quarta-feira, 21 de junho de 2023

CONTO: A HISTÓRIA DE BLIMUNDO (FRAGMENTO) - RECONTADO POR LEÃO LOPES - COM GABARITO

 CONTO: A história de Blimundo

       Recontado por Leão Lopes

[...]

          Era uma vez um boi. Um boi grande, um boiona que se chamava Blimundo.

Blimundo, filho das rochas, possante, calmo e sabedor do mundo, amante da vida e da liberdade, era boi respeitado por todos os seus iguais, e não só pelas ribeiras, pelos campos e pelas vertiginosas montanhas. Amigo da harmonia em todas as coisas, Blimundo nada fazia que contrariasse a justiça e a ordem natural da evolução da vida. Tinha seu próprio entendimento do mundo e da liberdade, que defendia no cotidiano, pelos picos, pelas bordeiras e assomadas.

          Senhor Rei, ao saber da existência de Blimundo, do seu comportamento, de suas convicções e atitudes, que considerava irreverentes em relação às leis estabelecidas no seu reino, não ficou nada tranquilo. Não admitia que boi algum do seu território fugisse à obediência, às demandas dele, senhor todo-poderoso, dono das ribeiras, dos campos, dos lombos e das vertiginosas montanhas, dono de todas as águas e dos trapiches.

Fonte da imagem - https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlRsIFjdbCZqlkJG4h7gztcxWaWd-E9BSMdMZ6bUXCbZVgttRO33v42osCy9WDjaLfq3pT6L8rFK3JsfvQIHcsMfZ7OKo91T1qjUvXT9-frdS4HRUzfky_qTTh7oaM0WBUeJWuT6xyoVs9a6mjVodiOoY5XGeX1fUXtk4eQSIQSOUIKPrhiamT4yCNeOU/s320/blimu.jpg


        — Que boi julgava ser Blimundo, que procurava, com o seu exemplo, tornar irreverentes ao Rei todos os outros bois do território real? Que bicho depois faria os trabalhos do campo, faria andar o trapiche […], daria carne para o sustento à grande e pomposa mesa real? Ainda por cima, ele não queria vagabundos no seu reinado, revoltosos e bichos que não acatassem as ordens!

Um Rei é um Rei

Um boi é um boi!

         — E, se mando cortar a cabeça de um boi para o meu jantar, têm que me obedecer! — pensava alto e irritado o Senhor Rei. — Guarda, reúne os soldados, e que tragam o Blimundo, vivo ou morto! — ordenou o Rei.

Saiu a tropa armada de machados, machadins, coletes de ferro, capacete, arpões e afins, espumando, na sede de cumprir a tão real missão.

Subiram rochas, desceram ribeiras, rebuscaram campos em busca de Blimundo. A um dado momento da penosa busca, e de um lombo estratégico, este os detectou e aguardou. No momento decisivo, pensando os heróis do reino – dentro de suas armaduras de ferro e cravo – apanhar o possante, calmo e sabedor do mundo, amante da vida e da liberdade que era Blimundo, não tiveram tempo para mais tarde saber contar como foi.

Blimundo deu conta deles num estilhaçar de machados, machadins, coletes de ferro, capacetes, arpões e afins, com a sabedoria que aprendera das rochas!

Não descansou o Senhor Rei quando soube da notícia.

Vendo que não podia arriscar mais do que restava dos seus heroicos soldados, reuniu os homens valentes do reino e disse:

— Súditos! Eu sou o vosso Rei! O reino está ameaçado por Blimundo, que, arrastando na sua irreverência outros bois, dignos servidores do reino, poderá nos levar à miséria e à fome! A conduta desse Blimundo é verdadeiramente perigosa para a nossa sobrevivência nesses lombos e nessas ribeiras! Quem depois poderá reinar quando todos os bois tomarem a liberdade? Quem fará andar os trapiches? De quem virá a carne para a minha mesa? De quem? Respondam! De quem? Morte ao Blimundo e viva o Rei! — berrou o Senhor Rei.

— Viva o Senhor Rei! — secundaram os súditos.

Estes, fiéis servidores do Rei, obedientes e tementes ao Senhor, armaram-se de facas e facões, paus e forquilhas, fisgas e enxadas e saíram à cata de Blimundo, o possante, calmo e sabedor do mundo, amante da vida e da liberdade, amigo da harmonia entre todas as coisas.

Os súditos, ingênuos e obedientes, galgaram lombos, desceram encostas, palmilharam ribeiras, revolveram furnas até que encontraram o procurado.

Fonte da imagem- https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhp6cjFdyf6zFSMoyBtO5BeUSZWwJq5Y4JzvfaCXGMq3FrLeAcFVC3vs-G2Y1zvAbd2jEWnEZpgaK2kTQ0sfS9FhYa9FJGpxA7Kjk1xCnaF3s4SRV6dkiSEA29XhZ6ySMCWY5oD0NKZ2wgV5KbYshdDSAqXrmWy6RKCYGxQmmnRFnzH4gPI8G9vQ0stgL4/s1600/blimundo.jpg


Blimundo já os esperava. Sabia que, pela liberdade que tanto amava, teria que pagar tão alto preço e que o Senhor Rei não desistiria do intento de o transformar, vivo ou morto, num boi subserviente e sem personalidade, num boi que tivesse que acatar as demandas e os abusos do Rei sem se indignar, sem se revoltar.

