sábado, 3 de março de 2018

TEXTO: GRIPE - SALA DE AULA VAZIA, SHOPPING CHEIO - TOMÁS BARREIROS - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO

Texto: Gripe: sala de aula vazia, shopping cheio
  
        Durante a epidemia de influenza (a “gripe espanhola”) que grassou no país em 1918, as autoridades municipais de Curitiba determinaram o fechamento de todas as casas de espetáculos e proibiram aglomerações, inclusive o acompanhamento dos enterros e a frequência a templos religiosos.
              Ante os parcos recursos e conhecimentos médico-científicos de então, estima-se que a epidemia tenha matado cerca de 50 milhões de pessoas no mundo.
        Agora, no século 21, nossas autoridades estão permitindo a desinformação e o caos. Enquanto diversas escolas adiaram o início das aulas do segundo semestre ou as suspenderam, e a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo determinou a volta às aulas apenas no dia 17 de agosto, o secretário de Saúde do Paraná inicialmente criticou as instituições curitibanas pela atitude “precipitada” – depois, acabou cedendo, embora argumentando que os motivos não são técnicos, e que aderiu à medida apenas para tranquilizar as famílias. Várias vozes qualificadas classificaram o adiamento como inútil e inócuo.
        Os especialistas divergem. Uns dizem que a gripe A tem gravidade e letalidade parecidas com a da gripe sazonal e que bastam as ações preventivas que estão sendo tomadas para conter riscos maiores. E garantem que adiar o início das aulas por uma ou duas semanas não terá nenhum efeito. Outros especialistas, por sua vez, afirmam que a situação é mais grave do que se noticia e que deveriam ser tomadas medidas mais drásticas, justificando a suspensão das aulas.
        O diretor de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, Eduardo Hage, afirmou categoricamente: “No Brasil, adoecer pela gripe comum ou pela H1N1 é muito semelhante do ponto de vista da gravidade dos casos. Isso indica que a abordagem clínica para diagnóstico, tratamento e internação deve ser a mesma para ambos os vírus.” A única recomendação do Ministério sobre a volta às aulas é que os alunos que tiverem sintomas da gripe não retornem.
        Quando nem as autoridades da saúde se entendem, como o cidadão pode ter uma orientação se­­gura? Se há uma pandemia, trata-se de um problema de saúde pública – portanto, cabe ao Poder Público orientar e inclusive baixar normas a respeito, determinando que atitudes devem ser tomadas. Se não o faz, ou o faz de modo contraditório, continuamos nessa situação absurda, com suspensão de algumas atividades e de outras não. A capa da Gazeta do Povo de 30/07 é sintomática: ao mesmo tempo em que noticia em grande manchete a suspensão de aulas, apresenta a chamada: “Férias e chuva lotam shoppings de Curitiba”. O texto dessa chamada informa que “julho foi um mês de ouro para os shoppings”, por causa das férias escolares e do clima frio e chuvoso, capaz de encher lojas e cinemas. E o texto completa: “a previsão é de um agosto ainda melhor”. Portanto, a suspensão das aulas provavelmente terá como efeito a aglomeração de pessoas em outros ambientes, com riscos iguais ou maiores que a frequência às aulas.
        Quase todos os órgãos públicos continuam funcionando, inclusive com enormes aglomerações de pessoas que aguardam atendimento por horas em ambientes fechados. De que adianta, então, suspender as aulas? Ou a epidemia é realmente grave e qualquer aglomeração deve ser evitada, ou não é, e a vida de todos deve continuar normalmente, apenas com a adoção das medidas preventivas já recomendadas.
        Se o cidadão comum não tem como decidir por si só, cabe ao Poder Público definir uma linha de ação, seja para combater a epidemia com medidas drásticas, seja para acalmar a população e garantir a normalidade no cotidiano de todos.
        O que é inaceitável é a incrível falta de unidade nas determinações das autoridades. Tal situação nos leva a imaginar: se se tratasse de uma epidemia de alta letalidade e grande poder de propagação, provavelmente estaríamos à beira do extermínio.

Tomás Barreiros é jornalista e professor universitário.

