sábado, 21 de outubro de 2023

CRÔNICA: ÉPICO - LUIZ FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

 Crônica: Épico

              Luís  Fernando Veríssimo

        O futebol de calçada era com narração, e o próprio jogador fornecia a narração. Jogava e descrevia sua jogada ao mesmo tempo, e nunca deixava de se auto entusiasmar. “Sensacional, senhores ouvintes!” (Naquele tempo os locutores tratavam o público de “senhores ouvintes”.)

        “Sensacional! Mata no peito, põe no chão, faz que vai mas não vai, passa por um, por dois… Fau! Foi fau do beque! O juiz não deu! O juiz está comprado, senhores ouvintes!”

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVa4fDn4te90gxYHewP_1k3YLRZQTbNt6gsPZfi6xJA0rJADpJF4fFiZAahUoQfMBuwxt4eO4RrBrxuwh1rj3rkU8mIkBsbuICTru3M0HAjFMhhyphenhyphenBGSS0wVdjIdg1gDjolonYqOmd9Oba8b4FKX7ypYjnh4mh4albba1o0D3xdYe7VnLFvJaWQg2hu5VM/s320/futebol.jpg


        Fau era “foul” e beque era “back”, na língua daquela terra estranha, o passado. E o juiz, claro, era imaginário. Tudo era imaginário no futebol de calçada, a começar pela nossa genialidade. A bola era de borracha, quando não era qualquer coisa remotamente redonda. A bola número cinco oficial de couro ganha no Natal não aparecia na calçada, tá doido? Estragar uma bola de futebol novinha jogando futebol?

        Mas éramos gênios na nossa própria narração.

        “Lá vai ele de novo. Cabeça erguida! Passa a bola e corre para receber de volta… Que lance! O passe não vem! Não lhe devolvem a bola! Assim não dá, senhores ouvintes… Só ele joga nesse time!”

        A narração dava um toque épico ao futebol. Lembro que na primeira vez em que fui a um campo, acostumado a só ouvir futebol pelo rádio, senti falta de alguma coisa que não sabia o que era. Tudo era maravilhoso, o público, o cheiro de grama, os ídolos que eu conhecia de fotografias desbotadas no jornal ali, em cores vivas… Mas faltava alguma coisa. Faltava uma voz me dizendo que o que eu estava vendo era mais do que estava vendo. Faltava a narrativa heroica. Faltava o Homero.

        Na calçada éramos os nossos próprios heróis e os nossos próprios Homeros.

        “Atenção. Ele olha para o gol. Vai chutar. Lá vai a bomba. O goleiro treme. Ele chuta! A bola toma efeito. Entra pela janela. E lá vem a mãe, senhores ouvintes! A mãe invade o campo. Ele tenta se esquivar. Dá um drible espetacular na mãe. Dois. A mãe pega ele pela orelha. Pela orelha! E o juiz não vê isso!”

        Mesmo se nem tudo merecesse o toque épico.

Luiz Fernando Veríssimo.

Entendendo a crônica:

01 – Qual é o tema central da crônica "Épico" de Luiz Fernando Veríssimo?

      O tema central da crônica é a nostalgia e a imaginação associadas ao futebol de rua, com ênfase na narração épica que os jogadores faziam de suas próprias jogadas.

02 – Qual é o estilo de narração usado pelos jogadores de futebol de calçada mencionado na crônica?

      Os jogadores de futebol de calçada usavam um estilo de narração épico, descrevendo suas jogadas com entusiasmo, mesmo que fossem imaginárias.

03 – O que significam as palavras "fau" e "beque" no contexto da crônica?

      "Fau" é uma versão abreviada de "foul", que significa falta no futebol. "Beque" é uma abreviação de "back", referindo-se a um jogador de defesa.

04 – Por que o autor menciona que o juiz no futebol de calçada era imaginário?

      O autor menciona que o juiz era imaginário porque o futebol de calçada era informal e não tinha árbitros reais. As decisões eram baseadas na imaginação e na narração dos jogadores.

05 – Como a narração contribui para tornar o futebol de calçada mais emocionante?

      A narração contribui para tornar o futebol de calçada mais emocionante, dando um toque épico às jogadas e criando uma sensação de heroísmo, mesmo em situações simples.

06 – O que o autor sentiu falta quando foi a um campo de futebol pela primeira vez?

      O autor sentiu falta da narração épica que estava acostumado a ouvir no futebol de calçada quando foi a um campo de futebol pela primeira vez. Ele sentiu que faltava algo que tornasse a experiência mais emocionante.

07 – Qual é o papel da narração na experiência do futebol de calçada, de acordo com a crônica?

      A narração desempenha um papel importante na experiência do futebol de calçada, pois torna as jogadas mais emocionantes, cria uma sensação de heroísmo e eleva a experiência esportiva dos jogadores, tornando-os seus próprios heróis e Homeros.

