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quarta-feira, 9 de abril de 2025

NOTÍCIA: TIREM A TV DO QUARTO - RIAD YOUNES

 Notícia: Tirem a TV do quarto

              Riad Younes

        Pesquisas revelam: crianças que ficam mais tempo diante da telinha têm pior desempenho escolar.  

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaf9wQ-rsqGaRbWzK6kyu1kaUmeGfDycI_f0v2DS7h0ZTtvZbNOH-KcZSFy3BaotqosdDPffHppWkhHi1xNva8uWqO1Dpi8chipK0P8-yshTcQgGXHNFxRiSoXI-ndQs4_ZbRZhN6HyVXlVkuUA8NUaePYKv00JpNq2Up76NbJejZAw0nJGbuGUDG1_FQ/s1600/QUARTO.jpg


        Fixar os olhos nas telas de televisão pode não ser tão inofensivo quanto se pensa. A preocupação constante de pais, educadores e autoridades de saúde sobre os problemas potenciais de crianças passarem parte considerável de seus dias vendo tevê ou brincando em computadores pode ter fundamento.

        A revista Archives of Pediatrics & Adolescent Medicine apresentou recentemente trabalhos científicos que tentam quantificar e mostrar com detalhes os eventuais efeitos prejudiciais da televisão, tanto a curto quanto a longos prazos.

        De acordo com o primeiro estudo, realizado por R. J. Hancox, da Universidade da Nova Zelândia, as pessoas que haviam assistido mais a tevê entre 5 e 15 anos têm menor probabilidade de completar o curso superior e obter um diploma universitário. 

        Outro trabalho, dirigido pela pesquisadora D. L. G. Borzekowski da Faculdade de Saúde Pública Johns Hopkins, dos EUA, avaliou o efeito da tevê sobre o desempenho escolar de 386 estudantes do ensino primário. Foram correlacionados na pesquisa o tempo que as crianças passavam assistindo à tevê, o número de aparelhos de tevê em cada casa e a localização dos aparelhos (na sala, no quarto da criança etc.), com as notas obtidas na escola.

        Verificou-se que as crianças que dispunham de tevê no quarto passavam mais tempo diante da telinha, provavelmente devido ao menor controle dos pais. Coincidentemente, essas crianças obtiveram notas significativamente inferiores que seus colegas que não tinham tevê no quarto.

        Borzekowski alerta os pais que aparelhos de tevê no quarto das crianças podem afetar de forma dramática seu desempenho escolar, apesar de não conseguir estabelecer com segurança a causa desse fenômeno. Especula a cientista que nessas situações os pais não sabem ou não controlam o tempo em que a tevê fica ligada nem o conteúdo dos programas que as crianças assistem.

        Talvez as notas mais baixas na escola possam ser explicadas pelo simples fato de que a criança que possui tevê no quarto fique acordada até mais tarde, vendo algum programa. Quaisquer que sejam os mecanismos que gerem a diferença de desempenho nos estudos, os pesquisadores sugerem que os pais controlem o tempo e o conteúdo de programas que as crianças assistem. E que não deixem a tevê nos quartos delas.

Carta Capital, 27 de julho de 2005.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 140-141.

Entendendo a notícia:

01 – Qual é a principal preocupação abordada na notícia?

      A principal preocupação é o impacto negativo que o excesso de tempo gasto assistindo televisão, especialmente em quartos de crianças, pode ter no desempenho escolar e no desenvolvimento educacional.

02 – Quais são as principais descobertas dos estudos apresentados na notícia?

      Os estudos revelam que crianças com televisão no quarto tendem a passar mais tempo assistindo TV, o que está associado a notas escolares mais baixas. Além disso, um estudo de longo prazo indicou que o tempo excessivo de televisão na infância e adolescência pode estar relacionado a uma menor probabilidade de conclusão do ensino superior.

03 – Por que a localização da televisão no quarto da criança é considerada um fator de risco?

      A presença da televisão no quarto da criança está associada a um menor controle dos pais sobre o tempo de exposição e o conteúdo assistido. Isso pode levar a um aumento do tempo gasto em frente à tela e a uma diminuição do tempo dedicado aos estudos e outras atividades educacionais.

04 – Quais são as possíveis explicações para a correlação entre televisão no quarto e baixo desempenho escolar?

      As possíveis explicações incluem a falta de controle dos pais sobre o tempo e o conteúdo assistido, a possibilidade de as crianças ficarem acordadas até mais tarde assistindo televisão e a consequente diminuição do tempo dedicado aos estudos.

05 – Qual é a recomendação principal dos pesquisadores e do autor da notícia?

      A recomendação principal é que os pais controlem o tempo e o conteúdo dos programas que as crianças assistem e que evitem colocar televisões nos quartos das crianças.

06 – Como a pesquisa de R. J. Hancox complementa o estudo de D. L. G. Borzekowski?

      Enquanto o estudo de Borzekowski foca no impacto imediato da televisão no desempenho escolar de crianças do ensino primário, a pesquisa de Hancox examina os efeitos a longo prazo do tempo excessivo de televisão na vida acadêmica, acompanhando indivíduos desde a infância até a idade adulta.

07 – Qual a relevância desta notícia no contexto atual?

      Com o aumento do acesso a dispositivos eletrônicos e plataformas de streaming, a preocupação com o tempo de tela excessivo e seus efeitos negativos continua relevante. A notícia destaca a importância do controle parental e do equilíbrio entre o tempo de tela e outras atividades para o desenvolvimento saudável das crianças.

