sexta-feira, 11 de maio de 2018

CRÔNICA: CHOQUE CULTURAL - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

Crônica: CHOQUE CULTURAL
               Luís Fernando Veríssimo

        Todos ficaram preocupados quando o Márcio e a Bete começaram a namorar porque cedo ou tarde haveria um choque cultural. Márcio era louco por futebol, Bete só sabia que futebol se jogava com os pés, ou aquilo era basquete? Avisaram a Bete que para acompanhar o Márcio era preciso acompanhar a sua paixão e ela disse que não esquentassem, iria todos os dias com o Márcio ao Beira Mar, se ele quisesse.
        - Beira Rio, Bete...
        Naquele domingo mesmo, Bete estava com Márcio no Beira Rio, pronta para torcer ao seu lado, e quase provocou uma síncope em Márcio quando tirou o casaco do abrigo.
        - O que é isso?! 
        Estava com a camiseta do Grêmio, em marcante contraste com o vermelho que Márcio e todos à sua volta vestiam. Desculpou-se.
        Disse que pensara que se pudesse escolher uma camiseta que combinasse com a roupa e ...
        Está bem, está bem – interrompeu o Márcio. – Agora veste o casaco outra vez.
        - Certo – disse Bete, obedecendo. E em seguida gritou “Inter!”, depois virou-se para o Márcio e disse: - O nosso é o Inter, não é?
        - É, é.
        - Inter! Olha, eu acho que foi gol!
        - O jogo ainda não começou. Os times estão entrando em campo.
        Bete agarrou-se ao braço de Márcio.
        - Você vai me explicar tudo, não vai? Gol de longe também vale três pontos?
        - Não. Vale dois. O que que eu estou dizendo? Vale um.
        Mas Bete não estava mais ouvindo. Estava acompanhando um movimento no gramado com cara de incompreensão.
        - Pensei que em futebol se levasse a bola com o pé.

        - É com o pé.
        - Mas aquele lá está levando embaixo do braço.
        Márcio explicou que aquele era o juiz, e que estava levando a bola embaixo do braço para o centro do campo, onde iniciaria o jogo. Não, os outros dois não estavam ali para evitar que tirassem a bola das mãos do juiz, como no futebol americano. Eles eram os auxiliares do juiz. O que os auxiliares faziam?
        - Bom, quando um dos auxiliares levanta a bandeira, o juiz dá impedimento.
        - E o que o auxiliar faz com o impedimento?
        Márcio suspirou. Foi o primeiro dos 117 suspiros que daria até o namoro acabar duas semanas depois. Explicou:
        - Os auxiliares sinalizam para o juiz que um jogador está em impedimento, isto é, está em posição irregular, impedido de jogar, e o juiz apita.
        - Meu Deus!
        Márcio olhou para Bete. O que fora?
        - O juiz apita?! – perguntou Bete, com os olhos arregalados.
        - É. O juiz sopra um apito. Aquilo que ele tem pendurado no pescoço é um apito.
        - Ah.
        Bete sentiu-se aliviada. Por alguns instantes, a ideia de um homem que apitava, sabia-se lá por que mecanismo insólito, quando lhe acenavam uma bandeira, parecia sintetizar toda a estranheza daquele ambiente em que se metera, por amor. Ele não apitava. Soprava um apito. Era diferente.
        Mas Bete notou, pela cara do Márcio quando ela disse “Ah”, que estava tudo acabado.

                  VERÍSSIMO, L.F. A eterna privação do zagueiro absoluto.
Rio de Janeiro: Objetiva, 1999.
Entendendo a crônica:
01 – Quem escreveu a crônica Choque cultural?
      Luís Fernando Veríssimo.

02 – Quem seriam os possíveis destinatários deste texto?
      Público em geral.

03 – Que fato deu origem ao texto que você leu?
      Dificuldade de relacionamento.

04 – Qual é o suporte desta crônica?
      Livro.

05 – A crônica é quase sempre um texto curto, com poucas personagens, que se inicia quando os fatos principais da narrativa estão por acontecer. Por essa razão, o tempo e o espaço são limitados. Na crônica “Choque cultural”:
a) Quais são as personagens envolvidas na história?
      Márcio e Beth.

b) Onde acontecem os fatos narrados?
      Em um jogo de futebol.

c) Qual é o tempo de duração desses fatos?
      O tempo de duração do jogo.