 

CRÔNICA: DONA FILÓSOFA E A VASSOURA DE PIAÇAVA - EMÍLIA MARIA M. DE MORAIS - COM GABARITO

 Crônica: Dona Filósofa e a vassoura de piaçava

              Emília Maria M. de Morais

Uma fábula de Carnaval

        Manhã de um sábado de carnaval, num sobrado antigo, não muito longe da Igreja do Monte, em Olinda.

        Um passante esfarrapado anuncia no meio da rua:

        -- Quem quer comprar vassoura de piaçava para deixar a casa bem limpinha depois da folia?

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNSAdgZq68JYvHe4PCCzrykvoFSC9I941KY9uzksLqJa-iR9wzpRfVCaFx4CTYNk6u5r3ZhHCDJpU2b8fyFB78-2DWt5D22cTicmuiFE7g1OTID5GUKPv8l5PRQC12UDSUbJv6vKJwqeLBBb8X_1Garc08Sp63DPtHq_5hYX1ACU600HtxnuKTkuqlTEg/s1600/PIA%C3%87AVA.jpg


        Dona Filósofa vai até a janela do sobrado:

        -- O Sr. não teria, por acaso, uma vassoura voadora? Preciso de uma para completar a minha fantasia de Platônica Perplexa!

        -- Quer dizer que a senhora quer alçar voo até as transcendências? Mas em que plano pretende chegar – ao das entidades matemáticas, ao das Formas ideais, ou pretende mesmo contemplar o Bem em si?

        -- E o Sr. poderia me arranjar uma vassoura para voos tão elevados?

        -- Só depende de suas reservas de pão espiritual e do vinho da alma.

        -- Ah, meu Sr., lamento muito, mas o meu forno e a minha adega estão quase vazios...

        -- Antes estivessem, minha cara Dona Filósofa; de fato, eles estão repletos, plenos de seus apetites e de sua preguiça.

        -- Ora bolas, mas o que posso fazer contra a minha fome e o meu cansaço?

        -- Nada, minha senhora, nada. A questão é essa: aprender a querer e a fazer como se fosse nada, simplesmente nada!

        -- E o que responder a meus desejos?

        -- Ora bolas, agora digo eu, minha cara, a senhora é surda? Nada, nada mesmo, e sobretudo não ousar sequer tentar escapar do estado de desejar! Seus estudos não lhe ensinaram que esse é o estigma da condição humana? Porventura, não aprendeu, depois de tantos anos, uma lição tão elementar?

        -- Como é possível, então, desejar sem preencher de objetos meus desejos?

        -- Com mais coragem e humildade a senhora aprenderia. Compreenderia que não está a seu alcance saber de que vinho e de que pão deve se alimentar! E, nesse caso, só lhe restaria desejar, desejar à toa, em vão... Desejar com intensidade, pensar com atenção, operar com diligência, mas sem se deixar enredar por quaisquer objetos ou objetivos. Lembre-se das palavras do Pater: Seja feita a Vossa vontade... Por acaso, a senhora pretende saber qual é a vontade que vem das transcendências? Já não viveu tantas vezes a experiência do desencanto, até quando julgava saber o melhor para si? Não tente pois, minha senhora, preencher a sua fome com toda a pretensão de sua imaginação. Limite-se a reconhecê-la e, creia-me, isto não seria pouco, seria o limiar da plenitude possível...

        -- O Sr. sabe se existe algum Fundo de Reservas Espirituais (uma espécie de avesso do FMI) que permitisse acesso a algum crédito sobrenatural, algum empréstimo dessa sabedoria, sem juros existenciais ou outros encargos?

        -- A senhora quer crédito maior do que a Vida mesma – a chance de, a cada dia, poder contemplar o Sol e recomeçar?

        Antes de tudo, é preciso aprender que as melhores vassouras não servem para juntar ou acumular; servem para limpar e esvaziar. Por enquanto, Dona Filósofa, o melhor mesmo é a senhora começar aprendendo a lição mais simples e eficaz desta colorida vassoura de piaçava. Ela servirá também para complementar o faz de conta da sua fantasia. Contente-se com isso; cuide-se bem e brinque um alegre carnaval; não menospreze, sem conhecimento de causa e sem a devida iniciação, as cores e as luzes deste mundo a seu alcance. No próximo ano, quem sabe... Estou sempre passando pelas ruas como os melhores e mais antigos blocos de folia...

Emília Maria M. de Morais.

Entendendo a crônica:

01 – Onde se passa a crônica "Dona Filósofa e a vassoura de piaçava"?

      A crônica se passa em um sobrado antigo não muito longe da Igreja do Monte, em Olinda, durante uma manhã de Carnaval.

02 – Quem é Dona Filósofa e o que ela deseja na crônica?

      Dona Filósofa é uma personagem que deseja uma "vassoura voadora" para completar sua fantasia de "Platônica Perplexa."

