1 – (ENEM)
Texto 1:
No meio do caminho tinha uma
pedra
Tinha uma pedra no meio do
caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma
pedra
[...]
Andrade,
C. D. Reunião. Rio de Janeiro: José Olympio, 1971. (Fragmento).
Texto 2:
As lavadeiras de Mossoró, cada uma tem
sua pedra no rio: cada pedra é herança de família, passando de mãe a filha, de
filha a neta, como vão passando as águas no tempo [...]
A
lavadeira e a pedra formam um ente especial, que se divide e se reúne ao sabor
do trabalho. Se a mulher entoa uma canção, percebe-se que nova pedra a
acompanha em surdina...
Andrade, C. D. Contos sem propósito. Rio de Janeiro:
Jornal
do Brasil, Caderno B, 17 jul. 1979. (Fragmento).
Com base na leitura dos
textos, é possível estabelecer uma relação entre forma e conteúdo da palavra
“pedra”, por meio da qual se observa:
a)
O emprego, em ambos os textos, do
sentido conotativo da palavra “pedra”.
b)
A identidade de significação, já que nos dois
textos “pedra” significa empecilho.
c)
A personificação de “pedra” que, em ambos os
textos, adquire características animadas.
d)
O predomínio, no primeiro texto, do sentido
denotativo de “pedra” como matéria mineral sólida e dura.
e)
A utilização, no segundo texto, do
significado de “pedra” como dificuldade materializada por um objeto.
2 – (ENEM).
Laerte. O difícil é o
começo. Exame. São Paulo: Abril, 28 set. 2007.
Entre os seguintes ditos
populares, qual deles melhor corresponde à figura acima?
a)
Com perseverança, tudo se alcança.
b)
Cada macaco no seu galho.
c)
Nem tudo que balança cai.
d)
Quem tudo quer, tudo perde.
e)
Deus ajuda quem cedo madruga.
3 – (ENEM). Observe a
tirinha da personagem Mafalda, de Quino.
Quino. Toda
Mafalda. Tradução de Monica S. M. da Silva.
São Paulo: Martins Fontes, 1988.
O efeito de humor foi um
recurso utilizado pelo autor da tirinha para mostrar que o pai de Mafalda:
a)
Revelou desinteresse na leitura do
dicionário.
b)
Tentava ler um dicionário, que é uma obra
muito extensa.
c)
Causou surpresa em sua filha, ao se dedicar à
leitura de um livro tão grande.
d)
Queria consultar o dicionário para
tirar uma dúvida, e não ler o livro, como sua filha pensava.
e)
Demonstrou que a leitura do dicionário o
desagradou bastante, fato que decepcionou muito sua filha.
4 – (ENEM).
Disponível em: http://www.uol.com.br Acesso em: 15 fev. 2009.
Observe a charge, que
satiriza o comportamento dos participantes de uma entrevista coletiva por causa
do que fazem, do que falam e do ambiente em que se encontram.
Considerando-se os elementos
da charge, conclui-se que ela:
a)
Defende, em teoria, o desmatamento.
b)
Valoriza a transparência pública.
c)
Destaca a atuação dos ambientalistas
d)
Ironiza o comportamento da imprensa.
e)
Critica a ineficácia das políticas.
5 – (UNESP-SP).
Iturrusgarai, Adão. O mundo maravilhoso de
Adão Iturrusgarai. Disponível em: www.adao.blog.uol.com.br/imagens/tira-pro-site.gif.
Acesso em: 10 maio 2008.
As tiras frequentemente nos surpreendem pela profundidade das reflexões
que provocam em sua síntese visual e linguística. É o que ocorre na de Adão
Iturrusgarai, que nos leva a refletir sobre as motivações dos desabafos da
personagem. Embora pareça contraditória e inconsequente sob o ponto de vista
psicológico a atitude da personagem, no último quadrinho, de se declarar
insatisfeita com a nova aparência obtida, podemos encontrar, numa releitura
mais atenta da tira, uma causa objetiva para essa insatisfação. Aponte essa
causa, levando em consideração o jogo de palavras que ocorre entre “aparência
pessoal” e “aparência impessoal”.
