domingo, 16 de abril de 2017

TEXTO: VIOLA NO SACO - TATIANA BELINKY - COM GABARITO

TEXTO:  VIOLA NO SACO
                 Tatiana Belinky

         Há muito tempo, quando os bichos falavam e muitas coisas eram diferentes, havia muita festança no mundo. Um dia houve uma festa no céu e todos os bichos foram convidados. Entre eles, um dos mais esperados era o urubu, porque as danças dependiam das músicas que ele tocava na viola.
         No dia da festa, o Urubu enfiou sua viola no saco e, antes de iniciar a viagem, foi beber água na lagoa. Lá encontrou o Sapo Cururu, que secava ao sol. Enquanto o Urubu bebia, o espertalhão do Cururu, que também queria ir à festa, se escondeu dentro da viola para viajar de carona.
         Quando o Urubu chegou ao céu, foi muito bem recebido, pois todos esperavam por ele para começar a dançar o cateretê e a quadrilha.
         O Urubu foi, deixando a viola encostada num canto. O Cururu aproveitou para pular da viola sem ser visto e foi se empanturrar com os quitutes da festa. O Urubu também comeu e bebeu até não poder mais e não viu que o Cururu, aproveitando uma distração sua, se escondera de novo dentro da viola para tornar a tirar uma carona na volta para a terra.
         Quando chegou a hora de voltar, o Urubu guardou a viola no saco e saiu voando de volta para casa. Durante o voo, estranhou que a viola estivesse tão pesada. “Na vinda foi fácil, mas na volta está difícil. Será que fiquei fraco de tanto comer e beber?”, pensou ele. Por via das dúvidas, examinou o saco com a viola e acabou descobrindo o malandro do Sapo Cururu agachado lá dentro. Furioso por ser usado desse jeito, o Urubu começou a sacudir o saco com a viola, para despejar o Cururu lá do alto e se ver livre dele.
         O Cururu, com medo de se esborrachar no chão pedregoso lá em baixo, recorreu à sua proverbial esperteza e começou a gritar: “Urubu, Urubu, me jogue sobre uma pedra, não me jogue na água, que eu morro afogado!”
         O Urubu, tolo, querendo se vingar do Sapo, viu lá de cima uma lagoa e tratou logo de despejar o Sapo dentro d`água, que era pra ele se afogar. O espertalhão do Cururu, que só queria era isso mesmo, saiu nadando, feliz da vida.

                           História do folclore paulista, recontada por Tatiana Belinky.
            Nova Escola, São Paulo, n. 147, p. 34-35, nov. de 2001. (fragmento).

1 – Por que o Urubu era tão esperado na festa?
      Porque as danças dependiam das músicas que ele tocava na viola.

2 – O Sapo Cururu queria ir à festa, mas tinha um problema. Que problema era esse?
      Como fazer para ir à festa no céu.

      -- Como ele resolveu esse problema?
      Escondeu-se na viola do Urubu, pegando uma “carona” para o céu.

3 – Escreva no caderno os nomes das duas danças típicas do Brasil que são citados na história.
      Cateretê e quadrilha.

4 – Por que o Urubu ficou furioso com o Sapo?
      Porque viu que tinha sido enganado.

5 – Para não se esborrachar no chão, o Sapo Cururu recorreu à sua “proverbial esperteza”.
a)     Quais os três momentos em que o Sapo Cururu comprova essa sua esperteza?
Quando se esconde na viola antes de ir ao céu; quando se esconde de novo antes de sair do céu; quando engana o Urubu, pedindo-lhe que não o jogue na água.

b)    Escreva no caderno o que o Urubu mostrou ser, nos três momentos que você identificou.
Nos três momentos em que o Sapo mostra sua esperteza, o Urubu revela que não era nada esperto. E, além disso, era distraído.

6 – Imagine e conte como deve ter sido a reação dos outros bichos ao verem o sapo na festa. Justifique essa reação.
       Provavelmente ficaram surpresas e intrigados: como ele poderia ter “voado” até lá.