 



 

quarta-feira, 2 de abril de 2025

NOTÍCIA: O CASAL, A MORTE E O JOGGING - FRAGMENTO - CLAUDIA CORBISIER - COM GABARITO

 Notícia: O casal, a morte e o jogging – Fragmento

        Este poderia ser o título da foto publicada no JB de quinta-feira, dia 122 de dezembro, página 26, Cidade Estarrecedora imagem. Reveladora da pouca importância dada à vida e à morte no mundo em que vivemos. Paulo [...] foi atropelado e morto em cima do calçadão da Avenida Senambetiba. Eram três e quinze da tarde. O responsável pelo acidente, Renan [...], tentou fugir, segundo o relato de transeuntes. Não conseguiu porque a roda de sua Parati ficou travada. Renan declarou que o atropelamento, seguindo de morte, do engenheiro Paulo, foi uma fatalidade. Seu carro teria sido fechado por um ônibus que o empurrou para o calçadão. Tendo sido assim, por que tentar fugir?

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjszRlcFGQpfaN4e2KMCFWyFbT_WBstEcZOUA_3cv7-4lS63LjDdATb221pzn3-fQ2WAHqZGdGo2U7WRU1Kl982GdZMIlxX2H7iY_ap40Hpmzsd12ZSufOry7_EiGIkxuiIO9KPzlYhEdXUtlapxCMN2nbYPT1raIhwpfPq1WTM2d05WRwGgyG0JQrqXms/s320/4422647-colisao-envolvendo-pedestre-rgb-color-icon-roadway-crash-batendo-andador-de-carro-pedestre-lesoes-risco-bater-e-correr-acidente-isolado-ilustracao-simples-cheio-linha-desenhando-vetor.jpg 


        Eram seis horas da tarde e o corpo de Paulo continuava lá. Coberto por um plástico que alguém, certamente algum tipo de ser humano em extinção, teve a compaixão de estender para proteger a exposição do corpo, morto e machucado. A matéria do jornal não explica. Por que Paulo, além de ter sido roubado de sua vida ao ir buscar cigarros com sabor de canela num quiosque conhecido, ficou ali exposto à visitação pública durante quase três horas? Por que, além da vida, roubaram também a Paulo o direito de ser socorrido e, morto, de ser levado dali, onde tornou-se um objeto de curiosidade dos passantes? Adriana Calcanhoto, no seu CD Senhas, na canção “Milagres/misérias”, diz: “E eu pergunto e acho que precisaríamos perguntar em coro: que mundo é este?” Que mundo é este em que estão se transformando as pessoas que conseguem conversar naturalmente diante de um morto, como se nada estivesse acontecendo?

        Conseguem continuar a sua corrida sem pensar que na frente, ao lado, havia um homem morto? Na minha infância me lembro que, quando morria algum cachorro atropelado, a primeira preocupação era a de enterrar o bicho morto. Preocupação de crianças. De um outro tempo. Não tão longínquo assim. Escrevo para falar publicamente do meu choque, da minha indignação, por um lado. E, por outro lado, de minha vergonha, da minha tristeza enquanto cidadã deste país, moradora desta cidade onde tanta beleza tem se contrastado com tanta feiura. Dia 11 foi Paulo. Amanhã pode ser qualquer um de nós. Dá para viver assim?

Claudia Corbisier é psicanalista, coordenadora da Recepção Integrada do Instituto Philippe Pinel. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 21 dez. 1996, Caderno Ideias, p. 6.

Fonte: Português. Uma proposta para o letramento. Magda Soares – 8º ano – 1ª edição. Impressão revista – São Paulo, 2002. Moderna. p. 105.

Entendendo a notícia:

01 – Qual é o evento central relatado na notícia?

      A notícia relata o atropelamento e a morte de Paulo, um engenheiro, no calçadão da Avenida Senambetiba, no Rio de Janeiro.

02 – Quais são os detalhes sobre o responsável pelo acidente?

      O responsável pelo acidente é Renan, que tentou fugir do local, mas foi impedido pela roda travada de seu carro. Ele alegou que o atropelamento foi uma fatalidade, causada por um ônibus que o teria empurrado para o calçadão.

03 – Qual é a crítica principal feita pela autora da notícia?

      A autora critica a indiferença das pessoas diante da morte, destacando o fato de que o corpo de Paulo permaneceu no local por quase três horas, coberto apenas por um plástico, enquanto as pessoas continuavam suas atividades normalmente.

04 – Como a autora expressa seu choque e indignação?

      A autora utiliza uma linguagem forte e emotiva para expressar seu choque e indignação, questionando a falta de compaixão e respeito pela vida e pela morte. Ela também expressa vergonha como cidadã diante da situação.

05 – Qual é a reflexão da autora sobre a mudança no comportamento das pessoas?

      A autora compara o comportamento atual das pessoas com o de sua infância, quando a preocupação era enterrar até mesmo um cachorro atropelado. Ela lamenta a aparente perda de sensibilidade e empatia na sociedade contemporânea.

06 – Qual a relação da citação de Adriana Calcanhoto para o texto?

      A citação da música "Milagres/misérias" de Adriana Calcanhoto, é utilizado para reforçar o sentimento de descrença e questionamento da autora em relação ao mundo em que vivemos.

07 – Qual é a mensagem final da autora da notícia?

      A mensagem final da autora é um alerta sobre a fragilidade da vida e a necessidade de reflexão sobre os valores da sociedade. Ela questiona se é possível viver em um mundo onde a morte é tratada com tanta indiferença.

