terça-feira, 15 de maio de 2018

CONTO DE FADA DA MULHER MODERNA - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

Conto: Conto de fada da mulher moderna


         Era uma vez, numa terra muito distante, uma linda princesa, independente e cheia de autoestima que, enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo estava de acordo com as conformidades ecológicas, se deparou com uma rã. Então, a rã pulou para o seu colo e disse:
         - Linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito. Mas, uma bruxa má lançou-me um encanto e eu transformei-me nesta rã asquerosa. Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir lar feliz no teu lindo castelo. A minha mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavarias as minhas roupas, criarias os nossos filhos e viveríamos felizes para sempre…
         E então, naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã à sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria e pensava: – Eu, hein? … nem morta!

                                                                   Luís Fernando Veríssimo

Entendendo o conto:
01 – Qual é o título do texto?
      O título é “Conto de fada da mulher moderna”.

02 – Quais são os personagens da história?
      Os personagens são a princesa e o sapo.

03 – Quem é o autor da história?
      O autor é Luís Fernando Veríssimo.

04 – Descreva a princesa:
      A princesa, era linda, independente e cheia de autoestima.

05 – Enquanto a princesa observava o lago do seu castelo, o que aconteceu?
      Ao contemplar o lago se deparou com uma rã, que logo pulou em seu colo e lhe fez uma proposta.

06 – Qual foi a proposta feita pela rã?
      Linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito. Mas, uma bruxa má lançou-me um encanto e eu transformei-me nesta rã asquerosa. Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir lar feliz no teu lindo castelo. A minha mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavarias as minhas roupas, criarias os nossos filhos e viveríamos felizes para sempre…

07 – Qual foi a resposta da princesa? Baseado no texto justifique sua resposta.
      A princesa não aceitou, podemos ver isso quando no jantar ela come pernas de rã e diz “Eu, hein? ... Nem morta!”

08 – No lugar da princesa o que você faria? Justifique sua resposta.
      Resposta pessoal do aluno.

09 – Em sua opinião porque o autor escolheu este título para o texto?
      Resposta pessoal do aluno.


FÁBULA: A MORTE DA TARTARUGA - MILLÔR FERNANDES - COM GABARITO

Fábula: A MORTE DA TARTARUGA
              MILLÔR FERNANDES

        O menininho foi ao quintal e voltou chorando: a tartaruga tinha morrido. A mãe foi ao quintal com ele, mexeu na tartaruga com um pau (tinha nojo daquele bicho) e constatou que a tartaruga tinha morrido mesmo. Diante da confirmação da mãe, o garoto pôs-se a chorar ainda com mais força. A mãe a princípio ficou penalizada, mas logo começou a ficar aborrecida com o choro do menino. “Cuidado, senão você acorda seu pai”. Mas o menino não se conformava. Pegou a tartaruga no colo e pôs-se a acariciar lhe o casco duro.
         A mãe disse que comprava outra, mas ele respondeu que não queria, queria aquela, viva! A mãe lhe prometeu um carrinho, um velocípede, lhe prometeu uma surra, mas o pobre menino parecia estar mesmo profundamente abalado com a morte do seu animalzinho de estimação. Afinal, com tanto choro, o pai acordou lá dentro, e veio, estremunhado, ver de que se tratava.
        O menino mostrou-lhe a tartaruga morta. A mãe disse: — “Está aí assim há meia hora, chorando que nem maluco. Não sei mais o que fazer. Já lhe prometi tudo mas ele continua berrando desse jeito”. O pai examinou a situação e propôs: — “Olha, Henriquinho. Se a tartaruga está morta não adianta mesmo você chorar. Deixa ela aí e vem cá com o pai.”.
        O garoto depôs cuidadosamente a tartaruga junto do tanque e seguiu o pai, pela mão. O pai sentou-se na poltrona, botou o garoto no colo e disse: — “Eu sei que você sente muito a morte da tartaruguinha. Eu também gostava muito dela. Mas nós vamos fazer pra ela um grande funeral”. (Empregou de propósito uma palavra difícil). O menininho parou imediatamente de chorar. “Que é funeral?” O pai lhe explicou que era um enterro. “Olha, nós vamos à rua, compramos uma caixa bem bonita, bastante balas, bombons, doces e voltamos para casa. Depois botamos a tartaruga na caixa em cima da mesa da cozinha e rodeamos de velinhas de aniversário.
        Aí convidamos os meninos da vizinhança, acendemos as velinhas, cantamos o “Happy-Birth-DayTo-You” pra tartaruguinha morta e você assopra as velas. Depois pegamos a caixa, abrimos um buraco no fundo do quintal, enterramos a tartaruguinha e botamos uma pedra em cima com o nome dela e o dia em que ela morreu. Isso é que é funeral! Vamos fazer isso?” O garotinho estava com outra cara. “Vamos, papai, vamos! A tartaruguinha vai ficar contente lá no céu, não vai? Olha, eu vou apanhar ela”. Saiu correndo.
        Enquanto o pai se vestia, ouviu um grito no quintal. “Papai, papai, vem cá, ela está viva!”
        O pai correu pro quintal e constatou que era verdade. A tartaruguinha estava andando de novo, normalmente. “Que bom, hein?” — disse — “Ela está viva! Não vamos ter que fazer o funeral!” “Vamos sim, papai” — disse o menino ansioso, pegando uma pedra bem grande — “Eu mato ela”.