TEXTO PARA SÉRIES INICIAIS -FÁBULA: O SAPO E O BOI - COM GABARITO

FÁBULA:  O SAPO E O BOI
                       ESOPO

        Há muito, muito tempo, existiu um boi imponente. Um dia, o boi estava dando seu passeio da tarde quando um pobre sapo todo mal vestido olhou para ele e ficou maravilhado. Cheio de inveja daquele boi que parecia o dono do mundo, o sapo chamou os amigos.
        -- Olhem só o tamanho do sujeito! Até que ele é elegante, mas grande coisa: se eu quisesse também era.
        Dizendo isso o sapo começou a estufar a barriga e em pouco tempo já estava com o dobro de seu tamanho natural.
        -- Já estou grande que nem ele? – perguntou aos outros sapos.
        -- Não, ainda está longe! – responderam os amigos.
        O sapo se estufou mais um pouco e repetiu a pergunta.
        -- Não – disseram de novo os outros sapos --, e é melhor você parar com isso porque senão vai acabar se machucando.
        Mas era tanta a vontade do sapo de imitar o boi que ele continuou se estufando, estufando, estufando – até estourar.

       Moral: Seja sempre você mesmo.

                    Fábulas de Esopo. Compilação de Russell Ash e Bernand Higton.
                                             São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1994, p. 14.

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO:

1-  Com base no texto responda:

a) Quais os personagens do texto?
    O sapo e o boi.

b) Qual o tipo de texto?
     Fábula.

c) Onde acontece a trama?
     No pasto.

d) Qual o momento mais importante da narrativa? Por quê?
     Quando o sapo ficou encantado com o boi. Pelo tamanho e elegância.

2- Retire os substantivos do texto.
    Boi, sapo, amigos, barriga.

3- Escreva a fala do sapo.
    --Olhem só o tamanho do sujeito! Até que ele é elegante, mas grande coisa: se eu quisesse também era.
    

4- Marque a resposta certa
a) A expressão o sapo coaxava quer dizer
( X ) 
o sapo cantava
(   ) o sapo relaxava
(   ) o sapo bebia água
(   ) todas estão corretas

b) O sapo resolveu ficar parecido com o boi por que
(   ) admirava o boi
(   ) rejeitava o boi
( X )
invejava o boi
(   ) todas estão erradas

c) A expressão  " gabou-se o sapo" quer dizer que
(   ) o sapo estava triste
(   ) o sapo era corajoso
(X )
o sapo elogiava a si mesmo
(   ) o sapo se achava inferior ao boi

d) O texto O sapo e o boi  é uma fábula por quê?
(   ) tem animais como personagem
(   ) os animais tem sentimento como os seres humanos
(   ) passa sempre um ensinamento
( X
) todas estão corretas

e) A expressão  " para espanto de todos " dá a ideia de quê?
( X)
os animais se assustaram ao ver o sapo estufando
(   ) os animais concordaram com a decisão do sapo
(   ) os animais elogiaram o sapo
(   ) todas estão corretas


5- Retire do texto duas frases afirmativas, duas frases exclamativas e uma frase interrogativa.
    Há muito, muito tempo, existiu um boi imponente.
    O sapo se estufou mais um pouco e repetiu a pergunta.
    -- Olhem só o tamanho do sujeito!    
    -- Não, ainda está longe!
    -- Já estou grande que nem ele?

 6- Escreva o resumo do texto.
     Resposta pessoal.

7 – Vamos ler com atenção a fábula; “O sapo e o boi” e colocar o travessão onde necessário.
      Foi colocado travessão nos parágrafos: 2°; 4°; 5° e 7°.

8 – Para que haja identificação do leitor com a história, é necessário caracterizar as personagens, suas atitudes diante da vida e a situação vivida.
a) Quem são as personagens?
      O sapo e o boi.

b) Com que qualidades estas personagens são apresentadas no texto?
      O boi: imponente, dono do mundo e elegante.
      O sapo: mal vestido e pequeno.

9 – O motivo que levou o sapo a estufar até estourar foi:
A) ficar com uma roupa elegante.         
B) ficar igual aos outros sapos.
C) estar bonito para o passeio.             
D) estar cheio de inveja do boi.