Deixou os súditos se aproximar e esperou pelo ataque. Foi um encontro rápido e decisivo. Não ficou inteiro um só homem valente do reino, nem faca nem facão, nem pau nem forquilha, nem fisga nem enxada em postura de vir a contar como foi.

Blimundo respirou fundo e angustiado, afastando-se da cena.

Quando chegaram as notícias ao palácio, o Senhor Rei caiu em desespero.

Não tinha mais estratégias de combate ao Blimundo e não podia suportar a ideia de tão perigoso desafiador à solta. É nisto que lhe chega a notícia de um rapazinho criado no borralho de cinza que lhe promete ir buscar Blimundo.

— Quero vê-lo já! — ordenou o Senhor Rei.

Trouxeram o rapaz, e o Rei, espantando, pergunta:

— Tu, menino? Trazer Blimundo? Esse maldito que me desfez um exército e os melhores homens do reino? Como podes trazer-me Blimundo?

— Senhor Rei: dá-me um cavaquinho, um bli d’água e uma bolsa de prentém que eu trago Blimundo. E, como recompensa, quero metade da riqueza do reino e sua codizinha, para com ela casar!

E assim fez o Rei, comprometendo-se com a recompensa.

Com o seu saco de prentém, bli d’água a tiracolo e seu cavaquinho ao peito, sai o rapazinho do palácio, rumo aos campos e às ribeiras, os lombos e as furnas, os picos e atalhos, à cata de Blimundo com uma canção na boca, cantada com todo o sentimento e sem parar:

Oh, Blimundo

Senhor Rei mendé-me bem’shcóbe

Pa bô bé casá q’Vequinha de Praia

Tim-tim ne nhê cavequim

Cop-cop ne nhê prentém

Glu-glu ne nhê bli d’ága

Oh, Blimundo

Senhor Rei mendé-me bem’shcóbe

Pa bô bé casá q‘Vequinha de Praia

Tim-tim ne nhê cavequim

Cop-cop ne nhê prentém

Glu-glu ne nhê bli d’ága

A dada altura, Blimundo, do seu esconderijo, ouve a canção que o encanta.

Levanta as grandes orelhas e se põe à escuta com mais atenção. Quando entende bem a mensagem, deixa o rapazinho se aproximar, pedindo:

— Canta, canta outra vez! Toca o teu cavaquinho!

Oh, Blimundo

Senhor Rei mendé-me bem’shcóbe

Pa bô bé casá q’Vequinha de Praia

Tim-tim ne nhê cavequim

Cop-cop ne nhê prentém

Glu-glu ne nhê bli d’ága

— É verdade que eu vou casar com a Vaquinha de Praia? Não me estás a enganar?

— ingadou Blimundo.

 — Não! — respondeu o rapaz.

— Então vou contigo!

O rapaz pede a Blimundo que se abaixe todo e que o deixe ir montado, porque

o caminho é longo e duro. Blimundo obedece, mas exige:

— Mas... vais a cantar! É tão bonita essa canção...

E assim foram:

Oh, Blimundo

Senhor Rei mendé-me bem’shcóbe

Pa bô bé casá q’Vequinha de Praia

Tim-tim ne nhê cavequim

Cop-cop ne nhê prentém

Glu-glu ne nhê bli d’ága

Oh, Blimundo

Senhor Rei mandou buscar-te

Porque vais casar com a

Vaquinha de Praia

Tim-tim no meu cavaquinho

Cop-cop no meu milho torrado

Glu-glu na minha cabaça de água

De vez em quando, Blimundo perguntava:

— Mas... eu vou casar com a Vaquinha de Praia?

Foram andando, andando, em direção ao

palácio do Rei.

— Não pares de cantar! Canta mais perto do

meu ouvido! — pedia Blimundo.

Oh, Blimundo

Senhor Rei mendé-me bem’shcóbe

Pa bô bé casá q’Vequinha de Praia

Tim-tim ne nhê cavequim

Cop-cop ne nhê prentém

Glu-glu ne nhê bli d’ága

Entretanto, o Senhor Rei, pelo sim, pelo não, e com medo do que viesse a acontecer, mandara a tropa colocar-se em pontos estratégicos do lugar real e ordenara aos súditos que ninguém se mostrasse quando o rapaz aparecesse com Blimundo.

Já o Sol tinha passado para a outra ribeira, quando à entrada do lugar real surgiu Blimundo, pachorrento e feliz, e sobre ele o rapazinho com o seu cavaquinho.

Senhor Rei que esperava no sobrado não queria acreditar no que estava vendo. Impressionado pela grandeza de Blimundo, perguntava a si mesmo como conseguira o rapaz trazer-lhe tão arrostado e temido personagem que muitas noites de sono lhe roubara e muitos estragos ao reino causara.

Blimundo seguiu pela rua principal crivado de olhares de medo e respeito através das frestas das portas e janelas, devidamente trancadas.

Só um amor; só uma velha paixão; só essa grande força arrastaria Blimundo, feliz, calmo e confiante, pela rua que o levaria a enfrentar o Rei, que sempre o perseguira pelos ideais de amor e de liberdade.

