quarta-feira, 8 de maio de 2024

CRÔNICA: PEDESTRES À VISTA! WALCYR CARRASCO - COM GABARITO

 Crônica: Pedestres à Vista!

                 Walcyr Carrasco

 Espero ao volante. O semáforo parece demorar horas.

Finalmente, vem o amarelo. Engato a primeira. Vira para verde. Boto o pé no acelerador. Nesse instante, uma senhora pula da calçada para a faixa, correndo com uma criança na mão. Breco ruidosamente. O carro de trás buzina, furioso. Ela corre para aproveitar o último instante antes de os veículos darem a largada. Mostro a luz verde. Olha-me como se eu fosse um alienígena. Pior ainda, um ser sem coração, incapaz de compreender sua pressa em atravessar aquela faixa.

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8K6LWuulVWD1bW7AkcrZCy_aAkBHpBZzXzIzA_U-wj1fEXouSzx_WULV8-sM7ZzfsB7qZSgCD3wXu_HCa3qAJpN4Xu1fPA4ShigXA9htd7C1rrMi7C_G2HdDVLcOqJ4-K1guKmckL-jtfrGJsrC60cIfvHtBHx8OdA22_K40TMt1CK2ZNq7cPYS2qMAk/s1600/FAROL.jpg

Compreendo, sim. É a mesma que eu tinha enquanto aguardava o semáforo. Dá vontade de sair do carro e armar um barraco. Não foi só a vida dela e a do filho que ela botou em risco. Como vou me sentir se atropelar alguém? Até poderia ser absolvido nos tribunais. Mas me sentiria péssimo pelo resto da vida. O novo Código de Trânsito tem ajudado a botar os motoristas na linha. E os pedestres?

Já se falou em multar quem anda a pé. Deve ser impraticável. O policial sairia correndo atrás da pessoa, pegaria o número do RG? No cruzamento de qualquer grande avenida, é uma loucura. Vendedores, pedintes, bichos da universidade, distribuidores de folhetos se atiram na frente dos carros com o semáforo fechado. Quando abre, saem em debandada, num salve-se-quem-puder. A polícia multa os carros. Nem liga para o. que vê. Durante muitos anos morei numa chácara próximo a São Paulo. Pegava a Raposo Tavares todas as noites. A maior preocupação que eu tinha era evitar as pessoas que atravessavam a estrada no escuro. Minha baixa velocidade funcionava como uma deixa. Sempre alguém corria na minha frente, cruzando para o outro lado. Dava um frio na barriga! Detalhe: isso acontecia nas áreas próximas a bairros onde existem passarelas. Sei muito bem que passarelas são desconfortáveis. Mas é melhor correr risco de vida?

Sair da garagem também não é fácil. Outro dia, estava dando ré. Um casal correu por trás do carro, como se não pudesse perder um único segundo. Brequei.

Botei a cabeça para fora, reclamei:         

— Ei, não viram que eu estava saindo?

O rapaz revidou de boca cheia:

— A rua é de todos!

Continuou vitorioso, como se tivesse conquistado um campeonato. Eu me pergunto: que pressa é essa? O que ganham com esse. mísero segundo? Dia desses eu estacionava na rua Pamplona. Subida. Tráfego intenso. No exato momento em que embiquei na vaga, um sujeito surgiu na traseira. Enfiei o pé no breque. O motor morreu. Um carro que descia quase levou minha dianteira. Xingaram minha mãe. O responsável nem notou o barulho.. Continuou adiante, feliz da vida. Muitas vezes, ao embicar numa garagem em calçadas movimentadas, vejo um batalhão se atirar no espaço mínimo entre o para-choque e a entrada. Um amigo me aconselhou:

-— Você é tonto. O negócio é acelerar, que eles saem correndo.

Sei que funciona. Também ando a pé. Já vi atirarem carros em cima dos pedestres. Mas que é isso, uma selva? O motorista sempre é visto como agressor. O pedestre, como vítima. No fundo, no fundinho, isso cheira à velha visão da luta de classes. O rico, que tem carro, é o malfeitor. O pobre pedestre, a vítima. Não é por possuir um automóvel que alguém deve ser encarado como um serial killer. Bem que está na hora de os pedestres darem a contrapartida, tornando a vida na cidade um pouco menos selvagem.