10 – Quando aconteceu a história?
A) À tarde.                                               
B) De manhã.
C) À noite.                                               
D) De madrugada.

11 – A moral desta fábula apresenta uma reflexão sobre o comportamento humano. Você acredita que existem pessoas que agem assim? Justifique sua resposta.
      Resposta pessoal do aluno.

12 – Você está de acordo com a moral desta fábula? Justifique sua resposta, procurando comprová-la com um fato que conheça ou que tenha acontecido com você.
      Resposta pessoal do aluno.

13 – Dê outro final para esta fábula, modificando também a moral da história.
      Resposta pessoal do aluno.






CRÔNICA: QUANDO A ESCOLA É DE VIDRO - RUTH ROCHA - COM GABARITO

CRÔNICA: QUANDO A ESCOLA É DE VIDRO
                      Ruth Rocha

         Naquele tempo eu até que achava natural que as coisas fossem daquele jeito.
         Eu nem desconfiava que existissem lugares muito diferentes...
         Eu ia pra escola todos os dias de manhã e quando chegava, logo, logo, eu tinha que me meter no vidro.
         É, no vidro!
         Cada menino ou menina tinha um vidro e o vidro não dependia do tamanho de cada um, não!
         O vidro dependia da classe em que a gente estudava.
         Se a gente reclamava?
         Alguns reclamavam.
         E então os grandes diziam que sempre tinha sido assim; ia ser assim o resto da vida.
         Uma professora, que eu tinha, dizia que ela sempre tinha usado vidro, até pra dormir, por isso é que ela tinha boa postura.
         Uma vez um colega meu disse pra professora que existem lugares onde as escolas não usam vidro nenhum, e as crianças podem crescer à vontade.
         Então a professora respondeu que era mentira, que isso era conversa de comunistas. Ou até coisa pior...
         Tinha menino que tinha até que sair da escola porque não havia jeito de se acomodar nos vidros. E tinha uns que mesmo quando saíam dos vidros ficavam do mesmo jeitinho, meio encolhidos, como se estivessem tão acostumados que até estranhavam sair dos vidros.
         Mas uma vez, veio para a minha escola um menino, que parece que era favelado, carente, essas coisas que as pessoas dizem pra não dizer que é pobre.
         Aí não tinha vidro pra botar esse menino.
         Então os professores achavam que não fazia mal não, já que ele não pagava a escola mesmo...
          Então o Firuli, ele se chamava Firuli, começou a assistir as aulas sem estar dentro do vidro.
         O engraçado é que o Firuli desenhava melhor que qualquer um, o Firula respondia perguntas mais depressa que os outros, o Firuli era muito mais engraçado...
         E os professores não gostavam nada disso...
         Afinal, o Firuli podia ser um mau exemplo pra nós...
         E nós morríamos de inveja dele, que ficava no bem-bom, de perna esticada, quando queria ele espreguiçava, e até meio que gozava a cara da gente que vivia preso.
         Então um dia um menino da minha classe falou que também não ia entrar no vidro.
         Dona Demência ficou furiosa, deu um coque nele e ele acabou tendo que se meter no vidro, como qualquer um.
         Mas no dia seguinte duas meninas resolveram que não iam entrar no vidro também:
         --- Se o Firuli pode por que é que nós não podemos?
        Mas Dona Demência não era sopa.
        Deu um coque em cada uma, e lá se foram elas, cada uma pro seu vidro...
        Já no outro dia a coisa tinha engrossado.
        Já tinha oito meninos que não queriam saber de entrar nos vidros.
        Dona Demência perdeu a paciência e mandou chamar seu Hermenegildo, que era o diretor lá da escola.
        Seu Hermenegildo chegou muito desconfiado:
        --- Aposto que essa rebelião foi fomentada pelo Firuli. É um perigo esse tipo de gente aqui na escola. Um perigo!
        A gente não sabia o que é que queria dizer fomentada, mas entendeu muito bem que ele estava falando mal do Firuli.
        E seu Hermenegildo não conversou mais. Começou a pegar os meninos um por um e enfiar à força dentro dos vidros.
        Mas nós estávamos loucos para sair também, e para cada um que ele conseguia enfiar dentro do vidro --- já tinha dois fora.
        E todo mundo começou a correr do seu Hermenegildo, que era pra ele não pegar a gente, e na correria começamos a derrubar os vidros.
        E quebramos um vidro, depois quebramos outro e outro mais e doa Demência já estava na janela gritando --- SOCORRO! VÂNDALOS! BÁRBAROS!
         (Pra ela bárbaro era xingação).
         Chamem os Bombeiros, o Exército da Salvação, a Polícia Feminina...
         Os professores das outras classes mandaram, cada um, um aluno para ver o que estava acontecendo.
         E quando os alunos voltaram e contaram a farra que estava na 6ª série todo mundo ficou assanhado e começou a sair dos vidros.
         Na pressa de sair começaram a esbarrar uns nos outros e os vidros começaram a cair e a quebrar.
         Foi um custo botar ordem na escola e o diretor achou melhor mandar todo mundo pra casa, que era pra pensar num castigo bem grande, pro dia seguinte.
         Então eles descobriram que a maior parte dos vidros estava quebrada e que ia ficar muito caro comprar aquela vidraria toda de novo.
         Então diante disso seu Hermenegildo pensou um bocadinho, e começou a contar pra todo mundo que em outros lugares tinha umas escolas que não usavam vidro nem nada, e que dava bem certo, as crianças gostavam muito mais.
         E que de agora em diante ia ser assim: nada de vidro, cada um podia se esticar um bocadinho, não precisava ficar duro nem nada, e que a escola agora ia se chamar Escola Experimental.
         Dona Demência, que apesar do nome era louca nem nada, ainda timidamente:
         --- Mas seu Hermenegildo, Escola Experimental não é bem isso...
         Seu Hermenegildo não se perturbou:
         --- Não tem importância. A gente começa experimentando isso. Depois a gente experimenta outras coisas...
         E foi assim que na minha terra começaram a aparecer as Escolas Experimentais.
         Depois aconteceram muitas coisas, que um dia eu ainda vou contar...