Entendendo o texto:

01 – De acordo com o texto, as autoridades, no que diz respeito às questões de saúde pública em Curitiba,
A) têm uma visão muito mais clara do problema e das ações emergenciais a serem tomadas, o que se deve à experiência vivida no passado com a gripe espanhola.
B) mostram-se pouco familiarizadas com esse tipo de problema, o que pode ser comparado com a negligência vivenciada no passado, ao se tratar da gripe espanhola.
C) têm sido alvo de críticas pelas informações contraditórias que veiculam na mídia, mas agem acertadamente quando se trata das ações efetivas de combate à gripe A.
D) apresentam muita dificuldade para lidar com o problema, uma vez que hoje, assim como no passado, a escassez de recursos impede a tomada de ações eficazes.
E) atuaram de forma mais diligente no passado, havendo, no momento atual, atitudes pouco consistentes face à gravidade do problema representado pela gripe A.

02 – O texto deixa claro que o cidadão de hoje.
A) não é afetado pelas opiniões contraditórias dos especialistas.
B) consegue diferenciar a gripe comum da gripe A.
C) carece de informações mais claras e pontuais sobre a gripe A.
D) tem informações suficientes para resguardar-se das doenças.
E) age de forma precipitada por qualquer problema de saúde.

03 – O último parágrafo retoma a ideia contida no título do texto, mostrando
A) falta de bom senso das pessoas num momento de crise da saúde, pois gastam inadvertidamente, sem poupar recursos para cuidados médicos.
B) contradição no comportamento das pessoas, pois os alunos não vão à escola, mas acabam lotando os shoppings, onde se expõem à gripe da mesma forma.
C) falta de políticas públicas mais coercitivas, que deveriam proibir a exploração comercial decorrente de um problema de saúde pública.
D) falta de bom senso da população, que não se mobiliza para exigir das autoridades maior empenho e agilidade para eliminar os focos da gripe.
E) contradição nas decisões dos governos, que baixam normas para a população sem levar em consideração os riscos a que se expõe a maioria das pessoas.

04 – No primeiro parágrafo do texto, a palavra então
A) indica a causa de uma informação.
B) expressa circunstância de modo.
C) tem valor conclusivo.
D) pode ser substituída por agora.
E) reporta ao sentido de época.

05 – No texto, a informação — … nossas autoridades estão permitindo a desinformação e o caos… — é exemplificada por
A) …as autoridades municipais de Curitiba determinaram o fechamento de todas as casas de espetáculos e proibiram aglomerações...
B) … a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo determinou a volta às aulas apenas no dia 17 de agosto…
C) Se há uma pandemia, trata-se de um problema de saúde pública — portanto, cabe ao Poder Público orientar…
D) Se não o faz, ou o faz de modo contraditório, continuamos nessa situação absurda, com suspensão de algumas atividades e de outras não.
E) O texto dessa chamada informa que “julho foi um mês de ouro para os shoppings”, por causa das férias escolares e do clima frio e chuvoso, capaz de encher lojas e cinemas.

06 – A frase que reproduz uma ideia do texto de maneira gramaticalmente correta é:
A) Em 1918, com a gripe espanhola, em Curitiba, ficou proibidas as aglomerações, inclusive o acompanhamento dos enterros e a frequência a templos religiosos.
B) Estimam-se que cerca de 50 milhões de pessoas no mundo tenham sido vítima da gripe espanhola no início do século.
C) Evidentemente cabem ao Poder Público a orientação e a publicação de normas, determinando que atitudes devem ser tomadas.
D) Não seria de se espantar se muitos jornais trouxessem a seguinte manchete: “Férias lota shoppings de Curitiba”.
E) Existe divergências entre os especialistas: uns dizem que a gripe A têm gravidade e letalidade parecidas com a da gripe sazonal, outros afirmam que a situação é mais grave.



TEXTO: O PORQUINHO FEIO - SUGALD STEER - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO

TEXTO: O PORQUINHO FEIO

     Era uma vez uma mamãe pata que tinha cinco filhotes. Quatro deles eram os patinhos mais lindinhos, fofinhos e amarelinhos que você pode imaginar.
      Mas o quinto era cor de rosa, tinha focinho e um rabinho enrolado.
        “Ele é muito crescido para a sua idade”, pensava mamãe pata.       “Será que ele é um filhote de peru como todos dizem?”
        Mamãe pata levou seus filhotes para a aula de natação no lago.