 

NOTÍCIA: LENDO SÃO PAULO - FRAGMENTO - CLÁUDIA COSTIN - COM GABARITO

 Notícia: Lendo São Paulo – Fragmento

             Cláudia Costin

        É frequente ouvirmos alguém afirmar, levianamente, que se os jovens de hoje não leem e pouco se interessam pelo rico mundo da literatura, a culpa seria do excesso de informações absorvidas via TV, Internet e outras tantas mídias que disputam o interesse dos nossos filhos desde a mais tenra infância. [...]´

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijKSx66hvL13H_uB84J2trYYW7-KGgmJ4nbduqVJ0L89Mk6niPtufyF3a6La4G9-ESBZxeA5rxRHdKc7fG_LtV41IgjkIpyYeNSMQ_22ralVB_cRwCupyubPYBL-6d_RQY0xEwDE5NAdS8rtfPviaWyziDYPU7eC4op6YOd9JiV8CvqndQGge_TFQsnlw/s320/istockphoto-1341314481-1024x1024.jpg


        Não é verdade que muitas de nossas crianças não leem por culpa dos videogames, do dinamismo da televisão ou da superoferta de efeitos especiais, que ofuscaria as pobres e sisudas páginas da literatura universal. Uma parte do problema reside certamente no preço e na disponibilidade do livro, o que o torna inacessível para boa parte dos pais e educadores, principais agentes na formação de uma geração de leitores. [...], observamos que sempre que viabilizamos a oferta de livros aos jovens, especialmente para os que vivem nas condições mais críticas das nossas periferias, a leitura é bem-vinda e a demanda só faz aumentar. Estão aí as salas de leitura e bibliotecas implantadas ou ampliadas pela Secretaria em todo o Estado de São Paulo, que não nos deixam mentir.

        Cada vez surge um novo espaço dedicado às letras, os jovens da região beneficiada se mobilizam e se envolvem e demandam mais, especialmente sugerindo autores e títulos que mais dizem respeito à realidade em que vivem.

        [...]

O Estado de São Paulo, 25/1/2004.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 22.

Entendendo a notícia:

01 – Qual a crítica apresentada no início do texto em relação à leitura entre os jovens?

      O texto critica a afirmação de que a falta de interesse dos jovens pela leitura seria culpa do excesso de informações da TV, internet e outras mídias.

02 – Qual o principal fator apontado como responsável pela falta de leitura entre as crianças e jovens?

      O preço e a disponibilidade dos livros são apontados como os principais obstáculos, tornando a leitura inacessível para muitos pais e educadores.

03 – Qual a observação feita sobre a oferta de livros aos jovens em áreas periféricas?

      O texto destaca que, ao facilitar o acesso aos livros, especialmente nas periferias, a leitura se torna bem-vinda e a demanda aumenta.

04 – Qual o impacto da criação de novos espaços de leitura nas comunidades?

      A criação de novos espaços de leitura estimula a mobilização e o envolvimento dos jovens, que demandam mais livros e sugerem autores e títulos relevantes para suas realidades.

05 – Qual a conclusão da autora sobre o interesse dos jovens pela leitura?

      A autora conclui que, ao contrário do que se afirma, os jovens têm interesse pela leitura, desde que haja acesso aos livros e que os conteúdos sejam relevantes para suas vidas.

 

CRÔNICA: OS COMÍCIOS DOS ADOLESCENTES - MOACYR SCLIAR - COM GABARITO

 Crônica: Os comícios dos adolescentes

               Moacyr Scliar

        No Hyde Park, em Londres, existe um lugar chamado Speaker's Corner, onde, segundo a tradição, qualquer pessoa pode fazer discursos, criticando até a família real (o que atualmente não é muito difícil) desde que falando do alto de um estrado ou mesmo de um caixote; isto é, sem pisar solo inglês. Atualmente os oradores que lá vão são muito chatos, e frequentemente falam apenas para impressionar os turistas, mas há uma fase na vida em que o mundo como um todo é para nós um Speaker's Corner, e a nossa família é mais acatável que a família real inglesa: a adolescência é uma fase de comícios.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxpMa6HH8moKDb7tP7Z9szC2ej1LY8bRRZBHqKqV7oePAkItxGcG-Oa0RpFBWmKwcqjlS68xwyajGu2fnGqczIdm860ans5_D2XjvNUUiqw-L2_lvZZ7vAemLLOj01B6UIUbxkVaKqLKFx7_feobg9n1Z6v3xOZAvh6MinoU70hR7Lcy0mXiIagZ76zm4/s320/artworks-O9G0l77rq6dG3zel-1o1j3A-t500x500.jpg


        Adolescentes são oradores prodigiosos. Energia é o que não lhes falta; a intensa quantidade de alimentos que ingerem precisa ser queimada de alguma maneira, e esportes, games ou fantasias não são suficientes. daí os discursos, que se sucedem num ritmo implacável: não há almoço nem jantar em que os pais não ouçam peças de inflamada oratória. Os adolescentes, principalmente os de classe média, consideram-se oprimidos; não fazem parte de nenhuma Frente de Libertação, mesmo porque a vida de guerrilheiro não tem moleza, não dá para acordar ao meio-dia; mas desenvolvem uma invencível tática de guerrilha verbal , baseada em acusações clássicas: os pais são quadrados, os pais não compreendem as necessidades dos filhos, os pais são insensíveis, os pais não compram isto, os pais não compram aquilo ("me compra" é a reivindicação mais ouvida). É um estado de comício permanente, como parlamento algum jamais viu. Aliás, e diferente dos nossos deputados, os adolescentes jamais se ausentam do plenário; mas, como os deputados, sempre acham que estão ganhando pouco.