Só a correspondente paixão da Vaquinha de Praia e a enorme vontade de a libertar das garras do Rei o levaram a enfrentar com suficiente tranquilidade esse chamado do dono de todas as terras, águas, ribeiras, atalhos, furnas e campos, rochas e lombos.

Chegados junto à entrada do palácio, o rapazinho pediu a Blimundo que o deixasse descer e que o esperasse, pois tinha que pedir o barbeiro ao Rei para lhe fazer a barba antes de o apresentar à Vaquinha de Praia.

O rapaz entra pelo palácio adentro e explica ao Rei o seu plano. Veio com ele um barbeiro com seus apetrechos. Atrás, o Senhor Rei, ansioso pelo desfecho do plano concebido pelo rapaz.

Blimundo, paciente, deixa-se envolver pela toalha e ensaboar, enquanto o Rei e o rapaz assistem com ar triunfante à cerimônia.

Blimundo fecha os olhos imaginando a impaciência da Vaquinha de Praia esperando, enquanto o pincel de barba envolve deliciosamente, com espuma branca e fresca, a sua barba selvagem.

Blimundo deixa-se embalar quase como num sonho, e, num ápice, com um terrível e certeiro golpe de navalha do barbeiro-carrasco, fica o plano consumado. É traiçoeiramente assassinado Blimundo. Seu corpo cai para um lado, e, num estrebuchar de revolta e violência, uma bela patada traseira de toneladas de força atinge o Senhor Rei, que perde aí o seu reinado.

O rapazinho e o barbeiro fogem despavoridos, mas jamais iriam esquecer o último olhar de revolta de Blimundo, o último olhar que os havia de perseguir eternamente.

Blimundo cantou no seu derradeiro fôlego. Cantou na agonia do momento a sua última canção, profunda e condenadora, bela e terrivelmente melancólica, que jamais deixaria de condenar seus assassinos.

E, no grande banquete após a tragédia, cada bocado de carne no prato dos convivas levava o sabor de revolta e da bela e condenadora canção que imortalizaria Blimundo, esse sabedor do mundo e das coisas, amante da vida e da liberdade, amigo da beleza e da harmonia e que nada fazia que contrariasse a justiça e as leis da natureza.

Esta é a história de Blimundo.

LOPES, Leão. A história de Blimundo In: GONÇALVES, Zetho Cunha et al. Dima, o passarinho que criou o mundo: mitos, contos e lendas dos países de língua portuguesa. São Paulo: Melhoramentos, 2013. E-book.

Fonte: Livro – Português – Conexão e Uso -7º Ano – Dileta Delmanto/Laiz B. de Carvalho, Editora Saraiva, 1ª ed., São Paulo, 2018.p.166-172.

Vocabulário

arrostado: que desafia ou afronta o adversário.

fisga: atiradeira, estilingue.

borralho de cinza: origem pobre.

pachorrento: lento, calmo.

boiona (crioulo cabo-verdiano): boi muito grande.

bordeiras (crioulo): caminhos íngremes.

assomadas (crioulo): cumes.

lombos (crioulo): elevações no terreno.

machadins (crioulo): machadinhas, pequenos machados.

secundaram: responderam.

fisgas: atiradeiras, estilingues.

furnas: grutas.

Entendendo o texto

01. O narrador conta que Blimundo era calmo, sabedor das coisas do mundo, amante da vida e da liberdade, amigo da harmonia e da justiça e respeitado por todos os seus iguais.

a)   Como Blimundo era visto pelo Rei?

O Rei o considerava desobediente, revoltado, vagabundo e desrespeitoso.

b) Releia estes trechos da fala atribuída ao Rei, dirigindo-se a seus súditos.

A conduta desse Blimundo é verdadeiramente perigosa para a nossa sobrevivência [...]. Quem fará andar os trapiches? De quem virá a carne para a minha mesa?

 Considere a descrição de Blimundo e essa fala do Rei. Que tipo de comportamento o Rei espera de Blimundo?

O Rei espera um comportamento subserviente, que Blimundo obedeça a ordens, que trabalhe sem descanso e que sacrifique sua vida, se necessário, para alimentar os seres humanos.

02. A figura do boi Blimundo, na tradição oral de Cabo Verde, representa alguns ideais e é considerada uma alegoria de resistência à escravatura e ao poder absoluto de um rei autoritário. Quais são os ideais que Blimundo representa?

Espera-se que os alunos reconheçam em Blimundo o desejo de liberdade, de justiça e igualdade para todos.

03. No conto, apenas o boi, um animal, tem nome; os seres humanos são mencionados por sua designação genérica: o Rei, o rapazinho, o barbeiro, os soldados. Por que isso acontece?

Ao nomear um indivíduo mesmo que se trate, como no conto, de um boi, cria-se uma identidade para ele. Com a identidade cria-se também empatia.

É um recurso que aproxima o leitor do personagem.

04. Releia o primeiro e os últimos parágrafos do texto. Neles, o narrador repete uma mesma informação sobre Blimundo.

a) Que informações se repetem?

O narrador descreve Blimundo como um amante da vida e da liberdade, amigo da beleza e da harmonia, e diz que nada fazia que contrariasse a justiça e as leis da natureza.

b)   Que efeito essa repetição provoca no texto?

A repetição da descrição, que também acontece em outros trechos, enfatiza o caráter de Blimundo, reforçando os ideais que ele representa. 