Entendendo o texto

01. Qual é a cena inicial descrita no texto?

a) Um semáforo ficando verde.

b) Uma senhora correndo com uma criança na mão.

c) Um carro buzina furiosamente.

d) Um motorista aguardando no volante.

   02. O que a senhora faz que causa a reação do motorista?

         a) Ela atravessa correndo a rua.

         b) Ela acelera quando o semáforo abre.

         c) Ela bloqueia a passagem do carro.

         d) Ela olha para o motorista como se ele fosse um alienígena.

   03. Como o motorista se sente ao ver a senhora correndo com a criança?

         a) Com raiva.

         b) Com compreensão.

         c) Com medo.

         d) Com impaciência.

  04. Qual é a preocupação do motorista ao dirigir próximo a grandes avenidas?

         a) A alta velocidade dos carros.

         b) A presença de vendedores e pedintes na rua.

         c) A necessidade de atravessar passarelas desconfortáveis.

         d) O risco de atropelar pedestres.

   05. Como o motorista descreve a reação das autoridades em relação aos pedestres no trânsito?

         a) Multam os pedestres imprudentes.

         b) Ignoram os problemas dos pedestres.

         c) Estão sempre presentes nas ruas.

         d) Ajudam os pedestres a atravessar.

  06. O que o motorista observa ao sair da garagem?

         a) Um carro em alta velocidade.

         b) Um casal correndo atrás do carro.

         c) Um pedestre distraído.

         d) Um semáforo fechado.

  07. Qual é a atitude do rapaz quando o motorista reclama da pressa dele?

         a) Ele se desculpa.

         b) Ele ri da situação.

         c) Ele responde de forma rude.

         d) Ele acelera ainda mais.

  08. O que o amigo aconselha o motorista a fazer ao sair da garagem?

         a) Acelerar para afastar os pedestres.

         b) Parar e aguardar pacientemente.

         c) Ignorar os pedestres.

         d) Usar buzina para afastar as pessoas.

  09. Qual é o sentimento do motorista em relação à situação descrita no texto?

         a) Indiferença.

        b) Raiva.

        c) Compreensão.

        d) Impaciência.

    10. Qual é a crítica principal do autor sobre o comportamento no trânsito?

         a) A falta de fiscalização sobre os pedestres.

         b) O desrespeito dos pedestres em relação aos motoristas.

         c) A falta de passarelas seguras para pedestres.

         d) A visão injusta da sociedade sobre motoristas e pedestres.

 

POEMA: MEU ANJO - ÁLVARES AZEVEDO - COM GABARITO

 Poema: Meu anjo

              Álvares Azevedo

 Meu anjo tem o encanto, a maravilha     

Da espontânea canção dos passarinhos;         

Tem os seios tão alvos, tão macios

Como o pelo sedoso dos arminhos.

 

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmcuL2u-fcxCVXJ7mY4ZR5szzmvKU4FXHyoUcsX_wLcO7FfhdHraAhYVWf7OdEGKJR5Bkhx9mBoxvm7MUHQgSPJRR_KKL-175pSaYUW8ZOzu3rjWmD1FqXHwmdfAxdX335ye4nNyupgFbl6-tOYIECdxxcBkkKWNYHCXculnKtRCwuKywTF0LJZEKf6rM/s1600/ANJO.jpg 

         

Triste de noite na janela a vejo

E de seus lábios o gemido escuto.          

É leve a criatura vaporosa     

Como a frouxa fumaça de um charuto.

 

Parece até que sobre a fronte angélica  

Um anjo lhe depôs coroa e nimbo...

Formosa a vejo assim entre meus sonhos

Mais bela no vapor do meu cachimbo

 

Como o vinho espanhol, um beijo dela

Entorna ao sangue a luz do paraíso.

Dá morte n’um desdém, n’um beijo vida,

E celestes desmaios num sorriso!

 

 Mas quis a minha sina que seu peito

 Não batesse por mim nem um minuto,

 E que ela fosse leviana e bela

 Como a leve fumaça de um charuto!

 (Alvares de Azevedo)

Texto e questões extraídas da obra: Cereja, William Roberto. Português contemporâneo: diálogo, reflexão e uso, vol. 2. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. (p. 51-52)

 

Entendendo o texto

01. O poema apresenta em sua composição vários elementos antitéticos. Observe o retrato da figura feminina apresentado na primeira estrofe do poema.

a.   Que elementos, nessa estrofe, sugerem a pureza e a inocência da mulher amada?  

