SONETO DE FIDELIDADE
Vinícius de Moraes
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vive-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
MORAES, Vinícius de. Soneto de fidelidade. In: Antologia poética.
4. ed. Rio de Janeiro. Ed. do Autor 1967. p. 96.
Entendendo o poema
01 – Nesse consagrado poema,
qual o sentimento evidenciado?
O sentimento
evidenciado no poema é o amor intenso a ser compartilhado, tanto na alegria
quanto na tristeza, e por isso, fiel.
02 – Na 2ª estrofe, o eu
lírico afirma que vai dedicar-se à pessoa amada nos mais diferentes momentos da
vida. Quais são esses momentos?
Os momentos
tristes, alegres e comuns da vida.
03 – O que representa uma
chama? Como podemos associar essa palavra ao amor para compreendermos, o verso
“que não seja imortal, posto que é chama”?
O amor é como uma
chama quente, ilumina, pode queimar, mas apaga, termina.
04 – O que você entende por
“Mas que seja infinito enquanto dure”?
Resposta pessoal do aluno.
05 – Relacionando o conteúdo
do poema com a realidade atual, você acha que é possível alguém ser tão fiel a
outrem como nos coloca o poeta? Por quê?
Resposta pessoal
do aluno.
06 – Interprete esses dois
versos: Por que, de acordo com o texto, a morte é a angústia de quem vive, e a
solidão é o fim de quem ama?
Sugestão: Quem
vive teme a morte. A solidão é o fim de quem ama, pois a vida só faz sentido
quando se ama.
07 – O poema se intitula
“Soneto de Fidelidade”. Qual ou quais dos itens seguintes traduzem melhor o
conceito de fidelidade e de amor no texto?
a)
Fidelidade é entrega total à pessoa
amada e renúncia a outras possibilidades amorosas.
b)
Fidelidade é uma exclusividade amorosa que
deve durar para sempre.
c)
O amor não é eterno, mas, enquanto
dura, deve-se ser fiel a ele de forma intensa e qualitativamente infinita.
d)
Só há fidelidade no amor quando ele é
infinitamente duradouro, embora ele possa um dia acabar.
08– O que é um soneto?
É um
poema constituído por dois quartetos e dois tercetos.
09 – Além da função poética, que outra função da linguagem
aparece com evidência no texto lido? Justifique sua resposta transcrevendo um
verso do poema.
Função
emotiva. “Eu possa me dizer do amor (que tive) ...”, entre outros.
10 – Na primeira estrofe, o que se propõe o eu lírico?
Propõe-se ser atento e zeloso.
11– O zelo do eu lírico desdobra-se, na segunda estrofe, em
quatro comportamentos específicos. Utilizando apenas verbos no infinitivo,
indique tais comportamentos.
Viver, cantar, rir, chorar.
12 – Na primeira estrofe, o amor está relacionado mais a razão
que ao sentimento. Destaque a palavra que conota essa ideia.
Pensamento.
13 – O pronome que
do terceiro verso da primeira estrofe tem valor causal, consecutivo ou
temporal?
Valor
consecutivo.
14 – Observe a construção do
texto, o tipo de composição, a métrica dos versos, o vocabulário e a sintaxe.
Identifique a que representantes da tradição literária – clássicos, românticos,
realistas, simbolistas – o poema está ligado, justificando com elementos do
texto.
O poema está
ligado à tradição clássica, uma vez que fazem uso do soneto, do verso
decassílabo e têm uma sintaxe e um vocábulo apurado.
15 – A beleza do poema se
deve, em grande parte, ao emprego de recursos sonoros e de imagens construídas
a partir de comparações, metáforas, antíteses e outras figuras. Destaque do
texto um exemplo de polissíndeto e outro de pleonasmo.
Polissíndeto: “Antes, e com tal zelo, e
sempre, e tanto”; Pleonasmo: “Rir meu riso”.
16 – No texto, o eu lírico
jura fidelidade à pessoa amada, seja nos momentos de dor, seja nos de alegria.
A respeito dos tercetos do poema:
a)
Explique o que significam, para o eu lírico,
a morte e a solidão.
Ambas se equivalem, pois implicam a separação da pessoa amada, o que
resulta em desilusão, frustação, morte interior.
b)
Dê uma interpretação coerente ao emprego dos
parênteses no verso: “Eu posso me dizer do amor (que tive)”.
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Talvez o eu lírico esteja
extraindo um conceito particular de amor, baseado em sua experiência pessoal.
c)
Interprete a metáfora presente no verso: “Que
não seja imortal, posto que é chama”.
Como uma chama, o amor queima e ilumina, mas pode se apagar, pois
tem duração finita.
d)
Dê uma interpretação coerente ao paradoxo
“Que seja infinito enquanto dura”, empregado pelo eu lírico para expressar seu
conceito de fidelidade.
A palavra infinito é empregada com valor qualitativo, e não
temporal. Assim, para o eu lírico, fidelidade é sinônimo de entrega total,
mesmo que numa relação passageira.
17 – Nas duas primeiras estrofes, o poeta fala do amor no presente. Como ele quer viver o amor? Assinale as alternativas corretas, segundo a visão do poeta.
17 – Nas duas primeiras estrofes, o poeta fala do amor no presente. Como ele quer viver o amor? Assinale as alternativas corretas, segundo a visão do poeta.
( ) Sem muito zelo, curtindo os bons momentos;
(X) Com atenção, com intensidade;
louvando-o;
( ) Com preocupação, medo de uma traição;
inquietação;
(X) Com encanto; rindo com seu
contentamento;
( ) Chorando com seu pensar.
18 – Trabalhando com vozes verbais. Assinale a alternativa
correta.
a)
Passando “Dou uma rosa com amor” para a voz
passiva, temos:
(X) Uma
rosa é dada por mim com amor.
( ) Uma rosa será dada com amor por mim.
( ) Deram uma rosa com amor.
( ) Com amor, eu dou uma rosa.
( ) Eu, com amor, poderei dar uma rosa.
b)
A oração correspondente a: “Escreveram-me
muitas cartas nas férias” é:
( ) Muitas cartas eram escritas nas férias.
( ) Muitas cartas são escritas nas férias.
( ) Muitas cartas seriam escritas nas férias.
(X)
Muitas cartas foram escritas nas férias.
( ) Muitas cartas serão escritas nas férias.
19 – Use as letras (A); (B)
e (C) para relacionar as frases abaixo apenas às orações com sujeito
indeterminado:
A - Pedro falou bem da escola.
B - Meu pai comeu muito bem naquele
restaurante.
C – A menina vivia feliz ali.
(B) Comeram caqui na feira.
(A) Falaram bem da escola.
(C) Viviam felizes ali.
(B) Come-se bem em Minas Gerais.
(C) Vivo feliz ali.
(A) Falou-se muito da escola.
(B) Comeu-se caqui na feira.