        De uma coisa, porém, podemos estar certos: não existirá um Partido de Adolescentes enquanto não se formar um Partido dos Pais. E Partido dos Pais jamais se formará. Como a Teresa Batista, de Jorge Amado, que estava cansada de guerra, pais – por definição – são pessoas cansadas de comícios.

Um país chamado infância. São Paulo: Ática, 1999, p. 51-52 (Coleção para gostar de ler, v. 18)

Fonte: Português. Uma proposta para o letramento. Magda Soares – 8º ano – 1ª edição. Impressão revista – São Paulo, 2002. Moderna. p. 9-10.

Entendendo a crônica:

01 – Qual é a metáfora central utilizada por Moacyr Scliar na crônica?

      Moacyr Scliar compara a adolescência a um grande comício, onde os jovens, assim como oradores no Hyde Park, expressam suas opiniões e críticas com fervor.

02 – Por que os adolescentes são descritos como "oradores prodigiosos"?

      Eles possuem grande energia e necessidade de expressar suas opiniões, o que resulta em discursos frequentes e apaixonados, especialmente em relação aos pais.

03 – Quais são as principais "acusações clássicas" dos adolescentes contra seus pais?

      As acusações incluem os pais serem "quadrados", não compreenderem suas necessidades, serem insensíveis e não comprarem o que desejam.

04 – Como a crônica aborda a relação entre pais e filhos durante a adolescência?

      A crônica retrata a adolescência como um período de conflito e negociação, onde os jovens buscam afirmar sua independência e os pais, muitas vezes cansados, tentam manter a ordem.

05 – Por que, segundo o autor, é improvável a formação de um "Partido dos Pais"?

      Moacyr Scliar argumenta que os pais, ao contrário dos adolescentes, estão "cansados de comícios" e preferem evitar confrontos, tornando improvável a organização de um partido.

06 – Qual a relação da crônica com o "Speaker's Corner" citado no início do texto?

      O "Speaker's Corner" serve como uma metáfora para o espaço onde os adolescentes expressam suas opiniões, assim como os oradores em Londres, com a diferença de que, os adolescentes tem seu espaço de fala, dentro de suas casas.

07 – Qual é o tom geral da crônica de Moacyr Scliar?

      O tom é humorístico e irônico, com uma pitada de compreensão pelas dificuldades tanto dos adolescentes quanto dos pais durante essa fase da vida.

 

ROMANCE: DOM CASMURRO - A DENÚNCIA - CAP. III - MACHADO DE ASSIS - COM GABARITO

 Romance: Dom Casmurro – A Denúncia cap. III

                    Machado de Assis

      Ia entrar na sala de visitas, quando ouvi proferir o meu nome e escondi-me atrás da porta. A casa era a da Rua de Mata-cavalos, o mês novembro, o ano é que é um tanto remoto, mas eu não hei de trocar as datas à minha vida só para agradar às pessoas que não amam histórias velhas; o ano era de 1857.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_SwK0csaHl14EFeFYbkij4OPg0lS7sR4ATHIG_ZOl28HM8CJgNm6DVC4lyyEPkJ9QOSoP9gyMfIwJbnlW7iGilJ3KsmyLkg_xbKGrvyISGH52yY_5MwXgwtfErwGYWV4KE5fJjvlpJaJlXtgYm2p_NnC1GscxoZGkaL-DOjExg8-iPqkvzewTVd6IoZA/s320/36ab761f2ec82a329e469d8d69c17932.jpg


        -- D. Glória, a senhora persiste na ideia de meter o nosso Bentinho no seminário? É mais que tempo, e já agora pode haver uma dificuldade.

        -- Que dificuldade?

        -- Uma grande dificuldade.

        Minha mãe quis saber o que era. José Dias, depois de alguns instantes de concentração, veio ver se havia alguém no corredor; não deu por mim, voltou e, abafando a voz, disse que a dificuldade estava na casa ao pé, a gente do Pádua.

        -- A gente do Pádua?

        -- Há algum tempo estou para lhe dizer isto, mas não me atrevia. Não me parece bonito que o nosso Bentinho ande metido nos cantos com a filha do Tartaruga, e esta é a dificuldade, porque se eles pegam de namoro, a senhora terá muito que lutar para separá-los.

        -- Não acho. Metidos nos cantos?

        -- É um modo de falar. Em segredinhos, sempre juntos. Bentinho quase que não sai de lá. A pequena é uma desmiolada; o pai faz que não vê; tomara ele que as cousas corressem de maneira, que... Compreendo o seu gesto; a senhora não crê em tais cálculos, parece-lhe que todos têm a alma cândida...

        -- Mas, Sr. José Dias, tenho visto os pequenos brincando, e nunca vi nada que faça desconfiar. Basta a idade; Bentinho mal tem quinze anos. Capitu fez quatorze à semana passada; são dois criançolas. Não se esqueça que foram criados juntos, desde aquela grande enchente, há dez anos, em que a família Pádua perdeu tanta cousa; daí vieram as nossas relações. Pois eu hei de crer...? Mano Cosme, você que acha?

        Tio Cosme respondeu com um "Ora!" que, traduzido em vulgar, queria dizer: "São imaginações do José Dias os pequenos divertem-se, eu divirto-me; onde está o gamão?"

        -- Sim, creio que o senhor está enganado.

        -- Pode ser, minha senhora. Oxalá tenham razão; mas creia que não falei senão depois de muito examinar...

        -- Em todo caso, vai sendo tempo, interrompeu minha mãe; vou tratar de metê-lo no seminário quanto antes.