03 – Como o passante responde ao desejo de Dona Filósofa?

      O passante faz perguntas filosóficas e espirituais, questionando Dona Filósofa sobre seus desejos e suas necessidades espirituais.

04 – Qual é a mensagem que o passante tenta transmitir a Dona Filósofa na crônica?

      O passante tenta transmitir a ideia de que a satisfação dos desejos humanos está ligada à humildade e à renúncia, sugerindo que a busca constante por objetos e objetivos pode levar ao desencanto.

05 – Por que o passante compara os desejos de Dona Filósofa a um "estigma da condição humana"?

      O passante acredita que o desejo constante é uma característica intrínseca da natureza humana e que a busca por preencher todos os desejos pode ser fútil e desencantadora.

06 – O que Dona Filósofa pergunta sobre um possível "Fundo de Reservas Espirituais"?

      Dona Filósofa pergunta se existe alguma fonte de sabedoria ou conhecimento espiritual que possa ser acessada sem encargos, como um "Fundo de Reservas Espirituais."

07 – Como o passante encerra a conversa com Dona Filósofa na crônica?

      O passante encerra a conversa sugerindo que Dona Filósofa se contente com a simplicidade da vassoura de piaçava, cuja função é limpar e esvaziar, e que aproveite o carnaval antes de pensar em questões mais profundas. Ele também deixa a possibilidade de se encontrarem novamente no próximo ano.

CRÔNICA: REGRA PARA USO DOS BONDES - MACHADO DE ASSIS - COM GABARITO

 Crônica: REGRA PARA USO DOS BONDES

               MACHADO DE ASSIS

        A partir do fim da década de 1860 os bondes, ainda movidos por tração animal, começaram a se multiplicar no Rio de Janeiro. Desde então, muitas empresas se constituíram para explorar o negócio. Em crônica publicada em 1883, Machado de Assis atesta o sucesso desse meio de transporte coletivo “essencialmente democrático”. Com sua inconfundível ironia, o cronista Machado divulga dez de setenta artigos que regulamentariam o convívio entre os passageiros dos bondes. Por trás do efeito cômico que os artigos da crônica produzem lê-se o olhar agudo do grande escritor sobre a sociabilidade brasileira. O que faz rir nesses artigos, dos leitores contemporâneos de Machado aos de hoje, é a familiaridade com esses pequenos absurdos cotidianos. Feitos pequenos ajustes, o “puro capricho dos passageiros”, ou, em outras palavras, o desrespeito a acordos mínimos de convivência com o outro ainda prospera em nosso convívio social. Os comportamentos sociais que as regras indicam seriam óbvios demais para virarem normas e ao mesmo tempo parece ser regra vê-los desrespeitados cotidianamente. 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMSpQ7sWByfZYea4A8hwe78M5NhYCkFGTntsazlqCc11c9QqiaC6JJao14r1dB0h43_gqB5QDwGeLTRXC-iiWtvzqxF5CCGkZ5mIVUnTZEyx75ciHTltF1XCxmW7NYNR-N9P1LAkYcB-04frzA-GiWwL_qTh5GNh9MJ_XICFZEZUqfgFopSa96hRcwk-0/s1600/BONDE.jpg

        Ocorreu-me compor umas certas regras para uso dos que frequentam bondes. O desenvolvimento que tem tido entre nós esse meio de locomoção, essencialmente democrático, exige que ele não seja deixado ao puro capricho dos passageiros. Não posso dar aqui mais do que alguns extratos do meu trabalho; basta saber que tem nada menos de setenta artigos. Vão apenas dez.

ART. I – Dos encatarroados

        Os encatarroados podem entrar nos bondes com a condição de não tossirem mais de três vezes dentro de uma hora, e no caso de pigarro, quatro. Quando a tosse for tão teimosa, que não permita esta limitação, os encatarroados têm dois alvitres: — ou irem a pé, que é bom exercício, ou meterem-se na cama. Também podem ir tossir para o diabo que os carregue. Os encatarroados que estiverem nas extremidades dos bancos, devem escarrar para o lado da rua, em vez de o fazerem no próprio bonde, salvo caso de aposta, preceito religioso ou maçônico, vocação, etc., etc.

ART. II – Da posição das pernas

        As pernas devem trazer-se de modo que não constranjam os passageiros do mesmo banco. Não se proíbem formalmente as pernas abertas, mas com a condição de pagar os outros lugares, e fazê-los ocupar por meninas pobres ou viúvas desvalidas, mediante uma pequena gratificação.

ART. III – Da leitura dos jornais

        Cada vez que um passageiro abrir a folha que estiver lendo, terá o cuidado de não roçar as ventas dos vizinhos, nem levar-lhes os chapéus. Também não é bonito encostá-los no passageiro da frente.

ART. IV – Dos quebra-queixos

        É permitido o uso dos quebra-queixos em duas circunstâncias: — a primeira quando não for ninguém no bonde, e a segunda ao descer.