06 – Por que Bete dava tantos “foras”?
      Falta de conhecimento sobre futebol.

07 – Releia o trecho do texto: “Márcio suspirou. Foi o primeiro dos 117 suspiros que daria até o namoro acabar duas semanas depois.” Explique a causa de tantos suspiros do personagem Márcio.
      Ele já não suportava responder perguntas sem sentido.

08 – Na crônica, os fatos podem ser narrados por um narrador-observador ou por um narrador-personagem. Qual é o tipo de narrador na crônica lida? Justifique com um trecho do texto.
      Narrador observador – “Todos ficaram preocupados quando o Márcio e a Bete começaram a namorar porque cedo ou tarde haveria um choque cultural”.

09 – Partindo de notícias veiculadas em jornais falados ou escritos ou em situações do dia-a-dia, o cronista pode representá-las com humor, reflexão crítica e sensibilidade.
a) Existe uma relação entre a situação vivida pelas personagens da crônica e a de nosso dia-a-dia? Justifique.
      Resposta pessoal.
b) Que objetivos o autor tem em vista:
( ) Criar humor e divertir.
(x) levar o leitor a refletir criticamente sobre a vida e comportamentos humanos.

10 – Observe a linguagem empregada na crônica em estudo.
a) Os fatos são narrados:
(x) de forma pessoal, subjetiva de acordo com a visão do cronista.
( ) são narrados de forma impessoal, objetiva.
b) Que tipo de variedade linguística é adotado na crônica:
( ) a variedade padrão formal
(x) variedade padrão informal.

11 - Sabendo que a crônica fotografa um momento e a sensibilidade do cronista funciona como um “filtro”, que imprime singularidade ao retrato do fato. Se você tivesse de escolher um sentimento predominante nesta crônica, qual seria ele?
      Resposta pessoal.

12 – Qual é o tema do texto?
      Fala da diferença de gosto entre duas pessoas.

13 – Qual é a relação desse tema com o título? 
      É o gosto e o conhecimento sobre um determinado assunto.

14 – Segundo os amigos, o que Beth deveria fazer para conquistar o namorado?
      Deveria acompanhar a sua paixão.

15 – O que significa a expressão “esquentassem” quando Bete diz para os amigos “que não esquentassem”.
      Que ela iria acompanhar o namorado sempre.

16 – Bete conseguiu atingir o seu propósito de conquistar o Márcio? Por quê?
      Não. Porque não conseguiu aprender nada.

17 – Durante a partida, Bete não “dava uma dentro”. Para você, quais foram os “foras” que a Bete deu.
      Resposta pessoal do aluno.

18 – Use a sua criatividade e crie um diálogo no qual Bete dá um novo fora com relação ao jogo de futebol.
      Resposta pessoal do aluno.

19 – Abaixo existem dois trechos do texto onde aparece a expressão tudo. Explique o que cada um a quer dizer. Em outras palavras: a que essas expressões se referem?
               "- Você vai me explicar tudo, não vai? Gol de longe também vale três pontos?"
      Que era para o Márcio explicar todos os acontecimentos dentro da partida de futebol.    

               "Mas Bete notou, pela cara do Márcio quando ela disse “Ah”, que estava tudo acabado."
      Ela achava que tinha acabado a partida.

20 – Marque a resposta correta. Após a leitura do texto, podemos concluir que:
( ) Bete não tinha conhecimento nenhum sobre futebol e Márcio nem tentou ensinar tudo a ela. Nas entrelinhas pode-se entender que o namoro acabou porque Márcio pensa que conhecimento de mundo só se aprende na escola.
(X) Bete demonstrou boa vontade em aprender tudo sobre futebol. Márcio também estava disposto a ajudar, mas os questionamentos eram tantos que Márcio acabou desistindo do namoro. Faltou à Bete um tipo de conhecimento que se chama conhecimento de mundo.
( ) Para que o namoro desse certo, seria preciso que Bete se esforçasse mais para adquirir um conhecimento sobre futebol, coisa que Márcio não estava nem um pouco a fim de ensinar a ela.