        -- Bem, uma vez que não perdeu a ideia de o fazer padre, tem-se ganho o principal. Bentinho há de satisfazer os desejos de sua mãe e depois a igreja brasileira tem altos destinos. Não esqueçamos que um bispo presidiu a Constituinte, e que o Padre Feijó governou o Império...

        -- Governou como a cara dele! atalhou tio Cosme, cedendo a antigos rancores políticos.

        -- Perdão, doutor, não estou defendendo ninguém, estou citando O que eu quero é dizer que o clero ainda tem grande papel no Brasil.

        -- Você o que quer é um capote; ande, vá buscar o gamão. Quanto ao pequeno, se tem de ser padre, realmente é melhor que não comece a dizer missa atrás das portas. Mas, olhe cá, mana Glória, há mesmo necessidade de fazê-lo padre?

        -- É promessa, há de cumprir-se.

        -- Sei que você fez promessa... mas uma promessa assim... não sei... Creio que, bem pensado... Você que acha, prima Justina?

        -- Eu?

        -- Verdade é que cada um sabe melhor de si, continuou tio Cosme; Deus é que sabe de todos. Contudo, uma promessa de tantos anos... Mas, que é isso, mana Glória? Está chorando? Ora esta pois isto é cousa de lágrimas?

        Minha mãe assoou-se sem responder. Prima Justina creio que se levantou e foi ter com ela. Seguiu-se um alto silêncio, durante o qual estive a pique de entrar na sala, mas outra força maior, outra emoção... Não pude ouvir as palavras que tio Cosme entrou a dizer. Prima Justina exortava: "Prima Glória! Prima Glória!" José Dias desculpava-se: "Se soubesse, não teria falado, mas falei pela veneração, pela estima, pelo afeto, para cumprir um dever amargo, um dever amaríssimo...".

Dom Casmurro. São Paulo: Moderna, 2004, p. 19-20. (Coleção Travessias; a edição publicada por Machado de Assis é de 1899).

Fonte: Português. Uma proposta para o letramento. Magda Soares – 8º ano – 1ª edição. Impressão revista – São Paulo, 2002. Moderna. p. 65-66.

Entendendo o romance:

01 – Qual é o contexto inicial do capítulo III?

      O capítulo começa com o narrador, Bentinho, relembrando um momento de sua adolescência, em 1857, na casa da Rua de Mata-cavalos. Ele se esconde atrás da porta e ouve uma conversa entre sua mãe, Dona Glória, e José Dias.

02 – Qual é a "denúncia" feita por José Dias?

      José Dias alerta Dona Glória sobre a proximidade entre Bentinho e Capitu, a filha do vizinho Pádua. Ele sugere que os dois estão "metidos nos cantos" e que pode haver um namoro entre eles, o que dificultaria o plano de enviar Bentinho para o seminário.

03 – Qual é a reação de Dona Glória à denúncia de José Dias?

      Inicialmente, Dona Glória se mostra incrédula. Ela argumenta que Bentinho e Capitu são apenas crianças e que foram criados juntos desde a infância. No entanto, ela também demonstra preocupação e decide que é hora de enviar Bentinho para o seminário.

04 – Quem é Tio Cosme e qual é a sua opinião sobre a situação?

      Tio Cosme é um parente da família que participa da conversa. Ele minimiza a preocupação de José Dias, dizendo que são apenas "imaginações" e que os jovens estão apenas se divertindo.

05 – Qual é a importância da promessa feita por Dona Glória?

      Dona Glória fez uma promessa de enviar Bentinho para o seminário, e essa promessa é um dos principais conflitos do romance. A conversa no capítulo III revela a tensão entre o desejo da mãe de cumprir a promessa e a crescente ligação entre Bentinho e Capitu.

06 – Como José Dias tenta justificar a sua denúncia?

      José Dias, tenta se justificar dizendo que falou por "veneração, pela estima, pelo afeto, para cumprir um dever amargo, um dever amaríssimo...". Ele tenta mostrar que suas intenções são boas.

07 – Qual é o clima emocional no final do capítulo?

      O final do capítulo é marcado por emoções intensas. Dona Glória chora, e há um silêncio tenso na sala. Bentinho, escondido, sente uma "outra força maior, outra emoção", indicando o impacto da conversa em seus sentimentos.

POEMA: SAUDADES - ELIAS JOSÉ - COM GABARITO

 Poema: Saudades

             Elias José

Tenho saudades de muitas coisas
do meu tempo de menininha:
sentar no colo do meu pai,
ninar boneca sem receios,
chorar de medo da morte da mãe,
sonhar com festa e bolo de aniversário,
cantar com os anjos na igreja,
ouvir as mágicas histórias de vovó,
brincar de pique, de corda e peteca,
acreditar em cegonhas, fadas e bruxas
e sobretudo no papai Noel.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyCBiSpumMvJj-pWAEqysbblGqj-Y_R3-aWmuYiKPVMzbJxlP70UNT6-5lwKR5Bty5Ckle7JF5TNKZlk-11ucSAGdP78Ofp-K1Ll1qXyJ_c4mx1iT37P5Hfj51ZwOrANDL_N32vuW5g_NN9LhN55es33VVYQprXAELcVJahZXhfs40nu2lbNm7WrqlryI/s320/PAPAI%20NOEL.png



Será que quando for velhinha,
e já estiver caducando,
vou viver tudo de novo?

Cantigas de Adolescer. São Paulo: Atual, 1992. P.9.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. P. 30.

Entendendo o poema:

01 – Quais as principais lembranças da infância que a voz poética expressa no poema?

      A voz poética expressa saudades de momentos como sentar no colo do pai, brincar com bonecas, temer a perda da mãe, celebrar aniversários, cantar na igreja, ouvir histórias da avó, brincar ao ar livre e acreditar em figuras mágicas como Papai Noel.