ART. V – Dos amoladores

        Toda a pessoa que sentir necessidade de contar os seus negócios íntimos, sem interesse para ninguém, deve primeiro indagar do passageiro escolhido para uma tal confidência, se ele é assaz cristão e resignado. No caso afirmativo, perguntar-lhe-á se prefere a narração ou uma descarga de pontapés. Sendo provável que ele prefira os pontapés, a pessoa deve imediatamente pespegá-los. No caso, aliás extraordinário e quase absurdo, de que o passageiro prefira a narração, o proponente deve fazê-lo minuciosamente, carregando muito nas circunstâncias mais triviais, repetindo os ditos, pisando e repisando as coisas, de modo que o paciente jure aos seus deuses não cair em outra.

ART. VI – Dos perdigotos

        Reserva-se o banco da frente para a emissão dos perdigotos, salvo nas ocasiões em que a chuva obriga a mudar a posição do banco. Também podem emitir-se na plataforma de trás, indo o passageiro ao pé do condutor, e a cara para a rua.

ART. VII – Das conversas

        Quando duas pessoas, sentadas a distância, quiserem dizer alguma coisa em voz alta, terão cuidado de não gastar mais de quinze ou vinte palavras, e, em todo caso, sem alusões maliciosas, principalmente se houver senhoras.

ART. VIII – Das pessoas com morrinha

        As pessoas que tiverem morrinhas, podem participar dos bondes indiretamente: ficando na calçada, e vendo-os passar de um lado para outro. Será melhor que morem em rua por onde eles passem, porque então podem vê-los mesmo da janela.

ART. IX – Da passagem às senhoras

        Quando alguma senhora entrar, o passageiro da ponta deve levantar-se e dar passagem, não só porque é incômodo para ele ficar sentado, apertando as pernas, como porque é uma grande má-criação.

ART. X – Do pagamento

        Quando o passageiro estiver ao pé de um conhecido, e, ao vir o condutor receber as passagens, notar que o conhecido procura o dinheiro com certa vagareza ou dificuldade, deve imediatamente pagar por ele: é evidente que, se ele quisesse pagar, teria tirado o dinheiro mais depressa.

Publicado originalmente na Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, 04/07/1883.

Entendendo a crônica:

01 – Qual é o objetivo do autor ao compor as regras para uso dos bondes?

      O autor deseja estabelecer regras para regular o comportamento dos passageiros nos bondes, tornando a experiência de transporte mais agradável e organizada.

02 – Quantos artigos de regulamentação o autor menciona na crônica?

      O autor menciona que existem setenta artigos em seu trabalho, mas apresenta apenas dez deles na crônica.

03 – Qual é a regra descrita no Artigo I, relacionada a pessoas que estão resfriadas?

      O Artigo I estabelece que pessoas resfriadas podem entrar nos bondes, desde que não tossem mais de três vezes dentro de uma hora ou quatro vezes se for um pigarro persistente. Caso contrário, devem caminhar, ir para a cama ou tossir em outro lugar.

04 – O que o Artigo II aborda em relação à posição das pernas dos passageiros?

      O Artigo II menciona que as pernas dos passageiros não devem constranger os outros no mesmo banco. Ele sugere que é permitido manter as pernas abertas, desde que os outros lugares sejam pagos e ocupados por meninas pobres ou viúvas desvalidas.

05 – Qual é a regra relativa à leitura de jornais mencionada no Artigo III?

      O Artigo III estabelece que os passageiros que estiverem lendo jornais devem fazê-lo sem tocar nas narinas dos vizinhos ou derrubar seus chapéus. Eles também não devem encostar o jornal nos passageiros à sua frente.

06 – Quando é permitido o uso de quebra-queixos, de acordo com o Artigo IV?

      O Artigo IV permite o uso de quebra-queixos em duas circunstâncias: quando não houver ninguém no bonde ou ao descer do bonde.

07 – O que o Artigo V aborda em relação aos amoladores?

      O Artigo V menciona que qualquer pessoa que queira compartilhar detalhes íntimos sem interesse para ninguém deve primeiro perguntar a um passageiro se ele é suficientemente cristão e resignado. Se o passageiro preferir ouvir a história, o proponente deve contar em detalhes; caso contrário, a pessoa deve dar uma descarga de pontapés.

08 – O que o Artigo VI diz sobre a emissão de perdigotos?

      O Artigo VI reserva o banco da frente para a emissão de perdigotos, exceto em dias chuvosos, quando a posição do banco pode mudar. Eles também podem ser emitidos na plataforma traseira, com a cara voltada para a rua.

09 – Qual é a orientação no Artigo IX sobre a passagem para senhoras?

      O Artigo IX estipula que, quando uma senhora entrar no bonde, o passageiro que estiver na ponta do banco deve levantar-se e dar passagem, evitando o desconforto de ficar apertado e demonstrando boa educação.

