sábado, 11 de julho de 2020

POEMA: BALADA PARA NÃO DORMIR - LOURENÇO DIAFÉRIA - COM GABARITO

POEMA: Balada para não dormir

          Lourenço Diaféria


Eu não sou criança.

Eu sou de menor.

Criança tem pai, tem mãe, tem irmão.

Eu sou de menor.

De menor tem a vida.

 

Criança tem livro com figura colorida.

De menor tem o código.

Eu sou de menor.

 

Criança aparece em anúncio bonito pedindo brinquedo.

De menor não tem disso.

De menor é no dedo puxando o gatilho.

Criança tem disco do Carequinha e do Balão Mágico.

Eu sou de menor.

 

Eu escuto o Afanázio.

Criança tem idade, faz aniversário,

apaga as velinhas.

Eu sou de menor.

Já nasci grande, sem mês e sem ano,

apago velhinhas.

Criança é bobinha.

Eu sou de menor, imponho respeito.

Criança tem gênio.

Eu tenho mania.

Eu sou de menor.

Criança tem clube.

Eu sou de menor.

Eu tenho minha "gang".

Criança tem sítio com pato, galinha,

vaca, bezerro, carneiro, cabrito.

Eu sou de menor.

 

Eu tenho tudo isso, mas ganho no grito.

Criança mergulha no azul da piscina.

Eu sou de menor.

Eu nado, me afogo, na funda lagoa.

Eu sou de menor.

 

Se toco na banda, ninguém me elogia, prestigia.

Se engraxo sapato, ninguém diz: "legal".

Eu sou de menor.

Criança depende do bolso do pai.

Eu sou de menor.

Eu guardo automóvel com cara de anjo,

divido a grana com os caras marmanjos.

Me viro, me arranjo.

Como pastel, tomo caldo de cana,

descolo hambúrguer de gente bacana.

Eu sou de menor.

 

Atravesso vitrô, eu furo parede, eu cavo buraco,

eu salto muralha, eu miro no alvo, derrubo cigarro,

endireito cano de curva espingarda,

sento na borda da escada rolante,

levanto os dois braços na montanha-russa.

Frequento os cinemas da avenida Ipiranga,

e tudo que passa eu já sei de cor.

 

 

Eu sou de menor.

Nada tem graça.

Às vezes me escalam para ser criança.

É tarde demais.

 

Eu sou de menor.

Já morreu o sol da aurora da vida,

saudades não tenho.

Eu sou de menor.

 

Sou a vidraça quebrada, pela pedra do adulto.

Sou o rosto molhado com a água da chuva.

Sou fliperama, o barraco, a marquise,

sou dois olhos mordendo a luz da vitrina,

escândalo sou sem a mó do moinho.

Eu sou o trapo enxotado da loja,

o cara suspeito empurrando carrinho.

 

Sou o discurso jamais realizado.

Sou a face clara da fortuna escondida.

Sou o cão magrela do epular desperdício.

Sou o lado contrário do cabo da faca.

Sou a garrafa vazia jogada no mar,

que volta coberta de restos da morte.

Eu sou a resposta que não espera perguntas.

 

Aqui estou. Nada mais sinto.

Apenas digo: Cuidado!

Não sou criança. Meu nome é: de menor.    

                              Lourenço Diaféria. Jornal da Tarde, 9 out. 1985.

                         Fonte: Livro – Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 8ª Série – Marilda Prates – Ed. Moderna, 2005 – p. 33-4.

Entendendo o texto:

01 – Justifique o título do poema.

      A balada é uma composição musical que pode ter caráter épico. “Para não dormir”, porque, ao invés de ser uma história para embalar o sono, o poema desperta o leitor pela gravidade da situação que apresenta.

02 – Que razões a personagem apresenta para dizer que não é criança?

      Porque não vive como outras crianças da sua idade. Falta-lhe muito e precisa lutar pela sobrevivência, quando deveria estar brincando, estudando e convivendo com a família.

03 – Que coisas ele não tem como criança?

      Família, livros, documento de identidade, brinquedos, discos, festa de aniversário, clube, sítio com animais, piscina, elogios, proteção financeira da família.

04 – Que coisas ele tem como criança?

      Só a idade, mas coisas que crianças, com vida equilibrada, não têm: arma, violência, gangue, trabalho, atividades com envolvimento ilícito, o roubo, ausência de casa, vivência de rua.

05 – Que diferença há entre ser de menor e não ser criança?