        MORAL: O importante não é a morte, é o que ela nos tira.

                                         Fernandes, Millôr. Fábulas fabulosas. 
São Paulo: Círculo do Livro, 1973.
Entendendo a fábula:

01 – O narrador emprega vários diminutivos: menininho, animalzinho, tartaruguinha, garotinho, Henriquinho.
a)    Os diminutivos indicam o tamanho físico dos seres ou a afetividade com que são vistos na história?
Indicam o tamanho físico dos seres.

b)    Como os seres citados são vistos?
São visto como seres pequeninos.

02 – Há um trecho em que se lê “A mãe lhe prometeu um carrinho, um velocípede, lhe prometeu uma surra, mas o pobre menino parecia estar mesmo profundamente abalado com a morte do seu animalzinho de estimação.” A mãe promete ao menino brinquedos e, em seguida... uma surra. Essa sequência indica que sentimento da mãe em relação ao menino?
      Ela não sabia mais o que fazer para o menino parar de chorar.

03 – Ao conversar com o filho, o pai usa a palavra “funeral”, e o narrador avisa que ele empregou de propósito uma palavra difícil.
a)   Que palavra fácil ele poderia ter usado e que é sinônimo de “funeral”?
Enterro.

b)   Qual a intenção do pai ao usar uma palavra difícil?
Tentar alegrar o filho.

c)   Ao explicar ao filho como seria o funeral da tartaruga, o pai usa linguagem coloquial, com marcas de oralidade. Quais delas você reconhece?
Botamos e rodeamos.

04 – O funeral que o pai pretendia organizar era parecido com que tipo de evento? Por que o pai decidiu assim?
      Uma festa de aniversário. Para acabar com a tristeza do filho.

05 – O narrador conta que a mãe mexeu na tartaruga e verificou que ela estava morta. No entanto, essa informação é falsa, pois o animal não havia morrido. Como você explica esse fato?
      Resposta pessoal do aluno.

06 – Como você entendeu a moral da história?
      Resposta pessoal do aluno.

07 – Podemos entender como assunto central tratado no texto:
A) A preocupação da mãe em não acordar o pai.
B) A necessidade de não fazer um funeral a uma tartaruga.
C) O equívoco provocado em relação à morte da tartaruga.
D) O choro incessante do garoto em relação à morte da tartaruga.

08 – Leia com atenção: - “Vamos sim, papai, disse o menino ansioso, pegando uma pedra bem grande. “Eu mato ela”. Estar ansioso significa:
A) Estar irritado.
B) Estar aflito.
C) Estar comedido.
D) Estar decidido.

09 – Leia com atenção o fragmento extraído do texto:
- “Papai, papai, vem cá, ela está viva!” O pai correu pro quintal e constatou que era verdade.
- “Ela está viva! Não vamos ter que fazer o funeral!”
- “Vamos sim, papai, disse o menino ansioso, pegando uma pedra bem grande. “Eu mato ela”.
Ao lermos o desfecho do texto, com destaque para o assinalado em negrito, podemos constatar:
A) A maturidade da criança.
B) A crueldade da criança.
C) A sagacidade da criança.
D) A ingenuidade da criança.

10 – Assinale a alternativa que demonstra porque o pai do menino transformou a morte da tartaruga em aniversário:
A) O pai pegou o garoto no colo e falou sobre fazer um tradicional funeral.
B) O pai deu a ideia de comprar uma caixa bonita, balas e bombons, velinhas e cantar parabéns.
C) O pai acordou, consolou o menino, pegou-o no colo, deu-lhe carinho e atenção.
D) O pai ao contrário da mãe, teve a ingenuidade de saber lidar com o filho.