10 – O que o Artigo X descreve em relação ao pagamento no bonde?

      O Artigo X sugere que, se um passageiro estiver ao lado de um conhecido que está demorando para encontrar o dinheiro quando o condutor vem receber as passagens, o primeiro deve pagar imediatamente por ele, insinuando que a demora é injustificada.

 

 

 

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

POEMA: DOLORES - ADÉLIA PRADO - COM GABARITO

 Poema: Dolores

            Adélia Prado

Hoje me deu tristeza,

sofri três tipos de medo

Fonte:  https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLINA9fENNcBpsm627X07I3Jl2iFvEEP2IUKKSn108OSORY8HymAK0AiY2p2v02dsMubhsVUcv-0UPRIrzehyphenhyphenRSNVOoLNEKXI6OBWBwPRdLfRhCj9R6V_Gcvee_I_oXygru7VLcP3WifMLVKfjSz0tTC_6cJIRLHYDppgxWbpSwuRI37TDPiNObL3aj5Q/s1600/MEDO.png


acrescido do fato irreversível:

não sou mais jovem.

Discuti política, feminismo,

a pertinência da reforma penal,

mas ao fim dos assuntos

tirava do bolso meu caquinho de espelho

e enchia os olhos de lágrimas:

não sou mais jovem.

As ciências não me deram socorro,

não tenho por definitivo consolo

o respeito dos moços.

Fui no Livro Sagrado

buscar perdão pra minha carne soberba

e lá estava escrito:

"Foi pela fé que também Sara, apesar da idade avançada,

se tornou capaz de ter uma descendência..."

Se alguém me fixasse, insisti ainda,

num quadro, numa poesia...

e fossem objetos de beleza os meus músculos frouxos...

Mas não quero. Exijo a sorte comum das mulheres nos tanques,

das que jamais verão seu nome impresso e no entanto 

sustentam os pilares do mundo, porque mesmo viúvas dignas

não recusam casamento, antes acham sexo agradável,

condição para a normal alegria de amarrar uma tira no cabelo

e varrer a casa de manhã.

Uma tal esperança imploro a Deus.

Adélia Prado.

Entendendo o poema:

01 – Quem é a autora do poema "Dolores"?

      A autora do poema é Adélia Prado.

02 – Que tipos de medo a persona do poema experimenta?

      A persona do poema experimenta três tipos de medo, além do medo do envelhecimento.

03 – O que a persona do poema tira do bolso ao fim das discussões sobre política e feminismo?

      A persona do poema tira um "caquinho de espelho" do bolso ao fim das discussões.

04 – O que a autora busca no "Livro Sagrado" em busca de perdão?

      A autora busca no "Livro Sagrado" perdão para sua carne soberba.

05 – Qual é a passagem bíblica citada no poema e como ela se relaciona com o tema do envelhecimento?

      A passagem bíblica citada faz referência a Sara, que apesar da idade avançada, tornou-se capaz de ter uma descendência. Isso se relaciona com o tema do envelhecimento, sugerindo a esperança de que algo notável possa acontecer, mesmo em idade avançada.

06 – O que a autora diz que não quer para si, apesar de desejar a "sorte comum das mulheres nos tanques"?

      A autora diz que não quer que alguém a fixe em um quadro ou poesia, apesar de desejar a "sorte comum das mulheres nos tanques."

07 – Qual é a esperança que a autora implora a Deus no final do poema?

      A autora implora a Deus a esperança de ter a "sorte comum das mulheres nos tanques," que sustentam os pilares do mundo, encontram alegria nas tarefas cotidianas e na normalidade da vida.

 

 

POESIA: VERDADE - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

 Poesia: VERDADE

             Carlos D. de Andrade

A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgA8Wm10NKpZkUpZiAZ1nlCAnf-3eBkzU9OB8BBYce6dLUn1wTEQcz6hURz1ZjpatL0h7YS3tWryGuC_T9R2X4NFasTJLkR-ihr_LSbsBtb-HxlE-Z0FIICWFfDWPs0nAbW6eiDYl9vXueoY6ZwlNfqt_-lfK3DjvVPn1gbjbUt_PvUq0d3gfOL-fiBhc0/s320/PORTA.jpg



Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.

E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os dois meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram a um lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em duas metades,
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
As duas eram totalmente belas.
Mas carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.

 ANDRADE, Carlos D. de. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o tema principal da poesia "VERDADE" de Carlos D. de Andrade?

      O tema principal da poesia é a busca da verdade e a complexidade de alcançá-la.

02 – Por que a porta da verdade só permitia a passagem de "meia pessoa de cada vez"?

      A porta da verdade só permitia a passagem de "meia pessoa de cada vez" para enfatizar que a verdade é difícil de alcançar e que as pessoas só podem compreendê-la parcialmente.

03 – O que aconteceu quando a porta da verdade foi arrebentada?