FÁBULA: A ÁGUIA E A GALINHA - LEONARDO BOFF - COM GABARITO

Fábula: A águia e a galinha
             Leonardo Boff


    Conto uma história que vem de um pequeno país da África Ocidental, Gana, narrada por um educador popular, James Aggrey, quando se davam os embates pela descolonização.
 Era uma vez, um camponês que foi a floresta vizinha apanhar um pássaro, a fim de mantê-lo cativo em casa. Conseguiu pegar um filhote de águia. Colocou-o no galinheiro junto às galinhas. Cresceu como uma galinha.
    Depois de cinco anos, esse homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista. Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista: “Esse pássaro aí não é uma galinha. É uma águia”.
    --- “De fato”, disse o homem. “É uma águia. Mas eu a criei como galinha. Ela não é mais águia. É uma galinha como as outras”.
    --- “Não”, retrucou o naturalista. “Ela é e será sempre uma águia. Pois tem um coração de águia. Esta coração a fará um dia voar às alturas”.
    --- “Não”, insistiu o camponês. “Ela virou galinha e jamais voará como águia”.
    Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e desafiando-a disse: – “Já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, então abra suas asas e voe!”.
    A águia ficou sentada sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos. E pulou para junto delas.
    O Camponês comentou: “Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha”.
    --- “Não”, tornou a insistir o naturalista. “Ela é uma águia. E uma águia sempre será uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã”.
    No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa. Sussurrou-lhe: “Águia. Já que você é uma águia, abra suas asas e voe!”.
    Mas, quando a águia viu lá em baixo as galinhas ciscando o chão, pulou e foi para junto delas.
    O camponês sorriu e voltou à carga: “Eu havia lhe dito, ela virou galinha”.
    --- “Não”, respondeu firmemente o naturalista. “Ela é águia e possui sempre um coração de águia. Vamos experimentar ainda uma última vez. Amanhã a farei voar”.
    No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levaram-na para o alto de uma montanha. O sol estava nascendo e dourava os picos das montanhas.
    O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe: “Águia, já que é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe!”.
    A águia olhou ao redor. Tremia, como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então, o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, de sorte que seus olhos pudessem se encher de claridade e ganhar as dimensões do vasto horizonte. Foi quando ela abriu suas potentes asas. Ergueu-se, soberana, sobre si mesma. E começou a voar, a voar para o alto e voar cada vez mais alto. Voou. E nunca mais retornou. Povos da África (e do Brasil). Nós fomos criados à margem e semelhança de Deus. Mas houve pessoas que nos fizeram pensar como galinhas. E nós ainda pensamos que somos efetivamente galinhas. Mas nós somos águias. Por isso, abram as asas e voem. Voem como águias, jamais se contentem com os grãos que lhe jogarem aos pés para ciscar.
                                                                                    Leonardo Boff
Entendendo a Fábula: 

01 – Responda o que você entendeu com a leitura do texto.
      Resposta pessoal - Espera-se que os estudantes compreendam que nos tornamos aquilo que acreditamos ser. Temos que acreditar e lutar para vencer.

02 – Na sua opinião o que fez a águia voar?
      Por causa da altura que estava e a claridade do sol, abriu os olhos da águia para o horizonte.

03 – Você acredita que se a águia não fosse estimulada pelo naturalista ela iria voar um dia ou viveria sendo eternamente como uma galinha? Comente.
      Ela viveria eternamente como uma galinha, da maneira como ela foi criada desde pequena.

04 – Na sua opinião existem pessoas que pensam como a galinha, ou seja, se contentam com injustiças e com os grãos que lhes caem aos pés? Justifique.
      Sim. Acham que não precisam de mais nada, e é suficiente pra viver. Sem intensão de crescer na vida.     

05 – Você se considera nesse momento, como uma águia ou como uma galinha? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.

06 – Em algum momento da sua vida, você teve medo assim como a águia? Em qual situação?
      Resposta pessoal do aluno.

07 - Se você fosse uma águia para onde voaria nesse momento? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.