11 – Assinale a alternativa que indica o número de advertências que a mãe fez ao menino, para não acordar o pai:
A) Uma.                           B) Três.
C) Duas.                          D) Quatro.

12 – Assinale a alternativa em que as palavras estão separadas corretamente:
A) A-ni-ma-lzi-nho.
B) Es-tre-mu-nha-do.
C) La-vra-sse.
D) Be-rran-do.

13 – Repare no fragmento do texto:
“Afinal, com tanto choro, o pai acordou lá dentro, e foi, estremunhado, ver de que se tratava. O menino mostrou-lhe a tartaruga morta.”
Assinale a alternativa com o correto significado da palavra estremunhado:
A) Estonteado, atarantado, desorientado.
B) Reclamando, chateado, irritado.
C) Amarrotado, bocejando, tropeçando.
D) Descansado, humorado, relaxado.

14 – Leia o fragmento:
“A mãe, a princípio, ficou penalizada, mas logo começou a ficar aborrecida com o choro do menino.”
O antônimo da palavra penalizada está descrito na alternativa:
A) Causar dor ou pena.
B) Magoar, afligir.
C) Não ter pena.
D) Atribuir pena legal.

15 – Leia o fragmento:
“A mãe lhe prometeu um carrinho, um velocípede, lhe prometeu uma surra, mas o pobre menino parecia estar mesmo profundamente abalado com a morte do seu animalzinho de estimação.”
A palavra destacada é classificada morfologicamente como:
A) Substantivo.
B) Preposição.
C) Adjetivo.
D) Pronome.

16 – Leia com atenção o seguinte fragmento extraído do texto:
“O menino foi ao quintal e voltou chorando: a tartaruguinha tinha morrido.”
A palavra destacada trata-se de um:
A) Substantivo.                                B) Adjetivo.
C) Verbo.                                         D) Pronome.




POESIA: PROCURA DA POESIA (FRAGMENTO) - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

Poesia: PROCURA DA POESIA (FRAGMENTO)
             Carlos Drummond de Andrade


Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
Há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consome
Com teu poder de palavra
E seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo,
Não colhas no chão o poema que se perdeu,
Não adules o poema. Aceita-o.
Como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
No espaço.
                                                                                                                                       Carlos Drummond de Andrade.

Entendendo o poesia:
01 – Reconhecendo-se que “a palavra é a matéria-prima da literatura”, transcreva os versos em que isso pode ser constatado.
       “Penetra surdamente no reino das palavras / Lá estão os poemas que esperam ser escritos.”

02 – A partir das ideias do texto, justifique a seguinte afirmação:
       - “Não basta possuir as palavras para ser poeta.”
      Ao poeta não cabe apenas fazer uso das palavras, mas saber emprestar-lhes significação artística, voltada para o prazer estético e convivendo com as palavras até que brote a inspiração.

03 – Transcreva do texto o verso que estampa a ideia do uso denotativo da palavra.
       “Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário”.

04 – Explique, a partir das ideias do texto, o entendimento a que se chega de que Literatura é feita de conotações.
       Se as palavras existem em estado de dicionário, cabe aos escritores utilizá-las a seu modo, dando-lhes o significado que a ação criadora necessitar e exigir.


POEMA DE CORDEL: SATANÁS TRABALHANDO NO ROÇADO DE SÃO PEDRO-JOSÉ COSTA LEITE - COM GABARITO


Poema: SATANÁS TRABALHANDO NO ROÇADO DE SÃO PEDRO

O homem que é poeta
Dorme tarde, acorda cedo
Embora não rime bem
Eu vou trançar o enredo
Do Satanás trabalhando
No roçado de São Pedro.

É uma pequena história
Há muito tempo passada
Que não me lembro da era
E nem se foi inventada
No tempo de Satanás
Trabalhava na enxada.

Dizem que o Satanás
Botou um grande roçado
E danou-se a trabalhar
Que ficou todo suado
Quase morria de fome
E não tirou resultado.

Naquele tempo São Pedro
Levava uma vida dura
Trabalhando na enxada
Cultivando agricultura
E tudo quanto plantava
Chegava em grande fartura.

Satanás era disposto
E na enxada era macho
Trabalhava com vontade
De ver São Pedro por baixo
Mas todo seu sacrifício
Via descer d`água abaixo.

                         José Costa Leite, TP3 – Gêneros e Tipos Textuais – Parte 1.

