terça-feira, 12 de junho de 2018

CONTO: PAI CONTRA MÃE - MACHADO DE ASSIS - COM GABARITO

Conto: Pai contra Mãe
 
                           Machado de Assis


        A ESCRAVIDÃO levou consigo ofícios e aparelhos, como terá sucedido a outras instituições sociais. Não cito alguns aparelhos senão por se ligarem a certo ofício. Um deles era o ferro ao pescoço, outro o ferro ao pé; havia também a máscara de folha-deflandres. A máscara fazia perder o vício da embriaguez aos escravos, por lhes tapar a boca. Tinha só três buracos, dois para ver, um para respirar, e era fechada atrás da cabeça por um cadeado. Com o vício de beber. Perdiam a tentação de furtar, porque geralmente era dos vinténs do senhor que eles tiravam com que matar a sede, e aí ficavam dois pecados extintos, e a sobriedade e a honestidade certas. Era grotesca tal máscara, mas a ordem social e humana nem sempre se alcança sem o grotesco, e alguma vez o cruel. Os funileiros as tinham penduradas, à venda, na porta das lojas. Mas não cuidemos de máscaras. O ferro ao pescoço era aplicado aos escravos fujões. Imaginai uma coleira grossa, com a haste grossa também à direita ou à esquerda, até ao alto da cabeça e fechada atrás com chave. Pesava, naturalmente, mas era menos castigo que sinal. Escravo que fugia assim, onde quer que andasse, mostrava um reincidente, e com pouco era pegado.
        Há meio século, os escravos fugiam com frequência. Eram muitos, e nem todos gostavam da escravidão. Sucedia ocasionalmente apanharem pancada, e nem todos gostavam de apanhar pancada. Grande parte era apenas repreendida; havia alguém de casa que servia de padrinho, e o mesmo dono não era mau; além disso, o sentimento da propriedade moderava a ação, porque dinheiro também dói. A fuga repetia-se, entretanto. Casos houve, ainda que raros, em que o escravo de contrabando, apenas comprado no Valongo, deitava a correr, sem conhecer as ruas da cidade. Dos que seguiam para casa, não raro, apenas ladinos, pediam ao senhor que lhes marcasse aluguel, e iam ganhá-lo fora, quitandando.
        Quem perdia um escravo por fuga dava algum dinheiro a quem lho levasse. Punha anúncios nas folhas públicas, com os sinais do fugido, o nome, a roupa, o defeito físico, se o tinha, o bairro por onde andava e a quantia de gratificação. Quando não vinha a quantia, vinha promessa: "gratificar-se-á generosamente", -- ou "receberá uma boa gratificação". Muita vez o anúncio trazia em cima ou ao lado uma vinheta, figura de preto, descalço, correndo, vara ao ombro, e na ponta uma trouxa. Protestava-se com todo o rigor da lei contra quem o acoutasse.
        Ora, pegar escravos fugidios era um ofício do tempo. Não seria nobre, mas por ser instrumento da força com que se mantêm a lei e a propriedade, trazia esta outra nobreza implícita das ações reivindicadoras. Ninguém se metia em tal ofício por desfastio ou estudo; a pobreza, a necessidade de uma achega, a inaptidão para outros trabalhos, o acaso, e alguma vez o gosto de servir também, ainda que por outra via, davam o impulso ao homem que se sentia bastante rijo para pôr ordem à desordem.
        Cândido Neves, -- em família, Candinho, -- é a pessoa a quem se liga a história de uma fuga, cedeu à pobreza, quando adquiriu o ofício de pegar escravos fugidos. Tinha um defeito grave esse homem, não aguentava emprego nem ofício, carecia de estabilidade; é o que ele chamava caiporismo. Começou por querer aprender tipografia, mas viu cedo que era preciso algum tempo para compor bem, e ainda assim talvez não ganhasse o bastante; foi o que ele disse a si mesmo. O comércio chamou-lhe a atenção, era carreira boa. Com algum esforço entrou de caixeiro para um armarinho. A obrigação, porém, de atender e servir a todos feria-o na corda do orgulho, e ao cabo de cinco ou seis semanas estava na rua por sua vontade. Fiel de cartório, contínuo de uma repartição anexa ao Ministério do Império, carteiro e outros empregos foram deixados pouco depois de obtidos.
        Quando veio a paixão da moça Clara, não tinha ele mais que dívidas, ainda que poucas, porque morava com um primo, entalhador de ofício. Depois de várias tentativas para obter emprego, resolveu adotar o ofício do primo, de que aliás já tomara algumas lições. Não lhe custou apanhar outras, mas, querendo aprender depressa, aprendeu mal. Não fazia obras finas nem complicadas, apenas garras para sofás e relevos comuns para cadeiras. Queria ter em que trabalhar quando casasse, e o casamento não se demorou muito.
        Contava trinta anos. Clara vinte e dois. Ela era órfã, morava com uma tia, Mônica, e cosia com ela. Não cosia tanto que não namorasse o seu pouco, mas os namorados apenas queriam matar o tempo; não tinham outro empenho. Passavam às tardes, olhavam muito para ela, ela para eles, até que a noite a fazia recolher para a costura. O que ela notava é que nenhum deles lhe deixava saudades nem lhe acendia desejos. Talvez nem soubesse o nome de muitos. Queria casar, naturalmente. Era, como lhe dizia a tia, um pescar de caniço, a ver se o peixe pegava, mas o peixe passava de longe; algum que parasse, era só para andar à roda da isca, mirá-la, cheirá-la, deixá-la e ir a outras.
        O amor traz sobrescritos. Quando a moça viu Cândido Neves, sentiu que era este o possível marido, o marido verdadeiro e único. O encontro deu-se em um baile; Tal foi -- para lembrar o primeiro ofício do namorado, -- tal foi a página inicial daquele livro, que tinha de sair mal composto e pior brochado. O casamento fez-se onze meses depois, e foi a mais bela festa das relações dos noivos. Amigas de Clara, menos por amizade que por inveja, tentaram arredá-la do passo que ia dar. Não negavam a gentileza do noivo, nem o amor que lhe tinha, nem ainda algumas virtudes; diziam que era dado em demasia a patuscadas.