08 – Por que o camponês achava que a águia nunca mais seria uma águia?
      Porque toda as vezes que tentaram fazer ela voar, ela pulava e ia ciscar junto com as galinhas.

09 – Quantas vezes o naturalista tentou fazer a águia voar?
      Tentaram 03 vezes.

10 – Qual era a reação do camponês, toda vez que a águia não voava?
      Ele sorria e dizia: “Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha.”

11 – Esta fábula foi narrada por quem? E de que país era?
      Foi por uma narrador popular, James Aggrey, de Gana, na África Ocidental.

POEMA: PROCURA DA POESIA - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

Poema: PROCURA DA POESIA
              Carlos Drummond de Andrade


Penetra surdamente no reino das palavras
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
Há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e se consuma
Com seu poder de palavra
E seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
Como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada no espaço.
Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra
E te pergunta, sem interesse pela resposta,
Pobre ou terrível, que lhe deres:
– Trouxeste a chave?

Carlos Drummond de Andrade – fragmento.

Entendendo o poema:
01 – Dê o significado das palavras que foram utilizadas no poema:
a) Intata: Que não foi tocada, mexida.         
b) Obscuro: Escuro, sombrio, difícil de compreender ou explicar, confuso.        
c) Consumir: Fazer uso de, utilizar.       
d) Desprender: Desatar-se, desligar-se, afastar-se.                       
e) Limbo: Estado de indecisão. Para os católicos, morada das almas pagãs que morrem sem o batismo
f) Adular: Bajular, elogiar para obter favores.

    02 – Em que pessoa do discurso foi escrito o poema? Justifique com elementos do texto.
          Foi escrito na 2a. pessoa (tu). Exemplos: “Penetra (tu) surdamente…”; “Convive (tu) com teus poemas…”; “Tem (tu) paciência…”; “Espera (tu) que cada um…”; “Não forces (tu) o poema…”; “Não colhas (tu) no chão…”; “Chega (tu) mais perto…”; “Trouxeste (tu) a chave?”

    03 – O que quer dizer o verso: “Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.”?
          Os poemas são escritos com palavras, que separadas não têm sentido, por isso estão “sós e mudos, em estado de dicionário”. Os poemas só são entendidos quando as palavras se relacionam para transmitir uma mensagem.

04 – De acordo com o texto, o escritor diz que o poeta é quem cria o poema ou o poema é quem se cria? Por quê?
           O poema é quem se cria, porque no texto, o escritor nos incita a esperar pacientemente pelo poema; aceitá-lo; não forçar sua saída do limbo.

     05 – O que quer dizer o verso “cada uma tem mil faces secretas…”?
           Cada palavra pode ser usada das mais diversas formas, com os mais diversos significados, até desconhecidos ou inventados.





POEMA: ÚLTIMA DEUSA - ALBERTO DE OLIVEIRA - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO


Poema: ÚLTIMA DEUSA


Foram-se os deuses, Foram-se, em verdade;
Mas das deusas alguma existe, alguma
Que tem teu ar, a tua majestade,
Teu porte e aspecto, que é tu mesma, em suma.

Ao ver-te com esse andar de divindade,
Como cercada de invisível bruma,
A gente à crença antiga se acostuma,
E do Olimpo se lembra com saudade.

De lá trouxeste o olhar sereno e garço,
O alvo colo onde, em quedas de ouro tinto,
Rútilo rola o teu cabelo esparso...

Pisas alheia terra. Essa tristeza
Que possuis é de estátua que ora extinto
Sente o culto da forma e da beleza.

 Alberto de Oliveira

Entendendo o poema:

01 – Pela leitura do texto, só NÃO se pode afirmar que:
     a) O descritivismo estilizado da personagem feminina dá-se a partir de ideias clássicas consagradas pela tradição.
     b) O poeta utiliza-se de um padrão estereotipado de forma e de beleza, o que aproxima o poeta da prática textual do Parnasianismo.
     c) Embora idealizada – “majestade” e “divindade” –, a personagem se faz concreta através da imagem estabelecida pela “estátua”.
     d) Certos versos do poema realizam a fuga no tempo, na busca de inspiração para o desenho da figura feminina.
     e) A valorização das essências da personagem é dado característico que aproxima o poema de algumas obras do Romantismo.