Entendendo o poema:
     01 – De quantos versos se compõe cada estrofe? Quantas sílabas há em cada verso? (Não se esqueça de que, para a métrica, contamos até a última silaba tônica e desprezamos as demais.
      As estrofes se compõem de seis versos de sete sílabas cada um.

    02 – Escreva, com suas palavras, o tema de que trata o poema.
      Satanás e São Pedro trabalhavam no roçado. Por mais que Satanás se esforçasse, sua roça não ia para frente, enquanto a de São Pedro prosperava.

    03 – Os personagens desse poema são conhecidos em outro campo do conhecimento. Qual?
      Satanás e São Pedro são conhecidos no discurso religioso, na Bíblia.

    04 – Como o poeta se apresenta no texto do cordel? O que ele se dispõe a fazer?
Apresenta-se humildemente, dizendo que vai cantar um enredo que não sabe se inventado ou não.


TEXTO: O PROBLEMA ECOLÓGICO - AFRÂNIO PRIMO - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO

Texto: O PROBLEMA ECOLÓGICO


  Se uma nave extraterrestre invadisse o espaço aéreo da Terra, com certeza seus tripulantes diriam que neste planeta não habita uma civilização inteligente, tamanho é o grau de destruição dos recursos naturais. Essas são palavras de um renomado cientista americano. Apesar dos avanços obtidos, a humanidade ainda não descobriu os valores fundamentais da existência. O que chamamos orgulhosamente de civilização nada mais é do que uma agressão às coisas naturais. A grosso modo, a tal civilização significa a devastação das florestas, a poluição dos rios, o envenenamento das terras e a deterioração da qualidade do ar. O que chamamos de progresso não passa de uma degradação deliberada e sistemática que o homem vem promovendo há muito tempo, uma autêntica guerra contra a natureza.

Afrânio Primo. Jornal Madhva (adaptado).

Entendendo o texto:
01 – Segundo o Texto, o cientista americano está preocupado com:
(A) a vida neste planeta.
(B) a qualidade do espaço aéreo.
(C) o que pensam os extraterrestres.
(D) o seu prestígio no mundo.
(E) os seres de outro planeta.

02 - Para o autor, a humanidade:
(A) demonstra ser muito inteligente.
(B) ouve as palavras do cientista.
(C) age contra sua própria existência.
(D) preserva os recursos naturais.
(E) valoriza a existência sadia.

03 – Da maneira como o assunto é tratado no Texto, é correto afirmar que o meio ambiente está degradado porque:
(A) a destruição é inevitável.
(B) a civilização o está destruindo.
(C) a humanidade preserva sua existência.
(D) as guerras são o principal agente da destruição.
(E) os recursos para mantê-lo não são suficientes.

04 – A afirmação: “Essas são palavras de um renomado cientista americano.”, quer dizer que o cientista é:
(A) Inimigo.
(B) velho.
(C) estranho.
(D) famoso.
(E) desconhecido.

05 - Se   homem cuidar da natureza _______ mais saúde. A forma verbal que completa corretamente a lacuna é:
(A) Teve.
(B) tivera.
(C) têm.
(D) tinha.
(E) terá

TEXTO: O BRASIL DE "CAUSO" PENSADO - REVISTA KALUNGA - COM GABARITO


Texto: O BRASIL DE “CAUSO” PENSADO


          Um “cantado” e “contado” de 69 anos, dos quais 46 dedicados à genuína cultura brasileira. Rolando Boldrin é daqueles entrevistados com quem se pode ficar horas proseando. Sétimo filho de uma família de 12 irmãos, nasceu em São Joaquim da Barra, próximo de Ribeirão Preto (SP). Depois de viver oito anos na vizinha Guaíra, retornou à terra natal, de onde, no final da adolescência, pegou a estrada para tentar a “vida” na capital. Trabalhou de sapateiro, garçom e frentista; prestou o serviço militar e retornou à sua terra. Voltou a São Paulo, onde fez teste em várias rádios. Durante um ano e meio, trabalhou de graça; chegou a passar fome. Hoje, isso é passado, mas seus “causos” não. No rádio, na televisão (TV Cultura de São Paulo), sem acanhamento e com fôlego, vem tirando o Brasil da gaveta!

                                Revista Kalunga. São Paulo, ano XXXIII, n. 179, dez. 2005.

Entendendo o texto:
01 – Que palavras do texto buscam representar o jeito de falar do caipira?
      “Causo”, “contado”, “cantado”, “proseando”.