05. A descrição do cenário é importante para o desenvolvimento da história de Blimundo.

a) Como o cenário é caracterizado?

Como um ambiente cheio de terrenos íngremes, formados por ribeiras, campos, vertiginosas montanhas, e com a presença dos trapiches.

           b)De que forma esse cenário contribui para acompanharmos o desenvolvimento da história?

O cenário mostra o alcance do poder do Rei na história e a trajetória de Blimundo, que caminha por lugares hostis, se mantém escondido e a salvo dos que o perseguem.

06. Depois de tentativas frustradas de capturar Blimundo, qual foi o plano proposto pelo personagem jovem para iludir Blimundo e levá-lo até o Rei?

Disse que o levaria para casar com a Vaquinha que ele amava.

07. Releia o texto observando os itens a seguir.

• Expressões utilizadas no início do texto.

• Local onde ocorre a ação.

• Tempo em que ocorre a ação.

• Caracterização dos personagens.

• Tipo de narrador.

• O autor do texto.

a) Qual é a expressão utilizada no início do texto?

    A expressão usada no início do texto é “Era uma vez...”.

           b)Onde ocorre a ação? O local é indeterminado.

               O local é indeterminado.

c)   Quando ocorre a ação? A ação ocorre em um tempo indeterminado.

A ação ocorre em um tempo indeterminado.

d) O narrador participa da ação?

     O narrador conta a história como quem a ouviu contar,

sem participar dos fatos narrados.

e) Em qual pessoa verbal (foco narrativo) o texto é narrado?

     O texto é narrado em 3ª pessoa.

f) Quem é o autor do texto?

    Essa versão é contada pelo escritor Leão Lopes; no

entanto, ele não criou a história, somente a recolheu da

tradição oral de Cabo Verde.

08. Os contos populares sempre motivam alguma reflexão. Sobre o que esse conto faz você refletir?

Possibilidades: Líderes poderosos podem se tornar opressores. Quem ama a liberdade pode se tornar uma ameaça para os poderosos.

09. Você vê alguma relação entre o ensinamento desse conto, de origem africana, com a sua realidade no Brasil? Justifique sua resposta.

Resposta pessoal. Espera-se que os alunos compreendam o caráter universal dos ensinamentos de contos populares, independentemente de sua origem ou de seus personagens

NOTÍCIA: A GUERRA DOS RATOS NA INDIA - O ESTADO DE S.PAULO - COM GABARITO

 NOTÍCIA: A guerra dos ratos na India

A India é annualmente visitada pelo peor dos flagellos – a peste bubônica. Agora mesmo chegam notícias telegraphicas de que o mal está alli se alastrando cada vez mais.

Como está estabelecido scientificamente que os ratos são os mais perigosos vehiculos da infecção, na India se faz uma verdadeira guerra encarniçada contra os terríveis roedores.

E as estatísticas demonstram que a epidemia assume caracter decrescente na razão directa da destruição dos ratos.

Tempos atraz, os medicos se limitavam a aconselhar que se exterminassem os ratos, e assim a sua destruição prosseguia muito lentamente […]. Hoje, porém, a batalha é dirigida pelo departamento geral de sanidade e é conduzida segundo os criterios mais modernos e sem olhar as despesas. Para avaliar-se todo o mal que a peste tem causado á India basta lembrar que, no espaço de quatorze annos, só na cidade de Bombaim foram victimadas pela peste cerca de 169 000 pessoas.

[…]

A GUERRA dos ratos na India. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 11 fev. 1911. p. 2.

Fonte: Livro – Português – Conexão e Uso -7º Ano – Dileta Delmanto/Laiz B. de Carvalho, Editora Saraiva, 1ª ed., São Paulo, 2018.p.159.

Fonte da imagem - https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMtDsLYEZS8rateVmUqkvs2zaRYRKEaDXXLP2yOBL2aLc6HcSWNxF4jNa0qRIFstIHnB3LChPV6iO0vMfhJ670eBKMk1frTxT72vGVr_RURjOxll8C7voxgb4sp6gXGez-fTHhiqgGY-GVbZ7MUFsGxnSG_sTM0nXgf3HJ4-P8QbuP4RkOzfmTh2VhXew/s320/RATOS.jpg


Entendendo o texto

01. O texto foi escrito em 1911. Mesmo sem ter certeza em relação a algumas palavras, o que você entendeu dele?

A notícia relata o extermínio de ratos para acabar com a epidemia de peste bubônica que assolava a Índia no período citado.

02. Esse trecho não contém palavras que caíram em desuso, mas há nele outras cuja grafia foi modificada. Identifique essas palavras e anote-as no caderno.

India, annualmente, peor, flagellos, telegraphicas, alli, scientificamente, vehiculos, caracter, directa, atraz, medicos, criterios, á, annos, victimadas.