         Os elementos que sugerem a pureza e a inocência da mulher amada na primeira estrofe são "encanto" e "maravilha", comparando-a à canção espontânea dos passarinhos e descrevendo seus seios como "alvos" e "macios", como o pelo sedoso dos arminhos.

      b. Que elementos são indicativos da corporeidade e da sensualidade da mulher amada?  

          Os elementos indicativos da corporeidade e da sensualidade da mulher amada na primeira estrofe são a descrição de seus seios como alvos e macios, sugerindo uma imagem física e sensual.

02. A partir da segunda estrofe, o eu lírico passa a associar a figura feminina a elementos mais prosaicos.

       a. Quais são esses elementos?  

           Os elementos mais prosaicos associados à figura feminina na segunda estrofe são a tristeza noturna, o gemido dos lábios dela que o eu lírico escuta, e a comparação da criatura com a frouxa fumaça de um charuto.

      b. O que esses elementos prosaicos têm em comum?  

          Esses elementos prosaicos têm em comum a natureza efêmera e leveza, como a fumaça de um charuto.

      c. Considerando as respostas dos itens anteriores, levante hipóteses:  O que essas associações feitas pelo eu lírico sugerem quanto à figura feminina?  

           As associações feitas pelo eu lírico sugerem que a figura feminina, apesar de sua aparente pureza e encanto na primeira estrofe, é vista como algo fugaz e insubstancial, como a fumaça do charuto, denotando uma visão mais terrena e menos idealizada.

03. A imagem da mulher se modifica conforme o eu lírico esteja situado no mundo dos sonhos ou no mundo da realidade. Em que consiste essa mudança? Justifique sua resposta com elementos do texto.

A mudança na imagem da mulher ocorre conforme o eu lírico oscila entre o mundo dos sonhos e da realidade. Nos sonhos, ele a vê formosa e bela entre seus sonhos, mais sublime e idealizada. Na realidade, percebe sua leveza e fugacidade, comparando-a à fumaça do charuto, o que sugere uma visão mais terrena e desiludida.

04. No poema:

a. A mulher amada retribui o amor do eu lírico? Justifique sua resposta com trechos do texto.

       Não, a mulher amada não parece retribuir o amor do eu lírico. O trecho "Mas quis a minha sina que seu peito / Não batesse por mim nem um minuto" indica que o eu lírico lamenta que o sentimento não seja recíproco.

b. Que sentimentos o eu lírico expressa diante da postura de sua amada?

     O eu lírico expressa sentimentos de tristeza e desilusão diante da postura da amada, lamentando a falta de reciprocidade e a superficialidade da relação, representada pela comparação dela com a leve fumaça de um charuto.

 

 

 

 

TEXTO: IPOJUCA, BERÇO DA NACIONALIDADE BRASILEIRA(fragmento) - COM GABARITO

 Texto: Ipojuca, berço da nacionalidade brasileira

 Ipojuca é uma das cidades mais antigas de Pernambuco. Diferente de muitas outras cidades, até a presente data não foi descoberto nenhum documento anterior a 1594 que discuta a sua criação, sendo, portanto, o documento: PRIMEIRA VISITAÇÃO DO SANTO OFÍCIO ÀS PARTES DO BRASIL, DENUNCIAÇÕES DE PERNAMBUCO do Inquisidor português Heitor Furtado de Mendonça que cita as freguesias existentes em Pernambuco onde é mencionada pela primeira vez em um documento oficial, a existência de uma localidade por nome de Pojuca (Ipojuca). 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiYY3hD3pQXV6RCJ8cE9PQQ7dv0fl65b1N1a4xf3T0qxGr6JkSFfALTOcW2nxETJmzI2OmQNreA2RC2IOxgfNrxfI4J6AA_NQCUxr7oPbC_vGGYxyIXffqJ3gN60aO7qtA11XWqVBWyoX0DkuCCj16CPGPM_TQg-NeguVEOY659mqoE1cyMwPwAsKcUvc/s320/ipojuca-pe.jpg


Neste documento são citadas as freguesias de: Santo Cosme e Damião de Igarassu, de São Lourenço, Cabo de Santo Agostinho, São Miguel da Pojuca com as capelas de Santa Luzia no engenho Tabatinga e de São Miguel na freguesia de Pojuca, entre outras freguesias existentes na época, para que seus habitantes fossem se confessar em Olinda, pois assim receberiam “trinta dias de graças”. [...]

