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terça-feira, 6 de março de 2018

MÚSICA(ATIVIDADES): MULHERES DE ATENAS - CHICO BUARQUE - COM GABARITO

Música(Atividades): Mulheres de Atenas
                                    Chico Buarque

Mirem-se no exemplo

Daquelas mulheres de Atenas

Vivem pros seus maridos

Orgulho e raça de Atenas


Quando amadas, se perfumam

Se banham com leite, se arrumam

Suas melenas

Quando fustigadas não choram

Se ajoelham, pedem imploram

Mais duras penas; cadenas


Mirem-se no exemplo

Daquelas mulheres de Atenas

Sofrem pros seus maridos

Poder e força de Atenas


Quando eles embarcam soldados

Elas tecem longos bordados

Mil quarentenas

E quando eles voltam, sedentos

Querem arrancar, violentos

Carícias plenas, obscenas


Mirem-se no exemplo

Daquelas mulheres de Atenas

Despem-se pros maridos

Bravos guerreiros de Atenas


Quando eles se entopem de vinho

Costumam buscar um carinho

De outras falenas

Mas no fim da noite, aos pedaços

Quase sempre voltam pros braços

De suas pequenas, Helenas


Mirem-se no exemplo

Daquelas mulheres de Atenas:

Geram pros seus maridos

Os novos filhos de Atenas


Elas não têm gosto ou vontade

Nem defeito, nem qualidade

Têm medo apenas

Não tem sonhos, só tem presságios

O seu homem, mares, naufrágios

Lindas sirenas, morenas


Mirem-se no exemplo

Daquelas mulheres de Atenas

Temem por seus maridos

Heróis e amantes de Atenas


As jovens viúvas marcadas

E as gestantes abandonadas

Não fazem cenas

Vestem-se de negro, se encolhem

Se conformam e se recolhem

Às suas novenas, serenas


Mirem-se no exemplo

Daquelas mulheres de Atenas

Secam por seus maridos

Orgulho e raça de Atenas


Compreendendo a canção:

1 – Qual é o tema da letra da música?

      Submissão e a subserviência feminina em relação ao seu marido em Atenas, ou seja, a história do papel da mulher na sociedade grega.


2 – De acordo com a letra de “Mulheres de Atenas”, como é a vida destas mulheres?

      A principal ocupação dos atenienses de todas as classes sociais eram viver para seus maridos e usar lã para fazer tecidos, cuidar das crianças, além de cultivar feijão, cebola, condimentos e verduras silvestres.


3 – Justifique a resposta anterior com exemplos extraídos da própria letra.

      “Vivem pros seus maridos”.

      “Elas tecem longos bordados.”

      “Não fazem cenas.”

      “Geram pros seus maridos – Os novos filhos de Atenas”.


4 – Para quem os autores da letra dirigem a frase: “Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas”? Por quê?

      Chico pede para nós mulheres olharmos para nós mesmas, para refletirmos e enfrentarmos nossa estrutura de valores e nos questionarmos se somos mulheres de Atenas.

      Porque a música é pautada na ironia. Ele quer dizer justamente o contrário: cuidado mulheres, para não caírem no modelo das mulheres de Atenas. Mirem-se no exemplo e façam o contrário.


5 – Qual o trecho da letra da música chamou mais a sua atenção? Por quê?

      Resposta pessoal do aluno.


6 – Ao expressar a condição feminina da mulher ateniense, como: defeito... qualidade; vivem... secam (morrem); despedem-se... vestem-se; amadas... abandonadas. Que figura de linguagem é muito presente na música?

      Antítese.


7 – A música “Mulheres de Atenas” estabelece intertextualidade com quais textos?

      Com o poema Odisseia, com a história e a mitologia da Grécia Clássica. O poema faz referências camufladas à obra mitológica grega de Homero, mais notadamente a história de Penépole, à despersonalização das mulheres de Atenas e a passagem pela ilha das sereias, vivida por Ulisses.