A razão objetiva para a insatisfação com
a própria aparência é dada pela aceitação de um padrão exterior de beleza ao qual
todos deveriam se “submeter”. Por esse motivo, a personagem realiza “várias
plásticas” na tentativa de modificar a própria aparência e se adequar ao padrão
esperado. A insatisfação explicitada no último quadrinho é uma consequência
necessária da padronização. Se todas as pessoas tiverem uma mesma aparência,
aquilo que deveria ser uma marca pessoal, torna-se “impessoal”,
despersonalizando os indivíduos. O efeito de sentido construído pelo autor da
tira, ao promover a negação do sentido do termo “pessoal” por meio do uso de um
prefixo (in-), obriga o leitor a refletir sobre a relação entre a aparência
pessoal e a padronização que acarreta um processo de impessoalização.
6 – (UNICAMP-SP). O seguinte
enunciado está presente em uma campanha publicitária de provedor de internet.
Finalmente um líder mundial de internet que sabe a diferença entre acabar em
pizza e acabar em pizza. Terra. A internet do Brasil e do mundo.
a)
A propaganda joga com um duplo sentido da
expressão “acabar em pizza”. Qual é o duplo sentido?
Na expressão “acabar em pizza”, ambos os sentidos referidos na
propaganda apontam para a finalização de algo. Um dos sentidos se refere a uma
situação festiva: ao ato de se comer pizza ao final de algum processo ou
evento, simbolizando alegria, confraternização, distensão, informalidade
próprios de uma celebração, por exemplo. O outro sentido da expressão se
refere, a partir de uma relação com a imagem da política brasileira, à falta de
resolução real de problemas, como, mais atualmente, o do “mensalão”, entre
outros.
b)
A propaganda trabalha com esse duplo sentido
para construir a imagem de um provedor que se insere em âmbitos internacional e
nacional. De que modo a expressão “acabar em pizza” ajuda na construção dessa
imagem?
Ao mostrar que esse provedor da internet conhece os dois sentidos de
“acabar em pizza”, ou seja, que domina sutilezas do uso da língua, das
expressões mais atuais brasileiras, a propaganda sugere que o provedor, apesar
de internacional, tem um bom conhecimento sobre o Brasil, sobre o mercado
brasileiro. Não se cobrará, mas é relevante salientar que a propaganda
caracteriza como uma qualidade intrínseca ao Brasil o sentido pejorativo da
expressão “acabar em pizza”, apresentado como símbolo de ingerência e
impunidade políticas. As propaganda se sustenta, assim, de maneira
irresponsável, por meio de um argumento de marketing estereotipado, baseado na
reafirmação de um equívoco político.
Outro modo de compreender o uso da expressão acabar em pizza nessa
propaganda é indicar que “saber a diferença” entre os sentidos da expressão
sugeriria a seriedade do provedor, e seu consequente sucesso.
7 – (ENEM)
No ano passado, o governo promoveu uma
campanha a fim de reduzir os índices de violência. Noticiando o fato, um jornal
publicou a seguinte manchete:
CAMPANHA CONTRA A
VIOLÊNCIA
DO GOVERNO
DO ESTADO
ENTRA EM
NOVA FASE
A manchete tem um duplo
sentido, e isso dificulta o entendimento. Considerando o objetivo da notícia,
esse problema poderia ter sido evitado com a seguinte redação:
a)
Campanha contra o governo do Estado e a
violência entram em nova fase.
b)
A violência do governo do Estado entra em
nova fase de Campanha.
c)
Campanha contra o governo do Estado entra em
nova fase de violência.
d)
A violência da campanha do governo do Estado
entra em nova fase.
e)
Campanha do governo do Estado
contra a violência entra em nova fase.
8 – (ENEM).
Que beleza, Montes Claros.
Como cresceu Montes Claros.
Quanta indústria em Montes
Claros.
Montes Claros cresceu tanto,
Ficou urbe tão notória,
Prima rica do Rio de
Janeiro,
Que já tem cinco favelas
Por enquanto, e mais
promete.
Carlos
Drummond de Andrade.
Entre os recursos
expressivos empregados no texto, destaca-se a:
a)
Metalinguagem, que consiste em fazer a
linguagem referir-se à própria linguagem.
b)
Intertextualidade, na qual o texto retoma e
reelabora outros textos.
c)
Ironia, que consiste em se dizer o
contrário do que se pensa, com intenção crítica.
d)
Denotação, caracterizada pelo uso das
palavras em seu sentido próprio e objetivo.
e)
Prosopopeia, que consiste em personificar
coisas inanimadas, atribuindo-lhes vida.
9 – (ITA-SP) A manchete a
seguir apresenta ambiguidade sintática, que é desfeita pelo conteúdo do texto
que lhe segue.