03. Em sua opinião, por que ocorreram essas mudanças?

Resposta pessoal.

terça-feira, 20 de junho de 2023

CORDEL: A HORA DA MORTE - CHICO SALLES - COM GABARITO

 CORDEL: A HORA DA MORTE

                 Chico Salles

Esta primeira história

Me contou Jota Canalha

Afirmando ser verídica

Se deu em Maracangalha

O conto do Carochinho

Foi com Nelson Cavaquinho

Que se passou a batalha.

 https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnEIHb0Laj3HptRJEfGc8zIVj92ShOhMpXNaX0yThdOhOSDJ7YX40JR5kbgVhW6nKd0-YcsUSI33gaFkUaXvrhH-IXp8b8U2azhkm5ZGLZXqkWMyEJBpAMMniqpom787xzO9XnAW_AUAjagiml77txc0tRymdmknB-EH15N4AivskPZ--i-otx7iTEfMw/s320/CORDEL.jpg


O sujeito teve um sonho
Do dia em que morreria
Seria na terça-feira
Vinte oito era o dia
Do primeiro fevereiro
Já estava em janeiro
Começou sua agonia.

No dia seguinte do sonho
Procurou a cartomante
Que confirmou a história
Ele mudou de semblante
Dizendo-lhe até o horário
Marcando no calendário
Ali naquele instante.

Seria às vinte e três horas
Reafirmou com certeza
O cara saiu dali
Carregado de tristeza
Murmurando repetia
Meu Deus mas que agonia
Mostre-me sua grandeza.

E com o passar dos dias
Aumentava a aflição
Ele cheio de saúde
E naquela situação
Meu Deus o que faço agora
Passava outra aurora
E nada de solução.

Quando chegou fevereiro
Seu peito alto batia
Procurou um hospital
E na cardiologia
Naquela dúvida infame
Fez tudo o que é exame
Até radiografia.

[...]

A saúde era perfeita
Não tinha nem dor de dente
Ficou um pouco animado
Mais ou menos sorridente
Outra semana passou
O calendário voou
Deixando-lhe impaciente.

Até que chegou o dia
Daquela interrogação
Foi então dormir mais cedo
Mas sua imaginação
Resolveu naquele instante
Tomar um duplo calmante
Haja, haja coração.

O relógio despertador
Em cima de uma banqueta
Ele embaixo do lençol
Aquela triste faceta
Um minuto era um mês
Olha o relógio outra vez
Batendo feito o capeta.

Depois, se passar das onze
Ele estaria salvo
Daquela situação
Não seria mais o alvo
Mas o tempo é assim
Quando quer fazer patim
Não dá nem um intervalo.

Passava das dez e meia
Quando chegou o destino
Bateu na sua cabeça
Feito badalo de sino
Ali naquele momento
Veio no seu pensamento
Sair daquele pepino.

Pegou o despertador
Atrasou em quatro horas
Em seguida adormeceu
Feito anjos na aurora
Isto já faz vinte anos
Vivinho e cheio de planos
Nem pensa em ir embora.

SALLES, Chico. A hora da morte. In: ______. 3 em 1. p. 2-6. Disponível em:<http://docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=cordel&pagfis=82741>. Acesso em: 12 jun. 2018.

 

 

Fonte: Livro – Português – Conexão e Uso -7º Ano – Dileta Delmanto/Laiz B. de Carvalho, Editora Saraiva, 1ª ed., São Paulo, 2018.p.136-9.

Vocabulário

verídico: verdadeiro.

agonia: sofrimento intenso.

cartomante: pessoa que, supostamente, faz adivinhações e previsões com base na leitura de cartas.

semblante: fisionomia, rosto.

cardiologia: no contexto do poema, setor do hospital que se ocupa das doenças do coração e dos vasos sanguíneos.

fazer pantim: dar notícias alarmantes; espalhar boatos.

Entendendo o texto

01. No início do cordel, a “voz” no poema fica mais evidente.

a)   Leve em conta essa voz e explique a diferença entre a primeira estrofe e o restante do trecho.

Na primeira estrofe, há a apresentação da história que será contada, indicando com quem ela ocorreu e quem contou o causo. No restante do cordel, temos a história em si sendo narrada.

b)   Considerando essas duas “partes” do cordel, responda: Qual é o assunto do poema?

O poema retrata um homem que, por meio de um sonho e da previsão de uma cartomante, fica sabendo o dia e a hora de sua morte, mas, pouco antes do momento final, encontra um jeito de se salvar.

02. No cordel “A hora da morte” é possível identificar alguns momentos-chave. Localize-os no trecho conforme pedido nos itens a seguir.

a)   Situação inicial da história.

O personagem teve um sonho sobre o dia em que morreria.

b)   Momento de complicação, de conflito.

Ele vai consultar uma cartomante, que confirma a data de sua morte, indicando também a hora exata em que aconteceria.

c)   Desenvolvimento dos acontecimentos.

O homem, cada vez mais aflito, vai ao médico, faz exames, implora a ajuda de Deus, toma calmantes, tudo para tentar escapar do problema.

03. Analise agora o final dessa história.

a)   O cordel termina como pareceu indicar o início da história?

Não. A profecia não se cumpriu, e o homem viveu tranquilo pelo resto da vida.

b)   O que o texto sugere sobre a relação entre as ações do personagem e o desfecho que você mencionou?

Segundo a história, a profecia não se cumpriu porque o homem atrasou o relógio, de modo que, quando o marcador mostrou as 23 horas do dia 28 de fevereiro, na realidade já era o dia 29.

c)   Você acredita que as ações do personagem foram a causa do desfecho? Explique.