        -- Pois ainda bem, replicava a noiva; ao menos, não caso com defunto. --Não, defunto não; mas é que...
        Não diziam o que era. Tia Mônica, depois do casamento, na casa pobre onde eles se foram abrigar, falou-lhes uma vez nos filhos possíveis. Eles queriam um, um só, embora viesse agravar a necessidade.
        -- Vocês, se tiverem um filho, morrem de fome, disse a tia à sobrinha.
        -- Nossa Senhora nos dará de comer, acudiu Clara. Tia Mônica devia ter-lhes feito a advertência, ou ameaça, quando ele lhe foi pedir a mão da moça; mas também ela era amiga de patuscadas, e o casamento seria uma festa, como foi.
        A alegria era comum aos três. O casal ria a propósito de tudo. Os mesmos nomes eram objeto de trocados, Clara, Neves, Cândido; não davam que comer, mas davam que rir, e o riso digeria-se sem esforço.
        Ela cosia agora mais, ele saía a empreitadas de uma cousa e outra; não tinha emprego certo.
        Nem por isso abriam mão do filho. O filho é que, não sabendo daquele desejo específico, deixava-se estar escondido na eternidade. Um dia. Porém, deu sinal de si a criança; varão ou fêmea, era o fruto abençoado que viria trazer ao casal a suspirada ventura. Tia Mônica ficou desorientada, Cândido e Clara riram dos seus sustos.
        -- Deus nos há de ajudar, titia, insistia a futura mãe.
        A notícia correu de vizinha a vizinha. Não houve mais que espreitar a aurora do dia grande. A esposa trabalhava agora com mais vontade, e assim era preciso, uma vez que, além das costuras pagas, tinha de ir fazendo com retalhos o enxoval da criança. À força de pensar nela, vivia já com ela, media-lhe fraldas, cosia-lhe camisas. A porção era escassa, os intervalos longos. Tia Mônica ajudava, é certo, ainda que de má vontade.
        -- Vocês verão a triste vida, suspirava ela.
        -- Mas as outras crianças não nascem também? perguntou Clara.
        -- Nascem, e acham sempre alguma cousa certa que comer, ainda que pouco...
        -- Certa como?
        -- Certa, um emprego, um ofício, uma ocupação, mas em que é que o pai dessa infeliz criatura que aí vem gasta o tempo?
        Cândido Neves, logo que soube daquela advertência, foi ter com a tia, não áspero mas muito menos manso que de costume, e lhe perguntou se já algum dia deixara de comer.
        -- A senhora ainda não jejuou senão pela semana santa, e isso mesmo quando não quer jantar comigo. Nunca deixamos de ter o nosso bacalhau...
        -- Bem sei, mas somos três.
        -- Seremos quatro.
        -- Não é a mesma cousa.
        -- Que quer então que eu faça, além do que faço?
        -- Alguma cousa mais certa. Veja o marceneiro da esquina, o homem do armarinho, o tipógrafo que casou sábado, todos têm um emprego certo... Não fique zangado; não digo que você seja vadio, mas a ocupação que escolheu é vaga. Você passa semanas sem vintém.
        -- Sim, mas lá vem uma noite que compensa tudo, até de sobra. Deus não me abandona, e preto fugido sabe que comigo não brinca; quase nenhum resiste, muitos entregam-se logo.
        Tinha glória nisto, falava da esperança como de capital seguro. Daí a pouco ria, e fazia rir à tia, que era naturalmente alegre, e previa uma patuscada no batizado.
        Cândido Neves perdera já o ofício de entalhador, como abrira mão de outros muitos, melhores ou piores. Pegar escravos fugidos trouxe-lhe um encanto novo. Não obrigava a estar longas horas sentado. Só exigia força, olho vivo, paciência, coragem e um pedaço de corda. Cândido Neves lia os anúncios, copiava-os, metia-os no bolso e saía às pesquisas. Tinha boa memória. Fixados os sinais e os costumes de um escravo fugido, gastava pouco tempo em achá-lo, segurá-lo, amarrá-lo e levá-lo. A força era muita, a agilidade também. Mais de uma vez, a uma esquina, conversando de cousas remotas, via passar um escravo como os outros, e descobria logo que ia fugido, quem era, o nome, o dono, a casa deste e a gratificação; interrompia a conversa e ia atrás do vicioso. Não o apanhava logo, espreitava lugar azado, e de um salto tinha a gratificação nas mãos. Nem sempre saía sem sangue, as unhas e os dentes do outro trabalhavam, mas geralmente ele os vencia sem o menor arranhão.
        Um dia os lucros entraram a escassear. Os escravos fugidos não vinham já, como dantes, meter-se nas mãos de Cândido Neves. Havia mãos novas e hábeis. Como o negócio crescesse, mais de um desempregado pegou em si e numa corda, foi aos jornais, copiou anúncios e deitou-se à caçada. No próprio bairro havia mais de um competidor. Quer dizer que as dívidas de Cândido Neves começaram de subir, sem aqueles pagamentos prontos ou quase prontos dos primeiros tempos. A vida fez-se difícil e dura. Comia-se fiado e mal; comia-se tarde. O senhorio mandava pelo aluguéis.
        Clara não tinha sequer tempo de remendar a roupa ao marido, tanta era a necessidade de coser para fora. Tia Mônica ajudava a sobrinha, naturalmente. Quando ele chegava à tarde, via-se-lhe pela cara que não trazia vintém. Jantava e saía outra vez, à cata de algum fugido. Já lhe sucedia, ainda que raro, enganar-se de pessoa, e pegar em escravo fiel que ia a serviço de seu senhor; tal era a cegueira da necessidade. Certa vez capturou um preto livre; desfez-se em desculpas, mas recebeu grande soma de murros que lhe deram os parentes do homem.
        -- É o que lhe faltava! exclamou a tia Mônica, ao vê-lo entrar, e depois de ouvir narrar o equívoco e suas consequências. Deixe-se disso, Candinho; procure outra vida, outro emprego.