        Todos os patinhos pularam logo na água, até o cor de rosa, apesar de ele não nadar tão bem como seus irmãos.
        “Bem, aquele patinho com certeza não é um peru!”, pensou sua mãe.
        No dia seguinte, chegou a hora de grasnar. Mamãe pata soltou um QUAC e cada um de seus filhotes a imitou.
        Mas, quando chegou a vez do patinho cor de rosa, no lugar de QUAC, ouviu-se ÓINC!
        --Ele não é um pato! –gritaram todos. --Ele é um porquinho feio, e não pertence ao nosso meio!
        E, assim dizendo, enxotaram o porquinho dali.
        Cansado, faminto e abandonado, o porquinho feio vagou durante vários dias em busca de um novo lar.
        Mas nem o passarinho lhe dava atenção.
        --Suma daqui, seu porquinho feio! – gritavam, assim que o viam.
        Um dia, o porquinho feio chegou a uma fazenda, e viu alguns porcos.
        Aproximando deles falou:
        -- Eu sei que sou um porquinho feio, mas será que posso ficar aqui, morando com vocês?
        -- Um porquinho feio?! – eles exclamaram.
        --Você é o porco mais lindo que já vimos!
        E, daquele dia em diante, ele viveu feliz para sempre.

                                 Sugald Steer – São Paulo: Brinque-Book,1999.

Entendendo o texto: 

01 – Quem são os personagens da história?
     A mamãe pata, os patinhos e o porquinho feio.

02 – Qual foi a primeira lição que a mamãe pata ensinou a seus filhotes?
     Aula de natação.

03 – Quando foi que a mamãe pata descobriu que o porquinho não era um pato? Por quê?
     Quando os patinhos disseram QUAC, e o porquinho disse OÍNC!

04 – O que a mamãe e os patinhos fizeram com o porquinho depois da descoberta? Assinale a resposta correta:
      ( ) Ensinaram o porquinho a ser como um pato.
      (X) Mandaram o porquinho embora.

05 – Quanto tempo o porquinho vagou à procura de um novo lar?
      Vários dias.

06 – Em que momento da história o porquinho conseguiu ser feliz?
     A partir do momento em que os porcos, disse-lhe que ele era o mais lindo.

07 – A história conta que nem um passarinho quis lhe dar atenção. Copie da história o que o passarinho disse a ele.
      “Suma daqui, seu porquinho feio!

sexta-feira, 2 de março de 2018

MÚSICA: O TEMPO NÃO PARA - CAZUZA - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO


Música: O Tempo Não Para


                                                     Cazuza
Disparo contra o sol
Sou forte, sou por acaso
Minha metralhadora cheia de mágoas
Eu sou um cara
Cansado de correr
Na direção contrária
Sem pódio de chegada ou beijo de namorada
Eu sou mais um cara

Mas se você achar
Que eu tô derrotado
Saiba que ainda estão rolando os dados
Porque o tempo, o tempo não pára

Dias sim, dias não
Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta

A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas ideias não correspondem aos fatos
O tempo não pára

Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não para
Não para, não, não pára

Eu não tenho data pra comemorar
Às vezes os meus dias são de par em par
Procurando agulha num palheiro

Nas noites de frio é melhor nem nascer
Nas de calor, se escolhe: é matar ou morrer
E assim nos tornamos brasileiros
Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro
Transformam o país inteiro num puteiro
Pois assim se ganha mais dinheiro

A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas ideias não correspondem aos fatos
O tempo não pára

Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não para
Não para, não, não pára

Dias sim, dias não
Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta

A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas ideias não correspondem aos fatos
O tempo não pára

Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára
Não para, não, não para.

Entendendo a canção:

01 – Qual a mensagem do eu poético na 1ª estrofe?
      Na 1ª estrofe o eu poético se diz uma pessoa cheia de problemas, aflições, que a sua vida não valeu de grande coisa, e que não sabe onde vai chegar.

02 – Qual o pensamento do eu poético, na 2ª estrofe com relação a 1ª estrofe?
      Ele já não se sente um perdedor, ele tem consciência de que sua vida é uma sequência de derrota, mas, acredita que não perdeu ainda.

03 – O que quer dizer nos versos; “Dias sim, Dias não / Eu vou sobrevivendo sem um arranhão / Da caridade de quem me detesta”.
      Que ele vai vivendo a vida, com o auxílio de quem não está nem ai pra ele.
04 – Em: “A tua piscina tá cheia de ratos”, a que o eu poético está se referindo?
      Refere-se a figura social de uma pessoa que não esconde seus defeitos, e seus pensamentos não condiz com o que acontece.

