrela em nossa vizinhança cósmica, a, digamos, 50 anos-luz daqui. (A Via Láctea tem um diâmetro aproximado de 100 mil anos-luz; um raio de luz – ou uma onda de rádio – demora 100 mil anos para atravessá-la, viajando a uma velocidade de 300 mil quilômetros por segundo). Se, um dia, recebermos uma transmissão de lá, ela saiu há 50 anos. Se nós a respondermos, sempre uma questão a ser considerada com muito cuidado, eles só a receberão em 50 anos. Não vai dar para muita conversa, pelo menos em uma geração.

        Até o momento, não ouvimos nada, Defensores do programa Seti argumentam que a galáxia é muito grande, que civilizações precisam de transmissores potentes para que seus sinais cheguem até nós ou que, talvez, essas civilizações não estejam interessadas em conversar conosco. Como dizia Carl Sagan, “a ausência de evidência não significa evidência de ausência”. Talvez. Muito possivelmente, a resposta está na raridade que é o desenvolvimento de inteligência dentro do processo evolucionário. Um cálculo simples mostra que, se inteligência fosse uma consequência automática da vida, nossa galáxia deveria ter milhões de civilizações, a maioria bem mais antiga e desenvolvida do que a nossa. Essas civilizações teriam tecnologias de exploração espacial que nós nem podemos ainda conceber, e a galáxia inteira já estaria colonizada por elas. A menos que nós mesmos sejamos uma criação dessas civilizações, uma possibilidade bastante absurda, não encontramos evidência da sua presença na Terra ou em outros planetas. Onde estão esses visitantes quase divinos de outros mundos?

        Se a vida não é tão rara, a inteligência, ao menos aqui na Terra, surgiu por acaso, consequência de uma série de eventos completamente aleatórios.

        É importante lembrar que os dinossauros reinaram sobre a Terra durante 150 milhões de anos. Nada indicava que essa situação fosse se alterar. Uma colisão com um asteroide ou cometa, há 65 milhões de anos, mudou o balanço da vida no planeta, criando condições para que os até então insignificantes mamíferos pudessem evoluir, enquanto os dinossauros foram extintos.

        Podemos mesmo dizer que, se a história da vida, ao menos a que podemos imaginar, é um experimento evolucionário que depende delicadamente de condições muito particulares, a história da vida inteligente depende de uma combinação de fatores que a torna extremamente rara. Quem sabe não seremos nós a civilização que irá colonizar a galáxia?

Folha de S. Paulo, Caderno Mais! São Paulo, 23 julho 2000, p. 29.

              Fonte: Português – Uma proposta para o letramento – Ensino fundamental – 8ª série – Magda Soares – Ed. Moderna, 2002 – p. 09/12.

 

Entendendo o artigo:

01 – O autor discute, no artigo, a possiblidade de existência:

·        De vida fora da Terra.

·        De vida inteligente fora da Terra. 

O que diferencia um ser que tem vida inteligente de um ser que tem apenas vida?

      Um ser que tem vida inteligente não só tem atividades e funções orgânicas, que caracterizam a vida, mas tem, além disso, capacidade de pensar, compreender, resolver problemas, atuar sobre o ambiente.

02 – O autor afirma: “Na Terra, a vida surgiu bem cedo”.

a)   Que fato revela que a vida surgiu na Terra há bilhões de anos?

A descoberta de bactérias fossilizadas com 3,5 bilhões de anos.

b)   Segundo o autor, a vida surgiu bem cedo, na Terra. Faça o cálculo, com base nos dados fornecidos pelo autor: A Terra tem em torno de 4,6 bilhões de anos; a evolução de seres vivos deve ter começado há 4 bilhões de anos.

·        Quantos anos depois da formação do planeta Terra começou a existir vida nele?

600 milhões de anos (4,6 bilhões menos 4 bilhões).

·        Explique por que o autor considera que esse número de anos indica que a vida surgiu bem cedo na Terra.

600 milhões de anos é pouco, em relação à idade da Terra, 4,6 bilhões de anos; portanto, a vida surgiu logo no início da existência da Terra.