8 – A canção é inteiramente metaforizada. Algumas metáforas mais expressivas podem ser destacadas facilmente na canção.

      Dê o sentido semântico das seguintes metáforas:

     a)  Se banham com leite.

Não veem o sol nem a cara da rua.


     b)  Tecem longos bordados.

Preservam-se.


     c)   Mil quarentenas.

Anos a fio a esperam de seus maridos.


     d)   Vestem-se de negros.

Viúvas.


    e)  Temem por seus maridos.

Inseguras.


9 – Nos versos:

        “Elas não tem gosto ou vontade / Nem defeito nem qualidade / (elas) têm medo apenas” / (elas) Não têm sonhos só tem presságios / O seu homem (tem) mares, naufrágios / Lindas sirenas / morenas”, encontra-se que figura de linguagem?

      Zeugma.


10 – ENEM:

        “Mirem-se........ cadenas”.

        Tomando como ponto de partida a letra da música, podemos assinalar, sobre o papel desempenhado pela mulher na antiguidade grega, que:

    a)  Seu papel era meramente reprodutivo, pois a legislação não lhe assegurava direitos que lhe permitissem qualquer forma de liberdade ou de participação na vida social.

     b) Possuía direitos sociais equivalentes aos dos homens em decorrência de preceitos religiosos, um dos quais afirmava que os homens e mulheres são filhos de Deus.

     c)   As mulheres casadas viviam grande parte de seu tempo confinadas no lar, submetidas a um regime de quase reclusão e privadas de participação nas decisões políticas.

    d)   A sociedade guerreira espartana privava as mulheres de qualquer forma de liberdade, restringindo suas funções a educação dos filhos até os 7 anos de idade.

 e)Desempenhava um papel influente porque, sendo responsável pela procriação, era reconhecida como um dos pilares da sociedade, ainda que sem direitos políticos.


domingo, 18 de fevereiro de 2018

MÚSICA(ATIVIDADES) : PARATODOS - CHICO BUARQUE - COM GABARITO

Música(Atividades): Paratodos

                                              Chico Buarque
O meu pai era paulista
Meu avô, pernambucano
O meu bisavô, mineiro
Meu tataravô, baiano
Meu maestro soberano
Foi Antônio Brasileiro

Foi Antônio Brasileiro
Quem soprou esta toada
Que cobri de redondilhas
Pra seguir minha jornada
E com a vista enevoada
Ver o inferno e maravilhas

Nessas tortuosas trilhas
A viola me redime
Creia, ilustre cavalheiro
Contra fel, moléstia, crime
Use Dorival Caymmi
Vá de Jackson do Pandeiro

Vi cidades, vi dinheiro
Bandoleiros, vi hospícios
Moças feito passarinho
Avoando de edifícios
Fume Ari, cheire Vinícius
Beba Nelson Cavaquinho

Para um coração mesquinho
Contra a solidão agreste
Luiz Gonzaga é tiro certo
Pixinguinha é inconteste
Tome Noel, Cartola, Orestes
Caetano e João Gilberto

Viva Erasmo, Ben, Roberto
Gil e Hermeto, palmas para
Todos os instrumentistas
Salve Edu, Bituca, Nara
Gal, Bethania, Rita, Clara
Evoé, jovens à vista

O meu pai era paulista
Meu avô, pernambucano
O meu bisavô, mineiro
Meu tataravô, baiano
Vou na estrada há muitos anos
Sou um artista brasileiro.

Dorival Caymmi: cantor e compositor baiano.
Enevoada: pouco clara, com dificuldade de enxergar.
Fel: amargo, sentido figurado: palavras de ódio, amargas.
Jackson do Pandeiro: cantor alagoano, compositor de forró e samba, ritmista.
Redimir (redime): livrar de culpa, libertar-se.
Redondilhas: tipo de verso.
Toada: cantiga popular de melodia simples.