Resposta pessoal. Possibilidade: Pode-se também pensar que o homem não morreu porque não havia perigo algum, pois a profecia não era real.

04. Analise agora outro componente essencial da narrativa: o foco narrativo.

a)   Nesse cordel, que foco narrativo foi usado? Que efeito de sentido essa escolha provoca?

O cordel é narrado em 3a pessoa. Possibilidade: O foco narrativo escolhido, juntamente com a introdução da história, indica certo distanciamento, deixando claro que é uma história que aconteceu com outra pessoa e que pode ou não ser verdadeira.

b)   A hora da morte” é um poema narrativo organizado na ordem cronológica? Justifique sua resposta.

Sim, a narrativa vai do fato mais antigo (a previsão da morte) para o mais recente (a vida do personagem depois do momento de “libertação”).

c)   O cordel apresenta alguma crítica direta em relação à maneira como o personagem enfrenta seu problema? Justifique sua resposta.

Não, em nenhum momento há crítica ao personagem. Os fatos são apenas apresentados ao leitor.

05. No cordel, pode-se dar voz aos personagens para que o leitor saiba o que pensam, o que sentem. No cordel lido, isso é feito em alguns momentos utilizando dois recursos diferentes.

a)   Identifique esses momentos.

Ao expressar as informações apresentadas pela cartomante e os pensamentos do personagem principal.

        b) Explique que recursos foram utilizados e dê um exemplo de cada caso.

Por meio de discurso direto ou indireto. Possibilidades: Discurso indireto: “Procurou a cartomante / Que confirmou a história [...] / Dizendo-lhe até o horário /Marcando no calendário.”. Discurso direto: “Meu Deus mas que agonia / Mostre-me sua grandeza.” e ”Meu Deus o que faço agora”.

06. Pense na caracterização do personagem central da história. Quais são os principais traços que o caracterizam? Explique.

Possibilidade: O personagem é supersticioso, pois acreditou que um sonho e uma cartomante pudessem prever o futuro. É também apresentado como esperto, pois conseguiu encontrar um jeito de enganar a morte.

 

BIOGRAFIA: JOANA D'ARC E SUAS BATALHAS - ROBINS, PHIL - COM GABARITO

 Texto: Joana d’Arc e suas batalhas

           Bebê Joana

      Ninguém sabe exatamente a data, mas Joana provavelmente nasceu em uma noite fria de janeiro de 1412, em uma pequena aldeia chamada Domrémy, no leste da França. Domrémy fica no centro da bela região conhecida como Lorena, de onde vem a famosa quiche.

      Os orgulhosos pais de Joana eram um casal trabalhador e se chamavam Jacques e Isabel Darc.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtDuvn4a1mF2KmgXoHFE9_oWtsQnE9Qx3hpLsGgBk8fiYYer3xJ2uPOtzXLwyXCLAfimLvu7irxi1gryOX5lA3wtUv0VqGrAEmoYknnJrYm_44eYde1k3WavUfj1-BxAF2SJr-zhdwMBIxEHpZuPupIKzu1OWoDVPOcMl3tB_VuH4EQXrBtax_zFoCfMs/s320/Joana.jpg


 Fatos de capa e espada

           O nome de Joana

 Joana (ou Jeanne, em francês) ficou conhecida como Joana “d’Arc” por engano. O seu sobrenome era Darc, o que algumas pessoas erroneamente pensaram ser “d’Arc”, abreviação de “de Arc”, que significa “originária de Arc”. Então, a pessoa que nós conhecemos como “Joana d’Arc” era, na verdade, Jeanne Darc de Domrémy!

Jacques Darc possuía uma fazenda de médio porte em Domrémy, e Isabel o ajudava cuidando da casa e das crianças, assim como fiando e costurando para ganhar um dinheirinho extra. Jacques Darc era um homem muito importante em Domrémy: depois do prefeito e do xerife, era quem estava no comando. (Lembre-se, estamos falando de uma aldeia muito pequena.)

Por causa da importante posição do seu pai, Joana cresceu em uma das cabanas mais aconchegantes de Domrémy, com paredes feitas de tijolo (e não de lama, como era mais comum). Joana tinha até seu próprio quarto. Porém, de toda maneira, se pensarmos nos padrões de hoje, a cabana era bastante simples.1

A vida no lar dos Darc devia ser muito agitada. Joana tinha três irmãos e uma irmã e, claro, montes de animais para cuidar.

1. Essa cabana está de pé até hoje e é parte de um grande museu dedicado a Joana, visitado por pessoas do mundo todo.

 Tempos difíceis

         Domrémy era uma bonita aldeiazinha, e poderia ter sido um bom lugar para se crescer caso os tempos tivessem sido melhores.

Mas, para famílias como os Darc, havia sempre uma grande nuvem negra no horizonte. Por muitos anos, a França esteve envolvida em uma guerra terrível, e grandes partes do país, incluindo a Lorena, foram ocupadas por soldados inimigos.

Felizmente, Lorena não era uma região particularmente importante, e não havia tantas lutas se comparada com outras áreas. No geral, aldeões de lugares como Domrémy eram deixados em paz.

Mesmo assim, soldados vira e mexe passavam por lá a caminho de batalhas em outro lugar e, embora em geral não causassem problemas, nem sempre eram bem-comportados – em alguns episódios, ficaram longe disso. Diversas aldeias francesas como Domrémy foram atacadas por soldados de passagem; às vezes, até queimadas por completo.