03 – O autor diz que, em sua opinião, a vida extraterrestre é praticamente certa.

a)   A que seres vivos ele se refere, com a expressão vida extraterrestre?

A micro-organismos, micróbios, bactérias.

b)   Em que ele se baseia para afirmar que a vida extraterrestre é praticamente certa?

Se na Terra surgiram condições para o aparecimento da vida, o mesmo deve ter ocorrido em outros planetas.

04 – Segundo o autor “... ‘ouvir’ vida extraterrestre é uma solução muito mais em conta do que embarcar em explorações ao vivo de outros sistemas solares”.

a)   O que quer dizer “ouvir” vida extraterrestre?

Receber comunicação de seres extraterrestres através de som, transmitido por ondas de rádio.

b)   O que quer dizer embarcar em explorações ao vivo?

Enviar sondas, foguetes para explorar outros sistemas solares.

c)   Por que “ouvir” fica mais em conta que explorar ao vivo?

Como as distâncias entre os astros são enormes, fica muito dispendioso o envio de sondas ou foguetes para a exploração ao vivo.

05 – Por que um diálogo com extraterrestre por meio de sinais de rádio seria frustrante?

      Porque haveria um período de tempo muito longo entre a emissão e a recepção de cada mensagem.

06 – O autor constata: “Até o momento não ouvimos nada”.

a)   Que explicações os defensores do programa Seti apresentam, para justificar por que até hoje não nos chegou nenhum sinal de uma civilização extraterrestre?

A galáxia é muito grande; civilizações extraterrestres podem não ter transmissores suficientemente potentes para que suas mensagens cheguem até nós; essas civilizações podem não ter interesse em fazer contato conosco.

b)   Para o autor, qual é a provável explicação para não nos ter chegado nenhum sinal até hoje?

Não deve haver vida inteligente em outros planetas; se houvesse, seriam civilizações mais desenvolvidas que a nossa (porque em planeta mais antigos, em que a vida inteligente teria surgido mais cedo e, portanto, já estariam mais avançadas), com tecnologias de exploração espacial que já teriam possibilitado sua comunicação com a Terra.

07 – O autor cita uma frase de Carl Sagan: “A ausência de evidência não significa evidência de ausência”. Explique a aplicação dessa frase à dúvida sobre a existência, ou não, de civilizações extraterrestres:

a)   A ausência de evidência é ausência de quê?

Ausência de fatos que comprovem a existência de extraterrestres.

b)   A evidência de ausência seria evidência de quê?

Evidência de que não há civilizações extraterrestres.

08 – Em que argumento se baseia o autor para afirmar que inteligência não é consequência automática da vida?

      Se inteligência fosse consequência automática da vida, já teríamos recebido comunicação de civilizações extraterrestres, porque haveria muitas outras civilizações na nossa galáxia, em planetas em que a vida já teria evoluído para vida inteligente.

09 – Do texto, infere-se que a possibilidade de evolução dos mamíferos é que fez surgir vida inteligente na Terra.

a)   O que impediu durante milhões de anos essa evolução?

A presença dominante dos dinossauros.

b)   O autor cita o “evento aleatório” que possibilitou essa evolução. Qual foi?

Uma colisão entre a Terra e um asteroide ou cometa, que teve como consequência a extinção dos dinossauros.

10 – O autor afirma que a vida não é tão rara, mas que a vida inteligente é extremamente rara. O que faz com que a vida inteligente seja extremamente rara?

      A vida inteligente depende de uma combinação de fatores que ocorrem raramente.

11 – Após a interpretação do texto, conclua:

·        Para o autor, há ou não há vida fora da Terra?

Há vida fora da Terra.

·        Para o autor, há ou não há vida inteligente fora da Terra?

Não há evidências de que haja vida inteligente fora da Terra.


