quarta-feira, 9 de abril de 2025

CRÔNICA: UM DIÁLOGO SOBRE O RACISMO NO BRASIL (FRAGMENTO) - MATTHEW SHIRTS - COM GABARITO

 Crônica: Um diálogo sobre o racismo no Brasil – Fragmento

              Matthew Shirts

        [...]

        -- No Brasil, xingamentos racistas em campo constituem crime?

        -- Bem, o racismo é crime e inafiançável. E, e última instância, a lei vale dentro do campo, também. Desábato até teve sorte de ser preso por um delito menor, injúria com agravante de racismo. Vai poder pagar fiança e responder ao processo em liberdade, depois de passar duas noites preso.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6E0WZKxZ1sYP7-zgftisNokQSqfcd6z7C6LARfFdZ9HTmdwcvIe_iaTY6Q3atkhDGxB6xTvt9mycQPwuOzLMujVabkgMATv6MA5evomMuD5TZtikoLW6qO04MCiLIifiB6al2C-72as4FayvwBVQFuhTGgnJ2vNaOmGYpO-5NVNnUz67Vd_Wn0TQTfaw/s320/racismo-nacc83o-tomazsilva-agecc82nciabrasil-1.jpg


        -- Mas o racismo não é comum no Brasil? Quando estive aí, não me parecia; parecia, aliás, o contrário, mas os brasileiros sempre me diziam que existia muito racismo, só que disfarçado.

        -- Depois de 20 anos aqui, não sei responder com certeza. É algo difícil de medir, ainda mais pelo fato de eu não ser negro. Mas sempre achei que o racismo no Brasil é mínimo, incomparável, certamente, com aquilo que existe nos EUA. Tenho a impressão de que brancos e negros e japoneses e mulatos e mamelucos e todos os outros se dão. Casam-se entre si, se frequentam. O apelido do Grafite, inclusive, é por causa da sua cor. Grafite é aquilo que tem dentro do lápis, é a parte que escreve. Grafite é chamado de Grafite porque sua pele é muito escura.

        -- E todo mundo o chama assim?

        -- Todo mundo. Eu não sabia o nome verdadeiro dele até antes de ontem. É carinhoso e comum inventar apelidos relacionados à cor da pele ou à origem aqui. Japonês ou Japa, eu sou chamado de Gringo, frequentemente, português, de Portuga e por aí vai.

        -- E ninguém liga?

        -- Em geral, não. Tenho um amigo de origem japonesa que faz questão de ser chamado de brasileiro, mas creio que é mais uma coisa de orgulho e nacionalismo do que de irritação com a identificação como nipônico. Eu não ligo quando me chamam de Gringo. Acho até engraçado, dependendo do tom. Moreno e Cacau, por exemplo, são nomes corriqueiros, registrados em cartório.

        -- É, seria meio impensável isso nos EUA. Não consigo imaginar nenhum jogador americano apelidado de acordo com a cor da pele, muito menos chamar, digamos, um jogador da NBA de Grafite.

        -- Pois é, a naturalidade com que se lida com isso é uma prova de falta de racismo no Brasil pelo menos entendo assim. Há menos desconforto, as pessoas se sentem à vontade para brincar com a diferença entre as raças.

        -- Então Grafite pode, mas negro, não?

        -- Depende do tom. Grafite é carinhoso. Negro não costuma ser.

        -- É aquele negócio dos esquimós, que tem 22 palavras para neve.

        -- É clichê, mas é um pouco isso mesmo.

        -- Mas me diga uma coisa. Vamos supor que um jogador brasileiro chame outro de argentino sujo de mierda durante uma partida no Brasil. Ele seria preso?

        -- Não sei. Argentino indica nacionalidade, até onde sei, não chega a ser uma raça, embora eles talvez discordem. Agora, se um jogador brasileiro chamasse um argentino de branco sujo, de não sei o quê, poderia ser preso, sim, em tese. Mas duvido um pouco que isso venha acontecer.

        -- Não há um certo exagero nessa história toda? O Brasil não está querendo posar de muito bonzinho e politicamente correto, de repente?

        -- Talvez, um pouco. Mas creio que tem a ver também com os ataques racistas os jogadores brasileiros na Europa. Aquilo é duro de engolir. Os jogadores da seleção representam a nação lá fora. São o nosso orgulho. Vê-los tratados como macacos por um bando de nazistas desqualificados é doloroso. Creio que a prisão de Desábato teve a ver com essa última onda racista nos estádios europeus.

        -- E há solução para isso?

        -- A Fifa precisa punir os clubes com rigor.

        [...]

Matthew Shirts. O Estado de São Paulo, 18/4/2005.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 183-184.

Entendendo a crônica:

01 – Qual a diferença legal entre injúria racial e racismo no Brasil, segundo a crônica?

      A crônica explica que o racismo é crime inafiançável, enquanto a injúria racial, embora também seja crime, permite fiança. No caso de Desábato, ele foi preso por injúria racial com agravante de racismo, o que o permitiu pagar fiança e responder ao processo em liberdade.

02 – Como o autor, Matthew Shirts, percebe o racismo no Brasil após 20 anos no país?

      Shirts admite que é difícil medir o racismo no Brasil, especialmente por não ser negro. Ele percebe que, embora exista racismo, ele é diferente e menor do que o racismo nos EUA, e que há uma maior integração entre diferentes grupos étnicos.

03 – Qual a visão do autor sobre o uso de apelidos relacionados à cor da pele no Brasil?

      O autor argumenta que, no Brasil, apelidos como "Grafite", "Moreno" e "Cacau" são comuns e muitas vezes usados de forma carinhosa, sem conotação racista. Ele contrasta essa prática com a dos EUA, onde tais apelidos seriam impensáveis.

04 – Como o autor explica a diferença entre chamar alguém de "Grafite" e "negro" no Brasil?