      Quando a porta da verdade foi arrebentada, as pessoas chegaram a um lugar luminoso onde a verdade se dividia em duas metades diferentes.

04 – Como as duas metades da verdade eram descritas no poema?

      As duas metades da verdade eram descritas como igualmente belas, mas diferentes uma da outra.

05 – Por que as pessoas tiveram que optar entre as duas metades da verdade?

      As pessoas tiveram que optar entre as duas metades da verdade de acordo com seu capricho, ilusão ou miopia, pois não podiam compreender a verdade em sua totalidade.

06 – Qual é o significado simbólico da porta da verdade no poema?

      A porta da verdade simboliza a dificuldade de alcançar uma compreensão completa da verdade e a necessidade de enfrentar desafios e incertezas ao buscá-la.

07 – Qual é a mensagem principal que o poema transmite aos leitores?

      A mensagem principal do poema é que a verdade é complexa e subjetiva, e que a busca da verdade muitas vezes envolve escolhas pessoais e interpretações individuais.

08 – Qual é a sua opinião sobre as meias verdades?

      Resposta pessoal do aluno.

 

TEXTO: MINIMALISMO - DOCUMENTÁRIO - COM GABARITO

 Texto: Minimalismo – Documentário

           Quando menos é mais ou Quando mais é menos: um texto sobre as coisas importantes da vida

        No último final de semana a Netflix disponibilizou um documentário que eu queria assistir há algum tempo: “Minimalism: A Documentary About the Important Things“.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiz5ms8LgdAdobIYQfkc8ELnWPoKlWBoQ_-gHy8C1hQuv2aCdOGqTA_WF4RPKakoPChWqRa2J8PuJjjQR2ccCq79gVlREfGw2AgajZ05dXVO-MFedym_Weswb4JwFyD0wC3M8MhdEPpbdfF3MTBYY4mzqh77TeYToLqbbLIr36gachNNGjewZqVfqVfaY/s320/MINIMALISMO.jpg


        Eu sou um grande fã de documentários. Assim como os livros biográficos, eles são uma grande fonte de inspiração. Como o título adequadamente afirma, “Minimalism” é sobre as coisas importantes na vida. Joshua Millburn e Ryan Nicodemus, Os Minimalistas — não confunda com Os Tribalistas —, cresceram perseguindo o Sonho Americano. Dinheiro, prestígio e coisas. E eles conseguiram. Se tornaram executivos bem-sucedidos. Pelo menos, no sentido tradicional e aplaudido pela sociedade.

        Mas, quem são os Minimalistas e o que é o minimalismo?

        Dois caras que viveram no mundo corporativo presos na mentalidade de acumular dinheiro, posses e prestígio. No entanto, apesar de ambos serem bem-sucedidos no que faziam, nenhum deles era verdadeiramente feliz. Eles tinham os gadgets do momento, casas enormes e carros luxuosos, mas trabalhavam de forma insana e se sentiam constantemente estressados.

        Quando sua mãe faleceu e seu casamento terminou em divórcio, ambos no mesmo mês, Joshua teve uma epifania. Percebeu que a maioria de suas posses materiais não estavam agregando valor à sua vida ou ajudando-o a se tornar mais feliz. Foi então que se livrou de boa parte dos seus pertences a fim de se concentrar nas coisas que realmente importavam para ele.

        Ryan, que estava se sentindo mal por ter treinado sua equipe para vender celulares a crianças de 5 anos, percebeu que o semblante de Joshua havia mudado. Ele estava sereno, parecia feliz. Ao descobrir que o motivo era a mudança radical em seu estilo de vida, fez o mesmo que o amigo: encaixotou suas coisas e se livrou de 80% do que tinha. Sentiu um peso sair de suas costas.

        Os amigos criaram um blog sobre sua nova filosofia de vida. Logo veio um podcast, palestras e, mais recentemente, o documentário. O minimalismo é um estilo de vida onde você reduz suas posses de tal forma que tenha apenas itens que realmente tragam valor à sua vida. Trata-se de remover o excesso de sua vida, de modo que você seja capaz de se concentrar no que é mais importante. Não há limite de itens ou restrições específicas. E, eles não estão dizendo que todo o tipo de consumo é prejudicial. É apenas uma maneira mais simples de viver para reduzir o estresse e ter mais liberdade.

        “Imagine uma vida com menos: menos coisas, menos desordem, menos estresse e descontentamento… Agora imagine uma vida com mais: mais tempo, mais relações significativas, mais crescimento, contribuição e contentamento “.

        Isso é útil? Me traz alegria?

        Dan Harris, autor do ótimo “10% Mais Feliz“, é um dos entrevistados do documentário. Ele compartilha sua experiência sobre estresse e ansiedade. Em 2004, Harris teve um ataque de pânico em rede nacional enquanto apresentava o “Good Morning America” da rede ABC.