02 – Qual a emoção central que permeia as lembranças da infância no poema?

      A emoção central é a nostalgia, um sentimento de saudade e carinho pelas experiências vividas na infância, marcadas pela inocência e simplicidade.

03 – Qual a pergunta reflexiva que encerra o poema?

      A pergunta final é se, na velhice, a voz poética terá a chance de reviver essas memórias da infância.

04 – O que a pergunta final revela sobre a relação da voz poética com o tempo e a memória?

      A pergunta revela um desejo de que o tempo seja cíclico, permitindo reviver as alegrias da infância na velhice, e uma valorização da memória como forma de conexão com o passado.

05 – Como o poema retrata a infância?

      O poema retrata a infância como um período de inocência, alegria e descobertas, marcado por momentos simples e afetuosos, além da crença em figuras mágicas e histórias encantadoras.

 

 

domingo, 9 de março de 2025

FILME(ATIVIDADES): A PRINCESA E O SAPO - COM GABARITO

 Filme (atividades): A Princesa e o Sapo

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpSUrLY-3Pgs1GE1fbEKpZXHxphkbebdqG8-fK9xeXDc5zqtjDspPtBsDEv2WXWif3ZwGSb15rNFy3b9Si4ZxOeOH0a5Z5hyLO7xAEZZSQOkKEwYUeYF4BxggIk14TrU7fk20j0sD6JuGiT3t6h5SVREyp2sXUwW-To1NK_LozCDiQJ0bpEDOeMPEH_oM/s320/sapo.jpg

 

Lançamento 11 de dezembro de 2009.

Duração: 1h 37min.

Gênero: animação, comédia musical.

Direção: Ron Clements, John Musker.

Roteiro: John Musker, Ron Clements.

Elenco: Anika Noni Rose, Bruno Campos, Keith David.

Título original: The Princess and the Frog

Para crianças

Sinopse

        Tiana (Anika Noni Rose) é uma bela jovem que vive em Nova Orleans. Desde criança ela sonha em ter um restaurante próprio, o que faz com que tenha dois empregos e junte o máximo de dinheiro possível. Para conseguir a quantia necessária para que possa enfim alugar o imóvel de seus sonhos, ela aceita trabalhar na festa realizada por Charlotte LaBouff (Jennifer Cody), sua amiga de infância. Charlotte deseja conquistar o príncipe Naveen (Bruno Campos), que acaba de chegar à cidade. Entretanto, um incidente faz com que Tiana troque de roupa e, no quarto de Charlotte, use um de seus vestidos. É quando surge um sapo, anunciando ser um príncipe e pedindo a Tiana que lhe conceda um beijo, para que o feitiço nele aplicado seja quebrado. De início Tiana acha a ideia repugnante, mas aceita ao receber a promessa do príncipe de que conseguirá para ela a quantia necessária para concretizar o aluguel. Só que, ao beijá-lo, ao invés dele se tornar humano novamente, é Tiana quem se transforma em sapo.

A Princesa e o Sapo. Extraído do site: www.adorocinema.com/filmes/a-princesa-e-o-sapo. Acesso em: 14 abr. 2011.

Fonte: Português. Vontade de Saber. 6º ano – Rosemeire Alves / Tatiane Brugnerotto – 1ª edição – São Paulo – 2012. FTD. p. 61.

 Atividades do filme:

01 – Qual o título original do filme?

      O título original do filme é "The Princess and the Frog".

02 – Quem são os diretores do filme?

      Os diretores do filme são Ron Clements e John Musker.

03 – Qual o sonho de Tiana e como ela pretende realizá-lo?

      O sonho de Tiana é ter seu próprio restaurante. Para realizá-lo, ela trabalha em dois empregos e economiza dinheiro para alugar um imóvel.

04 – Qual o incidente que leva Tiana a beijar o sapo?

      Durante a festa de Charlotte LaBouff, onde Tiana trabalha, um sapo aparece e afirma ser o príncipe Naveen, que foi transformado por um feitiço. Ele pede um beijo a Tiana para quebrar o feitiço, prometendo ajudá-la a conseguir o dinheiro para o aluguel do restaurante.

05 – O que acontece quando Tiana beija o sapo?

      Ao invés de o sapo se transformar em príncipe, é Tiana quem se transforma em sapo.

06 – Quem é Charlotte LaBouff e qual o seu desejo?

      Charlotte LaBouff é amiga de infância de Tiana e deseja conquistar o príncipe Naveen, que acaba de chegar à cidade.

07 – Qual o gênero do filme "A Princesa e o Sapo"?

      O filme é uma animação, comédia musical.

 

 

 

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

CRÔNICA: ADOLESCÊNCIA - (FRAGMENTO) - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

 Crônica: Adolescência – Fragmento

               Luís Fernando Veríssimo

        O apelido dele era "cascão" e vinha da infância. Uma irmã mais velha descobrira uma mancha escura que subia pela sua perna e que a mãe, apreensiva, a princípio atribuiu a seguida descobriu que era sujeira mesmo.

        -- Você não toma banho, menino?

        -- Tomo, mãe.

        -- E não se esfrega?