      O autor explica que a diferença está no tom. "Grafite" é usado de forma carinhosa, enquanto "negro" pode ter uma conotação negativa, dependendo do contexto e da intenção.

05 – Qual a opinião do autor sobre a reação do Brasil aos casos de racismo no futebol?

      O autor questiona se o Brasil não estaria exagerando na reação, tentando se mostrar excessivamente "bonzinho" e "politicamente correto". No entanto, ele também reconhece que a reação pode ser uma resposta aos ataques racistas contra jogadores brasileiros na Europa.

06 – Qual a solução proposta pelo autor para combater o racismo no futebol?

      O autor sugere que a FIFA precisa punir os clubes com rigor para combater o racismo nos estádios.

07 – Segundo o autor, qual a diferença entre xingamentos racistas e xingamentos de nacionalidade?

      O autor explica que xingamentos racistas são tipificados como crime, já xingamentos de nacionalidade não necessariamente. Ele usa de exemplo que um jogador que xingasse outro de "Argentino sujo" não seria preso, diferente de um jogador que xingasse outro de "branco sujo".

 

CRÔNICA: POR QUE OS GAGOS CONSEGUEM CANTAR NORMALMENTE? MARCELO DUARTE - COM GABARITO

 CRÔNICA: Por que os gagos conseguem cantar normalmente?

            Marcelo Duarte

        Porque o texto e o ritmo da canção já estão memorizados por eles. Assim, o gago não sofre tanto com a expectativa de que vá errar ou não ser entendido pelas outras pessoas a seu redor. Ele não precisa se preocupar com a elaboração do discurso, nem com a reação de quem ouve, e canta com facilidade. 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFz2aKrqPwtcw1NbkiQigQ3zlCfpWbZWtHeIj31Sn0705ohM_M2HGmRusPej-VH6kvK_wvi4fq7VSXk36wl_CiI2hKVvFtuUOFqErz9H_HZgpyGZt40Vkn5Zs7SR1hRSMxy8At6Hg9MkzT8zJ7KsWERqFQSN9fzZucfTdbdF9hNSoL9TUNGkhcy5FXTco/s1600/GAGO.jpg


Marcelo Duarte. O guia dos curiosos – Língua portuguesa. São Paulo: Panda, 2003. p. 80.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 150.

Entendendo o texto:

01 – Qual é a principal razão pela qual gagos conseguem cantar sem gaguejar, de acordo com o texto?

      De acordo com o texto, a principal razão é que a letra e o ritmo da música já estão memorizados. Isso elimina a necessidade de elaborar o discurso no momento, reduzindo a ansiedade e a expectativa de errar.

02 – Como a expectativa de errar influencia a fala de um gago?

      A expectativa de errar aumenta a ansiedade, o que pode agravar a gagueira. Ao cantar, como a letra e o ritmo já estão memorizados, essa ansiedade diminui, permitindo uma fala mais fluente.

03 – Qual a diferença entre a fala normal e o canto para um gago?

      Na fala normal, o gago precisa elaborar o discurso no momento, o que pode gerar ansiedade e gagueira. No canto, a letra e o ritmo já estão memorizados, eliminando essa necessidade e facilitando a fluência.

04 – Como a reação das outras pessoas afeta a fala de um gago?

      A preocupação com a reação das outras pessoas pode aumentar a ansiedade do gago, agravando a gagueira. Ao cantar, essa preocupação diminui, pois a atenção está focada na música.

05 – O que o texto aponta como fator crucial para a fluência do gago ao cantar?

      O texto aponta que a memorização do texto e ritmo são cruciais para a fluência do gago ao cantar, pois elimina a necessidade de elaborar o discurso e diminui a ansiedade.

 

MÚSICA(ATIVIDADES): PALAVRAS REPETITAS - GABRIEL O PENSADOR - COM GABARITO

 Música (Atividades): Palavras Repetidas

             Gabriel o Pensador

A Terra tá soterrada de violência
De guerra, de sofrimento, de desespero
A gente tá vendo tudo, tá vendo a gente
Tá vendo, no nosso espelho, na nossa frente
Tá vendo, na nossa frente, aberração
Tá vendo, tá sendo visto, querendo ou não
Tá vendo, no fim do túnel, escuridão
Tá vendo no fim do túnel escuridão
Tá vendo a nossa morte anunciada
Tá vendo a nossa vida valendo nada
Tô vendo, chovendo sangue no meu jardim
Tá lindo o sol caindo, que nem granada
Tá vindo um carro-bomba na contramão
Tá vindo um carro-bomba na contramão
Tá vindo um carro-bomba na contramão
Tá vindo o suicida na direção

"É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã
Porque se você parar pra pensar, a verdade não há"

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgL4PoiZBv6aIwPqEID3MZSAvgczqVPgURnCTcn-KtOJnKbBzvJah29DvJ5AN_0k6kR9m3QPP_3VufZynhhk0P98VxxtrtPNvxIkvrb4Tq9IDdnOU429W3fGZrYyqxIA7gy9WZPGCR5Adv7px2IoaVw5qBQE5W6koWJzrXmp_MFD8Z1v0KF1vOjSyY3NII/s320/PALAVRAS.jpg


A bomba tá explodindo na nossa mão
O medo tá estampado na nossa cara
O erro tá confirmado, tá tudo errado
O jogo dos sete erros, que nunca pára
7, 8, 9, 10... cem
Erros meus, erros seus e de Deus também
Estupidez, um erro simplório
A bola da vez, enterro, velório
Perda total, por todos os lados
Do banco do ônibus ao carro importado
Teu filho morreu? meu filho também
Morreu assaltando, morreu assaltado
Tristeza, saudade, por todos os lados
Tortura covarde, humilha e destrói
Eu vejo um Bin Laden em cada favela
Herói da miséria, vilão exemplar
Tortura covarde, por todos os lados
Tristeza, saudade, humilha e destrói
As balas invadem a minha janela
Eu tava dormindo, tentando sonhar