        Cândido quisera efetivamente fazer outra cousa, não pela razão do conselho, mas por simples gosto de trocar de ofício; seria um modo de mudar de pele ou de pessoa. O pior é que não achava à mão negócio que aprendesse depressa.
        A natureza ia andando, o feto crescia, até fazer-se pesado à mãe, antes de nascer. Chegou o oitavo mês, mês de angústias e necessidades, menos ainda que o nono, cuja narração dispenso também. Melhor é dizer somente os seus efeitos. Não podiam ser mais amargos.
        --Não, tia Mônica! bradou Candinho, recusando um conselho que me custa escrever, quanto mais ao pai ouvi-lo. Isso nunca!
        Foi na última semana do derradeiro mês que a tia Mônica deu ao casal o conselho de levar a criança que nascesse à Roda dos enjeitados. Em verdade, não podia haver palavra mais dura de tolerar a dois jovens pais que espreitavam a criança, para beijá-la, guardá-la, vê-la rir, crescer, engordar, pular... Enjeitar quê? enjeitar como? Candinho arregalou os olhos para a tia, e acabou dando um murro na mesa de jantar. A mesa, que era velha e desconjuntada, esteve quase a se desfazer inteiramente. Clara interveio.
        -- Titia não fala por mal, Candinho.
        --Por mal? replicou tia Mônica. Por mal ou por bem, seja o que for, digo que é o melhor que vocês podem fazer. Vocês devem tudo; a carne e o feijão vão faltando. Se não aparecer algum dinheiro, como é que a família há de aumentar? E depois, há tempo; mais tarde, quando o senhor tiver a vida mais segura, os filhos que vierem serão recebidos com o mesmo cuidado que este ou maior. Este será bem criado, sem lhe faltar nada. Pois então a Roda é alguma praia ou monturo? Lá não se mata ninguém, ninguém morre à toa, enquanto que aqui é certo morrer, se viver à míngua. Enfim...
        Tia Mônica terminou a frase com um gesto de ombros, deu as costas e foi meter-se na alcova. Tinha já insinuado aquela solução, mas era a primeira vez que o fazia com tal franqueza e calor, -- crueldade, se preferes. Clara estendeu a mão ao marido, como a amparar-lhe o ânimo; Cândido Neves fez uma careta, e chamou maluca à tia, em voz baixa. A ternura dos dois foi interrompida por alguém que batia à porta da rua.
        --Quem é? perguntou o marido.
        --Sou eu. Era o dono da casa, credor de três meses de aluguel, que vinha em pessoa ameaçar o inquilino. Este quis que ele entrasse.
        --Não é preciso...
        --Faça favor.
        O credor entrou e recusou sentar-se, deitou os olhos à mobília para ver se daria algo à penhora; achou que pouco. Vinha receber os aluguéis vencidos, não podia esperar mais; se dentro de cinco dias não fosse pago, pô-lo-ia na rua. Não havia trabalhado para regalo dos outros. Ao vê-lo, ninguém diria que era proprietário; mas a palavra supria o que faltava ao gesto, e o pobre Cândido Neves preferiu calar a retorquir. Fez uma inclinação de promessa e súplica ao mesmo tempo. O dono da casa não cedeu mais.
        --Cinco dias ou rua! repetiu, metendo a mão no ferrolho da porta e saindo.
        Candinho saiu por outro lado. Nesses lances não chegava nunca ao desespero, contava com algum empréstimo, não sabia como nem onde, mas contava. Demais, recorreu aos anúncios. Achou vários, alguns já velhos, mas em vão os buscava desde muito. Gastou algumas horas sem proveito, e tornou para casa. Ao fim de quatro dias, não achou recursos; lançou mão de empenhos, foi a pessoas amigas do proprietário, não alcançando mais que a ordem de mudança.
        A situação era aguda. Não achavam casa, nem contavam com pessoa que lhes emprestasse alguma; era ir para a rua. Não contavam com a tia. Tia Mônica teve arte de alcançar aposento para os três em casa de uma senhora velha e rica, que lhe prometeu emprestar os quartos baixos da casa, ao fundo da cocheira, para os lados de um pátio. Teve ainda a arte maior de não dizer nada aos dois, para que Cândido Neves, no desespero da crise começasse por enjeitar o filho e acabasse alcançando algum meio seguro e regular de obter dinheiro; emendar a vida, em suma. Ouvia as queixas de Clara, sem as repetir, é certo, mas sem as consolar. No dia em que fossem obrigados a deixar a casa, fá-los-ia espantar com a notícia do obséquio e iriam dormir melhor do que cuidassem.
        Assim sucedeu. Postos fora da casa, passaram ao aposento de favor, e dois dias depois nasceu a criança. A alegria do pai foi enorme, e a tristeza também. Tia Mônica insistiu em dar a criança à Roda. "Se você não a quer levar, deixe isso comigo; eu vou à Rua dos Barbonos." Cândido Neves pediu que não, que esperasse, que ele mesmo a levaria. Notai que era um menino, e que ambos os pais desejavam justamente este sexo. Mal lhe deram algum leite; mas, como chovesse à noite, assentou o pai levá-lo à Roda na noite seguinte.
        Naquela reviu todas as suas notas de escravos fugidos . As gratificações pela maior parte eram promessas; algumas traziam a soma escrita e escassa. Uma, porém, subia a cem mil-réis. Tratava-se de uma mulata; vinham indicações de gesto e de vestido. Cândido Neves andara a pesquisá-la sem melhor fortuna, e abrira mão do negócio; imaginou que algum amante da escrava a houvesse recolhido. Agora, porém, a vista nova da quantia e a necessidade dela animaram Cândido Neves a fazer um grande esforço derradeiro. Saiu de manhã a ver e indagar pela Rua e Largo da Carioca, Rua do Parto e da Ajuda, onde ela parecia andar, segundo o anúncio. Não a achou; apenas um farmacêutico da Rua da Ajuda se lembrava de ter vendido uma onça de qualquer droga, três dias antes, à pessoa que tinha os sinais indicados. Cândido Neves parecia falar como dono da escrava, e agradeceu cortesmente a notícia. Não foi mais feliz com outros fugidos de gratificação incerta ou barata.