      Ser de menor: não ter atingido a maioridade. / Não ser criança: ter idade infantil, mas viver como adulto. A expressão refere-se ao fato de a criança não ter atingido a maioridade legal.

06 – O que o garoto tem por ser de menor, por não viver como criança? Por quê?

      Preocupações com a sobrevivência.

07 – Há muitos perigos em ser menor de idade? Argumente!

      Sim. Porque se não houver assistência, orientação e convivência familiar e educacional, as crianças estarão sujeitas às influências de pessoas violentas, perigosas, criminosas.

08 – Comente com muita atenção os dois últimos versos. O que há por trás deles?

      Resposta pessoal o aluno. Sugestão: Nas palavras do menino há ameaça, revolta, um grito de alerta: “Cuidado comigo! Tenho poder através da violência que me criou...”.

     

 

 

 


POESIA: BARCA BELA - ALMEIDA GARRETT - COM GABARITO

Poesia: Barca bela

              Almeida Garrett

Pescador da barca bela,

Onde vais pescar com ela,

Que é tão bela,

Ó pescador?

 

Não vês que a última estrela

No céu nublado se vela?

Colhe a vela,

Ó pescador! 


Deita o lanço com cautela.

Que a sereia canta bela...

Mas cautela,

Ó pescador!


Não se enrede a rede nela,

Que perdido é remo e vela,

Só de vê-la,

Ó pescador!

 

Pescador da barca bela,

Inda é tempo, foge dela,

Foge dela,

Ó pescador!

          De Camões a Pessoa. Douglas Tufano, org. Antologia escolar da poesia portuguesa. São Paulo, Moderna, 1994.

Fonte: Livro – Ler, entender, criar – Português – 6ª Série – Ed. Ática, 2007 – p. 232-3.

Entendendo a poesia:

01 – Almeida Garrett, poeta português, viveu entre os anos 1799 e 1854. Talvez por isso você estranhe algumas palavras que aparecem em seu poema, mas, se pensar um pouco a respeito delas, o sentido se tornará conhecido. Para isso, responda às questões que seguem:

a)   “Veja, a última estrela que estava visível não pode mais ser vista porque o céu está com muitas nuvens, que a escondem”. Copie os versos que expressam essa ideia.

          “Não vês que a última estrela / No céu nublado se vela?”

b)   Se já é noite e o céu está com muitas nuvens, é melhor o pescador não velejar. Copie os versos em que se diz ao pescador para que ele não saia para pescar.

“Colhe a vela, / Ó pescador”.

c)   Alguém poderia dizer a um pescador brasileiro: “Jogue a rede com cuidado”. Como isso está expresso na poesia?

“Deita o lanço com cautela”.

02 – Pense nas palavras enrede e rede e explique o sentido do verso em que elas estão.

      “Não se enrede a rede nela”. Deseja-se que o pescador não permita que sua rede envolva uma sereia.

03 – Existem muitos mitos sobre as sereias. Um deles afirma que, com seu canto, elas seduzem os pescadores, que em consequência ficam perdidos no mar. Considere esse mito e responda:

a)   Em quais versos da poesia esse mito está expresso?

“Que perdido é remo e vela / Só de vê-la”.

b)   Esse mito explica um pedido que é feito ao pescador. Qual é esse pedido?

O pedido para que o pescador fuja da sereia: “Inda é tempo, foge dela, / Foge dela, / Ó pescador!”.

04 – Ao ler a poesia, temos a impressão de que alguém fala com um pescador. Quais elementos da poesia confirmam essa impressão?

      Todos os verbos estão na 2ª pessoa do singular, a pessoa do discurso com quem se fala. Além disso, existe o vocativo (Ó pescador), termo que representa o interlocutor e que se repete ao longo da poesia.

05 – Fora os versos que apresentam um vocativo, isto é, um termo que representa a quem o poeta se dirige (“Ó pescador”), a poesia apresenta uma única rima. Que rima é essa?

      A rima existente entre as palavras que terminam com “ela”.

06 – Copie em seu caderno as consequências mais prováveis dessa rima única:

a)   Essa rima faz a poesia parecer uma canção popular.

b)   Essa rima possibilita que a poesia seja facilmente memorizado.

c)   Essa rima torna a poesia monótono e cansativo.

 

 


CRÔNICA: MÃE É CONTRADIÇÃO - WALCYR CARRASCO - COM GABARITO

Crônica: Mãe é contradição  

                Walcyr Carrasco

        Mãe sofre, essa é a verdade. Secretária de diretoria de uma grande empresa, ela vivia suspirando:

        — De que adianta ser mãe, se não tenho tempo para ficar com meus filhos?