Ipojuca sempre foi um dos polos da produção açucareira em Pernambuco. Em 1631, o holandês Adriaen Verdonck reuniu em uma frase o que presenciava e que continua a ser o mesmo até os nossos dias: (...) “muita gente rica, sendo um lugar muito agradável para morar-se.” [...] Atualmente, Ipojuca é conhecida no cenário nacional e internacional através do turismo por suas belas praias de águas cristalinas e pelo Polo Industrial e Portuário de Suape.

Venha nos conhecer e participar de nosso trabalho de resgate a nossa cultura popular!

 Disponível em: <http://ipojucahoje.xpg.uol.com.br/antiga.html>. Acesso em: 18 set. 2014. *Adaptado: Reforma Ortográfica. Fragmento. (P070030G5_SUP)

Entendendo o texto

01. O assunto desse texto é:

a) história da formação de Ipojuca.

b) as freguesias no entorno de Ipojuca.

c) o uso da confissão para se alcançar graças.

d) os produtores de açúcar de Pernambuco.

   02. Um trecho desse texto que apresenta uma opinião está em:

         a) “Ipojuca é uma das cidades mais antigas de Pernambuco.” (ℓ. 1)

        b) “Ipojuca sempre foi um dos polos da produção açucareira em Pernambuco.” (ℓ. 12)

         c) “... ‘muita gente rica, sendo um lugar muito agradável para morar-se.’” (ℓ. 14-15)

         d) “Atualmente, Ipojuca é conhecida no cenário nacional e internacional através do turismo...” (ℓ. 15-16)

      03. De acordo com esse texto, Ipojuca é conhecida no cenário nacional e internacional por causa:

         a) da produção açucareira.

         b) da quantidade de freguesias existentes.

         c) de representar uma cidade muito antiga.

         d) de suas belas praias.

 

REPORTAGEM: ESTIMULANTES, O ALÍVIO IMEDIATO - REVISTA VIVA SAÚDE - COM GABARITO

 Reportagem: Estimulantes, o alívio imediato

       Às vezes, o cansaço é tão grande que a vontade que dá é a de tirar um cochilo ali mesmo: na mesa do escritório, bem na frente do computador. Se os alimentos energéticos reduzem o cansaço físico, os estimulantes combatem a fadiga mental. Os principais representantes do gênero são o chá e o café. “Uma xícara de chá ou de café logo após a refeição não só melhora a digestão, como também proporciona um pique extra para enfrentar o período da tarde”, garante Tamara Mazaracki. 

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUUwfdsr-97mFOmEVq7_1t1GE-KNWqQd7FhV-xdz8NjqV7CKTU5qM1IRkEUV3WGDkG4YM1nz1O5m5zTAeCOKD3hHzwkTNP3Ce1FBBjbXnqdW4eDvOWOb1h2-wH5fR4kA8cyMBY0aXHOLkfW6bPzUPo4d692BT5-_Z_fTGfKZPo4I9_10MlG7H5MpC36d8/s320/caf%C3%A9.jpg


Tanto o chá como o café são ricos em cafeína, um estimulante que reduz a fadiga e melhora a concentração. Mas, para algumas pessoas, três ou quatro xícaras de café por dia já são suficientes para causar efeitos prejudiciais ao organismo, como ansiedade e irritação. Na dúvida, vale a pena conferir: uma xícara de chá contém de 50 a 80 mg de cafeína, enquanto uma lata de refrigerante, de 40 a 75 mg. Uma xícara de café forte pode chegar a 200 mg da substância.

Ao chá e café, a nutricionista Gisele Lemos acrescentaria o bom e velho chocolate. “Os alimentos estimulantes são considerados infalíveis porque proporcionam um revigoramento mental, quase instantâneo”, justifica. Já a nutricionista Letícia Pacheco recomenda o ainda pouco conhecido suco de clorofila. Vale lembrar que qualquer vegetal verde tem clorofila em sua composição. Por isso mesmo, a lista de opções é grande e inclui folhas de couve, talos de brócolis e hortelã. Você pode misturá-las com frutas, como limão, abacaxi ou laranja.