  ROCHA, Ruth. Este admirável mundo louco. São Paulo: Salamandra, 1986.

1 – Por que os alunos se acostumaram a estudar nessa escola em que tinham que ficar dentro de recipientes de vidro?
       Eles não conheciam nenhuma escola diferente, e todos diziam que aquela era a forma de aprender.

2 – Que consequências o hábito de estudar dentro de vidros causava aos alunos?
       Eles se tornavam tímidos, com medo de das opiniões ou de agir de maneira diferente da escolhida pelos outros, porque ficavam inseguros e dependentes.

3 – O que acontecia com os meninos que reclamavam?
      Eram informados que aquela era a única maneira de estudar. Mudavam de escola, mas nem sempre perdiam a postura adquirida por ficarem dentro dos vidros.

4 – Que acontecimento alterou, aos poucos, as regras da escola? Por quê?
      A chegada de um novo aluno que ficou fora do vidro por ser pobre e não poder pagar a escola.

5 – Por que a liberdade de Firuli, o novo aluno, começou a incomodar os professores?
       Firuli aprendia com mais facilidade, era melhor que os outros alunos e alegre. Tudo isso causava inveja nos colegas que começaram a reagir.

6 – Qual foi a atitude de Dona Demência ao ver que os alunos queriam ficar fora do vidro?
       A professora repreendeu os alunos, no início, com um coque; depois, pediu ajuda ao diretor que também não conseguiu evitar a rebelião da classe.

7 – Por que os vidros, ao se quebrarem, facilitaram as mudanças na escola?
       A compra de novos vidros ficaria muito cara, por isso o diretor achou melhor não usar mais vidros e deixar os alunos livres, assim como faziam em outras escolas.

8 – A ideia de alunos obrigados a estudar dentro de vidros nos permite pensar em situações reais. Identifique-as.
       Permite-nos pensar em alunos obrigados a permanecer quietos em seus lugares, sem dizer nada, apenas ouvindo e obedecendo. São coagidos a fazer tudo exatamente o que os professores mandam, calados e submissos.