"É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã
Porque se você parar pra pensar, a verdade não há"

Sou um grão de areia no olho do furacão
Em meio a milhões de grãos
Cada um na sua busca, cada bússola num coração
Cada um lê de uma forma o mesmo ponto de interrogação
Nem sempre se pode ter fé
Quando o chão desaparece embaixo do seu pé
Acreditando na chance de ser feliz
Eterna cicatriz
Eterno aprendiz das escolhas que fiz
Sem amor, eu nada seria
Ainda que eu falasse a língua de todas as etnias
De todas as falanges, e facções
Ainda que eu gritasse o grito de todas as Legiões
Palavras repetidas
Mas quais são as palavras que eu mais quero repetir na vida?
Felicidade, Paz, Fé...
Felicidade, Paz, Sorte
Nem sempre se pode ter Fé, mas nem sempre
A fraqueza que se sente quer dizer que a gente não é forte

Composição: Gabriel o Pensador / Renato Russo. Gabriel, o Pensador. CD Cavaleiro andante.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 196.

Entendendo a música:

01 – Qual a principal temática abordada na música?

      A música aborda a violência, o sofrimento e o desespero presentes no mundo, além de reflexões sobre a fragilidade da vida e a importância do amor.

02 – Qual a sensação transmitida pela repetição de frases como "Tá vendo" e "Tá vindo"?

      A repetição dessas frases intensifica a sensação de urgência e de perigo iminente, como se o narrador estivesse testemunhando uma tragédia em tempo real.

03 – Qual a interpretação da frase "É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã"?

      Essa frase ressalta a importância de valorizar os relacionamentos e expressar o amor no presente, diante da incerteza do futuro e da violência que cerca a vida.

04 – Como o narrador se sente diante da violência e do caos?

      O narrador se sente como "um grão de areia no olho do furacão", expressando sua impotência diante da magnitude dos problemas, mas também sua busca por sentido e esperança.

05 – Qual o significado da expressão "Bin Laden em cada favela"?

      Essa expressão controversa sugere que a violência e a marginalização podem transformar pessoas em figuras extremistas, comparando a situação das favelas com o contexto do terrorismo.

06 – Quais as "palavras repetidas" que o narrador deseja enfatizar?

      O narrador expressa o desejo de repetir palavras como "Felicidade", "Paz" e "Fé", demonstrando sua busca por esperança e positividade em meio ao caos.

07 – Qual a mensagem final transmitida pela música?

      A mensagem final da música é uma reflexão sobre a força interior e a capacidade de superação, mesmo diante da fraqueza e das dificuldades.

 

 

MÚSICA(ATIVIDADES): PRA FAZER O SOL NASCER - GILBERTO GIL - COM GABARITO

 Música (Atividades): Pra Fazer o Sol Nascer

             Gilberto Gil

Sol
Acende a luz
Atende à minha voz
A(s)cende de acender e de subir

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisd04U_DFZJItaZBQu0c3TX1HRFJ1_MUp5WMaRzO2OCzi_5Kd75_2S30QRRkG_NIoxvQ4HLIVY7JVy8RXH9KOaS8dmAlikZHBx-5Da1QtjS0H9lGcX374gFNe2J4f7c_3SKazT3UxhGzIoyCm9qKUqu0DY7ufUjiUq0NvOqoQRBpapEmm0JGVmZaRRGbM/s320/GIL.jpg

De clarear
De despertar assim
A mim, a tudo mais
Atende à minha voz
Ao meu saxofone
Cor do sol
Sol
Nasce d'ouro pra nós.

Composição: Gilberto Gil. Carlos Rennó, org. Gilberto Gil – todas as letras. São Paulo: Cia das Letras, 1996. p. 323.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 217.

Entendendo a música:

01 – Qual é a metáfora central utilizada na música?

      A metáfora central é o sol como um símbolo de renovação, esperança e despertar. Gilberto Gil usa a imagem do sol nascendo para transmitir uma mensagem de otimismo e positividade.

02 – Qual é a relação entre a voz do cantor e o saxofone na música?

      Na música, Gilberto Gil menciona que o sol atende à sua voz e ao seu saxofone. Isso sugere uma conexão profunda entre a expressão artística (a voz e o saxofone) e a força da natureza (o sol). Ambos são vistos como instrumentos de despertar e renovação.

03 – Qual o significado da palavra "acende" na música e como ela é utilizada?

      A palavra "acende" é utilizada com dois significados: "acender" de iluminar e "ascender" de subir. Essa dupla interpretação reforça a ideia do sol como uma força que tanto ilumina quanto eleva, despertando o mundo e as pessoas.

04 – Qual a mensagem que a música transmite sobre a relação entre o indivíduo e o mundo?

      A música transmite uma mensagem de que o indivíduo, através de sua voz e expressão, pode influenciar e se conectar com o mundo ao seu redor. Há uma sensação de que a positividade e a esperança podem ser invocadas e manifestadas.

05 – Qual o simbolismo da "cor do sol" na música?

      A "cor do sol" simboliza a vitalidade, a energia e a beleza da natureza. Ao mencionar a "cor do sol", Gilberto Gil evoca uma imagem de calor, luz e vida, reforçando a mensagem de esperança e renovação presente na música.

 

 

CARTA: CARTA DO PLEISTOCENO - MARINA COLASANTI - COM GABARITO

 Carta: Carta do Pleistoceno 

           Marina Colasanti

Senhores cientistas, 

quem daqui lhes escreve – daqui não sendo o além exatamente mas uma espécie de ponto de vista – é o mamute. O mamute aquele que vocês trouxeram recentemente à luz lá pelos lados da Rússia – à luz ofuscante dos flashes e dos holofotes de TV, é bom que se diga, porque uma certa luz fraca e opalinada me alcançou sempre através do gelo. E escrevo porque chegou-me a notícia – como chegam depressa as notícias nesse tempo vosso! – de que estão tentando me clonar.

 Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhs312zy28dRats2gtLyxE4ejijNr6ppYSv1_8dWW5h2UqTC8A8xUeyFc9F8PJwM2BcipWrvsc9PcsQBFZ8dCJz8JaxV9jslEySYKIkHBJQt1Pmk41sfU1tH3icgAp4iJX4tKCb3G0fXVgoOCjHuMoPUue3cp0vJE6X16bVphz9mO8GPOeZqlHNjgc8ICc/s320/mamute-131595836.jpg


        Estão planejando tirar um pedaço de mim, daquilo que vocês chamam de DNA, manipulá-lo de alguma maneira que para meu cérebro parece assaz complicada, mas que deveria se concluir com a minha presença implantada num óvulo de elefanta, decorrente gravidez, e posterior nascimento. 

        Peço-lhes encarecidamente que não façam isso. Poderia invocar os direitos do autor pois, embora mínino, qualquer pedaço de mim me pertence, mas receio não estar coberto por vossas leis autorais. Apelo então para aqueles sentimentos caridosos que dizeis habitar vosso coração. E para o bom senso, que infelizmente nem sempre tem esse mesmo endereço.

        Estou, como os meus semelhantes, extinto desde o Pleistoceno. Boas razões tivemos para sumir, embora ainda não pudéssemos prever o que vocês aprontariam no planeta. Não sumimos sozinhos. Outras coisas se foram desde então, outros animais. Aparentemente não fizeram falta. Nosso erro, talvez, foi ter deixado o retrato nas paredes das cavernas. Sem querer, alimentamos saudades. E agora nos querem de volta. Mas, nascido outra vez, o que faria eu?

        Único de minha espécie, que função me dariam vocês depois de me fazerem atravessar à força 200 mil anos? Uma jaula de zoológico ou um viveiro de laboratório? Serviria para o turismo ou como cobaia? Seria uma peça de museu viva ou criatura que escapou de algum desses filmes de que vocês tanto gostam? E quem embolsaria o cachê pelo uso da minha imagem? 

        No meu mundo, os homens que me caçavam com suas armas de pontas de pedra me temiam, quase como a um deus, e à noite, ao redor do fogo, falavam de mim com reverência. No mundo de vocês eu seria apenas um monstro que não inspira respeito a ninguém. Um monstro solitário, sem sequer a possibilidade de apaixonar-me por uma loura e carregá-la para o alto do Empire State Building. Um monstro condenado à vida.

        E como explicar, à elefanta de quem eu nasceria, nosso estranho parentesco?

        O desmonte daquilo que fui já começou, antes mesmo do sequestro do meu DNA. Plantado no gelo durante séculos como uma árvore submersa, permaneci, até vossa chegada, com a dignidade de um ser grandioso. Eu era uma estátua da minha era. Intacto. Soberbo. Logo acabaram com isso. Sequer tiveram a elegância de serrar inteiro o bloco que me continha. Serraram apenas o que lhes interessava, a porção que me manteria congelado. Os dentes deixaram de fora. E assim retangular, como uma embalagem de leite ou uma caixa de polpa de tomate em que alguém tivesse cravado dois garfos, fui içado por um guindaste diante dos olhos do mundo. Eu já não era uma estátua, era um container.

        Sei que para vocês eu nem mereço qualquer explicação, mas digam-me, qual é exatamente sua intenção? Esquecendo o brilhareco científico, suspeito que queiram trazer o passado de volta, com a desculpa de estudá-lo diretamente. 

        Mas se fomos extintos é porque já não nos encaixávamos nas condições ao redor – a evolução ejeta seus antigos parceiros. Para realmente trazer-nos de volta seria preciso clonar muito mais do que o meu DNA, seria preciso duplicar tudo aquilo que nos mantinha vivos. E uma vez recriado aquele universo, como vocês se encaixariam nele? 

        Permitam-me uma última pergunta: encontrando restos do Homo sapiens dos quais fosse possível retirar o DNA, tentariam vocês igualmente implantá-lo no ventre de uma mulher do século XXI?

Marina Colasanti. A casa das palavras. São Paulo: Ática, 2004. p. 17-19.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 198-199.

Entendendo a carta:

01 – Quem é o remetente da carta e qual é a sua preocupação?

      O remetente da carta é um mamute extinto, recentemente descoberto por cientistas na Rússia. Sua principal preocupação é o plano dos cientistas de cloná-lo.

02 – Quais argumentos o mamute usa para dissuadir os cientistas de cloná-lo?

      O mamute apela para os sentimentos caridosos e o bom senso dos cientistas, questionando qual seria seu propósito em um mundo moderno e os direitos sobre seu próprio DNA. Ele também destaca a solidão e o estranhamento que sentiria.

03 – Como o mamute descreve a sua captura e o tratamento dado a ele pelos cientistas?

      O mamute descreve sua captura como um desmonte de sua dignidade, comparando-se a uma estátua de sua era que foi transformada em um "container" para transporte. Ele critica a falta de elegância dos cientistas em serrar apenas a parte que lhes interessava.

04 – Qual a crítica do mamute em relação à intenção dos cientistas de trazer o passado de volta?

      O mamute critica a ideia de trazer o passado de volta apenas para estudá-lo diretamente, argumentando que a extinção de sua espécie ocorreu porque ela não se encaixava mais nas condições do planeta. Ele questiona como os cientistas se encaixariam em um mundo recriado do passado.

05 – Qual a comparação que o mamute faz entre o tratamento que recebia dos homens do seu tempo e o que receberia no mundo moderno?

