sábado, 10 de maio de 2025

SONETO: JÁ DA MORTE O PAIOR ME COBRE O ROSTO - ÁLVARES DE AZEVEDO - COM GABARITO

 Soneto: Já da morte o palor me cobre o rosto

             Álvares de Azevedo

Já da morte o palor me cobre o rosto, 
Nos lábios meus o alento desfalece,
Surda agonia o coração fenece,
E devora meu ser mortal desgosto!

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhd5SIx9ZLm_Pi7JhIeaS8ILCqC7vHpANwwJhgErR1YVavzPZobWj3CHcuKoEtL_64S-BcbNBm1k3PPnnRAFBed0zhHD1sQinElYPIvqE1BZ2VS6Vub8ai56cGW19CglMi7AS4Ych189TkxfIsMYRb_4yuOyjLbL4Uu_oaaVAhTw8MvUcub0T9pRRinZqY/s1600/mqdefault.jpg


Do leito embalde no macio encosto
Tento o sono reter!… já esmorece
O corpo exausto que o repouso esquece…
Eis o estado em que a mágoa me tem posto! 

O adeus, o teu adeus, minha saudade,
Fazem que insano do viver me prive
E tenha os olhos meus na escuridade.

Dá-me a esperança com que o ser mantive!
Volve ao amante os olhos por piedade,
Olhos por quem viveu quem já não vive!

AZEVEDO, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 2ª Série – Ensino Médio – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 9ª ed. – São Paulo: Saraiva Editora, 2013. p. 120-121.

Entendendo o soneto:

01 – Qual o estado físico e emocional do eu lírico descrito nos quatro primeiros versos do soneto?

      O eu lírico descreve um estado de agonia e proximidade da morte. Fisicamente, seu rosto está pálido ("palor"), seu alento está enfraquecendo ("desfalece"), e seu coração está em agonia ("surda agonia o coração fenece"). Emocionalmente, ele está consumido por um desgosto mortal ("devora meu ser mortal desgosto").

02 – Nos tercetos iniciais (versos 5-8), qual a dificuldade que o eu lírico enfrenta em seu leito e qual a causa de seu estado?

      No leito, o eu lírico tenta em vão encontrar o sono ("Do leito embalde no macio encosto / Tento o sono reter!…"). Seu corpo está exausto e não consegue repousar ("O corpo exausto que o repouso esquece…"). A causa desse estado é a mágoa ("Eis o estado em que a mágoa me tem posto!").

03 – Qual a influência do "adeus" e da "saudade" no estado do eu lírico, conforme expresso nos tercetos seguintes (versos 9-11)?

      O "adeus" e a "saudade" (provavelmente de um ser amado) têm um impacto profundo no eu lírico, a ponto de fazê-lo desejar a morte ("insano do viver me prive") e ter seus olhos voltados para a escuridão ("E tenha os olhos meus na escuridade").

04 – Qual o pedido desesperado que o eu lírico faz nos três versos finais do soneto?

      O eu lírico faz um pedido desesperado por esperança ("Dá-me a esperança com que o ser mantive!") e implora à amada para que volte a olhá-lo por piedade ("Volve ao amante os olhos por piedade"), lembrando que ele viveu por causa desses olhos e agora, à beira da morte, ainda anseia por eles.

05 – Identifique elementos característicos da segunda geração do Romantismo (Ultra-Romantismo ou Byronismo) presentes neste soneto.

      Vários elementos do Ultra-Romantismo são evidentes no soneto:

      Obscuridade e Morte: A temática da morte iminente e a descrição sombria do estado físico e emocional do eu lírico.

      Pessimismo e Desespero: O sentimento de desgosto mortal e o desejo de abandonar a vida.

      Idealização do Amor Sofrido: A intensidade da saudade e o impacto devastador da ausência da amada.

      Subjetivismo e Egocentrismo: O foco total nos sentimentos e na experiência individual do eu lírico em seu sofrimento.

      Linguagem Exacerbada: O uso de expressões fortes como "palor me cobre o rosto", "surda agonia", "mortal desgosto" e "insano do viver me prive".

      Apelo à Piedade: O pedido desesperado por compaixão da amada, um tema recorrente na poesia ultra-romântica.

 

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