        Penou para conseguir férias ao mesmo tempo que as crianças. Refugiou-se em um hotel-fazenda, O marido só comparecia nos fins de semana. Ela passou quinze dias em êxtase, vendo os três pimpolhos, de pendores artísticos, atléticos e científicos, torrarem a energia no gramado ou aprendendo a andar a cavalo. Só um momento de choque: quando Joãozinho começou a espirrar. Tinha alergia a ar puro.

        — Que mundo é esse em que vivemos? – chocou-se.

        Voltou para a cidade mais gorda (o bufê self-service do hotel era irresistível). Beijou o marido longamente:

        — Finalmente, vamos ter vida de família!

        Sentou-se no sofá, tirou os sapatos, aninhou-se. As três gracinhas não tinham, porém, nenhum talento para se comportar como aves num poleiro. Em minutos, ela descobriu, horrorizada. Que a energia gasta nos gramados seria agora exaurida no carpete. A menorzinha entrou na sala dançando. Estudava balé, a artista, O marido aplaudiu, enquanto a pequena graça apresentava pliés e jetés em frente da televisão. Ela percebeu que ia perder o melhor capítulo da novela, mas conformou-se. Qual a mãe que não se curva perante o talento da filha?

        — Que linda essa roupinha de cigana! Onde você arrumou?

        — Minhas gravatas de seda! — gritou o marido, executivo de alto nível.

        Realmente: recortadas, as gravatas faziam um belo efeito. Mal tiveram tempo de se refazer da surpresa: o cientista apareceu com um litro cheio.

        — O perfume que eu inventei!

        Uma delícia. Nem poderia deixar de ser, O aspirante a químico tinha misturado todas as fragrâncias francesas que ela, a duras penas, comprara no shopping. Nem teve tempo de gritar. Ouviu-se um barulho no banheiro, correram todos: a do meio tinha se cortado ao tentar fazer a barba. Sim, a barba! O pai quis explicar, durante o curativo:

        — Menina não tem barba!

        — Mas eu quero ter!

        — Ai, meu Deus! - gemeu a mãe.

        Os pais foram se deitar exaustos, as maravilhas reclamando que era cedo. No dia seguinte o marido começou a chegar mais tarde. Dava um jeito de ficar trabalhando até as crianças estarem cansadas. Ela resistiu, apavorada.

        — E quando eu voltar a trabalhar?

        Retomou esgotada. O chefe, um francês irritadiço, dava pito ao vê-la distraída, preocupada. Passava o dia em linha direta com a empregada.

        — O Joãozinho fez um doce de banana, pimenta. ketchup e chocolate, e diz que vai comer. E se ele morre?

        — A menorzinha só quer salsicha com Coca-Cola, nada de arroz e feijão!

        — A do meio está tomando banho faz duas horas e não quer sair!

        Voltava para encontrar uma dançando no seu colchão, outra brincando no elevador do prédio. Quase se ajoelhou quando a empregada ameaçou ir embora porque o garoto quis criar uma aranha num aquário. O chefe reclamou que ela não saía do telefone. O marido, que o apartamento tinha virado uma bagunça. Lamentava-se.

        — Que férias demoradas!

        Cada vez que ouvia a expressão “volta às aulas”, sorria de satisfação. Com alívio, acertou a velha rotina: acorda cedíssimo, faz o café, se maquia e se penteia. Leva a menorzinha de carro para a aula de balé, enquanto os outros vão no ônibus escolar. Foge no almoço para deixar os maiores no curso de inglês. Uma amiga com quem faz revezamento os recolhe. Volta à noitinha e prepara o jantar. Em casa, todos são unânimes, sua comida dá de dez na da empregada. Passa as camisas do marido, pois a doméstica “nunca acerta o colarinho”, e ele, afinal, é um executivo de futuro. Quando vê os olhinhos dos pimpolhos apertados de sono. Sente ondas de felicidade.

        — Finalmente, posso descansar!

        Mentira. Não tem coragem de falar, mas pensa:

        — Eu, trabalhando o dia todo! As crianças na escola! Quando é que vamos ter uma vida em família?

        Já sonha com o fim do ano:

        — Ah, que saudades das férias!

        Ser mãe é uma eterna contradição.

Walcyr Carrasco

Entendendo a crônica:

01 – De acordo com o texto, a mãe passa o dia todo no trabalho, o marido só aparecia nos fins de semana e as crianças na escola. Ela pensava em ter pelo menos um momento:  

a)   Com o marido.

b)   Com os filhos.                                                  

c)   Em família.

d)   De descanso. 