      O mamute compara o temor e a reverência que os homens pré-históricos tinham por ele com o tratamento que receberia no mundo moderno, onde seria visto como um monstro solitário e sem respeito.

06 – Qual a última pergunta do mamute aos cientistas e qual o seu propósito?

      O mamute pergunta se os cientistas tentariam clonar um Homo sapiens do Pleistoceno caso encontrassem seu DNA. O propósito é questionar a ética e os limites da ciência na manipulação da vida e do tempo.

07 – Qual o tom geral da carta e qual a sua mensagem principal?

      O tom geral da carta é de indignação, melancolia e questionamento. A mensagem principal é uma reflexão sobre a arrogância da ciência em tentar controlar a natureza e o tempo, e sobre a importância de respeitar a dignidade de todas as formas de vida.

 

 

NOTÍCIA: CLONAGEM TERAPÊUTICA - FOLHA DE SÃO PAULO - COM GABARITO

 Notícia: CLONAGEM TERAPÊUTICA

        A crer em sinais emitidos por senadores envolvidos nos debates sobre a clonagem terapêutica, a Câmara Alta do Parlamento deverá permitir pesquisas com células-tronco, uma promessa da ciência para curar doenças degenerativas e até para restaurar órgãos e tecidos avariados. Pelo consenso que se vai formando, o Senado Federal autorizaria investigações científicas com culturas de células obtidas a partir de embriões congelados por mais de três anos em clínicas de fertilização.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizvBOXGWX9iA4zmb40wRK_EZgkYMhCIDzbRO2aZ716ozKzd-t8-6b7_H4o21e_qBVEBQEf1NlwcO4udmPhkWbXTLlCzvY48nQ9_W9jKb7Er4LplC1KowC5eGUOhpG3ZJD72K-SNkhc-SDxTVXfKiUXRC7CEoSei2KguzhVD1QcfnAonS3I1V_S4DtuX3o/s1600/TERAPUETICA.jpg


        Se for de fato essa a posição do Senado, estará configurado um avanço em relação ao projeto de lei tal como saiu da Câmara dos Deputados, que, na prática, vetava a clonagem terapêutica. Mas uma eventual modificação pelos senadores levaria o texto de volta à Câmara, onde é especialmente forte a influência do lobby evangélico-católico, responsável pela primeira vitória do obscurantismo.

        Vale notar que mesmo a proposta em cogitação no Senado está longe de poder ser considerada uma lei avançada. Ela apenas evitaria que o Brasil fosse condenado a um atraso científico do qual seria difícil se recuperar. O projeto autoriza cientistas a pesquisar sem entretanto dar-lhes as condições ideais para fazê-lo.

        Na verdade, os senadores apenas impediriam que se consumasse o absurdo maior, que seria deixar de utilizar, em pesquisas com potencial para salvar inúmeras vidas, embriões – na verdade blastocistos, isto é, emaranhados de uma centena de células – que sobraram de tratamentos de fertilização e que nunca seriam implantados num útero para originar uma gravidez.

        Outra falha na proposta em debate no Senado é que ela proibiria a produção de embriões especificamente para a pesquisa ou tratamento. Por enquanto essa limitação não oferece maiores problemas. Enquanto as investigações no campo das células-tronco são incipientes, experimentos podem ser realizados com umas poucas linhagens. No futuro, porém, se surgirem os resultados esperados, o veto à geração de embriões retiraria da clonagem terapêutica uma grande vantagem, que é a capacidade de produzir células a partir do DNA do próprio paciente, o que eliminaria completamente, acredita-se, o fenômeno da rejeição.

        O lobby evangélico-católico que se opõe à clonagem terapêutica merece, no que toca às suas crenças, profundo respeito, mas isso não significa que seus valores devam ditar as regras de uma República pluralista, laica e que valoriza a vida efetiva, atual, mais do que a mera possibilidade de vida contida num blastocisto – que, de resto, se encontra não numa trompa ou num útero, mas num tubo de ensaio, sem a menor possibilidade, portanto, de dar origem a um feto. Além disso, só se submeteriam a um tratamento que envolva células-tronco obtidas a partir de embriões pessoas que não fizessem objeções morais a essa técnica, o que basta para preservar os direitos daqueles que não a admitem.

        Viver numa sociedade multifacetada e complexa como a brasileira é administrar conflitos. Todos têm direito a suas crenças, mas as crenças de alguns não podem condenar o país ao atraso em áreas tão relevantes como a clonagem terapêutica.

Folha de São Paulo, 6/6/2004.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 208.

Entendendo a notícia:

01 – Qual a principal promessa da clonagem terapêutica, segundo a notícia?

      A clonagem terapêutica promete curar doenças degenerativas e restaurar órgãos e tecidos avariados, utilizando células-tronco obtidas de embriões.

02 – Qual a diferença entre a proposta da Câmara dos Deputados e a do Senado em relação à clonagem terapêutica?

      A Câmara dos Deputados, influenciada pelo lobby evangélico-católico, vetava a clonagem terapêutica. O Senado, por outro lado, sinaliza uma abertura para pesquisas com células-tronco obtidas de embriões congelados.

03 – Qual a crítica da notícia à proposta em debate no Senado?

      A notícia critica a proposta por considerá-la limitada, já que proíbe a produção de embriões especificamente para pesquisa ou tratamento. Essa restrição pode prejudicar o desenvolvimento da clonagem terapêutica no futuro, impedindo a produção de células a partir do DNA do próprio paciente, o que evitaria a rejeição.

04 – Qual o argumento utilizado para defender a clonagem terapêutica, apesar da oposição de grupos religiosos?

      A notícia argumenta que, em uma república pluralista e laica, os valores religiosos de alguns não devem ditar as regras para toda a sociedade, especialmente em áreas de grande potencial para salvar vidas. Além disso, defende que apenas pessoas sem objeções morais se submeteriam a tais tratamentos.