 Revista Viva Saúde, número 76. Escala. p. 17.

 Entendendo o texto

01. No trecho “Você pode misturá-las com frutas...”, o pronome em destaque refere-se a:

      a. xícaras de café.

      b. xícaras de chá.

      c. folhas verdes.

     d. frutas.

02. Qual é o principal efeito dos estimulantes mencionados na reportagem?

     a. Redução da fome.

     b. Aumento da fadiga física.

     c. Combate à fadiga mental.

     d. Promoção do sono profundo.

    03. Qual é o componente comum presente tanto no chá quanto no café que proporciona o efeito estimulante?

      a. Vitamina C.

      b. Cafeína.

      c. Ferro.

      d. Antioxidantes.

   04. Qual é o limite diário recomendado de consumo de café para evitar efeitos prejudiciais à saúde?

      a. Uma xícara por dia.

      b. Duas xícaras por dia.

      c. Três ou quatro xícaras por dia.

      d. Cinco ou mais xícaras por dia.

  05. Além do chá e do café, que outro alimento é mencionado como estimulante na reportagem?

      a. Chocolate.

      b. Cenoura.

      c. Arroz.

      d. Batata.

  06. Qual é a recomendação da nutricionista Letícia Pacheco como alternativa estimulante pouco conhecida?

      a. Consumir suco de frutas cítricas.

      b. Consumir suco de clorofila.

      c. Consumir suco de beterraba.

      d. Consumir suco de maçã.

CRÔNICA: O SILÊNCIO DO ROUXINOL(FRAGMENTO) - JEAN-CLAUDE CARRIÉRE - COM GABARITO

 Crônica: O silêncio do rouxinol (Fragmento)

                Jean-Claude Carriére

                   [...]

 Na época de Salomão, o melhor dos reis, um homem comprou um rouxinol que possuía uma voz excepcional. Colocou-o numa gaiola em que nada faltava ao pássaro e na qual ele cantava, horas a fio, para encanto da vizinhança.

 

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcFG8ftLzpQZv30CA8RaCTzTf2tD7grlqb5Gh2rBH10o0xsKvIstelkx_V16qt-ZiRJJWneWI62a3mg6fU8YnmHel7tXBxsWMDYf27K73KOjMPEFxC0a6gWUCNFbbokwLw8QfuNIzyf_XcERYEpWMjH1_wJZ7ywm3FZ3rhli9EMxoVy5zg8V7QfsaS2tQ/s320/ROUXINOL.jpg 

 Certo dia, em que a gaiola havia sido transportada para uma varanda, outro pássaro se aproximou, disse qualquer coisa ao rouxinol e voou. A partir desse momento, o incomparável rouxinol emudeceu.

 Desesperado, o homem levou seu pássaro à presença do profeta Salomão, que conhecia a linguagem dos animais, e lhe pediu que perguntasse ao pássaro o motivo de seu silêncio.

                   O rouxinol disse a Salomão:

  – Antigamente eu não conhecia nem caçador, nem gaiola. Depois me apresentaram a uma armadilha, com uma isca bem apetitosa, e caí nela, levado pelo meu desejo. O caçador de pássaros levou-me, vendeu-me no mercado, longe da minha família, e fui parar na gaiola deste homem que aí está. Comecei a me lamentar noite e dia, lamentos que este homem tomava por cantos de gratidão e alegria. Até o dia em que outro pássaro veio me dizer: ―Pare de chorar, porque é por causa dos seus gemidos que eles o mantêm nessa gaiola‖. Então, decidi me calar.

  Salomão traduziu essas poucas frases para o proprietário do pássaro. O homem se perguntou: ―De que adianta manter preso um rouxinol, se ele não canta?‖. E lhe devolveu a liberdade.

 CARRIÈRE. Jean-Claude. O círculo dos mentirosos: contos filosóficos do mundo inteiro. São Paulo: Códex, 2004.

 

Entendendo o texto

01. Qual é o motivo pelo qual o rouxinol parou de cantar na história?

a) Ele ficou doente.

b) Ele foi ameaçado por outro pássaro.

c) Ele foi vendido em um mercado.

d) Ele foi capturado por um caçador.

02. Quem foi o personagem que conhecia a linguagem dos animais e ajudou a entender o motivo do silêncio do rouxinol?

      a) O rei Salomão.

b) O profeta Elias.

c) O caçador.

d) O vendedor do mercado.