Entendendo a canção:
01 – Na letra da canção, o que descobrimos sobre as origens do compositor
      Chico Buarque mostra que tem origem múltipla, resultado de familiares originados de diferentes lugares do Brasil.

02 – O que esse fato deixa evidente sobre a origem dos brasileiros?
      Somos um povo de múltiplas origens, resultado de miscigenação.

03 – Ao citar Antônio Brasileiro, o compositor refere-se a Tom Jobim, de quem lemos um depoimento neste capítulo.
a)   De que forma o compositor se refere a ele?
Chico usa a expressão “Meu maestro soberano”.

b)   O que esse tratamento revela sobre o que o compositor sente por Tom Jobim?
Ao usar esse tratamento percebe-se o respeito e a admiração do compositor por Tom.

04 – Em determinado trecho o eu lírico diz seguir sua jornada.
a)   De que maneira o eu lírico segue sua jornada? Copie o trecho da canção que comprove sua resposta.
O eu lírico segue com a vista turva, conturbada. “E com a vista enevoada”.

b)   No verso seguinte ele confessa o que vê. Que verso é esse?
“Ver o inferno e maravilhas.”

c)   Essa expressão mistura dois elementos opostos. Explique essa oposição.
Quando o eu lírico refere-se a inferno, cita algo ruim. Ao referir-se a maravilhas, cita algo bom.

d)   Conclua: por que o compositor usaria essa oposição ao referir-se ao que vê?
Ele vê coisas ruins e boas, tudo junto.

05 – A quem o eu lírico chama de ilustre cavalheiro?
      Ao ouvinte da canção.

06 – Que conselho é dado pelo eu lírico a quem encontrar pelo caminho “fel, moléstia, crime”?
      O eu lírico aconselha a usar Dorival Caymmi e Jackson do Pandeiro. Os verbos são use e vá.

07 – A linguagem, nesse trecho, está empregada no sentido figurado ou no sentido real? Justifique.
      A linguagem está no modo figurado. O verbo usar é utilizado, em geral, para objetos, não para pessoas.

08 – Levando-se em conta quem é Dorival Caymmi e Jackson do Pandeiro, explique de que maneira é possível atender à recomendação dada.
      A ideia é a de ouvir músicas de Dorival e Jackson para enfrentar situações difíceis. Essas canções serveriam para compensar os momentos ruins.




terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

MÚSICA(ATIVIDADES): AS VITRINES - CHICO BUARQUE - COM GABARITO

Música(Atividades): As Vitrines

                                            Chico Buarque
Eu te vejo sumir por aí
Te avisei que a cidade era um vão
- Dá tua mão
- Olha pra mim
- Não faz assim
- Não vai lá não

Os letreiros a te colorir
Embaraçam a minha visão
Eu te vi suspirar de aflição
E sair da sessão, frouxa de rir

Já te vejo brincando, gostando de ser
Tua sombra a se multiplicar
Nos teus olhos também posso ver
As vitrines te vendo passar

Na galeria, cada clarão
É como um dia depois de outro dia
Abrindo um salão
Passas em exposição
Passas sem ver teu vigia
Catando a poesia
Que entornas no chão.

Entendendo a canção:
01 – Qual o título da canção? Quem é o compositor?
      As vitrines. Composta por chico Buarque, em 1981.

02 – O que a letra da canção “As vitrines”, transmite?
      Transmite uma ideia de súplica, um misto de carência e insegurança.

03 – No verso: “Eu te vejo sumir por aí”, o que exprime?
      Exprime a vontade louca de não perder a pessoa amada.

04 – “Te avisei que a cidade era um vão”, o que o eu poético quer dizer com esta frase?
      Foi uma alerta, que a amada estava fazendo a coisa errada; mas, era um meio do eu poético tentar segurar a amada por perto.

05 – Quais versos o eu poético, tenta deter a amada tanto física como emocionalmente, na canção?
      “- Dá tua mão
       - Olha pra mim
       - Não faz assim
       - Não vai lá não.”