05 – O que são blastocistos, e qual a sua importância no debate sobre clonagem terapêutica?

      Blastocistos são emaranhados de cerca de cem células, embriões em estágio inicial de desenvolvimento. A notícia destaca que os embriões utilizados em pesquisas são blastocistos que sobraram de tratamentos de fertilização e que nunca seriam implantados em um útero, ou seja, não tem a possibilidade de gerar um feto.

06 – Qual o risco de o Brasil não avançar nas pesquisas com clonagem terapêutica, segundo a notícia?

      O risco é que o Brasil fique para trás no desenvolvimento científico, dificultando a recuperação do atraso em relação a outros países que já investem nessas pesquisas.

07 – Qual a questão sobre a rejeição de órgãos que a clonagem terapêutica ajuda a resolver?

      A clonagem terapêutica ajuda a resolver o problema da rejeição de órgãos transplantados, pois permite a produção de células a partir do DNA do próprio paciente, eliminando a incompatibilidade imunológica.

 

 

NOTÍCIA: BENEFÍCIOS DA CLONAGEM - (FRAGMENTO) - FOLHA DE SÃO PAULO - COM GABARITO

 Notícia: BENEFÍCIOS DA CLONAGEM – Fragmento

        O principal argumento de defesa da clonagem terapêutica humana é a perspectiva de cura de várias moléstias degenerativas, como Parkinson e diabetes, e mesmo a de reparar órgãos e tecidos avariados.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvhnLdb2adScbSStMhZ_n2Jk7bgQHBr-xAvedp0nJEAlfHu1M-Mxt5iY05bpBpMzhQ1mcihEFUi2rBWwhJNfiW-pvWR0_n4q_Umv2ajmckYkUmTVq2X0OpItO9O-V85ocPJW-TvAiVrKh4n-zjiZXX74OkjRSAfwoQRQd5B8LD-QgTl0BTtN8_YaPgR2g/s1600/CLONAGEM.jpg

        [...]

        Para começar, a clonagem nos permitiria entender melhor uma série de doenças, especialmente as hereditárias. Pode parecer estranho, mas numa moléstia como Alzheimer, na qual ocorrem uma série de alterações cerebrais, temos dificuldades para determinar o que é causa o que é efeito, o que está provocando a doença e o que é um simples dano colateral.

        Se clonarmos células de alguém afetado pela moléstia e convertermos as células-tronco em neurônios, talvez tenhamos a chance de acompanhar em laboratório o desenvolvimento da doença desde os seus primeiros estágios, compreendendo-a de forma muito mais ampla.

        Outro campo promissor para a clonagem está no desenvolvimento e testes de novos medicamentos. [...]

        Ao clonar células hepáticas de pessoas suscetíveis a certos medicamentos, entenderíamos melhor os riscos da iatrogenia e empresas farmacêuticas poderiam testar com muito mais rapidez e segurança os novos produtos que levam ao mercado.

        Diferentemente da reparação de órgãos, que exigiria amplo domínio de técnicas de clonagem e anos e anos de testes clínicos antes de ser liberada para uso em pacientes, as pesquisas sobre doenças a partir de células clonadas podem começar imediatamente. Como não envolvem a aplicação de células-tronco em pacientes, não representam riscos para a saúde.

        Existem, é claro, vários problemas técnicos e mesmo dificuldades éticas, como a origem dos óvulos utilizados para a clonagem. Ainda assim, como escreveu Wilmut, "a clonagem promete benefícios tão grandes que seria imoral deixar de fazê-la".

Folha de São Paulo, 24//2004.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 209.

Entendendo a notícia:

01 – Qual o principal benefício da clonagem terapêutica humana, segundo a notícia?

      O principal benefício é a perspectiva de cura de doenças degenerativas, como Parkinson e diabetes, e a reparação de órgãos e tecidos danificados.

02 – Como a clonagem pode ajudar no estudo de doenças hereditárias, como o Alzheimer?

      Ao clonar células de um paciente com Alzheimer e convertê-las em neurônios, os cientistas podem acompanhar o desenvolvimento da doença em laboratório, compreendendo melhor suas causas e efeitos.

03 – Qual a vantagem da clonagem no desenvolvimento de novos medicamentos?

      A clonagem de células hepáticas de pessoas com sensibilidade a certos medicamentos permite testar novos produtos com mais rapidez e segurança, além de entender os riscos da iatrogenia (danos causados por tratamento médico).

04 – Qual a diferença entre a pesquisa de doenças e a reparação de órgãos em relação ao uso da clonagem?

      A pesquisa de doenças com células clonadas pode começar imediatamente, pois não envolve a aplicação de células-tronco em pacientes. Já a reparação de órgãos exige um domínio maior das técnicas de clonagem e anos de testes clínicos.

05 – Quais os desafios éticos e técnicos da clonagem terapêutica, de acordo com a notícia?

      A notícia menciona problemas técnicos e dificuldades éticas, como a origem dos óvulos utilizados na clonagem. No entanto, cita Wilmut, que defende que os benefícios da clonagem são tão grandes que seria imoral não prosseguir com as pesquisas.