        Aquilo já era pedir demais. E a verdade é que muitas vezes seus banhos eram representações. Ele fechava a porta do banheiro, ligava o chuveiro, forte, para que a mãe ouvisse o barulho, mas não entrava no chuveiro. Achava que dois banhos por semana era o máximo de que uma pessoa sensata precisava. Mais do que isso era mania.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-pcWIWXfoYSvUtkJHlKDekMOo5K15kHp6VogW2z5gSisd2XwrGzDXJeZ2v9AKb6gPRWsTCg_Qp5Igfccq436QKVFxheb4gJEuDEQoviU2dK1pNkaOeeoCY9dYpI0EZ_rqidpgPARkaisFhe61vrOdrHAuiDJUqL1SXQihyphenhypheneGRb9zvT1ZeCuJEuhQRHZk/s320/CASCAO.jpg

        O apelido pegou e, mesmo na sua adolescência, eram frequentes as alusões familiares à sua falta de banho. Ele as aguentava estoicamente. Caluniadores não mereciam resposta. Mas um dia reagiu.

        -- Sujo, não.

        -- Ah, é? – disse a irmã.

        -- E isto o que é?

        Com o dedo ela levantara do seu braço um filete de sujeira.

        -- Rosquinha não vale.

        -- Como não vale?

        -- Rosquinha, qualquer um.

        Entusiasmado com a própria tese, continuou:

        -- Desafio qualquer um nesta casa a fazer o teste da rosquinha! A irmã, que tomava dois banhos por dia, o que ele classificava de exibicionismo, aceitou o desafio.

        Ele advertiu que passar o dedo, só, não bastava. Tinha que passar com decisão. E, realmente, o dedo levantou, da dobra do braço da irmã, uma rosquinha, embora ínfima, de sujeira.

        -- Viu só – disse ele, triunfante. – E digo mais: ninguém no mundo está livre de uma rosquinha.

        -- Ah, essa não. No mundo? Manteve a tese.

        -- Ninguém.

        -- A rainha Juliana?

        -- Rosquinha. No pé. Batata.

        No dia seguinte, no entanto, a irmã estava preparada para derrubar a sua defesa.

        -- Cascão... – disse simplesmente. – A Catherine Deneuve. Ele hesitou. Pensou muito. Depois concedeu. A Catherine Deneuve, realmente, não.

        A irmã, sadicamente, ainda fingiu que queria ajudar.

        -- Quem sabe atrás da orelha?

        -- Não, não – disse o Cascão tristemente, renunciando à sua tese. – A Catherine Deneuve, nem atrás da orelha.

Luís Fernando Veríssimo. Comédias para se ler na escola. PDL – Projeto Democratização da Leitura. www.portaldetonando.com.br.

Entendendo a crônica:

01 – Qual é o apelido do personagem principal e qual a origem dele?

      O apelido do personagem principal é "Cascão". A origem do apelido vem da infância, quando sua irmã mais velha descobriu uma mancha escura em sua perna, que a mãe inicialmente pensou ser sujeira.

02 – Qual era o hábito de higiene do personagem na infância?

      O personagem não gostava de tomar banho e muitas vezes fingia que estava se banhando, ligando o chuveiro sem entrar embaixo d'água. Ele achava que dois banhos por semana eram suficientes.

03 – Como o personagem reagia às alusões familiares sobre sua falta de higiene?

      O personagem aguentava estoicamente as alusões familiares sobre sua falta de banho, considerando os caluniadores como não merecedores de resposta.

04 – Qual é o argumento do personagem sobre a sujeira?

      O personagem argumenta que ninguém no mundo está livre de ter um pouco de sujeira, usando o termo "rosquinha" para se referir a essa sujeira.

05 – Como a irmã do personagem tenta refutar seu argumento?

      A irmã do personagem tenta refutar seu argumento mencionando a rainha Juliana e a atriz Catherine Deneuve como exemplos de pessoas que, segundo ela, não teriam "rosquinhas" de sujeira.

06 – Qual é a reação do personagem ao ser confrontado com o exemplo de Catherine Deneuve?

      O personagem hesita, pensa bastante e acaba concedendo que Catherine Deneuve realmente não teria "rosquinhas" de sujeira, nem mesmo atrás da orelha, renunciando à sua tese inicial.

07 – Qual é o tom geral da crônica de Luís Fernando Veríssimo?

      O tom geral da crônica é humorístico e irônico. Veríssimo utiliza uma situação cotidiana e familiar para fazer uma reflexão sobre hábitos de higiene, argumentos e a dificuldade de admitir quando estamos errados.

 

NOTÍCIA: ADOLESCÊNCIA E VIOLÊNCIA - CESARE F. LA ROCA - COM GABARITO

 Notícia: Adolescência e Violência

            Cesare F. La Roca

        A expressão “violência” possui a mesma raiz do verbo “violar”. Qualquer manifestação de violência encerra em si o ato da violência encerra em si o ato da violação do direito de alguém. Ao observador atento não fogem as afinidades e as semelhanças que interligam os conceitos de violação, violência, transgressão.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8HAYUQiO0zfwonDBs2Oge6fPfnGi3sAfyoDtyrUGN_nkapQqfkar3ijUNuRt5WEJsASwu7m4M7k8Yyjn8jAzaD8OX43fVFJ7LPCMwTkSco-znzmD28FlfUQEbgJnVGQfxg4fnFIaRYsAAwblCFCO0pdD_j84SX4enJK33xWNvm5gt6b1G2onvZgINUW4/s1600/VIOL%C3%8ANCIA.jpg


        Os estudiosos da adolescência observam que uma das características dessa estação da vida do ser humano é exatamente uma permanente tendência à transgressão, tendência a ir além da norma, além do limite representado pelo outro.

        Transgressão é sempre transgressão do outro, que representa o obstáculo para a realização do desejo do adolescente. E, muitas vezes, o ato de transgredir é um ato violento. Ou seja, requer o uso da força para que o obstáculo possa ser superado.