CRÔNICA: ANTENA LIGADA - LOURENÇO DIAFÉRIA - LINGUAGEM INFORMAL E FORMAL- COM GABARITO

 CRÔNICA: ANTENA LIGADA  
Lourenço Diaféria

LINGUAGEM INFORMAL E LINGUAGEM FORMAL

         Troquei meu televisor em branco e preto por um televisor em cores com controle remoto, para facilitar a vida de meus filhos, que agora, sabem como é, época de provas, estão se virando mais que pião na roda. Imaginem que outro dia um professor teve a coragem de mandar meu filho gavião-da-fiel fazer um trabalho sobre o Sócrates.
         Fiquei uma arara.
         Em todo o caso, apanhei a revista Placar e recomendei que o garoto procurasse os arquivos esportivos da Folha e do Jornal da Tarde. Não é por ser meu filho, mas o guri caprichou do primeiro ao quinto.
         Tirou zero.
         Puxa, assim também é demais. Resolvi levar um papo com o professor, ver se não era perseguição. O professor foi muito gentil, porém ninguém me tira da cabeça que ele é palmeirense disfarçado de são-paulino. Garantiu-me que havia ocorrido um equívoco. O Sócrates que ele queria é um craque da redonda que tomou cicuta. Essa é boa. Por que não avisou antes? Como é que eu vou adivinhar que o homem andava dopado? Me manquei, mas o professor percebeu meu azedume. Disse que ia dar uma nova oportunidade. Falou e disse.
        Preveni meu garoto que ficasse de orelha em pé, lá vinha chumbo. Dito e feito. O professor, deixando cair a máscara alviverde, deu uma de periquito campineiro e pediu um trabalho completo sobre o Guarani.
        Deixa que eu chuto, falei a meu filho. Pode contar comigo na regra três. Eu mesmo cuido da pesquisa.
        Peguei a escalação completa do guarani, botei o Neneca no gol, fiz a maior apologia ao time da terra das andorinhas. Pra me cobrir e não deixar nenhum flanco desguarnecido, telefonei pro meu amigo Antônio Contente, que transa em assuntos culturais e conexos (como seja a imprensa) e pedi que me mandasse uma camisa oito autografada. Diretamente de Campinas e pelo malote.
         Não é pra falar, mas o trabalho escolar ficou um luxo.
         Sem falsa modéstia, estava esperando pro meu filho no mínimo aprovação com laude e placa de prata, pra não dize medalha de honra ao mérito.
         Pois deu zebra.
         Começo a desconfiar que o tal professor me armou uma arapuca e entrei fácil, como um otário. O homem deve ser primo de Dicá. Sabem o que mestre fez? Hein? Querem saber? Deu outro zero pro meu filho. O pior é que não devolveu a camisa autografada.
         Essa não deixei barato. Fui de peito aberto, às falas.
         Ilustre --- eu disse --- com perdão da palavra, mas que diabo de safadeza Vossa Senhoria anda armando pro meu garoto gavião-da-fiel? Então eu perco tempo, pesquiso, consulto a história gloriosa da equipe campineira, faço a maior zorra com o time do Brinco da Princesa, e o garoto ganha cartão vermelho?
         Que grande cínico! O homem me olhou com aqueles olhos de olheiras --- acho que tem almoçado e jantado mal, sei lá, dizem que professor padece um bocado --- coçou a cabeça, murmurou:
         --- Foi o senhor quem dez a lição?
         Fiquei meio sem jeito.
         --- Bem, fazer não fiz. Dei uma orientação didática. Pai é para essas coisas...
         Ele não se comoveu. Foi até rude.
         --- Se aceita um conselho, pare de dar palpite na lição de casa de seu filho. O senhor não conhece nada do Guarani.
         Falar isso na minha cara! Tive de aguentar calado. Nunca soube que no diacho do time campineiro figurasse a dupla Peri e Ceci. E com essa constante mudança de técnico, como podia sacar que o técnico atual é o Zé de Alencar?
         Tá bem --- eu disse --- não vamos brigar por tão pouco. O professor pode dar outra colher de chá ao menino
         Deu. O professor quer agora os capítulos completos de um romance, por coincidência com o mesmo nome do time de Caminas: o Guarani. É qualquer coisa com índio sioux que, de repente, se vê obrigado a salvar uma mulher biônica das águas da enchente. Deve ser telenovelas em cores. Mas só pra complicar a vida do meu filho, o professor não revelou o horário. Porém desta vez ele não me fera. Pela dica do enredo que deixou escapar, deve ser mais uma dessas sucessões de cenas de violência que a gente é obrigado a engolir todas as noites na televisão. Estou de antena ligadona meu chapa.
                                                                                                 DIAFÉRIA, Lourenço.
Entendendo o texto