Reino Unido pode taxar fast food
contra obesidade
Reino Unido estuda cobrar taxa de
empresas de fast food para financiar instalações esportivas e o combate à
obesidade. Segundo um relatório, a obesidade no país cresceu quase 400% em 25
anos, e, se continuar aumentando, pode superar o cigarro como maior causa de
mortes prematuras. Governo e empresas locais têm sido criticados por não
combaterem o problema.
Folha
de São Paulo. São Paulo, 7 jun. 2004.
a)
Qual as interpretações sugeridas pela
manchete?
A manchete “Reino Unido pode taxar fast-food contra obesidade” pode
ser interpretada das seguintes maneiras:
I – O governo do Reino Unido, para combater a obesidade dos
cidadãos, pode taxar empresas de fast-food.
II – O governo pode taxar empresas de fast-food que combatem a
obesidade.
b)
Qual dessas interpretações prevalece na
notícia?
A interpretação mais coerente da manchete, levando em consideração o
contexto da notícia e o conhecimento de mundo dos falantes, é aquela que
permite concluir que o governo do Reino Unido taxará as empresas de fast-food
como objetivo de combater a obesidade da população.
10 – (UNICAMP-SP) Na sua
coluna diária do Jornal Folha de São Paulo de 17 de agosto de 2005, José Simão
escreve: “No Brasil nem a esquerda é direita!”:
a)
Nessa afirmação, a polissemia da língua
produz ironia. Em que palavras está ancorada essa ironia?
A ironia está ancorada nas palavras esquerda e direita.
b)
Quais os sentidos de cada uma das palavras
envolvidas na polissemia acima referida?
O sentido das duas palavras, nesse caso, é construído pelo seu uso
no contexto político. Esquerda, no discurso político, tem seu sentido definido
por meio da oposição àquilo que, na política, é chamado de direita. Nessa
situação, quando se fala de partidos de esquerda, de forma generalizante, o que
se pretende designar são partidos caracterizados por defender propostas
socialistas; por outro lado, os de direita seriam aqueles que apresentam ou
defenderiam propostas capitalistas. No jogo linguístico do enunciado destacado,
a palavra direita é interpretada de outra forma: faz referência ao que
definiríamos como correto, honesto, moral.
c)
Comparando a afirmação “No Brasil nem a
esquerda e direita” com “No Brasil a esquerda não é direita”, qual a diferença
de sentido estabelecida pela substituição de nem por não?
Em No Brasil nem a esquerda e direita, o nem dá a ideia de que no
nosso país ninguém costuma agir de forma correta ou honesta, mas seria esperado
que a esquerda ou os partidos de esquerda agissem assim. Com a substituição de
nem por não, esse sentido deixa de existir, ficando apenas a afirmação de que a
esquerda não age corretamente, sem que se pressuponha que ela deveria agir
dessa forma.
(UERJ-RJ – adaptada) Texto
para as questões 11 e 12.
A MÁQUINA
Faltando somente um minuto para a hora
marcada, às onze e cinquenta e nove exatamente, Antônio entrou na máquina de
sua própria morte, feita com suas próprias mãos, e todos os olhos, todos os
ouvidos, todas as câmeras e todos os microfones do mundo apontaram para ele, um
patrocínio Alisante Karina, ele vai morrer de amor por você. Se pudesse
divulgar o que estava sentindo, sem trazer inquietação ao coração de Karine,
talvez Antônio tivesse confessado ali mesmo, pro mundo todo ouvir, que estava
com um medo desgraçado, sabe o verbo medo? Mas não parecia. Quem olhava para
ele, ou seja, o mundo inteiro, não diria nunca que se tratava de um homem que
sentia um frio no espinhaço. E foi então que deu a hora certinha que Antônio
tinha marcado para partir, meio-dia em ponto, cinco, quatro, três, dois, um,
Ave-Maria, e seu coração disse pra sua cabeça, vá, e sua cabeça disse pra sua
coragem, vou, e sua coragem respondeu, vou nada, mas Antônio não ouviu. E
quando as setecentas lâminas da máquina da morte botaram para funcionar, todas
elas ao mesmo tempo, na maior ligeireza, o mundo todo que estava esperando para
ver tripa de Antônio, sangue de Antônio, osso de Antônio virar pó, não viu foi
coisa nenhuma.
Falcão, Adriana. Rio de Janeiro: Objetiva, 1999.
11 – No fragmento “e sua
coragem respondeu, vou nada,” há simultaneamente um processo de personificação
e um de antítese. Explique como se constrói cada uma dessas figuras de
linguagem no fragmento dado.