ENTREVISTA: NÓS ESTAMOS SÓS - ALEXANDRE MANSUR - COM GABARITO

Entrevista: Nós estamos sós

              Pesquisador sustenta que, à luz das novas descobertas, as chances de haver vida inteligente fora da Terra são mínimas

Alexandre Mansur

        Cada vez que um ser humano contempla uma noite de céu estrelado, a primeira questão que lhe vem à cabeça diz respeito à existência de ETs e civilizações em outros planetas. Se há tantas galáxias no universo, por que só nós estaríamos aqui? Nos últimos anos, a curiosidade sobre o tema tornou-se quase obsessiva. O paleontólogo Peter Ward e o astrônomo Donald Brownlee, ambos da Universidade de Washington, acabam de jogar uma ducha de água fria no debate. Eles são os autores do livro Rare Earth – Why Complex Life Is Uncommon in the Universe (Terra Rara – Por que a Forma Complexa de Vida é Incomum no Universo), que alcançou o oitavo lugar entre os mais vendidos nos Estados Unidos. Com base nas descobertas científicas recentes, Ward e Brownlee sustentam que a hipótese de vida inteligente fora da Terra é quase nula. “Somos produto de um lance de sorte, uma combinação única de fatores que não se repetem em nenhum outro lugar do universo conhecido”, diz Ward. Ele explicou por que nesta entrevista a VEJA.

Alexandre Mansur.

                              Fonte: Português – Uma proposta para o letramento – Ensino fundamental – 8ª série – Magda Soares – Ed. Moderna, 2002 – p. 41-3.

Entendendo a entrevista:

01 – Você leu o texto que introduz a entrevista. O texto que em geral precede as perguntas e respostas, em entrevistas jornalísticas, pretende dar ao leitor informações que motivem e orientem a leitura. Identifiquem as informações que são dadas a vocês, leitores, no texto introdutório à entrevista:

a)   O texto esclarece qual é o tema da entrevista e a perspectiva sob a qual ele será discutido:

·        Qual é o tema?

É a existência ou não de vida inteligente fora da Terra; ou: a possibilidade de vida inteligente fora da Terra é mínima.

·        Sob que perspectiva o entrevistado discutirá o tema?

Negação da existência de vida inteligente fora da Terra.

b)   O texto esclarece quem é o entrevistado e justifica por que foi escolhido para ser entrevistado:

·        Quem é o entrevistado – nome, especialidade, onde trabalha?

Peter Ward, paleontólogo, da Universidade de Washington, Estados Unidos.

·        Por que foi escolhido para ser entrevistado?

Porque escreveu um livro de sucesso sobre o tema.

02 – Para introduzir a entrevista de uma forma que desperte o interesse do leitor e o envolva no assunto, o jornalista relaciona o tema com uma experiência que é usual, comum, com a qual o leitor provavelmente se identifica: contemplar uma noite de céu estrelado. Que relação o jornalista estabelece entre a contemplação de uma noite de céu estrelado e o tema da entrevista?

      O grande número de astros no céu sugere a possibilidade de que outros sejam habitados, não só o nosso, de que haja outras civilizações.

03 – Recordem a especialidade do entrevistado: qual é a relação entre essa especialidade e o tema da entrevista?

      A paleontologia estuda as formas de vida existentes na Terra em períodos geológicos passados; por extensão, pode estudar também as possibilidades de existência de formas de vida nas condições geológicas de outros planetas.

04 – Segundo o jornalista, o entrevistado e seu parceiro jogaram “uma ducha de água fria no debate”:

a)   Em que debate?

No debate sobre a existência ou não de seres e civilizações extraterrestres; no debate entre os que acham que somos só nós no Universo e os que acham que existem outros habitantes no Universo.

b)   O que significa “jogar uma ducha de água fria” nesse debate?

Apresentar dados que desestimulam, contestam, negam os argumentos de quem defende, no debate, que existem seres e civilizações extraterrestres.

05 – Observem o título do livro publicado pelo entrevistado e seu co-autor: Terra Rara – Por que a Forma Complexa de Vida é Incomum no Universo.

a)   Com a palavra “complexa”, a que forma de vida se referem os autores? Que forma de vida NÃO seria complexa?

“Forma completa de vida” refere-se à vida inteligente, em oposição a formas elementares de vida: microrganismos (como as bactérias).

b)   O título do livro qualifica a Terra como “rara” – por que os autores consideram que a Terra é rara?

É rara porque é um planeta incomum, por ser provavelmente o único em que há vida inteligente.