        Voltou para a triste casa que lhe haviam emprestado. Tia Mônica arranjara de si mesma a dieta para a recente mãe, e tinha já o menino para ser levado à Roda. O pai, não obstante o acordo feito, mal pôde esconder a dor do espetáculo. Não quis comer o que tia Mônica lhe guardara; não tinha fome, disse, e era verdade. Cogitou mil modos de ficar com o filho; nenhum prestava. Não podia esquecer o próprio albergue em que vivia. Consultou a mulher, que se mostrou resignada. Tia Mônica pintara-lhe a criação do menino; seria maior a miséria, podendo suceder que o filho achasse a morte sem recurso. Cândido Neves foi obrigado a cumprir a promessa; pediu à mulher que desse ao filho o resto do leite que ele beberia da mãe. Assim se fez; o pequeno adormeceu, o pai pegou dele, e saiu na direção da Rua dos Barbonos.
        Que pensasse mais de uma vez em voltar para casa com ele, é certo; não menos certo é que o agasalhava muito, que o beijava, que cobria o rosto para preservá-lo do sereno. Ao entrar na Rua da Guarda Velha, Cândido Neves começou a afrouxar o passo. --Hei de entregá-lo o mais tarde que puder, murmurou ele. Mas não sendo a rua infinita ou sequer longa, viria a acabá-la; foi então que lhe ocorreu entrar por um dos becos que ligavam aquela à Rua da Ajuda. Chegou ao fim do beco e, indo a dobrar à direita, na direção do Largo da Ajuda, viu do lado oposto um vulto de mulher; era a mulata fugida. Não dou aqui a comoção de Cândido Neves por não podê-lo fazer com a intensidade real. Um adjetivo basta; digamos enorme. Descendo a mulher, desceu ele também; a poucos passos estava a farmácia onde obtivera a informação, que referi acima. Entrou, achou o farmacêutico, pediu-lhe a fineza de guardar a criança por um instante; viria buscá-la sem falta.
        --Mas...
        Cândido Neves não lhe deu tempo de dizer nada; saiu rápido, atravessou a rua, até ao ponto em que pudesse pegar a mulher sem dar alarma. No extremo da rua, quando ela ia a descer a de S. José, Cândido Neves aproximou-se dela. Era a mesma, era a mulata fujona. --Arminda! bradou, conforme a nomeava o anúncio.
        Arminda voltou-se sem cuidar malícia. Foi só quando ele, tendo tirado o pedaço de corda da algibeira, pegou dos braços da escrava, que ela compreendeu e quis fugir. Era já impossível. Cândido Neves, com as mãos robustas, atava-lhe os pulsos e dizia que andasse. A escrava quis gritar, parece que chegou a soltar alguma voz mais alta que de costume, mas entendeu logo que ninguém viria libertá-la, ao contrário. Pediu então que a soltasse pelo amor de Deus.
        --Estou grávida, meu senhor! exclamou. Se Vossa Senhoria tem algum filho, peço-lhe por amor dele que me solte; eu serei tua escrava, vou servi-lo pelo tempo que quiser. Me solte, meu senhor moço!
        -- Siga! repetiu Cândido Neves.
        --Me solte!
        --Não quero demoras; siga!
        Houve aqui luta, porque a escrava, gemendo, arrastava-se a si e ao filho. Quem passava ou estava à porta de uma loja, compreendia o que era e naturalmente não acudia. Arminda ia alegando que o senhor era muito mal, e provavelmente a castigaria com açoutes, -- cousa que, no estado em que ela estava, seria pior de sentir. Com certeza, ele lhe mandaria dar açoutes.
        -- Você é que tem culpa. Quem lhe manda fazer filhos e fugir depois? perguntou Cândido Neves.
        Não estava em maré de riso, por causa do filho que lá ficara na farmácia, à espera dele. Também é certo que não costumava dizer grandes cousas. Foi arrastando a escrava pela Rua dos Ourives, em direção à da Alfândega, onde residia o senhor. Na esquina desta a luta cresceu; a escrava pôs os pés à parede, recuou com grande esforço, inutilmente. O que alcançou foi, apesar de ser a casa próxima, gastar mais tempo em lá chegar do que devera. Chegou, enfim, arrastada, desesperada, arquejando. Ainda ali ajoelhou-se, mas em vão. O senhor estava em casa, acudiu ao chamado e ao rumor.
        --Aqui está a fujona, disse Cândido Neves. -- É ela mesma. --Meu senhor! -- Anda, entra...
        Arminda caiu no corredor. Ali mesmo o senhor da escrava abriu a carteira e tirou os cem mil-réis de gratificação. Cândido Neves guardou as duas notas de cinquenta mil-réis, enquanto o senhor novamente dizia à escrava que entrasse. No chão, onde jazia, levada do medo e da dor, e após algum tempo de luta a escrava abortou.
        O fruto de algum tempo entrou sem vida neste mundo, entre os gemidos da mãe e os gestos de desespero do dono. Cândido Neves viu todo esse espetáculo. Não sabia que horas eram. Quaisquer que fossem, urgia correr à Rua da Ajuda, e foi o que ele fez sem querer conhecer as consequências do desastre.
        Quando lá chegou, viu o farmacêutico sozinho, sem o filho que lhe entregara. Quis esganá-lo. Felizmente, o farmacêutico explicou tudo a tempo; o menino estava lá dentro com a família, e ambos entraram. O pai recebeu o filho com a mesma fúria com que pegara a escrava fujona de há pouco, fúria diversa, naturalmente, fúria de amor. Agradeceu depressa e mal, e saiu às carreiras, não para a Roda dos enjeitados, mas para a casa de empréstimo com o filho e os cem mil-réis de gratificação. Tia Mônica, ouvida a explicação, perdoou a volta do pequeno, uma vez que trazia os cem mil-réis. Disse, é verdade, algumas palavras duras contra a escrava, por causa do aborto, além da fuga. Cândido Neves, beijando o filho, entre lágrimas, verdadeiras, abençoava a fuga e não se lhe dava do aborto.
        -- Nem todas as crianças vingam, bateu-lhe o coração.