 

 

ARTIGO DE OPINIÃO: JOVEM CINQUENTÃO - SUPERINTERESSANTE - COM GABARITO

 ARTIGO DE OPINIÃO: Jovem Cinquentão

        Como se mede a importância de um livro? Há os que se impõem pelo valor do enredo, há os que vencem o critério do tempo pela excelência da linguagem; há os que flagram e desenham para sempre tipos humanos de certo tempo e lugar, há ainda os que, por uma misteriosa combinação de fatores, acabam influenciando o futuro.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhg1R6xmhbLb7_lDaGfSNaFJ1ydXSqEgnmLx-pApDJlLA_QJpTKceLc4LR2OkcvKaagxxv-Mtkda4CJ-CnCX11JYaujmpNf0pjYh6S4n_zsfcwtr-Ershyphenhyphenjn10nctryqgyX_dfUZyClFgcKD__pMVBNeQwd_s1WaYaXwsWUQOfpisqOMghfkeyMVJVcWQE/s1600/50.jpg


        O apanhador em campo de centeio (The Catcher in the rye), de Jerome David Salinger, está nesse caso. Lançado há 50 anos no calor do pós-guerra, aproveitou-se do nascimento da cultura jovem e potencializou-a, na história de Holden Caulfield, adolescente que é expulso de um prestigioso colégio, às vésperas do Natal, e volta para casa, em Nova York. O sofrido e variado percurso entre a escola, com sua ética superada aos olhos do jovem, e a casa da família, idem, é o recheio da novela.

        O livro (publicado No Brasil pela Editora do Autor) acertou em cheio a sensibilidade “teen”. Sabemos desde as primeiras linhas que Holden está internado num hospital e que dali vai desfiar suas lembranças, na ordem em que aconteceram, sem dourar nenhuma passagem.

        Quem não se comove com a sinceridade do jovem? é impossível não sentir uma ponta de agradável melancolia com as observações de Holden, como “É gozado, os adultos ficam horríveis quando estão dormindo de boca aberta, mas as crianças não, elas continuam cem por cento”. Há exatos 50 anos, Salinger fotografou seu futuro, a nossa cara.

Superinteressante, out,2001.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 210.

Entendendo o texto:

01 – Quais critérios o texto aponta para medir a importância de um livro?

      O texto menciona: Valor do enredo; Excelência da linguagem; Capacidade de retratar tipos humanos de uma época; Influência no futuro.

02 – Qual a importância do livro "O Apanhador no Campo de Centeio" para a cultura jovem?

      O livro potencializou a cultura jovem ao retratar a sensibilidade "teen" através do personagem Holden Caulfield, um adolescente que questiona a ética do mundo adulto.

03 – Qual a estrutura narrativa do livro e como ela contribui para a identificação do leitor?

      O livro é narrado em primeira pessoa, como memórias de Holden Caulfield, o que permite ao leitor acompanhar seus pensamentos e sentimentos de forma direta e sincera, gerando identificação e comoção.

04 – Que características do personagem Holden Caulfield o tornam tão marcante?

      A sinceridade, a melancolia e as observações perspicazes de Holden sobre o mundo adulto, como a que compara o sono de adultos e crianças, tornam o personagem extremamente marcante e atemporal.

05 – Qual a relevância do livro "O Apanhador no Campo de Centeio" para os dias atuais, segundo o autor do texto?

      O autor do texto afirma que Salinger, com sua obra, fotografou o futuro, a nossa cara, ou seja, o livro continua muito atual para os dias atuais.

 

ARTIGO DE OPINIÃO: A CIDADANIA BRASILEIRA É INACESSÍVEL - DÉBORA CRISTÓFARO DAVID - COM GABARITO

 Artigo de Opinião: A cidadania brasileira é inacessível

          Débora Cristófaro David

        A cidadania no Brasil está se tornando cada vez mais difícil, a conveniência rege a moral do brasileiro para que ele só exerça sua cidadania em momentos oportunos. Assim, ele fica propenso a desrespeitar leis e regras e, consequentemente, tornar-se amoral.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSTlMV76qIWb_-ifZZ9q63U-0k7om6cpgRmtR2ResvtLL3U7R_3Gq9YrwkF7rZOtEiEtmugzrhtRLsfd0zAcYBAwLYpVG9X14yomcRJixB7CKS1h5yu_Uu8sm1EPdSz74V8tRZihEZ1uRPU7Kz3myYqpTlV7AVrAxL57tNzFYMKhEs2dCMOjENhBgdTgg/s320/Cidadania.jpg


        O brasileiro ainda não percebe que o processo de conscientização social para a prática da verdadeira cidadania é individual e não apenas conjunta. É claro que a ação da massa é importante e, geralmente, mais significativa, porém, com uma forte motivação pessoal, o resultado torna-se melhor. E, como cidadão, o brasileiro cresce.

        No entanto, o povo segue um exemplo de cidadão que, a seu ver, lhe é superior. Mas, se somos governados por pessoas corruptas, que outro exemplo nos é propício a seguir? Não temos escolhas. Temos acesso apenas à corrupção dos administradores do nosso país, que não deixam espaço para a honestidade no governo. Ao povo só resta segui-los, pois é constantemente desmotivado a ser política e socialmente correto.

        Não obstante isso, as punições aos infratores não são devidamente aplicadas, seja por um papel jogado no chão, seja por um homicídio. A lei é proposta de acordo com o poder aquisitivo do seu transgressor, inversamente, eu diria. Visto isso, o brasileiro não encontra meios que o impeçam de continuar a desrespeitar as regras do país, embora o faça.

        A cidadania no Brasil é, pois, inacessível, já que não encontramos como frear a demasiada corrupção do governo, a “proteção” aos infratores e a visão debilitada de grupos e individualismo do brasileiro que, agindo assim, nunca será um verdadeiro cidadão.

Débora Cristófaro David – 1ª série do ensino médio.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 211-212.

Entendendo o texto:

01 – Qual a principal crítica do texto sobre a prática da cidadania no Brasil?

      O texto critica a prática da cidadania no Brasil, descrevendo-a como seletiva e conveniente, onde os cidadãos exercem seus direitos e deveres apenas em momentos oportunos, levando ao desrespeito às leis e à amoralidade.

02 – Como o texto descreve a relação entre a corrupção no governo e o comportamento dos cidadãos?

      O texto argumenta que a corrupção dos líderes governamentais serve como um mau exemplo para a população, desmotivando os cidadãos a serem honestos e socialmente corretos, e perpetuando um ciclo de comportamento inadequado.