05 – No verso: “Eu vejo um museu de grandes novidades / O tempo não para”, que mensagem o eu poético transmite?
      Podemos entender que as coisas se repetem, que o novo é uma modificação do velho.

06 – Em qual estrofe, o eu poético, diz que não tem o que comemorar, e que seus dias são mal usados, em atividades quase impossível?
      Está na 6ª estrofe.

07 – No verso: “Nas noites de frio é melhor nem nascer”. Por que o eu poético faz essa afirmação?
      Porque nas noites de frio parecem ser os momentos em que a desgraça paira, quando é difícil sobreviver.

08 – Por que nas noites de calor, se escolhe: é matar ou morrer?
      Porque as de calor existe a chance de sobrevivência, mostram ser necessário lutar pela própria vida.

09 – Qual é o retrato da sociedade brasileira, com relação a classe menos favorecidas, em quais versos está claro essa situação?
      “Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro / Transformam o país inteiro num puteiro.”

10 – O que o verso “Pois assim se ganha mais dinheiro”, nos mostra?
      Mostra o outro lado da vida que te faz menor, te faz escrava, onde o único objetivo é o dinheiro.

11 – Nas estrofes de número: 4ª – 5ª – 8ª – 9ª – 11ª – 12ª, possui um verso que merece uma atenção especial, pois ela une todos os momentos apresentados nas estrofes, qual é o verso?
      “O tempo não para.”

12 – O que o eu poético, quer dizer com “O tempo não para / Não para, não, não para”.
      Que o tempo em nossas vidas não para, resta a nós saber como usá-lo, antes que acabe.

13 – Qual é o título da canção? E o seu compositor?
      O tempo não para. Cazuza.





TEXTO: SUPERPOPULAÇÃO CARCERÁRIA - DRAUZIO VARELLA - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO

Texto: SUPERPOPULAÇÃO CARCERÁRIA


         O lema “lugar de bandido é na cadeia” é vazio e demagógico. Não temos prisões suficientes.
         As fábricas de ladrões e traficantes jogam mais profissionais no mercado do que sonha nossa vá pretensão de aprisiona-los.
         Levantamento produzido pela folha, com base nos censos realizados nas 150 penitenciárias e nas 171 cadeias públicas e delegacias de polícia, mostra que o estado de São Paulo precisaria construir imediatamente mais 93 penitenciárias, apenas para reduzir a superlotação atual e retirar os presos detidos em delegacias e cadeias impróprias para funcionar como presídios.
         Para Lourival Gomes, o atual secretário da Administração Penitenciária, cuja carreira acompanho desde os tempos do Carandiru, profissional a quem não faltam credenciais técnicas e a experiência que os anos trazem, o problema da falta de vagas não será resolvido com a construção de prisões.
         Tem razão, é guerra perdida: no mês passado, o sistema prisional paulista recebeu a média diária de 121 novos detentos enquanto foram libertados apenas 100. Ficaram encarcerados 21 a mais todos os dias.
         Como os presídios novos têm capacidade para albergar 768 detentos, seria necessário construir mais um a cada 36 dias, ou seja, 10 por ano.
         Esse cálculo não leva em conta o aprimoramento técnico da polícia. Segundo o mesmo levantamento, a taxa de encarceramento, que há oito meses era de 413 pessoas para cada 100 mil habitantes, aumentou para 444. Se a PM e a Polícia Civil conseguissem prender marginais com a eficiência dos policiais americanos (743 para cada 100 mil habitantes), seria preciso construir uma penitenciária a cada 21 dias.
         Agora, analisemos as despesas. A construção de uma cadeia consome R$ 37 milhões, o que dá perto de R$ 48 mil por vaga. Para criar uma única vaga gastamos mais da metade do valor de uma casa popular com sala, cozinha, banheiro e dois quartos, por meio da qual é possível retirar uma família da favela.
         Esse custo, no momento, é irrisório quando comparado aos de manutenção. Quantos funcionários públicos há que contratar para cumprir os três turnos diários? Quanto sai por mês fornecer três refeições por dia? E as contas de luz, água, material de limpeza, transporte, assistência médica, jurídica e os gastos envolvidos na administração?
         Não sejamos ridículos, caro leitor. Se nossa polícia fosse bem paga, treinada e aparelhada de modo a mandar para atrás das grades todos os bandidos que nos infernizam nas ruas, estaríamos em maus lençóis. Os recursos para mantê-los viriam do aumento dos impostos? Dos cortes nos orçamentos da educação e da saúde?
         Então, o que fazer? É preciso agir em duas frentes. A primeira é tornar a Justiça mais ágil, de modo a aplicar penas alternativas e facilitar a progressão para o regime semiaberto, no caso dos que não oferecem perigo à sociedade, e colocar em liberdade os que já pagaram por seus crimes, mas que não têm recursos para contratar advogado.
         A segunda, muito mais trabalhosa, envolve a prevenção. Sem diminuir a produção das fábricas de bandidos, jamais haverá paz nas ruas. Na periferia de nossas cidades, milhões de crianças e adolescentes vivem em condições de risco para a violência. São tantas que é de estranhar o pequeno número que envereda pelo crime.
         Nossa única saída é oferecer-lhes qualificação profissional e trabalho decente, antes que sejam cooptados pelos marginais para trabalhar em regime de semiescravidão.
         Há iniciativas bem-sucedidas nessa área, mas o número é tímido diante das proporções da tragédia social. É necessário um grande esforço nacional que envolva as diversas esferas governamentais e mobilize a sociedade inteira.
         Como parte dessa mobilização, é fundamental levar o planejamento familiar para os estratos sociais mais desfavorecidos. Negar-lhes o acesso à lei federal que lhes dá direito ao controle da fertilidade é a violência mais torpe que a sociedade brasileira comete contra a mulher pobre.
         O lema “lugar de bandido é na cadeia” é vazio e demagógico. Não temos nem teremos prisões suficientes. Reduzir a população carcerária é imperativo urgente. Não cabe discutir se estamos a favor ou contra, não existe alternativa. Empilhar homens em espaços cada vez mais exíguos não é mera questão de direitos humanos, é um perigo que ameaça todos nós. Um dia eles voltarão para as ruas.