02 – No trecho “Ela passou quinze dias em estado de alegria, vendo os três pimpolhos, de pendores artísticos, atléticos e científicos, torrarem a energia no gramado ou aprendendo a andar a cavalo.” A expressão “ESTADO DE ALEGRIA” pode ser substituída por:

a)   Êxtase.

b)   Arrebatar.                                                             

c)   Encolerizar.

d)   Absorver.

03 – O que gerou a situação conflituosa da história foi:

a)   A mãe não ter tempo para ficar com os filhos.

b)   A mãe passar o dia todo fora da casa.

c)   O marido só aparecer nos fins de semana.

d)   Os filhos passarem o tempo todo na escola. 

04 – No trecho “Ai, meu Deus!” Essa fala é de qual personagem?

a)   Do narrador. 

b)   Do pai.                                                   

c)   Da mãe.

d)   Da empregada.

05 – O assunto do texto é:

a)   Mãe é insubstituível.

b)   A saudade dos filhos.                                        

c)   Vida em família.

d)   Ausência dos pais.

06 – No trecho “Cada vez que ouvia a expressão “volta às aulas”, sorria de satisfação”, o uso da expressão em destaque revela:

a)   A rotina.

b)   O alívio.                                                             

c)   A alegria.

d)   O enfado.

07 – A expressão “Vê os olhinhos dos pimpolhos apertados de sono”, essa expressão significa:

a)   Descanso.

b)   Felicidade.                                                        

c)   Comodidade.

d)   Afeto.

08 – O trecho que há uma passagem irônica é: 

a)   Penou para conseguir férias ao mesmo tempo que as crianças.

b)   As três gracinhas não tinham, porém, nenhum talento para se comportar como aves num poleiro.

c)   Joãozinho começou a espirrar.

d)   A menina queria ter barba.

09 – A mãe resolveu tirar férias com os filhos porque:

a)   A distância entre mãe e filhos parecia se resolver desta forma.

b)   Era a forma de se estar mais em família.

c)   Queria compensar sua ausência de mãe.

d)   Queria nesse momento está mais perto dos filhos.

10 – A finalidade desse texto é:

a)   Mostrar a falta que os pais fazem no convívio e educação dos filhos.

b)   Mostrar que a falta dos pais não comprometem na educação dos filhos.

c)   Mostrar que os filhos hoje crescem longe dos pais.

d)   Mostrar que os filhos vivem mais com a empregada do que com os pais.

11 – A tese defendida no texto é:

a)   Que a distância dos pais pode comprometer na educação dos filhos.

b)   Passar as férias juntos como os filhos é uma forma de resolver esse problema.

c)   Viver mais em família é uma forma de acompanhar o crescimento dos filhos.

d)   Consolidar trabalho e família, para viver mais perto dos filhos.

12 – Qual a tese argumentada no texto que sustenta a decisão tomada pela mãe em tirar férias com os filhos?

a)   A mãe junto com os filhos sente-se feliz, descansa com eles e vê dispender suas energias.

b)   Para acompanhar o momento de lazer e as travessuras dos filhos.

c)   Para se sentir mãe e vê os filhos dispenderem suas energias.

d)   Para matar a saudade do convívio com os filhos e a vida em família.

13 – Para você, o que é ter uma “Vida de família”? Hoje, a maioria das pessoas tem esse tipo de vida? Por quê?

      Resposta pessoal do aluno.

                                           Fonte: https://comunicaoeexpresso.blogspot.com

 


TEXTO - O POVO - EÇA DE QUEIROZ - COM GABARITO

Texto: O povo

         Eça de Queiroz

    Há no mundo uma raça de homens com instintos sagrados e luminosos, com divinas bondades do coração, com uma inteligência serena e lúcida, com dedicações profundas, cheias de amor pelo trabalho e de adoração pelo bem, que sofrem, e se lamentam em vão.

        Estes homens são o Povo.

        Estes homens, sob o peso do calor e do sol, transidos pelas chuvas, e pelo frio, descalços, mal nutridos, lavram a terra, revolvem-na, gastam a sua vida, a sua forca, para criar a pão, o alimento de todos.

        Estes são o Povo, e são os que nos alimentam.

        Estes homens vivem nas fábricas, pálidos, doentes, sem família, sem doces noites, sem um olhar amigo que os console, sem ter o repouso do corpo e a expansão da alma, e fabricam o linho, o pano, a seda, os estofos.