1 – Esse texto é um bom exemplo de linguagem informal. Com que objetivo o narrador usou esse tipo de linguagem?
         O narrador quis adequar as falas à linguagem própria dos personagens, por isso usou uma linguagem informal, de acordo com as características do pai.

2 – Na sua opinião, a linguagem empregada no texto está adequada? justifique sua resposta.
         Resposta pessoal.

3 – Reescreva os trechos a seguir numa linguagem formal:
a)     “...sabem como é, época de provas, estão se virando mais que pião na roda.”
Sugestão: Naturalmente vocês entendem que, como estão em período de provas, eles estudam com uma dedicação incrível.

b)    “Um professor teve a coragem de mandar meu filho gavião-da-fiel fazer um trabalho sobre o Sócrates.”
Sugestão: Um professor pediu a meu filho, que é torcedor do Corinthians, para fazer um trabalho sobre o Sócrates.

c)     “Fiquei uma arara.”
Sugestão: Fiquei bastante aborrecido.

d)    “Preveni meu garoto que ficasse de orelha em pé, lá vinha chumbo.”
Sugestão: Avisei a meu filho que ficasse atento, pois algo inesperado poderia acontecer.

e)     “Essa não deixei barato. Fui de peito aberto, às falas.”
Sugestão: Esse fato me fez tomar uma atitude e conversei claramente, sem volteios.

f)      “Estou de antena ligadona, meu chapa.”
Sugestão: Estou prestando muita atenção, meu caro.

4 – Indique outras passagens no texto em que se empregou a linguagem informal.
       “Mas o guri caprichou(...)”; “Resolvi levar um papo(...)”; “(...) é um craque da redonda que tomou cicuta. Essa é boa”; “Me manquei (...)”; “(...) deixando cair a máscara alviverde, deu uma de periquito campineiro (...); “deixa que eu chuto (...)”; “(...) botei o Neneca no gol (...)”; “transa em assuntos culturais (...)”; “(...) ficou um luxo”. “Pois deu zebra”; “(...) me armou uma arapuca e entrei fácil”. “(...) faço a maior zorra”. “E o garoto ganha cartão vermelho?”; “(...) no diacho do time”. “(...) podia sacar que (...)”; “(...) dar outra de chá ao menino”; “(...) desta vez ele não me ferra”. “Pela dica do enredo(...)”.

5 – Além de usar gírias, a personagem empregou também diversos termos pertencentes ao jargão do futebol (termos tipicamente relacionados a esse esporte).
       De que maneira o emprego desses termos contribuiu para a construção do texto?
       A personagem preocupa-se de tal maneira com futebol que se tornou alienada de outros temas. O emprego do jargão reforça a apresentação dessa limitação.

6 – Agora, suponha que o pai decidisse redigir uma reclamação formal para o diretor da escola onde trabalha o professor de Português. Por meio de uma escrita cortês e formal, faça reclamações quanto ao nível de exigência do professor do menino, aproveitando certos elementos do texto.
        Lembre-se:
        - não use gírias;
        - respeite as regras de gramática determinadas pela norma culta;
        - não usa expressões típicas da fala (tá, né, etc.);
        - evite o jargão típico do futebol. Dê preferência a termos relacionados ao contexto (reivindicações de um pai a um diretor da escola).
        Resposta pessoal.