               VARELLA, Drauzio. Superpopulação carcerária.
                                                      Folha de São Paulo: 25 fev. 2012.

ENTENDENDO O TEXTO

01 – Podemos afirmar que a linha-fina apresenta uma opinião sobre o tema apresentado? Justifique sua resposta.
      Sim. Pois na linha-fina o autor afirma que o lema “lugar de bandido é na cadeia” é vazio e demagógica.

02 – Para comprovar que não adianta construir novos presídios, o autor citou a opinião de Lourival Gomes, secretário da Administração Penitenciária.
     a) De que maneira o autor do texto nos faz acreditar que a opinião do secretário pode ser considerada confiável?
      Segundo o autor, ele é um profissional a quem não faltam credenciais técnicas e a experiência que os anos trazem.

     b) Provavelmente, com que intensão o autor nos traz informações a respeito do secretário?
      É um recurso para que aceitamos o argumento sem questionar. Professor, é um momento propício para falar sobre citação de autoridade e sua qualidade argumentativa.

     c) Que argumento foi utilizado para reforçar a opinião do secretário?
      Em janeiro de 2012, o sistema prisional paulista recebeu a média diária de 121 novos detentos enquanto foram libertados apenas 100, ou seja, ficaram encarcerados.

03 – De que maneira o aprimoramento da polícia complicaria o problema da carceragem no estado de São Paulo?
       A taxa de encarceramento aumentaria e isso acarretaria a necessidade de mais presídios.

04 – Ao analisar as despesas geradas na construção de uma cadeia, qual é a comparação estabelecida pelo autor?
       “Para criar uma única vaga gastamos mais da metade do valor de uma casa popular com sala, cozinha, banheiro e dois quartos, por meio da qual é possível retirar uma família da favela”. Além disso, devem ser considerados também os custos com a sua manutenção. Professor, comente com os alunos que, nesse caso, pode-se dizer que o recurso utilizado foi o argumento por comparação.

05 – A conclusão desse texto desenvolve três soluções para o problema de superlotação dos presídios. Explique, resumidamente, quais são elas.
       A primeira é tornar a justiça mais ágil, facilitando a progressão para o regime semiaberto, no caso dos que não oferecem perigo à sociedade, e colocando em liberdade os que já pagaram por seus crimes. A segunda é a prevenção: oferecer ao ex-carcerários qualificação profissional e trabalho decente, antes que sejam cooptados pelos marginais. A terceira é educar as classes desfavorecidas para o planejamento familiar.