06 – O jornalista acha importante informar que o livro alcançou o oitavo lugar entre os mais vendidos; que significado tem esse fato, para que seja considerado uma informação relevante para o leitor?

      Um livro que fica entre os mais vendidos é um livro que causa impacto, trata de um assunto de grande interesse para o público, tem um número grande de leitores.


TEXTO LITERÁRIO: O INDIVÍDUO E A HISTÓRIA - EUCLIDES DA CUNHA - COM GABARITO

Texto: O indivíduo e a História

                   “O que apelidamos grande homem é sempre alguém que tem a ventura de transfigurar a fraqueza individual, compondo-a com as forças infinitas da Humanidade”

Euclides da Cunha

 Cada indivíduo possui suas características próprias que o distinguem do outro. Como pessoa, pensa, vive integrado a uma família e à sociedade, está sujeito a um governo (embora nem sempre participe de sua escolha) e está sujeito às leis. Para sobreviver executa um trabalho (embora alguns vivam da exploração do trabalho alheio) e, segundo a sua situação econômica, engaja-se em um determinado grupo social. Enfim, cada indivíduo luta pelos seus próprios fins, pela sua existência e pela existência dos que lhe são próximos, constrói sua própria história. Ao mesmo tempo ocorre um movimento conjunto, resultado da ação de todos os homens, que denominamos de história do gênero humano. Portanto, a história não é estática, mas é um processo dinâmico, dialético, em que as contradições geradas pela luta entre as classes sociais conduzem às grandes transformações da sociedade. Nesse sentido, podemos afirmar que na história não há o acaso e que todas as transformações são fruto da ação dos homens e não de alguns homens apenas, os “grandes homens”, os “heróis”. Acreditar que só os “grandes homens” transformam a estrutura da sociedade e fazem a história é negar a própria história.

        De um modo geral temos a tendência ao comodismo. Esperamos que apareçam os “grandes homens”, os “heróis” que façam o que precisa ser feito e esquecemos que a história é um processo do qual participamos, quer queiramos ou não. Refugiar-se na neutralidade é uma atitude covarde e, em si, já é uma opção. Demonstra medo de enfrentar as “forças de permanência”, isto é, aqueles que, enquanto se agarram aos privilégios econômicos e políticos, pretendem manter, a qualquer custo, o seu poder de decisão, não hesitando em desumanizar, oprimir e violentar a grande maioria, reduzindo-a à condição de objeto.

  O grande desafio que a história coloca diante de nós é a luta contra as forças de permanência que pretendem deter as forças de transformação.

Paulo Cosiuc - Professor de história - Escola Comunitária, Campinas.

                         Fonte: Livro – Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 8ª Série – Marilda Prates – Ed. Moderna, 2005 – p. 123/4.

Entendendo o texto:

01 – Depois de reler o texto, procure no dicionário o significado das palavras relacionadas, escrevendo-as em seu caderno. Em seguida, escolha três delas e forme três frases, dentro do contexto estudado.

a)   Ventura: felicidade.

b)   Dinâmico: objetivos.

c)   Fins: ativo.

d)   Geradas: produzidas.

e)   Opção: livre escolha.

Resposta pessoal do aluno.

02 – O que significa construir a sua história?

      Toda pessoa faz a sua vida.

03 – Dê o significado dos adjetivos destacados, em seu caderno:

a)   Fraqueza individualpessoal.

b)   Forças infinitasincalculável.

c)   Características própriaspessoais.

d)   Trabalho alheiodos outros.

e)   Situação econômicafinanceira.

04 – O que é ser um grande homem?

      Resposta pessoal do aluno.

05 – As palavras destacadas têm sentido conotativo (figurado). Explique-os em seu caderno. E, com cada um deles, forme uma frase.

a)   Dos que lhe são próximos...

Todo o povo.

b)   Acreditar que só os grandes homens...

Homens que se destacam por seus feitos.

c)   Enfrentar as forças de permanência...

Os opressores.

06 – Que tipo de história fazem os brasileiros?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: O brasileiro está acordando de sua neutralidade. Começa a lutar por seus direitos.