        Durante a entrevista, menciona que o melhor conselho que recebeu até hoje, no contexto da ansiedade, foi sobre perguntar a si mesmo se “Isso é útil?”. A pergunta lembra o conceito de “Isso me traz alegria?” da autora japonesa Marie Kondo.

        Desde que li pela primeira vez a frase “menos é mais”, num artigo sobre a obsessão de Steve Jobs com designs minimalistas, resolvi seguir essa filosofia. Eu recém tinha completado 20 anos, era um jovem comum que adorava comprar roupas de marcas famosas e sonhava em ter um carro importado. Afinal, pra mim isso era sinônimo de status pessoal.

        O que percebi, com o tempo, é que nenhuma daquelas coisas me traria alegria. Quem segue um estilo de vida consumista, geralmente, compra itens apenas para seguir modismos e fazer parte de um grupo. Me dei conta de que as pessoas com as quais eu me importava de verdade não estavam nem aí se eu andava de Corolla ou Fusca. Se vestia uma camisa da Tommy Hilfiger ou da Renner.

        Quando deixei de ter um comportamento consumista, passei a ser menos ansioso. Ao invés de juntar dinheiro para ter coisas, percebi que seria mais feliz utilizando minhas economias para viajar, por exemplo. Troquei o carro por uma bicicleta e logo me sobrou grana para um mochilão pela Europa. Enquanto alguns conhecidos me mostravam seus novos iPhones ou Galaxys, eu e meu velho BlackBerry embarcávamos para Nova York.

        E veja que não existe certo ou errado nessa história. São escolhas. Mas, nunca estive tão bem comigo mesmo. E sereno, como Joshua.

        Steve Jobs em sua casa em 1982. “Isso era típico da época. Eu era solteiro. Tudo o que você precisava era de uma xícara de chá, uma luz, você sabe, e era tudo o que eu tinha”. Foto: Diana Walker

        Ame as pessoas e use as coisas — porque o oposto nunca funciona

        Se eu sou minimalista? Não no nível de Joshua ou Ryan. Eu continuo comprando coisas. E eles também, na verdade. O objetivo do documentário não é fazer com que as pessoas joguem fora todas as suas posses e se mudem para um bangalô. O ponto central é simplesmente perguntar-se por que você possui as coisas que possui, o que elas acrescentam à sua vida e se você pode viver tranquilamente sem elas.

        Essa ideia de desapego material me lembrou dois fatos recentes.

        O primeiro é sobre o Serafín (70) e a Shirley (69), um casal de idosos casados há 40 anos. Em maio eles partem para uma viagem de volta ao mundo. De moto! Numa Honda CG 160 Titan — o único bem material dos dois.

        Eles entenderam qual o verdadeiro patrimônio em nossa passagem por esta vida e o porquê ela vale a pena ser vivida. Quando escrevi aquele artigo, o Serafín me contou que eles finalmente compreenderam que o que realmente vale é o ser — e não o ter. E que, por sinal, isso é a única coisa que levamos para o outro lado junto com as nossas escolhas. Todo o resto fica aqui. Por mais que, na teoria, saibamos disso desde muito jovens, é apenas “quando a água bate na bunda” que entendemos o sentido real por trás de frases clichês que circulam por aí.

        Já o segundo fato tem a ver com algo que comprei. Recentemente adquiri um Kindle, o leitor digital da Amazon. O interessante nisso é que uma compra feita por impulso (sou um ser humano, afinal de contas), fez com que eu deixasse de amar meus livros físicos — ou 90% deles. Ao olhar minha estante repleta de volumes empoeirados, pensei comigo mesmo: “isso é útil?”. Não. Eu não preciso mais deles. Já posso me desapegar. Percebem como a compra de um item gerou o desapego de uma centena de outros?

         Fonte: https://www.linkedin.com/pulse/minimalismo-um-texto-sobre-coisas-importantes-da-vida-de-souza.

Entendendo o texto:

01 – Qual é o título do documentário mencionado no texto?

      O título do documentário é "Minimalism: A Documentary About the Important Things".

02 – Quem são os protagonistas do documentário?

      Os protagonistas do documentário são Joshua Millburn e Ryan Nicodemus, conhecidos como Os Minimalistas.

03 – O que é o minimalismo, de acordo com o texto?

      O minimalismo é um estilo de vida que envolve reduzir a quantidade de pertences para se concentrar apenas naquilo que realmente agrega valor à vida.

04 – O que motivou Joshua a adotar o minimalismo?

      Joshua adotou o minimalismo após a morte de sua mãe e o divórcio, quando percebeu que a maioria de suas posses materiais não contribuía para sua felicidade.

05 – Por que Ryan decidiu se tornar um minimalista?

      Ryan se tornou um minimalista após notar a mudança positiva na vida de Joshua e o alívio que ele experimentou ao se livrar de suas posses.

06 – Qual é a ideia central do minimalismo, de acordo com os protagonistas do documentário?

