FILME(ATIVIDADES): Quanto vale ou é por quilo?Dicas e
sugestões de atividades pedagógicas para o uso do filme em sala de aula.
Quanto
vale ou é por quilo?
Ficha
técnica do filme
Título original: Quanto vale ou é por quilo?
Gênero:
Drama Duração: 104min
Lançamento
(Brasil): 2005
Direção: Sérgio Bianchi
Roteiro:
Sérgio Bianchi, Eduardo Benaim e Newton Canitto
Produção:
Patrick Leblanc e Luís Alberto Pereira
Fotografia:
Marcelo Copanni
Edição: Paulo Sacramento
Sinopse
Quanto vale ou é por quilo? é um filme
baseado em um conto de Machado de Assis que propõe uma reflexão sobre a
sociedade brasileira escravocrata do século XVIII e a contemporânea.
Em diversos momentos, o filme retrata
que a escravidão, os capitães do mato eram atores de uma história escrita no
passado. Mas, em outros, que tais “personagens” ainda escrevem a história do
nosso cotidiano...
No período escravocrata,
homens-escravos foram fonte de lucro e uma moeda corrente paralela aos contos
de réis. A exploração humana era fonte de status e riqueza. O filme mostra,
dentro dessa perspectiva, que o trabalho e o lucro de muitas ONGs se baseia no
mesmo princípio: exploração da miséria humana.
Crítica do filme:
“O filme é uma excelente fonte de
aprendizado e reflexão. Mostra-nos que o tempo passou e (quase) nada mudou. E,
principalmente, coloca uma pulga (gigante) atrás da orelha sobre como podemos
intervir nesta realidade... Sobre as nossas ‘supostas’ ações sociais... Até que
ponto efetivamente contribuímos para a melhoria da sociedade?
O filme é forte, em alguns momentos
tenso, mas muito valioso, além de ser um convite ao desafio: qual o significado
de Quanto vale ou é por quilo?”.
Entendendo
o filme:
01 –
Reflexão.
O filme pode ser utilizado como
instrumento de reflexão e expansão de consciência de modo transversal, porém é
inegável que a história, a sociologia e a filosofia são vieses muito presentes
em todo o desenrolar da trama.
02 –
História, a escravidão no Brasil.
Enfocando a história, o filme retrata
fielmente as questões referentes à escravidão no Brasil. O professor pode
explorar essa temática mostrando as cenas:
A escrava que comprava escravos e teve
seus direitos usurpados.
Os inúmeros instrumentos de castigo aos
negros mostrados detalhadamente já no início do filme.
A ação dos capitães do mato.
O comércio de escravos como negócio
lucrativo e próspero.
Os direitos dos alforriados.
As cartas de alforria.
A relação entre escravos e seus
proprietários.
03 –
História, relação entre passado e presente.
Ainda dentro da perspectiva do trabalho
com a disciplina História, é possível desmistificar a questão que muitos
alunos, equivocadamente, pontuam: “História é coisa do passado!” ou “Já passou
mesmo, o que isso tem a ver comigo nos dias de hoje”!
O filme transpõe a escravidão do século
XVIII para diversas situações de escravidão no século XXI. E vai mais além:
apresenta a “máfia” a qual pertencem algumas ONGs (Organizações Não Governamentais),
que visam lucro na miséria das comunidades.
04 –
Análise crítica, questões para a sua turma.
Para que a análise crítica tenha o máximo
de profundidade possível, você, após assistir ao filme, pode lançar as
seguintes questões para sua turma, para que sejam respondidas em grupos ou
individualmente e depois debatidas no grande grupo:
O que é justiça afinal? Aponte situações
no filme em que a justiça foi cumprida e outras em que a justiça falhou.
A escravidão realmente acabou?
Quais são as novas formas de escravidão?
Como o filme retrata as favelas? Comente
a cena na qual Ricardo atola o carro próximo à cena de um assassinato.
De acordo com seu entendimento, qual é o
papel das ONGs? Como o filme retrata esta realidade?
No Brasil há seriedade? Como o filme
traça o perfil social do nosso país?
Existe ética na publicidade/marketing?