02 – Uma das afirmações abaixo não revela a presença da estética parnasiana presente no texto. Assinale-a:
     a) Há o emprego de um discurso de contenção emocional.
     b) A seleção vocabular é índice de atitude preciosista.
     c) A linguagem assume tonalidade descritiva.
     d) A informalidade do discurso é índice de modernidade.
     e) A regularidade métrica e as rimas dão valor expressivo ao poema.

03 – Sabendo-se que uma das funções da rima é realçar a ideia contida nos termos rimados, aproximando-os ou opondo-os quanto à significação, assinale o comentário INDEVIDO, feito a partir das rimas destacadas:
     a) “Verdade” / “majestade” – nada há de verdadeiro, nem a presença marcante da personagem.
     b) “Alguma” / “suma” – se há uma deusa, a personagem é, dela, um resumo.
     c) “Divindade” / “saudade” – tudo que lembra os tempos idos deixou recordações.
     d) “Tinto” / “extinto” – elemento tão precioso, raro, não mais é encontrado.
     e) “Tristeza” / “beleza” – mesmo o aspecto triste consagra a personagem como bela.

04 – A expressão De lá possui valor locativo e remete o leitor a um espaço a que a poética modernista não faria referência.
     a) Que espaço é esse?
     Mundo clássico.

     b) De que modo essa referência não condiz com a postura modernista?
      Enquanto a poética parnasiana busca inspiração no mundo clássico, a modernista identifica a realidade imediata.

TEXTO: O DRAMA DA GEADA - NEGRINHA(1994) - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO


Texto: O DRAMA DA GEADA


        Junho. Manhã de neblina. Vegetação entanguida de frio. Em todas as folhas o recamo de diamantes com que as adereça o orvalho.
        Passam colonos para a roça, retransidos, deitando fumaça pela boca.
        Frio. Frio de geada, desses que matam passarinhos e nos põem sorvete dentro dos ossos.
        Saímos cedo a ver cafezais, e ali paramos, no viso do espigão, ponto mais alto da fazenda. Dobrando o joelho sobre a cabeça do socado, o major voltou o corpo para o mar de café aberto ante nossos olhos e disse num gesto amplo:
        - Tudo obra minha, veja!
        Vi. Vi e compreendi lhe o orgulho, sentido me orgulhoso também de tal patrício. Aquele desbravador de sertões era uma força criadora, dessas que enobrecem a raça humana.
        - Quando adquiri esta gleba – disse ele –, tudo era mata virgem, de ponta a ponta. Rocei, derrubei, queimei, abri caminhos, rasguei valos, estiquei arame, construí pontes, ergui casas arrumei pastos, plantei café – fiz tudo. Trabalhei como um negro cativo durante quatro anos. Mas venci. A fazenda está formada, veja.
[...]
                                                  
Negrinha (1994). São Paulo: Brasiliense, p. 35.

Entendendo o texto:
01 – Observe os trechos sublinhados. O que eles dizem a respeito da paisagem e da pessoa?
       Os trechos sublinhados com linha reta descrevem, atribuem propriedades à paisagem e às pessoas.

02 – De que classes gramaticais são as palavras mais usadas?
       São constituídos, predominantemente, por nomes: substantivos e adjetivos. Quando usados, os verbos são de estado. Orações com valor de adjetivo, como as subordinadas relativas adjetivas, também são frequentemente usadas na descrição.

03 – Releia, agora, o último parágrafo do texto. Compare-o com os trechos sublinhados. De que classe gramatical são as palavras mais usadas?
       Refere-se a ações que implicam mudanças de estado. Há predominância de verbos de ação no pretérito perfeito do indicativo.

04 – A que sequências tipológicas a ideia de trabalho está mais associada? Às descritivas ou às narrativas? Por quê?
       A ideia de trabalho associa-se mais a ações, ao fazer algo; por isso trabalho está mais próximo dos trechos narrativos.