03. Por que o rouxinol decidiu parar de cantar na gaiola?

a) Ele estava doente e não conseguia mais cantar.

b) Ele descobriu que seus gemidos eram interpretados como cantos de gratidão.

c) Ele estava assustado com os outros pássaros na gaiola.

d) Ele não gostava do ambiente da gaiola.

04. Qual foi a reação do proprietário do rouxinol ao descobrir que o pássaro não cantava na gaiola?

a) Ele decidiu mantê-lo preso para sempre.

b) Ele devolveu a liberdade ao rouxinol.

c) Ele tentou ensinar o rouxinol a cantar novamente.

d) Ele levou o rouxinol de volta ao mercado.

05. O que o rouxinol aprendeu após ser informado por outro pássaro?

a) A arte de cantar melodias novas.

b) Que sua liberdade era mais importante do que seu canto. c) Como construir uma nova gaiola.

d) A dançar com outros pássaros.

   06.  Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa.

          No texto, o que gera o conflito da narrativa é o fato de o rouxinol    

          a. calar-se após receber a visita de outro pássaro.

          b. possuir uma voz excepcional.

          c. encantar a vizinhança com sua música.

         d. ser transportado para uma varanda.

 

 

ARTIGO DE OPINIÃO: RESGATAR O RESPEITO AOS MAIS VELHOS (FRAG)- FLÁVIO GIKOVATE - COM GABARITO

 Artigo de Opinião: Resgatar o respeito aos mais velhos

 

[...] Nos últimos 50 anos temos vivido uma fase de rápidas e importantes transformações na nossa vida prática graças aos significativos avanços da ciência e da tecnologia. Ao menos em seus aspectos externos, o mundo está muito diferente do que era até o início deste século. Esses progressos práticos trouxeram vários problemas para as pessoas mais velhas. O primeiro é o surgimento mais claro de uma tendência conservadora que todos temos. Pessoas de mais idade não veem com bons olhos as novidades: ou não se adaptam a elas, ou o fazem muito lentamente. Afinal de contas, viveram tantas décadas sem um dado equipamento que não o acham tão necessário. Eu mesmo, que ainda não estou tão velho, tenho grande resistência aos novos equipamentos eletrônicos.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7GQ8IT7CB8qpfQOnafhJrLP0AFGLW3cpUygZuI8jO421r8iQ8n3mrz9BRd09PGJ6y0LrebRSgf_BsV1umW6Kz19uSu4O3U5Wr1G_FqvhvzA2-yY-UA3ZjkDGmx223PZutJBPSQBeDvX4ic7rzf37-7EU9Yq1puMIVfJs4d1F138RF5F2lm4ajl_nmTzA/s320/IDOSO.jpg


Mas, a consequência mais grave desse avanço rápido foi a ideia de que as pessoas mais velhas não podem acompanhá-lo, nem mesmo do ponto de vista intelectual. Há uns vinte anos atendi uma senhora de idade. Ela me olhou e disse: “Que bom que o senhor é jovem. Não gosto de médicos mais velhos porque estão desatualizados”. Ou seja, os próprios idosos passaram a achar que toda a luz e sabedoria estavam com os jovens. Isso trouxe vários desdobramentos, todos eles negativos, do meu ponto de vista. Os jovens passaram a se achar muito sábios. Perderam a capacidade de serem “discípulos” porque não tinham mais condições de ver os mais velhos como “mestres”. Não estavam — e não estão — preparados para isso nem intelectualmente, nem emocionalmente. Um jovem deveria ter alguém mais velho com quem se aconselhar, até para aliviar o peso da responsabilidade que recai sobre suas costas.

O subproduto mais grave disso foi a tendência de relegarmos às pessoas mais idosas um papel menor, desprezível mesmo. Nossos velhos passaram a ser vistos como um fardo a ser carregado, como pessoas inúteis e chatas. Afinal de contas, não sabem nem mesmo como é bom navegar na internet! Estão fora da realidade. Não têm nada a nos ensinar. Assim, perderam o direito de serem tratados com o respeito e a reverência que eram dedicados aos idosos em outros tempos.