06 – Nos versos: “Os letreiros a te colorir / Embaraçam a minha visão”, o eu poético fala de uma situação vivida pelos dois, qual é?
      Estavam assistindo a um filme no cinema.

07 – O eu poético, não consegue entender a amada, ter vivido grandes emoções no cinema, ficando tensa e aflita, e agora está leve e descontraída; em qual verso expressa esta emoção?
      Nos versos “Eu te vi suspirar de aflição / E sair da sessão, frouxa de rir”.

08 – O eu poético é tão apaixonado pela amada, é o que nos mostra a seguir:
a)   “Já te vejo brincando, gostando se ser”.
Ela se sente à vontade no ambiente da cidade, iluminado, multiplicando suas imagens.

b)   “Tua sombra a se multiplicar”.
Fica comprovado que ele tem olhos só pra ela.

c)   “Nos teus olhos também posso ver”.
Que através dos olhos da amada, ele vê o que está em sua volta.

d)   “As vitrines te vendo passar”.
Para ele as vitrines é que está vendo a sua amada desfilar, e não ela a olhar as vitrines.

09 – Na última estrofe, o eu poético mostra que está incomodado com a situação vivida, e reconhece que, de maneira cara e inequívoca a total falta de atenção dela para com ele; quais os versos que refere-se a esta situação?
      “Na galeria, cada clarão / É como um dia depois de outro dia”.

10 – Em qual verso da canção, expressa a total atenção dele para com ela?
      “Passas sem ver teu vigia.”

11 – Para o eu poético, mesmo ficando só com os restos, com a sobra, com pequenas coisas ou ações da amada, como ele vê ela?
      Ele a vê como se fosse um prêmio, uma poesia.

12 – Nos versos: “Cantando a poesia / Que entornas no chão”; o que o eu poético quis dizer?
      Quer dizer que é assim que ele a vê, uma realidade distorcida, onde muitas coisas não fazem sentido.







quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

MÚSICA(ATIVIDADES): RODA VIVA - CHICO BUARQUE - COM GABARITO

Música(Atividades): Roda Viva

                                      Chico Buarque
Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega o destino pra lá

Roda mundo, roda-gigante
Rodamoinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração

A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a roseira pra lá

Roda mundo, roda-gigante
Rodamoinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração

A roda da saia, a mulata
Não quer mais rodar, não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou
A gente toma a iniciativa
Viola na rua, a cantar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a viola pra lá

Roda mundo, roda-gigante
Rodamoinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração

O samba, a viola, a roseira
Um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a saudade pra lá

Roda mundo, roda-gigante
Rodamoinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração

Roda mundo, roda-gigante
Rodamoinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração

Roda mundo, roda-gigante
Rodamoinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração.

Entendendo a música:

01 – Qual é a ideologia da canção?
      A letra trata do sentimento de um impasse: como ser ativo, participar da construção da sua vida e ao mesmo tempo ter que carregar as responsabilidades cotidianas nas costas? A roda, na qual o título já sugere, seria a rotina, sempre circular, repetitiva, às vezes até tautológica. E a roda é viva, isto é, onipresente.

02 – Os primeiros versos são:
“Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu.”
Qual é o tipo de sentimento que expressa?
      Expressa o sentimento de impotência, como se houvesse vezes em que você questiona como está sua postura diante do mundo: você partiu, morreu, estancou? As coisas acontecem e a você aliena-se, fica aquém disto tudo, como se o mundo crescesse e você não acompanhasse. 

03 – Nos versos:  
“A gente quer ter iniciativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega roda vida
E carrega o destino pra lá”.
Estes versos mostram que apesar daquela impotência, você não desiste de interferir no seu destino, por quê?
      Porque sempre tem a iniciativa de conduzir a sua vida. Porém, a roda viva chega e decide o destino por você. Em vez de lutar pelo que quer, a roda viva impede. Todo aquele desejo de participação se esvai.