TEXTO: A CIDADE - TP4 - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO


Texto: A CIDADE


        “A cidade é um montão de gente tentando fugir dos automóveis. A gente que consegue entra nas lojas, nos cinemas e nos cafés, tudo muito depressa como se fosse o último dia de tudo. Quando a gente vai entrando na cidade vai perdendo a educação e quando vai saindo vai virando educado de novo. Nas ruas tem sempre uma porção de gente querendo vender uma porção de coisas que a gente não quer de modo nenhum, mas nas lojas é difícil encontrar o caixeiro pra vender o que a gente quer. Agora a ocasião em que a cidade fica mais bonita é de noite, quando todas as lojas acendem as luzes de náilon.
        Minha cidade é tão grande que nem do alto no morro a gente vê ela toda. Faz calor no verão e, às vezes, um pouquinho de frio no inverno. A gente brinca muito na praia, que tem uma areia que dá muito apetite depois que a gente brinca nela, de modo que a gente come tanto que parece às vezes que a comida é maior do que a gente. Agora de automóvel a cidade acaba logo e papai diz que um dia nós vamos no Rio de Janeiro. Mas o melhor mesmo da minha cidade são as férias, que é quando a gente vai passar uns tempos noutro lugar.”

                                                TP4 – Leitura e Processos de Escrita I – Parte I.
      Entendendo o texto: 
     01 – Que hipóteses você pode fazer sobre seu autor, ou autora?
      A resposta é pessoal. Você pode pensar que é uma criança, do sexo feminino ou masculino. Pode pensar que é criação de um adulto. Todas as possibilidades, por enquanto, são viáveis.

    02 – Poderia ser parte de um livro, ou outro material? De que tipo? Que objetivo teria?
      Poderia ser parte de um livro que tratasse da escrita da criança. Poderia ser um texto de criança que alguém vai explorar de alguma forma. Pode ser parte de um livro de um adulto que queria imitar a escrita de uma criança. Todas as possibilidades, por enquanto, são aceitáveis.

    03 – Esse texto poderia ser útil a você? A que atividade se prestaria?
      Hipótese pessoal. Em todo caso, você poderia pensar na reescrita do texto, conforme objetivos que você tenha.

    04 – Por que podemos classificar o texto como humorístico?
      A lógica da criança, implacável, mesmo que ingênua, na apresentação das contradições da cidade, os comentários sobre sua própria cidade, os “enganos” no emprego das palavras, tudo ajuda na criação de uma visão humorística do assunto.

     05 – Você acha que um texto humorístico pode ser preferencial quando o objetivo de leitura é obter informação? Por que?
      Não é o melhor, por motivo até simples: só rimos de uma situação apresentada de uma forma inusitada, imprevista. Portanto, só rimas porque temos conhecimento, já temos as informações mais importantes sobre o assunto fonte de humor.

06 – O texto da criança apresenta dois parágrafos apenas. Na abordagem do tema “cidade”, que ideia comanda a criação de cada um deles?
      No primeiro parágrafo, a criança apresenta a cidades em geral; no segundo parágrafo, apresenta a sua cidade, em particular.

    07 – O texto apresenta uma linguagem escrita muito próxima da oral. Indique pelo menos dois exemplos que comprovem essa afirmativa.
      A criança usa expressões da linguagem oral, como “montão”; “uma porção”. Tem uma sintaxe marcadamente oral: usa o “ter” por “haver”, e o pronome “ela” como objeto. O uso do “a gente” como sujeito também é característica dessa oralidade.

    08 – Observe especialmente os dois usos da palavra gente.
a)   Que elemento acompanha a palavra, em cada um dos usos?
     Temos “de gente” e “a gente”.

b)   Qual é a diferença de significado desses dois usos?
     No primeiro caso, a expressão significa “pessoas”; no segundo, significa “nós”.

c)   No final do primeiro parágrafo, a criança faz uso de uma palavra completamente fora do contexto. Qual é, e como poderíamos explicar a troca de palavras?
     Ela usa “náilon”, em vez de “neon”. A criança ouviu a palavra adequada ao contexto, mas não a assimilou ainda, confundindo com outra que ela também já ouviu mais vezes, sem dominar tampouco seu significado.