        Estes homens são o Povo, e são os que nos vestem.

        Estes homens vivem debaixo das minas, sem o sol e as doçuras consoladoras da Natureza, respirando mal, comendo pouco, sempre na véspera da morte, rotos, sujos, curvados, e extraem o metal, o minério, o cobre, o ferro, e toda a matéria das indústrias.

        Estes homens são o Povo, e são as que nos enriquecem.

        Estes homens, nos tempos de lutas e de crises, tomam as velhas armas da Pátria e vão, dormindo mal, com marchas terríveis, a neve, a chuva, ao frio, nos calores pesados, combater e morrer longe dos filhos e das mães, sem ventura, esquecidos, para que nós conservemos o nosso descanso opulento.

        Estes homens são o Povo, e são os que nos defendem.

        Estes homens formam as equipagens dos navios, são lenhadores, guardadores de gado, servos mal retribuídos e desprezados.

        Estes homens, são os que nos servem.

        E por isso que os que tem coração e alma, e amam a Justiça, devem lutar e combater pelo Povo.

        E ainda que não sejam escutados, tem na amizade dele uma consolação suprema.

  O povo. José Maria Eça de Queiroz. In: Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro.

                        Fonte: Livro – Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 8ª Série – Marilda Prates – Ed. Moderna, 2005 – p. 132/4.

Entendendo o texto:

01 – O autor apresenta “O povo”. Que características são citadas?

      Instintos sagrados e luminosos, divinas bondades, inteligência serena e lúcida, com dedicações profundas.

02 – O lamento do povo é em vão? Por quê?

      Seu lamento não é ouvido pelas autoridades. Poucas reivindicações são atendidas.

03 – No desenvolvimento, o autor se refere a quatro tipos de homens, com relação a sua profissão. Cite-os.

      Lavradores, operários, mineiros, soldados.

04 – Indique o tipo de vida e de trabalho dos lavradores.

      Os lavradores sofrem com o calor do sol, com a chuva e o frio. Não têm boa alimentação e nem vestimentas dignas.

05 – Fale sobre a vida dos operários.

      Os operários vivem nas fábricas, pálidos porque não apanham a luz do sol. Muitas vezes sem família e maiores alegrias.

06 – Como trabalham os mineiros?

      Os mineiros vivem nas minas, respirando mal, sema luz do sol, e as belezas da natureza. Vivem sujos, rotos e curvados.

07 – A vida dos soldados é dura? Comprove com frases do texto.

      “Estes homens, nos tempos de lutas e crises, tomam as velhas armas da Pátria, e vão, dormindo mal, com marchas terríveis, à neve, à chuva, ao frio, nos calores pesados, combater e morrer longe dos filhos e das mães, sem ventura, esquecidos...”

08 – Entre esses homens há uma característica comum. Qual é ela?

      A vida muita sofrida.

09 – Quem deve lutar por esse povo sofrido?

      Aqueles que têm coração e sentimento (alma) e amam a justiça.

10 – Os que lutam pelo povo podem não ser ouvidos em suas reivindicações. Por quem?

      Pelas autoridades.

11 – Mesmo não sendo ouvidos, esses reivindicadores, em nome do povo, terão uma recompensa. Qual?

      A amizade do povo.


NOTÍCIA: ECOSSISTEMAS URBANOS - GENEBALDO F. DIAS - COM GABARITO

NOTÍCIA: Ecossistemas urbanos

           Genebaldo F. Dias

        As cidades brasileiras, em sua absoluta maioria, padecem dos males da falta de planejamento urbano, da carência dos serviços essenciais de saneamento e da incompetência gerencial. Mergulhadas em crises financeiras crônicas, as nossas cidades não têm oferecido perspectivas de melhoria da qualidade de vida aos seus habitantes. O mau uso dos parcos recursos financeiros disponíveis – quando estes não vão engrossar fortunas – aliado a entraves políticos e burocráticos empurraram a maioria das grandes cidades brasileiras para buracos profundos, de onde só sairão com grandes sacrifícios.

        Problemas ligados à coleta e tratamento de lixo, à destinação de resíduos perigosos, poluição do ar, abastecimento de água, habitação, saúde e educação, dentre outros, só tenderão a aumentar, caso permaneça o atual contexto de sustentação do modo de desenvolvimento adotado e a forma de diálogo Norte-Sul dos nossos credores.