[...] Eram respeitados, tratados por senhor e senhora; os filhos e netos lhes beijavam a mão e pediam a bênção. Esse tratamento diferenciado e reverente dava sentido e importância para este período dificílimo da vida. O velho [...] tem que assistir à própria decadência física e, às vezes, intelectual. O respeito e a admiração dos mais novos eram um pequeno alimento para a vaidade das pessoas nessa fase — vaidade abalada por todos esses fatores inerentes à idade. A verdade é que a velhice sem essas pequenas honrarias se torna [...] triste e dolorosa.

Acho que hoje já podemos fazer uma avaliação crítica dos tempos modernos. Já podemos dar o devido peso ao progresso técnico e às vantagens que ele nos trouxe. Já sabemos que as belas máquinas não resolvem nossas questões íntimas mais importantes. Já sabemos que as vivências e as experiências acumuladas ao longo das décadas valem mais do que elas. Já podemos, pois, voltar a olhar para as pessoas mais velhas não como um estorvo e sim como criaturas com quem podemos aprender muitas coisas. Se isso acontecer, penso que os idosos também tenderão a voltar a valorizar sua condição e sua experiência. Sim, porque, hoje, muitos velhos só pensam em como conseguir manter a aparência típica da mocidade. Vão atrás de cirurgias plásticas [...] e outros recursos tecnológicos para adiar o máximo possível a chegada dessa fase da vida, que deveria ser rica em reflexões e filosofia e livre de disputas e competições.

Disponível em: http://flaviogikovate.com.br/resgatar-o-respeito-aos-mais-velhos/

 Entendendo o texto

 01. Qual é a tese do texto? Justifique sua resposta.

A tese do texto é que a sociedade moderna tende a menosprezar e desvalorizar os idosos, especialmente devido ao rápido avanço da tecnologia e à ideia equivocada de que os mais velhos são incapazes de acompanhar o progresso. O autor defende a importância de resgatar o respeito e a reverência pelos mais velhos, valorizando suas experiências e sabedoria acumulada ao longo da vida.

02. O autor fala das mudanças ocorridas nos últimos 50 anos e como as mesmas não parecem acessíveis às pessoas mais velhas. Quais são as limitações que os idosos enfrentam em relação à tecnologia?

Os idosos enfrentam dificuldades em se adaptar à rápida evolução tecnológica devido a uma combinação de fatores como falta de familiaridade com novos equipamentos, menor flexibilidade mental para aprender novos sistemas e interfaces, e possíveis barreiras físicas (como visão e destreza). Além disso, muitos não veem a necessidade imediata de adotar essas tecnologias por terem vivido a maior parte de suas vidas sem elas.

03. Você concorda com a posição do autor? Refletindo sobre a atualidade e a rotina, você acredita que é possível viver sem nenhum objeto ou serviço resultante da tecnologia?

Embora seja possível viver sem certos objetos ou serviços tecnológicos, a integração da tecnologia em nossas vidas modernas é inevitável e traz muitos benefícios. No entanto, é essencial considerar como introduzir essas mudanças de forma inclusiva, respeitando as diferentes experiências e ritmos de aprendizado das pessoas mais velhas.

04. O trecho "[...] Um jovem deveria ter alguém mais velho com quem se aconselhar, até para aliviar o peso da responsabilidade [...]" é um dos argumentos utilizados pelo autor para sustentar sua tese. Qual(is) outro(s) argumento(s) ele usa?

Outro argumento utilizado pelo autor é o impacto negativo que a desvalorização dos mais velhos causa tanto nos mais jovens, privando-os da oportunidade de aprender com a sabedoria acumulada, quanto nos próprios idosos, que perdem sua dignidade e importância na sociedade.

05. "O autor traz a polêmica entre a valorização da experiência dos mais velhos e o olhar para os idosos como estorvo". Copie do texto um trecho que confirme esta afirmação.

"Nossos velhos passaram a ser vistos como um fardo a ser carregado, como pessoas inúteis e chatas."

06. Releia o 4º parágrafo. Nele autor retrata um comportamento dos jovens em relação aos idosos, que já foi usual e hoje parece obsoleto. De acordo com suas vivências e conhecimento prévio, levante hipóteses que expliquem como a tecnologia pode ter influenciado essa mudança.

A influência da tecnologia pode ter levado os jovens a confiar mais em fontes de informação instantâneas e contemporâneas, desvalorizando as experiências acumuladas ao longo do tempo. Além disso, a predominância das redes sociais e das interações online pode ter diminuído a valorização das relações interpessoais face a face, incluindo aquelas com os mais velhos.