7 – Compare a linguagem empregada em seu texto e no de Lourenço Diaféria e explique que diferenças há entre ambos.
        Resposta pessoal.

8 – Como se pode definir, a partir do que você aprendeu, o que é linguagem formal e linguagem informal.
        Sugestão: na linguagem informal, o redator ou falante usa gírias, repetições, expressões coloquiais, contrações. Já na linguagem formal, o vocabulário é mais selecionado, não há repetições, não se empregam gírias ou termos chulos.

       

TEXTO: SEDUÇÃO FATAL DOS NEURÔNIOS - MARIANA FREIRE - COM GABARITO

                          
 SEDUÇÃO FATAL DOS NEURÔNIOS

         O cigarro vicia porque o efeito da nicotina diminui com o uso e força a vítima cada vez mais. Se é isso o que você ouviu falar, esqueça. Um único cigarro é capaz de levar ao vício, descobriu a equipe do neurobiologista americano Daniel McGehee, da Universidade de Chicago, depois de analisar fragmentos do cérebro de ratos nos quais se havia injetado nicotina.
         Segundo o cientista, a toxina do cigarro estimula os neurônios a produzirem mais dopamina --- molécula responsável pelas sensações de prazer no organismo. “É isso que leva ao vício”, disse McGehee à super. A grande novidade da pesquisa foi mostrar exatamente como a nicotina produz a sedução fatal: eles verificaram que, logo depois de a nicotina grudar em um neurônio, ele dispara um sinal que incita outras células cerebrais a produzir doses extras de dopamina. O efeito é mais intenso quando os neurônios estão associados à memória e ao aprendizado. Tem-se a impressão de que o cérebro se lembra da delícia e quer mais. E haja medo do câncer para trazê-lo de volta à razão!
               FREIRE, Mariana. Revista SúperInteressante. São Paulo, nov. 2000.

1 – Por que as pessoas sentem vontade de fumar cada vez mais, de acordo com o texto?
       Elas são estimuladas pela sensação de prazer que o efeito da dopamina produz no organismo.

2 – Segundo o texto, quando o vício do cigarro se torna ainda maior?
       O vício do cigarro aumenta, se a toxina estimula os neurônios cerebrais associados à memória e ao aprendizado.

3 – Por que a sedução a que o texto se refere é fatal?
       Porque o hábito de fumar pode levar à morte.

4 – Reescreva este trecho com suas palavras:
       “E haja medo do câncer para trazê-lo de volta à razão!”.
       Resposta pessoal. Sugestão: somente o pavor do câncer pode despertar o cérebro para a verdadeira ameaça que o cigarro representa para a saúde.

5 – Identifique no texto as palavras proparoxítonas.
       Cérebro, molécula, células, vítima, único.
       Não é por acaso que todas as palavras que você identificou são acentuadas.
       Todas as palavras proparoxítonas são acentuadas.
       Observe agora a acentuação das palavras a seguir:
       “Sedução fatal dos neurônios”.
       “É isso que leva ao vício”.
       A sílaba tônica é a penúltima. Essas palavras são chamadas paroxítonas.

6 – Retire do texto palavras paroxítonas acentuadas e palavras paroxítonas sem acento.
       Responsável, memória, delícia, câncer (acentuadas); cigarro, nicotina, equipe, toxina, organismos, etc. (sem acento).
       Observe que as palavras paroxítonas terminadas em ditongo (neurônio, vício, memória, delícia), em –I (responsável) e em –r (câncer) são acentuadas.

7 – Outras palavras paroxítonas recebem acento gráfico. Dê exemplos de palavras paroxítonas com a mesma terminação das que seguem e observe a acentuação empregada.
- Hífen: abdômen, pólen, líquen.
- Vírus: bônus, ônus, ânus, húmus.
- Próton (s): elétrons, cânon.
- Tórax: ônix, bórax, látex.
- Órfão (s): órgão, sótão, bênçãos.
- Médium (uns): álbum, fóruns.
- Táxi (s): tênis, grátis, biquíni.
- Ímã (s): órfãs.
- Fórceps: bíceps.