                                     Texto-base digitalizado por:
NUPILL - Núcleo de Pesquisas em Informática, Literatura e Linguística.
Universidade Federal de Santa Catarina.
Entendendo o conto:

01 – Por que Candido não consegue permanecer por algum tempo em um emprego?
      Cândido não tinha afeição ao trabalho formal, por isso não tinha estabilidade. Tentou tipografia e comércio mas não gostava de trabalhar.

02 – Qual o motivo da preocupação de tia Mônica com a chegada do filho do casal?
      Tia Mônica se preocupava com o filho de Cândido de Clara, como fariam para sustentar a criança.

03 – Afinal, por que a tia acabou concordando com o casamento?
      Porque poderiam se arranjar de algum modo e porque gostava de festas.

04 – Por que o "negócio" de pegar escravo fugido logo se transformou numa ocupação não rentável?
      Porque já não havia tantos negros fugidos. O conto é posterior à lei da abolição da escravatura.

05 – O que era a "roda dos enjeitados"?
      Lugar normalmente mantido por religiosos onde se abandonava crianças.

06 – Explique o título: "Pai contra mãe".
     O título coloca a tensão da disputa entre Cândido que pretende salvar o seu filho e a escravizada grávida em fuga.

07 – Leia os fragmentos do conto “Pai contra mãe”:
a - “O comércio chamou-lhe a atenção, era carreira boa. Com algum esforço entrou de caixeiro para um armarinho. A obrigação, porém de atender a servir a todos feria-o na corda do orgulho, e ao cabo de cinco ou seis semanas estava na rua por sua vontade.”
b - “Deus não me abandona, e preto fugido sabe que comigo não brinca; quase nenhum resiste, muitos entregam-se logo.”
c - “Pegar-lhe escravos fugidos trouxe-lhe um novo encanto.”