07 – “Refugiar-se na neutralidade” é uma atitude covarde. Por quê?

      Porque, quer queiramos ou não, participamos do processo de transformação. E ficar em cima do muro não parece uma atitude corajosa.

08 – Você conhece homens reduzidos à condição de objeto? Comente.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: São homens que se deixam manipular pelos opressores.

09 – Quem impede o protesto do povo? Só os governantes autoritários? Ou, por vezes, a família, a escola, a Igreja também o fazem?

      O próprio sistema; a sociedade de um modo geral.

10 – Todos somos participantes da história.

a)   Como podemos lutar contra as forças de permanência?

Resposta pessoal do aluno.

b)   E nossa comunidade? Vai sair à luta, vai se arriscar, vai participar da história fugindo do comodismo e da neutralidade? Por quê? O que se faz no lugar em que você vive?

Resposta pessoal do aluno.

 

 


sábado, 11 de julho de 2020

MÚSICA(ATIVIDADES): CORUJINHA - VINÍCIUS DE MORAES - COM GABARITO

Música(Atividades): Corujinha

                                                        Vinicius de Moraes

Corujinha, corujinha

Que peninha de você

Fica toda encolhidinha

Sempre olhando não sei quê

 

O seu canto de repente

Faz a gente estremecer

Corujinha, pobrezinha

Todo mundo que te vê

Diz assim, ah, coitadinha

Que feinha que é você

 

Quando a noite vem chegando

Chega o teu amanhecer

E se o sol vem despontando

Vais voando te esconder

 

Hoje em dia andas vaidosa

Orgulhosa como quê

Toda noite tua carinha

Aparece na TV

Corujinha, coitadinha

Que feinha que é você.

Composição: Toquinho / Vinícius de Moraes.

Entendendo a canção:

01 – No decorrer da canção, o eu lírico nos revela a quem ele se dirige – Corujinha – empregando o diminutivo como recurso.

a)   Retire da canção outras palavras que também estão no diminutivo.

Peninha, encolhidinha, pobrezinha, coitadinha, feinha, carinha.

b)   Com que intenção esse recurso foi utilizado?

Para intensificar a ideia dos estados em que a coruja se encontrar.

02 – Releia a terceira estrofe:

“Quando a noite vem chegando

Chega o teu amanhecer

E se o sol vem despontando

Vais voando te esconder”.

        A que hábitos próprios da coruja a estrofe está fazendo referência?

      Aos hábitos noturnos já que as corujas andam à noite.

03 – Com que expressões o eu lírico caracteriza a corujinha?

      Encolhidinha, pobrezinha, coitadinha, orgulhosa, vaidosa, feinha.

04 – Num determinado momento o eu lírico apresenta situações contrárias para se referir a corujinha. Copie esses versos que mostram essa contrariedade.

      “Hoje em dia andas vaidosa / Orgulhosa como quê.”

05 – Por que o eu lírico diz que a corujinha está vaidosa?

      Porque ela aparece na TV à noite.

06 – Por que o eu lírico diz ter “peninha” da corujinha?

      Porque ela é muito feia.

07 – Retire do texto exemplos de:

a)   Rimas da 3ª e da 4ª estrofes e classifique-as pelo valor e pela localização.

Pobrezinha e coitadinha – POBRE (adjetivo).

Vê e você – RICA (verbo e pronome).

ABAB – intercaladas.

Chegando e despontando – POBRE (verbos).

Amanhecer e esconder – POBRE (verbos).

ABAB – intercaladas.

b)   Personificação.

(A CORUJINHA) andas vaidosa / Orgulhosa como quê.

c)   Copie a última estrofe e circule as sílabas tônicas dos verbos.

“Corujinha, coitadinha

Que feinha que é vo!”

08 – Copie um exemplo de linguagem figurada e explique seu sentido denotativo.

      “Toda noite tua carinha / Aparece na TV”. A carinha da coruja é o símbolo da seção coruja da Rede Globo, cujo horário é de filmes na madrugada.

09 – O que o eu lírico quer dizer com a repetição o 1° verso?

      Ao se dirigir à Corujinha ele intensifica o nome dela nos versos para dar ênfase.