Portanto: Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em: ditongo,
-I, -r, -n, -x,-i (s), -us, -ão(s), -ã(s), -on(s), -um, -uns, -ps.
         Veja as palavras destacadas:
         “Se é isso o que você ouviu falar, esqueça”.
         “(...) para trazê-lo de volta à razão!”.
         O acento tônico dessas palavras está na última sílaba (vo-cê, tra-zê), por isso são palavras oxítonas.
         Saiba que: Acentuam-se as palavras oxítonas terminadas em –a(s),
-e(s), -o(s), -em, -ens.

8 – Identifique no texto três palavras oxítonas que não são acentuadas.
       Sedução, fatal, prazer, grudar, sinal, produzir, estão, impressão, razão, etc.
       Chamam-se monossílabas as palavras que tem uma única sílaba.
       Acentuam-se as palavras monossílabas tônicas terminadas em: -a(s),
-e(s), -o(s).

9 – Acentue adequadamente as monossílabas tónicas a seguir: pa, mes, nu, sos, fe, pai, chas, bis, sol, lar, gas, tres, luz, ri, pos, tu.
       Pá, mês, sós, fé, chás, gás, três, pôs.

 10 – Identifique no texto palavras monossílabas átonas cujo pronúncia seja mais fraca que as das monossílabas tônicas. Veja exemplos: de, em, se, com, nem.
        O, e, a, que, um, ao, do, da, nos, os, etc.   




ADIVINHAS - COM RESPOSTAS

ADIVINHAS


O que é, o que é?
O que é, o que é?
Deita a pessoa na cama
Deixa a cabeça mais quente
Faz nariz virar riacho
E molha o dia da gente?
O resfriado.


O que é, o que é?
Simplesmente estraga a vida
Deixa a boca arreganhar
É tão malvada, a bandida,
Que faz a gente chorar?
A dor de dente.

O que é, o que é?
Sempre dói quando começa
Deixa tudo em mau estado
Quem tem vai embora depressa
Pra depois ficar sentado?
A dor de barriga.

O que é, o que é?
Tem pé, mas não caminha,
Tem olho, mas não vê,
Tem cabelo, mas não penteia.
Milho.

O que é, o que é?
Se canta, adormecemos,
Se cantamos, folga e ri,
Se sofremos, também sofre,
Tomando a dor para si.
A mãe.

O que é, o que é?
Ao todo são três irmãos,
O mais velho já morreu,
O mais moço está conosco,
E o caçula não nasceu.
Passado, presente e futuro.

O que é, o que é?
Cintura fina,
Perna alongada,
Toca corneta,
E leva bofetada.
Pilão.

O que é, o que é?
Fui a primeira capital do
Brasil e tenho muitas praias.
Salvador.
O que é, o que é?
No alto vive,
no alto mora,
no alto tece
e isso adora.
Aranha.

O que é, o que é?
Sou grande ao nascer,
bem pequeno ao morrer.
Lápis.

O que é, o que é?
Verde como mato
E mato não é.
Falo como gente
E gente não é.
Papagaio.
O que é, o que é?
Uma fase que todos passam
E muitos sentem saudades.
Infância.
O que é, o que é?
Minha irmã e eu, muito rápidas,
Cortamos de maneira eficaz,
com as pernas na frente
e os olhos atrás.
Tesoura.
O que é, o que é?
Tenho muitas peles;
se quiser todas elas tirar
de chorar não vai escapar.
Cebola.

O que é, o que é?
Esse parece trazer
Um pensamento profundo:
Antes de o pai nascer
A filha já corre o mundo.
O fogo e a fumaça.

O que é, o que é?
Não existe sem fazer,
Quem faz às vezes vai fundo,
Demora de vez em quando,
Transforma a vida e o mundo.
Trabalho.

O que é, o que é?
Revoa, mas não é pássaro,
Rebrilha mais que ouro puro,
Pisca e não é olho,
Tem luz, mas vive no escuro.

Vagalume.