02 – Qual você acha que é a intenção do autor em dar ao texto o título “O Brasil de causo pensado”?
      Criar um trocadilho entre as palavras “caso” e “causo”, pois tratará da importância dos causos.

03 – Podemos observar que a maioria dos verbos utilizados no texto está no tempo passado. Por que o narrador optou por usar os verbos nesse tempo? Copie do último parágrafo a frase que confirma a sua resposta.
       Porque todas essas ações ocorreram no passado, fazem parte do passado de Rolando Boldrin. A frase que confirma a resposta é: “Hoje, isso é passado, mas seus causos não”.

04 – O texto relata acontecimentos da vida de Rolando Boldrin. Identifique uma sequência de acontecimentos e destaque a palavra que mais informa sobre cada acontecimento.
       Possibilidade: Depois de viver oito anos na vizinha Guaíra, retornou à terra natal e pegou a estrada para tentar a vida. “Viver”, “retornou” e “pegou”.

05 – O que você compreendeu da expressão “tirar o Brasil da gaveta”?
       Resposta pessoal.



SERMÃO VIGÉSIMO SÉTIMO - PADRE ANTÔNIO VIEIRA - COM GABARITO

 SERMÃO VIGÉSIMO SÉTIMO,
  
      Com o Santíssimo Sacramento exposto

                                                       (Da série Maria, Rosa Mística).

          Uma das grandes cousas que se veem hoje no mundo, e nós pelo costume de cada dia não admiramos, é a transmigração imensa de gentes e nações etíopes, que da África continuamente estão passando a esta América. [...] Os outros nascem para viver, estes para servir; nas outras terras do que eram os homens e do que fiam e tecem as mulheres, se fazem os comércios; naquela o que geram o pais e o que criam a seus peitos as mãos, é o que se vende e se compra. Oh, trato desumano, em que a mercancia são homens! Oh mercancia diabólica, em que os interesses se tiram da almas alheias, e os riscos são das próprias! [...]
         Os senhores poucos, os escravos muitos; os senhores rompendo galas, os escravos despidos e nus; os senhores banqueteando, os escravos perecendo à fome; os senhores nadando em ouro, e os escravos carregados de ferro; [...]
          Estas são as considerações que faço, e era bem que fizessem todos, sobre os juízos ocultos desta tão notável transmigração e seus feitos. Não há escravo no Brasil [...] que não seja matéria para mim de uma profunda meditação. [...] não posso entender que Deus que criou estes homens tanto à sua imagem e semelhança como os demais, os predestinasse para dois infernos, um nesta vida, outro na outra. Mas quando os vejo tão devotos e festivais diante dos altares da Senhora do Rosário, todos irmãos entre si, como filhos da mesma Senhora, já me persuado sem dúvida que o cativeiro da primeira transmigração é ordenado por sua misericórdia para a liberdade da segunda [...].
          [...] neste mesmo estado da primeira transmigração, que a do cativeiro temporal, vos estão Deus e sua Santíssima Mãe dispondo e preparando para a segunda transmigração, que é a da liberdade eterna.
          [...] Isso é o que vos hei de pregar hoje par vossa consolação [...] vos peço me ajudeis a alcançar com que vos possa persuadir a verdade dela.

                   VIEIRA, Padre Antônio. Obras escolhidas. v. XI, Sermões (II).
                                                             Lisboa: Livraria Sá Costa, 1954, p. 47-50.

Entendendo o texto:
01 – A quem se destina o sermão pregado por Vieira?
     Aos negros.
02 – No período colonial, os negros eram considerados objetos, intelectualmente inferiores, e não podiam frequentar a igreja ao mesmo tempo eu os senhores. Considerando essas afirmações, como você explicaria o objetivo de Vieira para compor esse sermão?
     Resposta pessoal.

03 – De acordo com os trechos lidos, qual foi a “primeira transmigração” mencionada? E qual seria a “segunda transmigração”?
     A primeira foi o deslocamento dos negros da África para o Brasil;
     A segunda a passagem da vida para a morte.

04 – Em dois trechos, foi empregado o verbo “persuadir” (convencer). Localize-o e indique: quem deveria ser persuadido? De quê?
     “Já me persuado”; “com que vos possa persuadir a verdade dela”. Os negros deveriam ser convencidos de que seu cativeiro era parte do plano divino para salvação de suas almas.

05 – Fica claro que Vieira opõe –se aos abusos cometidos contra os negros, mas não se manifesta contra a escravidão em si. Que trecho confirma que o Padre vê, mesmo na escravização, um bom propósito de Deus? Destaque-o no texto.
     O cativeiro da primeira transmigração é ordenado por sua misericórdia (da Senhora do Rosário e de Deus) para a liberdade da segunda.