Como essa situação é abordada no filme?
O que é caridade? O que é doação? A
doação é somente algo material?
O que é assistencialismo? Em sua opinião,
o Brasil é um país assistencialista?
Como você analisa a situação mostrada no
filme, em que duas ONGs brigam entre si para darem alimentos, sopa e cobertores
a mendigos de rua?
Por que as doações são, muitas vezes,
vinculadas a crescimento espiritual?
A oferta de Noemia a Mônica, para o
custeio do casamento, é uma forma de escravidão? Que outra situação do filme
retrata a mesma situação?
Como os esquemas de corrupção são
mostrados no filme? Em que situações?
Mônica decide criar uma menina negra. Por
quê?
O filme retrata o crescimento das
penitenciárias como fator de aquecimento da economia. Por quê? Em sua opinião,
este pensamento é correto?
Aumentar o número de penitenciárias no
Brasil pode diminuir os índices da violência urbana?
Por que o personagem interpretado por
Lazaro Ramos compara as penitenciárias a navios negreiros?
O que o personagem interpretado por
Lazaro Ramos quer dizer com a expressão “Liberdade para consumir”?
Como Candinho se envolve no mundo do
crime?
Qual é a visão da sobrinha de Mônica
sobre o mundo da moda? E seus valores?
Quem são os novos capitães do mato?
Como o filme retrata as campanhas
publicitárias desconexas da realidade?
O que é abismo social?
Por que o personagem interpretado por
Lazaro Ramos afirma que sequestro é uma forma de distribuição de renda?
O filme menciona o marketing da
violência. O que isso quer dizer?
O sequestro de Marco Aurélio foi fruto da
desigualdade social?
O que é um favor? Favor se paga? Ou se
retribui? Qual a “moeda corrente” nos pagamentos dos favores?
Como o filme retrata a “reinclusão
social”? Analise a fala de Ricardo durante a festa de premiação, quando
menciona a empregabilidade dos ex-detentos.
Em sua opinião, o que significa a
expressão: “Vale quanto pesa ou é por quilo?”
05 –
Projeto multidisciplinar, dados estatísticos.
Ainda é possível, dentro da disciplina de
matemática ou em um projeto multidisciplinar, analisar os dados numéricos
levantados pelo filme. Sugiro que eles sejam pesquisados novamente pelos alunos
de modo a atualizar os valores que se referem ao ano de lançamento do filme:
2005.
Dados para análise:
Em determinada situação do filme, uma
escrava Lucrecia necessitava de 34 mil réis para comprar sua carta de alforria.
Quanto equivale essa quantia em reais?
Maria Antonia vende a carta de alforria a
Lucrecia por 42238 réis, obtendo uma lucratividade de 7,5% ao ano. Que
operações financeiras da atualidade podem render percentuais iguais ou
superiores a esses?
No mercado da solidariedade, cada criança
carente corresponde a 5 novos empregos. Qual é a dimensão desta empregabilidade
neste ano?
Segundo o filme, é levantada ao ano uma
quantia de U$ 10.000,00 por criança carente ao ano no Brasil. O que seria
possível realizar se essa verba efetivamente fosse utilizada para o fim a que
se destina?
Quanto custa a manutenção mensal de
presidiários no Brasil?
Qual o volume anual de recursos
financeiros movimentados anualmente por ONGs brasileiras?
06 – Relação
com outros eventos recentes.
É possível comparar as situações vistas
no filme com a cena trágica da interceptação da ajuda humanitária a Gaza?
07 –
ONGs, todas são como as retratadas no filme?
É necessário fazer um fechamento com os
alunos no sentido de esclarecimento: nem todas as ONGs funcionam como as
retratadas no filme. Há muita gente séria no terceiro setor! Para diferenciar o
joio do trigo é necessário acompanhar as atividades, analisar as finanças e ser
crítico.
08 –
Últimas dicas.
E a última dica. Assista ao filme até o
final mesmo! Você pode pensar que o filme acabou, mas logo após os letreiros do
final, há mais um “pedacinho” surpreendente e que amplia a discussão!
Nos extras, há um depoimento muito
interessante de Iná Camargo. Confira também!