 A vida na fazenda

          Assim como ter que se preocupar com a guerra, sobreviver da terra significava trabalho pesado para os aldeões de Domrémy. A vida não era fácil naquela época e, como o resto da família, a pequena Joana tinha que suar na fazenda.

          Por ser uma garota, Joana também tinha que ajudar a mãe a fiar e costurar, e, durante suas aventuras posteriores, ela lembraria carinhosamente das muitas horas que as duas passaram sentadas conversando enquanto trabalhavam. (Mesmo depois de ter se tornado famosa e de estar associada à realeza, Joana gostava de contar às pessoas como era uma especialista com agulhas e linhas.) Foi durante essa época que a mãe a ensinou a rezar e a advertiu seguidamente para manter-se afastada dos soldados.

 Nada de escola

          Com tanto a fazer, Joana não teria tempo para frequentar a escola, mesmo se houvesse uma em Domrémy. Mas, naqueles dias, apenas os nobres ricos tinham a chance de ser educados. Os pobres aldeões tinham que se virar. Por isso, Joana nunca aprendeu a ler ou escrever.

Sem escola, Joana aprenderia tudo o que precisava saber com sua família e amigos da aldeia.

ROBINS, Phil. Joana d’Arc e suas batalhas. Ilustrações de Philip Reeve. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 9-13. (Mortos de fama.)

 

 Uma garota com os pés no chão

           Joana d’Arc costuma ser descrita como dona de uma beleza pálida, elegante – parecida com uma princesa de conto de fadas –, mas, quase certamente, ela não era nada parecida

com isso. Era pequena, provavelmente de aparência comum, com um rosto avermelhado e as mãos ásperas por trabalhar ao ar livre em todas as estações. O que se mostrou bastante útil – ela não estaria à altura de liderar exércitos se fosse do tipo que se preocupa com unhas quebradas e cabelos com pontas duplas.

ROBINS, Phil. Joana d’Arc e suas batalhas. Ilustrações de Philip Reeve. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 32. (Mortos de fama.)

 

Até que, um belo dia, aconteceu algo que iria mudar a vida de Joana para sempre.

Fonte da imagem - https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXKeIsbxiFz0-BrL1VJBhgy8W20kOE1Pc9necSpkpc1nVI7iwctJVVjp6uMHMpYxPXga0zOY5Ywh4RNftx6jPpidWkIATCvH9d6FEMWC4vdyQh5Q2uHPgGHj8FUirQCiiLvIEePJBnImhThgG7-kC1Xr5xrBDMV_5okgRiJqLtxiz6Y2s_v9CTwbvGdkc/s320/joana-d-arc-escapulario-escapulario-joana-darc.jpg


 Diário secreto da Joana (13/½ anos)

Domrémy, agosto de 1425

Hoje algo incrível aconteceu. Eu acho que Deus realmente falou comigo.

Eu estava correndo no campo com as outras crianças. Não comera o dia inteiro, e estava quente pra caramba, e depois da corrida eu pensei que ia desmaiar, então me sentei na grama para respirar um pouco e fechei meus olhos.

Então ouvi uma voz – pensei que era um dos garotos – dizendo que minha mãe precisava de mim. Corri para casa. Mas, quando eu cheguei lá, Mamãe disse que não tinha me chamado.

Daí eu corri pelo jardim do Papai até o pasto. Era por volta de meio-dia, e no meu caminho em direção à igreja havia uma mancha de luz brilhosa. Eu parei, esfreguei meus olhos e comecei a ficar muito assustada. E então ouvi uma voz, a voz de um homem, vinda da mancha de luz.

Foi a voz mais bonita que eu já escutei, e eu nunca vou esquecê-la enquanto viver. Ela disse: “Joana, seja boazinha: vá sempre à igreja”.

Eu estava surpresa demais para dizer qualquer coisa, e em pouco tempo a luz sumiu me deixando sozinha de novo. Mais tarde eu pensei sobre a coisa toda e decidi que aquela deve ter sido a voz de Deus.

Será que Deus realmente falou com Joana através de um anjo? Ou ela apenas imaginou aquilo tudo? Será que aconteceu porque ela não havia comido durante o dia e estava muito quente e ela ficou tonta depois de correr? Teria sido o que hoje chamamos de “alucinação”, algo que ela pensou ter visto e ouvido, mas que realmente não existe a não ser na sua própria cabeça?

ROBINS, Phil. Joana d’Arc e suas batalhas. Ilustrações de Philip Reeve. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 42-43. (Mortos de fama.)

 O grande segredo de Joana

 Não demorou para que Joana ouvisse a voz de novo. E o que a voz disse para ela desta vez foi realmente incrível. Ele disse que ela deveria ajudar o rei da França a lutar contra os seus inimigos.

Joana teria mais muitos, muitos dias como esse. A voz continuava voltando para lhe dizer a mesma coisa. E, toda vez, Joana argumentava que esta era uma tarefa impossível para uma garota de treze anos realizar. Mas ela ouvia a voz com mais e mais frequência, ao menos três vezes por semana e, às vezes, diversas vezes em um dia. Ela a escutava no jardim do seu pai ao meio-dia, na floresta pela tarde e muitas vezes nos campos ao anoitecer, quando os sinos da igreja badalavam a distância.