ARTIGO DE OPINIÃO: CONSUMISMO - ANNA VERÔNICA MAUTNER - COM GABARITO

ARTIGO DE OPINIÃO: CONSUMISMO
                                         Anna Verônica Mautner

   A gente sabe que a capacidade de querer e de viabilizar o desejo tem tudo a ver com a sobrevivência da espécie. Não só dos aspectos instintivos como comer, beber e proteger-se do frio, mas também de outros impulsos, como os sociais. Para que alguém seja capaz de se prover de comida, água e teto, precisa querer com força suficiente para conseguir vencer as naturais dificuldades. Mesmo em termos mais simples e primitivos, prover-se demanda esforço, cansaço e, sobretudo, atividade sistemática.
        Tornou-se fácil alcançar a comida: estende-se o braço até a prateleira, aponta-se para a balconista ou faz-se uma encomenda por telefone. Bem diferente da obtenção de alimento em sociedades de coletores, pescadores ou caçadores.
        Durante os milhares de anos que nos separam deles, manteve-se viva a necessidade de querer. Agora, que nem dinheiro temos de carregar, o que fazer com essa matriz mental desejosa acoplada ao nosso viver?
        Atualmente o que chamamos de consumismo é “ter para ser”, já que o sobreviver mudou tanto. Para uma parcela razoável da humanidade, sobreviver tornou-se fácil demais. Mas continuamos querendo, almejando como dantes[...].
        Inventamos novidades que só servem para termos ainda o que querer. [...] Há poucos meses, uma mulher muito rica, bonita e bem casada confessou que [...] só era feliz na Daslu. E o pior é que ela não mentia. A criação sem fim de grifes é igual a uma fome que não dá para saciar.
        O que mantém viva a nossa vontade de viver é que, nem com todo o dinheiro do mundo, desaparece a nossa aptidão de desejar. Sem parar, criam-se produtos – tanto para saúde, beleza, culinária e para outros prazeres quanto remédios ou maquinaria -, tudo para economizar esforço e para gerar “conforto”, desejo maior dos tempos modernos.
        Poder adquirir tudo o que nos é oferecido é sinal de poder.
        Só que esse poder é para quê?
        O consumismo pode parecer um defeito mental, mas está atrelado ao impulso de sobrevivência. No estágio em que se encontra de exacerbação, pode vir a significar o fim do planeta.
        Automóvel só não é sonho dourado de quem já o tem e pode continuar a poluir o ar que respiramos. Certos desejos são universais. Basta conhecer veículo motorizado para querê-lo, pois não há quem goste de suar carregando lata d`água na cabeça morro acima. Apenas para fabricar a torneira que traz água potável para dentro das casas, desejo geral desde a favela até a aldeia indígena, expele-se não sei quanto de CO2. Moças (ricas ou pobres) que já têm água encanada passam a querer xampu “curly”, que faz cachinhos, economizando o esforço e enrolar o cabelo. E assim vamos querendo pela vida afora.

       Anna Veronica Mautner. Consumismo. Equilíbrio, suplemento do jornal Folha de São Paulo, 7 jun. 2007.

Entendendo o texto:
01 – Quais eram as necessidades que moviam os homens na sociedade dos coletores, pescadores ou caçadores?
     Comer, beber e proteger-se do frio.

02 – Explique por que o desejo é importante para a sobrevivência da espécie.
     Porque nos faz vencer dificuldades para conseguirmos o que desejamos.

03 – A autora faz uma comparação entre os grupos caçadores-coletores e a sociedade contemporânea.
     a) Qual é essa comparação?
      Nos grupos caçadores-coletores consumia-se para sobreviver, já na sociedade contemporânea predomina o “ter para ser”.

     b) Cite uma situação que exemplifique essa comparação.
      Resposta pessoal.

04 – No texto, é citada uma consequência para a sociedade do consumo exagerado.
     a) Qual é essa consequência?
      O fim do planeta.

     b) Você concorda com a opinião expressa no texto? Justifique sua resposta.
      Resposta pessoal.

05 – Qual a importância dos exemplos da atualidade para a exposição do tema?
    Eles demonstram como o consumismo é exagerado nos dias de hoje e, assim, o leitor fica mais próximo da realidade exposta.

06 – Com base no texto, explique por que hoje há um consumismo exagerado.
     Resposta pessoal.