07. Quais tecnologias da informação você acredita que são mais complicadas para as pessoas da 3ª idade? Na sua opinião, como é ser um idoso em 2017?

As tecnologias da informação que envolvem interfaces complexas, como smartphones e computadores, podem ser mais desafiadoras para os idosos devido à necessidade de habilidades técnicas e visuais específicas.

08. Ser um idoso em 2017 provavelmente envolve lidar com uma rápida mudança na sociedade, especialmente em termos de comunicação e acesso à informação, o que pode ser tanto estimulante quanto desafiador.

          Você concorda com o autor em relação a que? Justifique.

          Concordo com o autor em relação à importância de valorizar e respeitar os idosos como detentores de sabedoria e experiência valiosas. É essencial reconhecer que o progresso tecnológico não deve descartar ou marginalizar as contribuições e a dignidade das pessoas mais velhas.

09. Após a leitura do texto e levantamento de hipóteses em relação ao tema, escreva um parágrafo expondo sua opinião sobre a importância da relação entre jovens e idosos.

A relação entre jovens e idosos é crucial para uma sociedade saudável e equilibrada. Os mais velhos têm o potencial de transmitir conhecimentos valiosos e perspectivas únicas, enquanto os mais jovens podem oferecer energia e novas ideias. É importante cultivar um ambiente em que ambos os grupos se respeitem mutuamente, compartilhando experiências e aprendendo uns com os outros. Esta troca intergeracional não apenas enriquece a vida individual, mas também fortalece o tecido social, promovendo uma comunidade mais inclusiva e solidária.

 

POEMA: RECEITA DE ESPANTAR A TRISTEZA - ROSEANA MURRAY - COM GABARITO

  Poema: Receita de espantar a tristeza

                Roseana Murray

Faça uma careta

E mande a tristeza

Para longe, pro outro lado

Do mar ou da lua.

 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgg9qYyjrJM06GwZEJo-ChcRCpOK0YvNV5h6b5zauaIT3fQDw7g2HgidJrj6RE0NEQcL_y7Z_Qfxu2_UtOOmSCeAYxT-xoBQSy5gq0Wu6dykDGbnb6-WI5SMp3jLR9Qx6PKIGISQ5Al17W7VcNmMMYiYC6i7wqI67byE0aEz-ET2y-qt1sPsrxxocMnLjU/s320/careta.png

Vá para o meio da rua

E plante bananeira

Faça alguma besteira.

 

Depois estique os braços

Apanhe a primeira estrela

E procure o melhor amigo

Para um longo e apertado abraço.


           
Roseana Murray. Receitas de olhar. São Paulo: FTD, 1997.

Entendendo o texto
 01. Os versos do poema que expressam o significado da expressão “espantar a tristeza”, presente no título do texto, é:

        a - ”Vá para o meio da rua

             E plante bananeira”.

        b - “Depois estique os braços

             Apanhe a primeira estrela”.

        c - “E mande a tristeza

            Pra longe, pro outro lado”.

        d - ”E procure o melhor amigo

            Para um longo e apertado abraço”.

  02. O que o poema sugere que você faça para espantar a tristeza?

       a) Ficar sozinho em casa.

       b) Fazer uma careta e mandar a tristeza para longe.

       c) Ir para a cama e dormir.

       d) Ficar quieto e esperar a tristeza passar.

   03. Onde o poema sugere que a tristeza seja mandada?

        a) Para o mar ou para a lua.

        b) Para o jardim.

        c) Para a cidade.

        d) Para o coração.

      04. O que você deve fazer após mandar a tristeza embora?  

        a) Chorar ainda mais.

        b) Ficar quieto e esperar.

        c) Ir para a rua e plantar bananeira.

        d) Ir para a cama e dormir.

    05. Que ação é sugerida após plantar bananeira?

          a) Ficar parado.

          b) Fazer alguma besteira.

          c) Telefonar para um amigo.

          d) Ler um livro.

   06. Qual é o último passo da "receita" para espantar a tristeza?

         a) Procurar um desconhecido.

         b) Pegar uma estrela e abraçá-la.

         c) Ficar em casa sozinho.

         d) Procurar o melhor amigo para um abraço.