Há personificação, porque o termo
“coragem” responde como se fosse um ser humano. Há antítese, porque, quando a
coragem responde “vou nada”, mostra que lhe falta exatamente a coragem.
12 – No romance de Adriana
Falcão, o narrador, dialogando com o leitor, faz a seguinte pergunta: “sabe o
verbo medo?”
Na pergunta, o discurso do
narrador provoca um estranhamento. Explique por que ocorre o estranhamento e
indique o sentido que ele produz no contexto.
O estranhamento ocorre porque o narrador
identifica o substantivo “medo” como verbo. O sentido produzido é o da
intensificação da ideia de medo.
13- (ENEM) Nesta tirinha, a
personagem faz referência a uma das mais conhecidas figuras de linguagem para:
Thaves, Bob. Frank & Ernest.
a)
Condenar a prática de exercícios físicos.
b)
Valorizar aspectos da vida moderna.
c)
Desestimular o uso das bicicletas.
d)
Caracterizar o diálogo entre gerações.
e)
Criticar a falta de perspectiva do
pai.
14 (PUC-RJ) – Adaptada.
Agora, o cheiro áspero das
flores
Leva-me os olhos por dentro
de sua pétalas.
Eram assim teus cabelos;
Tuas pestanas eram assim,
finas e curvas.
As pedras limosas, por onde
a tarde ia aderindo,
Tinham a mesma exalação de
água secreta,
De talos molhados, de pólen,
De sepulcro e de
ressurreição.
E as borboletas sem voz
Dançavam assim
veludosamente.
Restitui-te na minha
memória, por dentro das flores!
Deixa virem teus olhos, como
besouros de ônix,
Tua boca de malmequer
orvalhado,
E aquelas tuas mãos dos
inconsoláveis mistérios,
Com suas estrelas e cruzes,
E muitas coisas tão
estranhamente escritas
Nas suas nervuras nítidas de
folha,
- e incompreensíveis,
incompreensíveis.
Meireles, Cecília. Obra poética. Rio de Janeiro:
José Aguilar, 1972. p. 154.
Observe o poema a utilização
de inúmeras figuras de linguagem como recurso expressivo. Destaque do texto um
exemplo de prosopopeia e ouro de sinestesia.
Como exemplo de prosopopeia pode ser
citada a seguinte passagem: “E as borboletas sem voz/dançavam assim
veludosamente” O emprego da sinestesia pode ser observado no seguinte verso:
“Agora, o cheiro áspero das flores”.
15 – (SARESP-SP) Leia o
poema para responder à questão.
Vinda do fundo, luzindo
Ou atadura, escondendo
Vindo escura
Ou pegajosa lambendo
Vinda do alto
Ou das ferraduras
Memoriosa se dizendo
Calada ou nova
Vinda da coitadez
Ou régia numas escadas
Subindo
Amada
Torpe
Esquiva
Bem-vinda.
Hilst, Hilda. Da Morte: odes mínimas.
São Paulo: Nankin, 1998.
p. 31.
Antítese é um recurso
expressivo que consiste em apresentar, em um mesmo texto, palavras de sentido
contrário. No poema de Hilda Hilst, antíteses são usadas para retratar a morte
como algo formado por opostos. É o que ocorre com o par de palavras:
a)
Fundo/alto. c)
Amada/bem-vinda.
b)
Calada/nova. d)
Atadura/ferraduras.
(FUVEST-SP) Texto para as
questões 16 e 17.
--- Pois é! Não vê que eu sou o
sereno...
Mário
Quintana, As cem melhores crônicas brasileiras.
Estremunhado:
mal acordado.
Chiru:
que aquele que tem pele morena, traços acaboclados (regionalismo: Sul do
Brasil).
16 – No início do texto, o
autor declara sua “tendência para personificar as coisas”. Tal tendência se
manifesta na personificação dos seguintes elementos:
a)
Tia Tula, Justo e Getúlio.
b)
Mormaço, clamor público, sereno.
c)
Magro, arquejante, preto.
d)
Colegas, jornalistas, presidentes.
e)
Vulto, chiru, crianças.
17 – Considerando que
“silepse é a concordância que se faz não com a forma gramatical das palavras,
mas com seu sentido, com a ideia que elas representam”, indique o fragmento em
que essa figura de linguagem se manifesta.
a)
“Olha o mormaço”.
b)
“Pois devia contar uns trinta anos”.
c)
“Fomos alojados os do meu grupo”.
d)
“Com os demais jornalistas do Brasil”.
e)
“Pala pendente e chapéu descido sobre os
olhos”.