        De acordo com os excertos acima, para você por que Cândido não se importava em capturar escravos fugidos?
      Resposta pessoal do aluno.

08 – “Se dentro de cinco dias não fosse pago pô-lo-ia na rua”. Explique a formação verbal pô-lo-ia.
      Infinitivo Impessoal. Verbo pôr no futuro do pretérito, adicionado de complemento pronominal.

09 – “Nem todas as crianças vingam-se, bateu-lhe o coração”. Explique o trecho citado de acordo com o contexto do conto.
      Porque foi um aborto, e a criança nasceu morta.

10- Identifique o clímax do conto.
      Resposta pessoal do aluno.


FÁBULA: O GATO E A RAPOSA - ESOPO - COM GABARITO

Fábula: O gato e a raposa
           Esopo

    O gato e a raposa andavam sempre juntos pelo mundo. Eram muito amigos, apesar de a raposa estar sempre desvalorizando o colega.
        -- Amigo gato, por que não aprende mais truques para fugir dos cachorros que nos perseguem?  Sempre ouvi dizer que você é tão inteligente. Será verdade?

        -- Sei subir rapidamente em árvores. É o que me basta. Os cachorros não vão me pegar.
        -- Você só sabe isso? Eu sei 99 truques diferentes! Conheço mil manhas, cada uma melhor que a outra. Finjo-me de morta, me escondo nas folhas secas, nas moitas, corro em ziguezague, disfarço minhas pegadas...
        Enquanto a raposa falava distraidamente das suas habilidades se aproximavam dali dois cachorros. O gato muito esperto, subiu rapidamente na árvore. Quando a raposa percebeu a presença dos cachorros, teve que sair em disparada para fugir deles.
        -- Pobre comadre raposa. É sempre preferível saber bem uma só coisa a saber mal noventa e nove coisas diversas.
        Moral: Bom senso sempre vale mais que astúcia...

                                                             Autor: Site de Dicas, Esopo.
Entendendo a fábula:

01 – Responda por escrito as questões abaixo.
a)   Nome do texto:
O gato e a Raposa.

b)   Como andavam o gato e a raposa?
Eles andavam sempre juntos pelo mundo.

c)   Eram amigos ou inimigos?
Eram amigos.

d)   O que o gato sabia fazer e que bastava para que os cachorros não o pegassem?
Subir em árvores.

e)   Quantos truques a raposa dizia saber?
Dizia que sabia 99 truques diferentes.

f)    Valeu algum truque da raposa ou ela teve que sair correndo?
Ela teve que sair correndo, pra não ser pega pelos cachorros.

02 – A moral dessa fábula é:
(X) É mais importante fazer a coisa certa no momento certo.
(   ) Saber fazer muitas coisas ao mesmo tempo.
(    ) Exibir suas habilidades.

03 – Por que você acha que o gato e a raposa foram escolhidos como personagens dessa história?
      Resposta pessoal do aluno.

04 – Dê o antônimo (contrário) de:
Amigo –
 Inimigo.
Melhor-
 Pior.
Desvalorizar
 Valorizar.
Verdade-
 Mentira.
Pegar-
 Soltar.
Diferente-
 Igual.
Morta-
 Viva.

05 – Você concorda com a moral desta fábula, para você qual seria a moral desta fábula?
      Resposta pessoal do aluno.

06 – Faça de conta que o gato e a raposa se reencontraram e estão lembrando das aventuras que viveram juntos, e uma delas, é a fábula “O gato e a raposa”.  Escreva como está sendo lembrada por eles essa história.
      Resposta pessoal do aluno.


TEXTO: POR QUE ELES BEBEM E DIRIGEM? JAIRO BOUER - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO


Texto: Por que eles bebem e dirigem?

        A adoção de uma lei seca mais rigorosa no Estado de São Paulo não bastou. Os dados da Secretaria de Segurança Pública revelam uma redução de quase 20% de acidentes com mortes no trânsito nos primeiros meses de 2012 para 2013 no Estado depois da lei, mas, no mesmo período dois acidentes impressionaram. Um deles amputou o braço de um jovem ciclista em plena Avenida Paulista, uma das principais artérias de São Paulo. O outro matou um garoto de 15 anos que andava de skate numa rua de Guarulhos, na grande São Paulo. Ambos foram vítimas de motoristas alcoolizados. O convívio de motoristas com ciclistas, motoqueiros, skatistas e pedestres nas ruas, cada vez mais estranguladas pelo trânsito nas médias e grandes cidades do país, se tornou insano. Quando a bebida entra nessa relação tensa, os efeitos são ainda mais catastróficos.
        Várias propostas têm sido discutidas no mundo para reduzir a violência no trânsito. Em muitos países, ela é a principal causa de mortes entre os jovens. Entre as medidas, aumentar a carga tributária (e, por tabela, o preço das bebidas), diminuir os pontos de venda de álcool à noite, regulamentar a publicidade, fiscalizar com mais rigor e impor penas mais duras. Tudo isso parece causar um impacto inicial nos números. O grande desafio é aprimorar os resultados e torná-los permanentes.
        Há questões estruturais importantes que devem, também, ser destacadas. Nas grandes cidades, transporte público de qualidade e barato, estendido madrugada adentro, que garanta um meio tranquilo de o jovem chegar em casa, é um deles. Criar áreas seguras nas ruas (com ciclovias protegidas) também pode ser uma medida importante. Alguns países estudam a instalação de detectores de álcool (uma espécie de bafômetro pessoal) acoplados a caminhões, ônibus e até carros particulares. Para ligar o motor, o próprio carro exige um controle do consumo de bebida.
        Além desses fatores, não se pode esquecer do comportamento. Mais que ensinar a guiar e a respeitar quem está nas ruas, a educação pelo trânsito deveria passar pela percepção do risco envolvido no ato de guiar embriagado ou sob efeitos de outras drogas. É aí que se esbarra numa das questões mais difíceis. Como sensibilizar o condutor do veículo, principalmente o jovem motorista, do risco que ele corre e, pior, que ele pode oferecer aos outros? Sem mexer nesse componente humano, de noção de responsabilidade e limite, será difícil solidificar as conquistas deste início de ano.