04 – O refrão, que se repete no final de cada estrofe justamente para realçar a ideia de repetição, é composto pelos versos:
“Roda mundo, roda-gigante
Rodamoinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração”.
Por que o eu poético diz que exala a sensação rotatória?
      Além da beleza dos versos, que reiteram a palavra “roda”, a própria melodia da música exala a sensação rotatória. O tempo passa rapidamente, num instante, rodando em torno do seu coração, que bate para sobreviver. Você se mantém vivo e as coisas vão acontecendo, tão naturais quanto o mundo rodando, a roda-gigante, o moinho e o peão.

 05 – Os versos abaixo:
“A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira pra lá”
O que quer dizer e afirmar?
      Mostra que mesmo com seus pequenos protestos, como alguém remando contra a corrente, não é suficiente para abalar a ordem, por isso a pessoa percebe o quanto deixou de cumprir. No fim das contas, na volta no barco, reafirma-se o que se havia questionado, indo a favor da corrente. Todas as roseiras cultivadas por nós, aquilo que cuidamos, também é levado pela roda viva, antes que floresça. A roda nos tira a capacidade de viver, sendo mais viva do que nós mesmos.
06 - Os versos:
“A roda da saia, mulata
Não quer mais rodar, não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou”.
São versos muito interessantes, por quê?
      Porque saias que rodam são típicas do samba, o próprio nome da vestimenta é ‘saia rodada’. Não só acabou a participação política, acabou também o envolvimento com outras pessoas, a conversa calorosa, acabou o samba.

07 – Quais são os versos que representam a fraqueza do protesto, o desejo artístico, se a roda não interferisse?
      São: “A gente toma a iniciativa
               Viola na rua, a cantar
               Mas eis que chega a roda viva
               E carrega a viola pra lá”.

08 – Nos versos:
“O samba, a viola, a roseira
Um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou”
É um apanhado de tudo que foi levantado até então pela canção. Qual é o desejo do eu poético?
      A vontade de participar, de se voltar contra a ordem supressora, de ter liberdade etc., são oprimidos. Surge a imagem de que são apenas uma ilusão passageira, um artefato que a brisa facilmente leva. 

09 – Os últimos versos são:
“No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a saudade pra lá”
Qual é o sentimento do eu poético?
      O sentimento do eu poético é de sair desta roda. Finalizam muito bem este sentimento. Quem conhece a frase “Pare o mundo que eu quero descer”? Então, parece muito com isso. 

10 – Por que o eu poético fala de um sentimento confuso, estonteante, fora da razão, gerado pela ideia absurda de suprimir as massas em prol de um grupo de militares no poder, gera uma imagem abstrata dos rumos do Brasil?
      Porque, primeiro se sai de uma ditadura do Estado Novo, protagonizada por Getúlio Vargas. Depois, se tem uma experiência democrática que até trouxe uma esperança ao país, como JK e a bossa nova. Logo após, a experiência é frustrada pelo golpe militar de 1964.

11 – A roda vai girando. Remete a uma bagunça. O desejo de mudar é ignorado. A capacidade de se manifestar é minimizada. O que o eu poético, utiliza para minimizar essa situação?
      Remete a objetos infantis, como o peão; algo próximo às cantigas de roda, tão ingênuas. Este lado aparentemente inocente contrasta com a ditadura, prova do desnorteio ao qual a população estava submetida. Até a saudade é reduzida a uma bobagem qualquer, assim como a viola e a roseira, ambos queimados pela fogueira. A ordem escondia, na realidade, uma desordem. A constante roda viva ocultava a imobilidade dos cidadãos.
 
12 – Qual a ideia, que os últimos segundos da música são muito bons, nos mostra?

      O refrão vai se repetindo, acelerando gradativamente, reforçando a ideia de uma confusão, de uma roda que vai carregando tudo que se encontra à frente, não dá chance para respirar, uma bola de neve.