06 – O que essas soluções apresentadas têm em comum?
       Todas partem do princípio de que se deve reduzir a população carcerária e não aumentar a quantidade de presídios.

07 – Por que, segundo o autor, o lema “lugar de ladrão é na cadeia” é vazio e demagógico?
       Porque não temos prisões suficientes, e se fossem suficientes, não teríamos como mantê-las.

08 – Por que o fato de empilhar presidiários em espaços cada vez mais exíguos é um perigo que ameaça a todos nós?
       Porque mantê-los em espaços exíguas estimula sua agressividade que, um dia, se voltará contra nós, quando eles estiverem fora das grades.



LENDA - IRAPURU - O CANTO QUE ENCANTA - WALDEMAR DE A.SILVA - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO

LENDA-   IRAPURU – O CANTO QUE ENCANTA

     Certo jovem, não muito belo, era admirado e desejado por todas as moças de sua tribo por tocar flauta maravilhosamente bem. Deram-lhe então o nome de Catuboré, flauta encantada. Entre as moças, a bela Mainá conseguiu o seu amor; casar-se-iam durante a primavera.
       Certo dia, já próximo do grande dia, Catuboré foi à pesca e de lá não mais voltou.
       Saindo a tribo inteiro à sua procura, encontraram-no sem vida, à sombra de uma árvore, mordido por uma cobra venenosa. Sepultaram-no no próprio local.
       Mainá, desconsolada, passava várias horas a chorar sua grande perda. A alma de Catuboré, sentindo o sofrimento de sua noiva, lamentava-se profundamente pelo seu infortúnio. Não podendo encontrar a paz, pediu ajuda ao deus Tupã. Este, então, transformou a alma do jovem no pássaro irapuru, que, mesmo com escassa beleza, possui um canto maravilhoso, semelhante ao som da flauta, para alegrar a alma de Mainá..
       O cantor do irapuru ainda hoje contagia com seu amor os outros pássaros e todos os seres da natureza.

                                       SILVA, Waldemar de Andrade e. Lendas e mitos dos índios brasileiros.
                                                                                                                    São Paulo: FTD, 1999.
1 -   Quem vive a história de amor contada nessa narrativa?
     As personagens envolvidas na história são a bela Mainá e Catuboré. Mas o sentimento não é plenamente realizado, pois Catuboré morre antes de se casar com Mainá.

2 -   Por que o jovem Catuboré era tão admirado pelas moças de sua aldeia?
     Porque tocava flauta maravilhosamente bem.

3 -   Identifique e copie em seu caderno o trecho que comprova a presença de interferência divina na vida da comunidade em que vivia Catuboré.
     “[...] Não podendo encontrar a paz, pediu ajuda ao deus Tupã. Este, então, transformou a alma do jovem no pássaro irapuru [...]”

4 -   Podemos dizer que o objetivo dessa história é explicar a origem de algo. Justifique essa afirmativa.
     Apesar de a narrativa contar uma história de amor, o desfecho dá uma explicação sobre a origem do pássaro irapuru.

  






   
    

CONTO: DOIS BEIJOS: O PRÍNCIPE DESENCANTADO - FLÁVIO SOUZA - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO

CONTO -   DOIS BEIJOS: O PRÍNCIPE DESENCANTADO


       O primeiro beijo foi dado por um príncipe numa princesa que estava dormindo encantada há cem anos. Assim que foi beijada, ela acordou e começou a falar:
     - Muito obrigada, querido príncipe. Você por acaso é solteiro?
       - Sim, minha querida princesa.
     