                                           BOUER, Jairo. Época, p.81, 1º abr.2013.
Entendendo o texto:

01 – O texto traz dois temas relevantes relacionados ao trânsito. Quais são eles? Comente.
      A violência e os acidentes de trânsito provocados pelo uso abusivo de álcool, principalmente pelos motoristas.

02 – De acordo com o texto, a adoção de uma lei seca mais rigorosa no Estado de São Paulo não bastou, mesmo tendo havido uma redução nos acidentes de trânsito. Explique por quê?
      Os principais fatores são o número excessivo de motoristas, ciclistas, motoqueiros, skatistas e pedestres nas ruas e o abuso no álcool.

03 – Algumas propostas têm sido discutidas no mundo para reduzir a violência no trânsito. Cite algumas medidas, que de acordo com o texto podem contribuir com essa redução.
      Aumentar a carga tributária (e, por tabela, o preço das bebidas), diminuir os pontos de venda de álcool à noite, regulamentar a publicidade, fiscalizar com mais rigor e impor penas mais duras.

04 – Cite alguns fatores que se colocados em prática irão contribuir para a diminuição de acidentes no trânsito.
      A implementação de transporte público de qualidade e barato nos grandes centros urbanos, estendido madrugada adentro, como garantia de tranquilidade aos jovens. Criação de áreas seguras nas ruas (com ciclovias protegidas), entre outras medidas.

05 – De acordo com o texto, qual questão é a mais difícil de ser tratada em relação a diminuição de uso excessivo de álcool e consequentemente a violência no trânsito?
      A questão mais difícil é ensinar e sensibilizar os motoristas a guiar e a respeitar quem está nas ruas, ou seja, é preciso uma educação para que se desenvolva um trânsito seguro.

06 – Com base no tema proposto no texto acima, produza um texto argumentativo; aponte soluções para melhorar os problemas causados pelo trânsito em nosso país. Não esqueça que seu texto deverá conter: a tese ou o ponto de vista expostos no primeiro parágrafo e definido nos demais parágrafos, o desenvolvimento no qual deverá conter argumentos convincentes em defesa de seu ponto de vista e, finalmente a conclusão.
      Resposta pessoal do aluno.




HISTÓRIA: NASCEU A LINDA ROSA! MINEIA PACHECO - COM GABARITO

HISTÓRIA: Nasceu a linda rosa!
                         Mineia Pacheco


     Num certo jardim todas as flores estavam eufóricas com o nascimento da rosa que ali iria habitar. A agitação das demais flores tinha um motivo, pois aquela rosa que logo nasceria não era uma rosa qualquer, ela era especial…e todos esperavam por ela há tempos!
       O jardim era lindo, repleto das mais belas flores e lá elas viviam felizes. Os pássaros voando a cantar, as borboletas de diversas cores sempre passam por lá, abelhas e caracóis também fizeram morada naquele jardim especial, mas, no momento, o único assunto entre os habitantes daquele jardim, era sobre o nascimento da linda rosa que em breve acontecia. A rosa era bem especial, pois naquele jardim existiam flores diversas, mas nenhuma rosa, ela seria a primeira e todos contavam as horas para enfim vê-la brotar ali. As demais flores falavam entre si eufóricas:
        – Nossa essa rosa deve ser muito linda! Ela vai deixar nosso jardim bem mais encantador, sempre sonhei em ver uma rosa por aqui, que maravilha!
     Todo dia, assim que amanhecia os moradores do jardim olhavam primeiramente para o botão da rosa esperando que enfim ela tivesse florescido, ficavam um pouco decepcionados ao perceberem que ainda não havia chegado o grande dia, mas a espera era deliciosa, no momento certo ela nasceria, disso eles tinham certeza!
      Então, em um belo dia de sol, quando as nuvens branquinhas brilhavam no céu, a rosa nasceu e seu perfume invadiu o jardim, a sua beleza encantou a todos e suas belas pétalas viraram pouso de lindas borboletas, a rosa enfim nasceu!
       – Como és bela!
       – Como és linda!
       – Que perfume maravilhoso você exala!
      Todos, sem exceção, elogiaram a rosa e ela se sentiu feliz em ter nascido naquele jardim repleto de lindas flores e de tanto amor. Até o sol ficou radiante ao ver que a rosa tinha nascido e como presente lhe enviou lindos raios brilhantes em sua direção, fazendo com que sua beleza se tornasse ainda mais brilhante.
    E naquele jardim nada mais faltava, a rosa chegou para completar aquele lugar.
     Ela foi muito amada, foi muito esperada e fez amizade com todos.
     E muitos pensavam, que as demais flores iriam perder seus encantos, mas não, cada flor daquele jardim era muito especial e tinha um jeito único de ser e de tornar aquele jardim o mais especial de todos os jardins!