ROBINS, Phil. Joana d’Arc e suas batalhas. Ilustrações de Philip Reeve. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 44. (Mortos de fama.)

 

Você gostaria de saber o que aconteceu com Joana depois disso? Então, vamos lá.

 Joana, motivada pelas vozes, vai em busca do delfim (era assim que se chamavam as pessoas que pretendiam se tornar reis). Depois de muitas peripécias e superando muitas dificuldades, a garota consegue se aproximar dele, que se dispôs a ouvi-la e confiar-lhe um exército. Joana cortou os cabelos, vestiu-se de homem e juntou-se ao exército que lhe fora confiado, conseguindo muitas vitórias contra o inimigo, os ingleses.

Porém, em 1430, foi ferida e capturada pelos borgonheses (franceses que viviam na região de Borgonha), que a venderam para a Inglaterra, onde foi acusada de bruxaria, principalmente por causa de suas visões. Depois de muitos julgamentos forjados, foi condenada a morrer na fogueira em 1431.

 Contexto histórico

1337 a 1453: Guerra dos Cem Anos, um conjunto de conflitos entre França e Inglaterra para conseguir domínio do território francês.

• A coroa da França era disputada entre o delfim Carlos (filho do rei francês Carlos VI) e o rei Henrique VI, da Inglaterra.

• Nasce Joana d’Arc em 1412.

• O delfim Carlos tornou-se rei em 17 de julho de 1429.

• Antes que o delfim assumisse o poder, os ingleses já ocupavam muitas regiões da França, e a nobreza se dividia entre os que apoiavam a França e os que apoiavam a Inglaterra.

• Em 1453, termina a Guerra dos Cem Anos com a assinatura de um tratado de paz entre os dois países.

 Explorando o texto

 

01. Pelo título, por que é possível saber que é parte de uma biografia e não de um texto de memórias ou autobiografia? Justifique sua resposta.

Espera-se que os alunos respondam que o título indica uma biografia, pois tanto a autobiografia como as memórias literárias são escritas na 1ª pessoa, e o título com o verbo na 3ª pessoa se refere à pessoa cuja vida será contada.

02. Releia estes fragmentos.

·        [...] Joana provavelmente nasceu em uma noite fria de janeiro de 1492, em uma pequena aldeia chamada Domrémy, no leste da França.

·        [...] naqueles dias, apenas os nobres ricos tinham a chance de ser educados.

·        Assim como ter que se preocupar com a guerra, sobreviver da terra significava trabalho pesado para os aldeões de Domrémy. A vida não era fácil naquela época [...].

·        Joana d'Arc costuma ser descrita como dona de uma beleza pálida, elegante [...].

Por que informações como essas são importantes em uma biografia? Anote no caderno as afirmações mais adequadas para responder.

a) Porque permitem conhecer mais sobre o biografado, satisfazendo a curiosidade do leitor.

b) Porque permitem conhecer e compreender a época em que nasceu o biografado e o modo de vida que se levava nesses tempos.

c) Porque ajudam o autor da biografia a selecionar os pontos a serem trabalhados no texto.

03. Em um texto biográfico, além de informações básicas – como nome, local de nascimento e morte – o autor conta fatos que marcaram a vida do biografado.

a) Quais são os principais fatos da vida da biografada apresentados no trecho?

Ela ajudava os pais na fazenda, nunca aprendeu a ler nem escrever e ouvia vozes.

b) O biógrafo poderia ter selecionado outras informações em vez de algumas que você mencionou na atividade anterior. Em sua opinião, qual é a intenção dele ao selecionar esse tipo de informação para compor o texto?

Resposta pessoal. Espera-se que os alunos percebam que ele selecionou acontecimentos fundamentais na vida da biografada para que o leitor tivesse uma visão ampla da vida dela.

04. Além de recontar os eventos que compõem a vida do biografado, a biografia procura levar o leitor a recriar uma imagem da pessoa ou personagem.

a) O narrador nos conta que Joana não podia frequentar a escola, mas realizava muitas tarefas. Cite duas delas que realizava na companhia da mãe.

Fiava e costurava.

b) Depois de ler a biografia de Joana d’Arc, com que imagem você ficou dela?

Resposta pessoal. Sugestão: Uma pessoa trabalhadora, corajosa, que fez tudo para atingir as metas a que se propôs.

5. Vamos observar mais de perto como o autor dessa biografia apresenta os fatos que selecionou.

a) Você acha que as páginas de diário reproduzidas no livro foram realmente escritas por Joana d’Arc? O que o levou a essa conclusão?

Resposta pessoal. Espera-se que os alunos percebam que se trata apenas de um recurso utilizado pelo autor para narrar de uma maneira mais próxima do leitor adolescente dos dias de hoje.

b) O autor procurou recorrer a efeitos de humor ao produzir a biografia. Que elementos do texto justificam essa afirmação?

O autor da biografia produz um texto bem-humorado, o que se evidencia em muitos momentos: quando cria páginas de um diário de uma garota analfabeta, quando descreve sua aparência física, nos títulos e subtítulos.

c) Como você entende o título “Fatos de capa e espada”, que aparece em uma das informações paralelas da história?

Resposta pessoal.