      A ideia central do minimalismo é eliminar o excesso de coisas na vida para reduzir o estresse e focar no que realmente importa.

07 – Quais são os benefícios do minimalismo, conforme mencionados no texto?

      Os benefícios do minimalismo incluem menos estresse, mais tempo, relacionamentos significativos, crescimento pessoal e contentamento.

08 – Como o autor do texto relaciona o minimalismo à sua própria vida?

      O autor do texto relata que, ao adotar o minimalismo e abandonar um estilo de vida consumista, ele se tornou menos ansioso e mais feliz.

09 – Qual é a pergunta-chave associada ao minimalismo, mencionada no texto?

      A pergunta-chave associada ao minimalismo é "Isso é útil?" para avaliar se as coisas que possuímos realmente acrescentam valor à nossa vida.

10 – Qual é a mensagem final do texto em relação ao minimalismo?

      A mensagem final é que o minimalismo não exige que as pessoas se livrem de todas as suas posses, mas sim que questionem por que possuem as coisas e se elas são verdadeiramente necessárias. É um convite à reflexão sobre o que realmente importa na vida.

 

POESIA: A SESTA - ANTÔNIO GONÇALVES CRESPO - COM GABARITO

 Poesia: A Sesta

              Antônio Gonçalves Crespo

Na rêde, que um negro moroso balança,

Qual berço de espumas,

Formosa crioula repousa e dormita,

Enquanto a mucamba nos ares agita

Um leque de plumas.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKoRnhSiuDQF_r1skIGIVmcF9g4FPln7DeQLG9qYt0mZtjzUsVCDUCyzXlCx_Xe8xLJu-ogns1aZJs-aUrwzhkKRq3FoKojyaMyIue8h2hgoIECxkS3y0SLGEVcKjOJ0AVSvygj48mCdBCVDY2PjuGleFs_04mTolWG4kPIFTQuX_MealX7uopUWdgCt8/s1600/SESTA.jpg


 

Na rêde perpassam as trêmulas sombras,

Dos altos bambus;

E dorme a crioula de manso embalada,

Pendidos os braços da rede nevada

Mimosos e nus.

 

A rêde, que os ares em 'tôrno perfuma

De vivos aromas,

De súbito pára, que o negro indolente

Espreita lascivo da bela dormente

As túmidas pomas.

 

Na rêde suspensa dos ramos erguidos

Suspira e sorri

A lânguida môça cercada de flôres;

Aos guinchos dá saltos na esteira de cores

Felpudo sagüi.

 

Na rêde, por vêzes, agita-se a bela,

Talvez murmurando

Em sonhos as trovas cadentes, saudosas,

Que triste colono por noites formosas

Descanta chorando.

 

A rêde nos ares de nôvo flutua,

E a bela a sonhar!

Ao longe nos bosques escuros, cerrados,

De negros cativos os cantos magoados

Soluçam no ar.

 

Na rêde olorosa, silêncio! deixai-a

Dormir em descanso! ...

Escravo, balança-lhe a rêde serena;

Mestiça, teu leque de plumas acena

De manso, de manso ...

 

O vento que passe tranqüilo, de leve,

Nas fôlhas do ingá;

As aves que abafem seu canto sentido;

As rodas do engenho não façam ruído,

Que dorme a Sinhá!

    In: Crespo, Antônio Gonçalves. Obras completas. Pref. Afrânio Peixoto. Rio de Janeiro: Livros de Portugal, 194.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o tema principal da poesia "A Sesta" de Antônio Gonçalves Crespo?

      O tema principal da poesia é a cena de uma bela crioula descansando em uma rede, enquanto o ambiente ao seu redor é descrito de maneira tranquila e exótica.

02 – Como o poeta descreve a cena da crioula na rede?

      O poeta descreve a crioula repousando na rede como uma cena de beleza e tranquilidade, com a rede balançando suavemente e a crioula dormindo.

03 – O que simboliza a rede na poesia?

      A rede simboliza o descanso e a tranquilidade, criando um ambiente sereno em que a crioula repousa.

04 – Qual é o papel do negro que balança a rede na poesia?

      O negro que balança a rede desempenha o papel de manter a crioula em movimento suave e de assegurar seu conforto enquanto ela dorme.

05 – Quais elementos naturais são mencionados na poesia?

      A poesia menciona elementos naturais como os bambus, o vento nas folhas do ingá e os cantos das aves.

06 – Qual é a atmosfera geral da poesia?

      A atmosfera geral da poesia é de tranquilidade, sensualidade e exotismo, criando uma cena de descanso e sonhos.

07 – Qual é o papel da "Sinhá" na poesia?

      "Sinhá" é um termo que se refere à senhora ou à mulher de status superior. Na poesia, "Sinhá" parece ser uma referência à crioula que está descansando na rede, sendo cercada de cuidado e atenção pelos que a servem.