                                                                      Autora: Mineia Pacheco.
Entendendo o texto:

01 – Qual o título do texto?
      O título do texto é “Nasceu a linda rosa!”

02 – Quem é o autor do texto?
      A autora é Mineia Pacheco.

03 – Por que todas as flores do jardim estavam eufóricas?
      Porque esperavam o nascimento da rosa.

04 – Por que o nascimento da rosa era especial para todos?
      Era especial pois naquele jardim não tinha nenhuma rosa.

05 – As rosas gostavam de morar naquele jardim? Justifique sua resposta.
      Elas gostavam de morar no jardim, porque lá viviam felizes, os pássaros voando a cantar, borboletas de diversas cores, abelhas e caracóis fizeram morada por La.

06 – Por que a rosa ao nascer encantou a todos?
      A rosa encantou a todos por ser bela e ter um perfume maravilhoso.

07 – Por que a rosa sentiu-se feliz em ter nascido naquele jardim?
      A rosa sentiu-se feliz por ter nascido em um jardim repleto de lindas flores e tanto amor.

08 – Qual foi a reação do sol com o nascimento da rosa?
      O sol ficou muito feliz ao saber do nascimento da rosa e de presente lhe enviou lindos raios brilhante, fazendo com que sua beleza se tornasse ainda mais brilhante.  


segunda-feira, 11 de junho de 2018

FILME(ATIVIDADES): O CARTEIRO E O POETA - MICHAEL RADFORD - COM GABARITO

Filme: O CARTEIRO E O POETA

Data de lançamento desconhecida (1h 40min)
Direção: Michael Radford
Nacionalidade Itália

SINOPSE E DETALHES
        Por razões políticas o poeta Pablo Neruda (Philippe Noiret) se exila em uma ilha na Itália. Lá um desempregado (Massimo Troisi) quase analfabeto é contratado como carteiro extra, encarregado de cuidar da correspondência do poeta, e gradativamente entre os dois se forma uma sólida amizade.

Entendendo o filme:

01 – Conforme o filme, de que modo nasce um poeta?
      No momento em que se faz metáforas sem se dar conta, quando a imagem chega espontaneamente.

02 – O que é metáfora? Cite um exemplo do filme.
      É o emprego de palavra fora do seu sentido normal, por efeito de analogia (comparação).
      Ex.: Em certa parte do filme, Mario começa a sussurrar metáforas a uma Beatrice embevecida, “seu sorriso se espalha como uma borboleta.”

03 – Qual foi a lição maior que o carteiro aprendeu? Comente.
      Ele aprendeu uma lição de civilidade. Aprendeu a lutar pelos seus ideais.

04 – E o poeta Neruda, só ensinou? O que ele aprendeu?
      O poeta também aprendeu, pois ele viu uma pessoa do povo tornar-se poeta e cidadão lutando pelos seus direitos.

05 – A poesia de Neruda não é parnasiana, pois não obedece a frias junções de palavras mornas. O que o filme nos mostra?
      O filme mostra que Neruda tem uma poesia viva, é essa vivacidade que desperta o amor e o engajamento em pessoas simples como Mario, o carteiro, que pode até leva-las ao martírio. Neruda vê, sente e escreve. O resultado é o que a racionalidade lhe atribui: poesia engajada, poesia lasciva.

06 – No filme, que gênero textual é abordado?
      É abordado um tipo de gênero textual que está sendo esquecido com a chegada das novas tecnologias: a carta.

07 – Que momento no filme a carta se destaca?
      Quando Mário Ruoppolo apaixona-se por Beatrice Russo escreve uma carta em que Mário declara seus sentimentos por Beatrice utilizando falas do personagem para que ela dique bem original.

08 – O filme narra não só a vida de Neruda no exílio, e o quê mais?
      Narra também a relação que Neruda estabelece com o carteiro e como transforma a vida de um homem simples de forma afetiva, social e política.

09 – Segundo, Neruda “Quando se explica a poesia, ela se torna banal”. O que ele quis dizer?
      “O que se pode inferir sobre uma comparação entre a atividade do carteiro e a do poeta, é que em maior ou menor grau ambas trabalham com a palavra, têm a atribuição de levar a mensagem aos seus interlocutores.” (Prof. Juarez Firmino).

10 – É por iniciativa própria que o carteiro junta um poema da sua autoria à gravação dos sons da ilha, que Neruda lhe havia pedido. Mostrando sempre gratidão e admiração pelo poeta Mário dedica-lhe uma Ode. Como se chama?
      “Ode à Neve sobre Neruda em Paris.”