    09 – Comparemos alguns aspectos deste texto com o Nossas cidades.
a)   Podemos encontrar uma ideia comum aos dois. Qual é?
     A ideia comum, é a de que “ir para outro lugar” é o melhor da cidade.

b)   Apesar de os dois textos apresentarem problemas das grandes cidades, qual deles é o mais otimista? Justifique.
    O texto da criança é mais otimista, uma vez que apresenta pontos positivos e negativos das cidades. O outro só apresenta pontos negativos, até porque precisa dar o recado de que é preciso sair da cidade.

    10 – O fato de o texto ter determinadas características não nos obriga a gostar dele. Você gostou do texto? Saberia dizer por que gostou ou não dele?
      A opinião é completamente pessoal. O que sugerimos é que tente sempre buscar as razões de suas posições.



quinta-feira, 10 de maio de 2018

MÚSICA: TÁ ESCRITO - REVELAÇÃO - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO

Música: Tá Escrito
                                     Revelação

Quem cultiva a semente do amor
Segue em frente e não se apavora
Se na vida encontrar dissabor
Vai saber esperar a sua hora

Quem cultiva a semente do amor
Segue em frente e não se apavora
Se na vida encontrar dissabor
Vai saber esperar a sua hora

Às vezes a felicidade demora a chegar
Aí é que a gente não pode deixar de sonhar
Guerreiro não foge da luta, não pode correr
Ninguém vai poder atrasar quem nasceu pra vencer

É dia de sol, mas o tempo pode fechar
A chuva só vem quando tem que molhar
Na vida é preciso aprender
Se colhe o bem que plantar
É Deus quem aponta a estrela que tem que brilhar

Erga essa cabeça, mete o pé e vai na fé
Manda essa tristeza embora
Basta acreditar que um novo dia vai raiar
Sua hora vai chegar!

Erga essa cabeça, mete o pé e vai na fé
Manda essa tristeza embora
Basta acreditar que um novo dia vai raiar
Sua hora vai chegar!

Entendendo a canção:

01 – Qual é o tema proposto na canção?
      A música traz um tema positivo que ajuda a levantar a autoestima. A letra diz que se cultivarmos o amor, diante das dificuldades não vamos nos apavorar. Que a felicidade às vezes demora para chegar, mas se cultivarmos o bem ela não tarda. Que não devemos nos abater, porque somos guerreiros não devemos fugir da luta e sim encarar as dificuldades com garra. Se cair tem que levantar a cabeça e seguir em frente, pois nascemos para vencer.

02 – Cite aspectos que a letra da canção nos traz.
      O texto apresenta mensagens positivas de otimismo.

03 – A canção traz um conselho para quem quer superar as dificuldades impostas pela vida. Qual é esse conselho? Você acredita ser esse o requisito básico para superação dos problemas? Comente.
      Devemos sempre cultivar o amor. Resposta pessoal do aluno.

04 – De acordo com a canção se a felicidade demorar a chegar o que devemos fazer?
      Não podemos deixar de sonhar e lutar para que nossos sonhos se realizem.     

05 – Ainda de acordo com a canção, se a tristeza aparecer o que devemos fazer?
      Devemos erguer a cabeça e seguir com fé e, sempre acreditar que um novo dia vai raiar e que a hora de realizar nossos sonhos vai chegar.

06 -  Explique o sentido dos versos a seguir:
“A chuva só vem quando tem que molhar
Na vida é preciso aprender
Se colhe o bem que plantar
É Deus quem aponta a estrela que tem que brilhar...”
      O que temos que passar na vida ninguém passa por nós. Que devemos aprender com os erros e procurar acertar. Se plantarmos o bem vamos colher o bem. Devemos ter fé e acreditar em Deus ele nos guiará ao caminho certo.

07 – Você acredita que se lutarmos de forma honesta, seguindo princípios positivos como cita na música “se colhe o bem que plantar”, a vitória um dia chega? Comente.
      Resposta pessoal do aluno.

08 – Às vezes por motivos diversos ficamos tristes ou desanimados. Você acha que ouvir a canção o estado de espírito melhora? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.



"Só o riso, o amor e o prazer merecem revanche. O resto, é mais que perda de tempo... é perda de vida." Chico Xavier