        O nosso país foi apontado no Relatório 90 do Banco Mundial como o terceiro do mundo em má qualidade de vida, na frente apenas de Serra Leoa e Honduras. A falta de saneamento e as condições de nutrição e moradia nos levaram a um povo doente (65% das internações hospitalares são provocadas por doenças decorrentes de saneamento básico inadequado). São dez milhões de brasileiros com esquistossomose, seis milhões com doença de Chagas, cinco milhões de doentes mentais... e por aí seguem os dados da OMS.

                                   Genebaldo F. Dias. “Educação ambiental: princípios e práticas”. In: Agenda Ecológica/97.

                        Fonte: Livro – Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 8ª Série – Marilda Prates – Ed. Moderna, 2005 – p. 150/1.

Entendendo o texto:

01 – Explique o que é:

a)   Ecossistema urbano: Ecossistema é o conjunto dos relacionamentos mútuos entre o ambiente, a flora, a fauna e os micro-organismos.

b)   Planejamento urbano: Organização, planejamento da cidade pera evitar que ela cresça desordenadamente ou para resolver outros problemas.

c)   Saneamento básico: Conjunto de medidas para assegurar as condições sanitárias essenciais à qualidade de vida da população, como a canalização do esgoto, por exemplo.

d)   Incompetência gerencial: Falta de habilidade para gerenciar.

e)   Qualidade de vida: Existência em condições ideais, em que as necessidades humanas básicas são atendidas.

f)    Entraves políticos e burocráticos: Dificuldades, impedimentos causados por problemas políticos ou burocráticos (relativos a organizações rígidas e malconduzidas).

02 – “Mergulhadas em crises financeiras crônicas, as nossas cidades não têm oferecido perspectivas de qualidade de vida aos seus habitantes”. O verbo mergulhar está sendo empregado em sentido conotativo. Explique o seu significado no texto.

      Envolvidas por crises financeiras crônicas...

03 – O verbo engrossar é também usado em sentido conotativo. Explique o significado em que esse verbo é empregado no texto.

      Fazer aumentar, fazer crescer fortunas.

04 – Dê um antônimo de parcos.

      Abundantes.

05 – “O mau uso dos parcos recursos financeiros disponíveis – quando estes não vão engrossar fortunas – aliado a entraves políticos e burocráticos empurraram a maioria das grandes cidades brasileiras para buracos profundos, de onde só sairão com grandes sacrifícios”.

a)   Que expressão o pronome demonstrativo estes substitui?

Parcos recursos financeiros.

b)   Identifique o elemento aliado a entraves políticos e financeiros.

O mau uso dos parcos recursos financeiros disponíveis.

c)   Quem ou o que empurrou “a maioria das grandes cidades brasileiras para buracos profundos”?

O mau uso dos parcos recursos financeiros disponíveis aliado a entraves políticos e burocráticos.

d)   Na frase acima, são indicados dois possíveis destinos para os “parcos recursos financeiros disponíveis”. Identifique-os.

Podem ser simplesmente mal-empregados ou ainda desviados, usados para engrossar fortunas.

06 – Observe novamente os elementos apresentados:

·        O mau uso dos recursos;

·        O engrossamento de fortunas;

·        Os entraves políticos e burocráticos.

Agora, reescreva a frase do texto, sem usar os travessões e sem mudar o sentido original da frase.

      O mau uso dos recursos, ou a sua utilização para o engrossamento de fortunas, aliado aos entraves políticos e burocráticos empurraram.

07 – Explique a função da frase apresentada entre travessões.

      Apresentar uma alternativa ao primeiro uso mencionado dos parcos recursos disponíveis.

08 – Leia novamente o segundo parágrafo e responda:

a)   Por quem é adotado o “modo de desenvolvimento” mencionado no texto?

Pelo Brasil.

b)   Pelos problemas mencionados, podemos concluir que o modo de desenvolvimento adotado favorece ou não a qualidade de vida? Por quê?

Não favorece, pois não privilegia as necessidades básicas do ser humano.

09 – Leia novamente o último parágrafo e responda: Qual o efeito causado pelo autor ao mencionar Serra Leoa e Honduras?

      Indicar que o Brasil está muito atrasado no que diz respeito à manutenção da qualidade de vida, já que os países mencionados são subdesenvolvidos.

10 – O título do texto indica que a má qualidade de vida nos centros urbanos é também uma questão ambiental. Por quê?

      Porque a expressão ecossistemas urbanos ressalta o fato de que a vida nos centros urbanos também deve obedecer a um certo equilíbrio, se quisermos manter a qualidade de vida.