03 – Qual a crítica do texto em relação à aplicação das leis no Brasil?

      O texto critica a aplicação desigual das leis, onde as punições variam de acordo com o poder aquisitivo do infrator, resultando em impunidade e incentivando a continuidade do desrespeito às regras.

04 – Qual o papel do individualismo na dificuldade de alcançar a verdadeira cidadania no Brasil, segundo o texto?

      O texto destaca que a falta de conscientização individual e a visão debilitada de grupos contribuem para a inacessibilidade da cidadania, pois a verdadeira cidadania exige um compromisso pessoal com os valores e práticas cidadãs.

05 – Quais os principais obstáculos para a cidadania plena no Brasil apontados no texto?

      Os principais obstáculos apontados são: A corrupção governamental; A impunidade e a aplicação desigual das leis; A falta de conscientização individual; O individualismo excessivo.

 

CRÔNICA: MAIS VALEM DOIS CARROS NA CONTRAMÃO DO QUE UMA MULHER NA MÃO - LEON ELIACHAR - COM GABARITO

CRÔNICA: Mais valem dois carros na contramão do que uma mulher na mão

           Leon Eliachar

        Mulher dirigindo é a coisa mais displicente do mundo. Mais displicente do que ela, só mesmo o examinador que lhe deu a carteira de motorista. E só porque tem carteira, a mulher passa a dirigir por auto-sugestão, isto é, se lhe deram carteira, é porque acharam que ela sabe dirigir. E ela se compenetra disso de tal maneira que sai por aí dirigindo, não o seu carro, mas o trânsito todo.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEga_yLO8CFxkEwN-E-YEN_idD-HQTPhwzIGQ429WEcbBPkSzy-yeRVCI4HgZgiuzwp00JKq6Ga8oPqHluJlOntbJ2D3fVjquIwZYt5mhrGATYhDSeP49EPoucjXG2-4nzMTZdv1ZSLuQw88ezuLLOjtPHuihx7M4iVv-yC-sb0NNb72WIR_tJipiNUoWvw/s320/CARRO.jpg


        Por exemplo: mulher nunca sabe qual o sinal que dá passagem, se o verde, o vermelho ou o amarelo. Ela para e anda por simples intuição: alguma coisa no seu íntimo lhe diz que se o carro da frente parou ela também deve parar. Só que a maioria das vezes ela para em cima do outro.

        A gente nunca sabe por que mulher põe o braço pra fora do carro: se para secar as unhas, bater a cinza do cigarro, mostrar as joias, dar adeusinho para alguma conhecida, virar à esquerda, virar à direita, seguir em frente ou parar. Em verdade, ela mesma também não sabe, e só se convence que estava com o braço pra fora porque as testemunhas do desastre lhe garantem isso, depois.

        Mulher tem espírito prático, isso tem. De fato, deve ser inútil esse negócio de usar freio, ela usa mesmo é o para-choque do carro da frente.

        Preste atenção, toda vez que o trânsito para mais de meia hora, não pode ser outra coisa: tem mulher colocando carro na garagem. E toda vez que há um desastre, tem mulher metida no meio – se ela não estava dirigindo, estava atravessando a rua.

        Grande parte dos acidentes de tráfego verificados com mulher são devidos à sua vaidade: ela pensa que espelhinho é pra se ajeitar toda vez que o vento desmancha os seus cabelos.

        A mulher não tem problema de estacionamento, porque nunca procura vaga para estacionar: ela mesma faz a sua vaguinha entre dois carros.

        Mas numa coisa a mulher leva vantagem sobre os homens, quando dirige: é incapaz de correr a mais de 120 – e por isso mesmo, quando o ponteiro chega a 110, ela não tira mais os olhos do velocímetro.

Leon Eliachar. O homem ao quadrado. São Paulo: Círculo do Livro. p. 131.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 222.

Entendendo o texto:

01 – Qual a principal crítica do autor em relação às mulheres motoristas?

      O autor critica a suposta falta de habilidade e atenção das mulheres ao volante, alegando que elas dirigem de forma displicente e imprevisível, causando acidentes e congestionamentos.

02 – Como o autor descreve o comportamento das mulheres no trânsito?

      O autor descreve o comportamento das mulheres no trânsito como confuso e ilógico, onde elas não seguem as regras de trânsito, param e andam sem motivo aparente e usam os sinais de forma inadequada.

03 – Qual a visão do autor sobre a relação das mulheres com os espelhos retrovisores?

      O autor alega que as mulheres usam os espelhos retrovisores apenas para se maquiar e ajeitar o cabelo, em vez de prestar atenção ao trânsito, o que contribui para acidentes.

04 – Como o autor descreve a habilidade das mulheres em estacionar?

      O autor descreve a habilidade das mulheres em estacionar de forma irônica, alegando que elas não procuram vagas, mas sim criam suas próprias vagas, causando congestionamentos.

05 – Qual a única vantagem que o autor concede às mulheres ao volante?

      O autor admite que as mulheres são incapazes de dirigir em alta velocidade, o que seria uma vantagem em termos de segurança, mas ainda assim, as crítica por ficarem obcecadas com o velocímetro.

06 – Qual o tom geral do texto e qual o seu objetivo?

      O tom geral do texto é irônico, sarcástico e machista. O objetivo do autor é satirizar e ridicularizar as mulheres motoristas, reforçando estereótipos negativos e preconceituosos.

07 – Quais os estereótipos de gênero presentes no texto e como eles são utilizados?

      O texto reforça estereótipos de gênero negativos, como a ideia de que mulheres são naturalmente desatentas, ilógicas e vaidosas, e que essas características as tornam motoristas ruins. Esses estereótipos são utilizados para criar humor e ridicularizar as mulheres, perpetuando preconceitos e discriminação.