        Quando o adolescente encontra na família, na escola, na comunidade, um ambiente de compreensão que, longe de excluí-lo e marginalizá-lo, o inclui, mesmo na colocação gradativa de limites, ele consegue gerir sua tendência à transgressão e à violência. Ternura e firmeza são os dois polos entre os quais deve fluir o processo educativo do adolescente.

        Agora, a pergunta dramática: e o adolescente excluído? Ele pertence a uma família por sua vez vítima de exclusão. Foi expulso de uma escola incompetente que o rotulou de incapaz. Vive numa comunidade destituída em seus direitos fundamentais e que funciona como uma imensa incubadeira de violência, de ressentimento e de revolta.

        Longe de justificar os atos de violência dos filhos da pobreza e de fechar os olhos sobre a dor das vítimas e seus familiares, sinto porém o dever de alertar para que não se caia no outro extremo de criminalizar a miséria. O Estatuto da Criança e do Adolescente, tão desconhecido e por isso tão maltratado, prevê medidas socioeducativas para o adolescente autor de atos violentos e infracionais. A mais grave, para os atos mais graves, é a privação de liberdade. Portanto, não existe impunidade para o adolescente autor de violência. O que existe, por ser tratar de um ser em formação, é a “inimputabilidade”. Ele é punido, sim, e para os atos mais graves, como já dissemos, é retirado do convívio social para ser submetido a um processo socioeducativo em estruturas e com profissionais adequados. O adolescente infrator é privado do direito de viver em liberdade.

        Do outro lado, a questão da violência juvenil não pode ser encarada exclusivamente do ângulo da repressão. Sem diminuir em nada a responsabilidade do autor da violência, mesmo que seja um adolescente das camadas populares, é preciso que os Poderes Públicos aliem-se à sociedade civil para que a educação para a cidadania, a ética e os direitos humanos seja levada a efeito em todos os segmentos da sociedade, notadamente a infância e a adolescência.

        Reforço, aparelhamento, formação das polícias, como também policiamento ostensivo no centro e nas periferias das cidades, são mecanismos indispensáveis para a preservação e o controle da violência. Mas deve ficar muito claro que a violência juvenil é muito menos uma questão de polícia e muito mais uma questão de políticas. Ou seja, a solução desta questão passa necessariamente pelo fortalecimento das políticas públicas básicas, especialmente Educação e Saúde.

        Não se pode exigir de quem vive sua juventude sob o signo da exclusão uma atitude de permanente submissão e conformação. É evidente que o caminho não é o da violência e da desordem e sim da reivindicação dos direitos da cidadania. As crianças, os adolescentes, os jovens deste País devem sentir que seus governantes e a sociedade em que estão inseridos reconhecem, não apenas através de inócuas e românticas declarações de intenções, mas através da elaboração e implementação de políticas públicas, que eles são a parte mais preciosa de uma nação e que cidadania, ética, direitos humanos são os novos nomes da civilização.

        Do contrário, será o império da barbárie.

Cesare F. La Roca, advogado, diretor do Projeto Axé de Defesa e Proteção à Criança e ao Adolescente. Pais&Teens, nov./dez./jan. 1996/97.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, Vol. Único. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. Ensino Médio, 1ª ed. 4ª reimpressão – São Paulo: ed. Atual, 2003. p. 474-475.

Entendendo a notícia:

01 – Qual é a relação entre violência, violação e transgressão, segundo o autor?

      O autor argumenta que a violência é uma forma de violação do direito de alguém. A transgressão, comum na adolescência, muitas vezes envolve a violação do limite imposto pelo outro, podendo se tornar um ato violento quando requer o uso da força para superar obstáculos.

02 – Como o ambiente familiar, escolar e comunitário influencia a tendência à transgressão e à violência na adolescência?

      Quando o adolescente encontra compreensão e inclusão nesses ambientes, mesmo com a necessária colocação de limites, ele consegue lidar com sua tendência à transgressão e à violência de forma mais saudável. A falta desse acolhimento pode levar à exclusão e marginalização, intensificando tais tendências.

03 – O que o autor quer dizer com a pergunta dramática sobre o adolescente excluído?

      O autor levanta a questão do adolescente que é excluído pela família, pela escola e pela comunidade, que por sua vez também são vítimas de exclusão. Ele busca alertar para a complexidade da situação, sem justificar a violência, mas sim buscando entender suas causas.

04 – O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê alguma medida para adolescentes autores de atos violentos?

      Sim, o ECA prevê medidas socioeducativas, incluindo a privação de liberdade para atos mais graves. O objetivo é punir o adolescente infrator, mas também oferecer um processo socioeducativo adequado para sua formação.

05 – Qual a importância de aliar repressão com políticas públicas na questão da violência juvenil?

      O autor defende que a violência juvenil não pode ser encarada apenas sob o ângulo da repressão. É fundamental que os Poderes Públicos, em conjunto com a sociedade civil, invistam em educação para a cidadania, ética e direitos humanos, como forma de prevenir a violência.

06 – Qual o papel da polícia no controle da violência juvenil?

      O autor reconhece a importância do trabalho da polícia no reforço, aparelhamento e formação dos policiais, além do policiamento ostensivo. No entanto, ele ressalta que a violência juvenil é muito mais uma questão de políticas públicas básicas, como Educação e Saúde, do que de polícia.

07 – Qual a mensagem principal do autor sobre a juventude e a violência?

      O autor apela para que a sociedade e os governantes reconheçam a importância da juventude e invistam em políticas públicas que garantam seus direitos. Ele adverte que a falta de oportunidades e o sentimento de exclusão podem levar à violência e à barbárie.