      - Então nós temos que nos casar, já! Você me beijou, e foi na boca, afinal de contas não fica bem, não é mesmo?
       - É... querida princesa.
       - Você tem um castelo, é claro.
       - Tenho... princesa.
       - E quantos quartos tem o seu castelo, posso saber?
       - Trinta e seis.
       - Só? Pequeno, hein! Mas não faz mal, depois a gente faz umas reformas... Deixa eu pensar quantas amas eu vou ter que contratar... Umas quarenta eu acho que dá!
       - Tantas assim?
       - Ora, meu caro, você não espera que eu vá gastar as minhas unhas varrendo, lavando e passando, não é?
       - Mas quarenta amas!
       - Ah, eu não quero nem saber. Eu não pedi para ninguém vir aqui me beijar, e já vou avisando que quero umas roupas novas, as minhas devem estar fora de moda; afinal passaram-se cem anos, não é mesmo? E quero uma carruagem de marfim, sapatinhos de cristal e... e... joias, é claro! Eu quero anéis, pulseiras, colares, tiaras, coroas, cetros, pedras preciosas, semipreciosas, pepita de ouro e discos de platina!
       - Mas eu não sou o rei das Arábias, sou apenas um príncipe...
       - Não me venha com desculpas esfarrapadas! Eu estava aqui dormindo e você veio e me beijou e agora vai querer que eu ande por aí como uma gata borralheira? Não, não e não, e outra vez não e mais uma vez não!
       - Tanto a princesa falou que o príncipe se arrependeu de ter ido até lá e a beijado. Então teve uma ideia. Esperou a princesa ficar distraída, se jogou sobre ela e deu outro beijo, bem forte. A princesa caiu imediatamente em sono profundo, e dizem que até hoje está lá, adormecida. Parece que a notícia se espalhou, e os príncipes passam correndo pela frente do castelo onde ela dorme, assobiando e olhando para o outro lado.

                                                                                      SOUZA, Flávio de. Príncipes e princesas,
                                                                                      Sapos e lagartos. São Paulo: FTD, 1996.

Entendendo o conto:

01 – O que mais chamou sua atenção nesse texto?
        Resposta pessoal.

02 – Os contos de fadas, também conhecidos como contos maravilhosos, costumam fazer parte da formação de muitas pessoas. Quais são as principais características dos textos desse gênero?
       A presença de elementos mágicos – as personagens podem ser príncipes, princesas, reis, bruxas, fadas; no cenário, há palácios, castelos e reinos que ficam em lugares distantes; o tempo é indeterminado e é, normalmente, indicado pela expressão “era uma vez...”.

03 – Que características do texto 1 o aproximam de um conto maravilhoso?
       O texto narra a história de um príncipe apaixonado que, com um beijo, acorda uma princesa que estava encantada, dormindo há muitos anos.

04 – Releia o texto a seguir:
       O primeiro beijo foi dado por um príncipe numa princesa que estava dormindo encantada há cem anos.
        - A que conto de fadas esse trecho parece pertencer?
       Ao conto “A bela adormecida”.

05 – Que características da princesa dessa história a diferenciam das outras que você conheceu por meio de contos de fadas?
       A princesa desta história está mais interessada nos bens que o príncipe possui e na vida que ele pode proporcionar para ela, revelando-se muito preocupada com o consumo de bens materiais e deixando o príncipe em segundo plano. Nos contos de fadas, geralmente, o que conta é o amor, e não o interesse.

06 – Que sentimento a atitude da princesa despertou no príncipe? Por quê?
     O sentimento de arrependimento por tê-la tirado do encantamento, pois ela apenas demonstrou interesse pelos seus bens, mas não manifestou estar apaixonada.

07 – Justifique o subtítulo que foi dado ao conto: “O príncipe desencantado”.
     O príncipe perdeu o encanto que tinha pela princesa porque, depois de acordá-la, percebeu que ela estava interessada em seus bens materiais e não apaixonada por ele.

08 – Você achou essa história engraçada? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.

09 – O que nos faz lembrar a primeira frase do texto?
      A primeira frase nos faz lembrar histórias de fadas.

10 – Você sabe o que é um conto de fadas? Explique.
      Resposta pessoal do aluno.

11 – Quantas vezes a princesa usou o verbo “querer” para se comunicar?
      Usou cinco vezes.

12 – Você sabe o que é ser ambicioso? Você acha que a princesa foi ambiciosa?
      Ambiciosa é a pessoa que deseja possuir muitas coisas em quantidade elevada.
      A princesa se mostrou ambiciosa, pois achou o castelo de 36 quartos pequeno, além do mais queria ter umas 40 amas, joias, pedras preciosas, ouro, etc.

13 – Se você estivesse no lugar da princesa, o que pediria? Que “sonho de consumo” desejaria ver realizado? O que gostaria de ganhar?
      Resposta pessoal do aluno.

14 – Você é uma pessoa ambiciosa? Quais as suas maiores ambições na vida?
      Resposta pessoal do aluno.