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quarta-feira, 13 de junho de 2018

MÚSICA(ATIVIDADES): PASSAREDO - CHICO BUARQUE - COM GABARITO

Música(Atividades): Passaredo

                                  Chico Buarque
Ei, pintassilgo
Oi, pintarroxo
Melro, uirapuru
Ai, chega-e-vira
Engole-vento
Saíra, inhambu
Foge asa-branca
Vai, patativa
Tordo, tuju, tuim
Xô, tié-sangue
Xô, tié-fogo
Xô, rouxinol sem fim
Some, coleiro
Anda, trigueiro
Te esconde colibri
Voa, macuco
Voa, viúva
Utiariti
Bico calado
Toma cuidado
Que o homem vem aí
O homem vem aí
O homem vem aí

Ei, quero-quero
Oi, tico-tico
Anum, pardal, chapim
Xô, cotovia
Xô, ave-fria
Xô, pescador-martim
Some, rolinha
Anda, andorinha
Te esconde, bem-te-vi
Voa, bicudo
Voa, sanhaço
Vai, juriti
Bico calado
Muito cuidado
Que o homem vem aí
O homem vem aí
O homem vem aí.
                                Composição: Chico Buarque / Francis Hime

Entendendo a canção:
01 – A canção “Passaredo” enumera uma série de espécies de aves: pintassilgo, uirapuru, macuco, sanhaço, etc. Na região onde você mora existem, ainda, soltos na natureza, algumas destas espécies? Quais?
      Resposta pessoal do aluno.

02 – A letra da canção se baseou mais na flora brasileira ou na nossa fauna?
      “Passaredo” se utiliza apenas da nossa fauna.

03 – No texto apareceram algumas interjeições. Localize-as e depois diga que ideia ou sentimento elas expressam.
      Ei, Oi: chamados para atrair a atenção; ai: inspira pena, compaixão; : é usada para espantar, enxotar aves, bichos.

04 – Para que foram usadas as vírgulas no texto?
      Para separar os vocativos (muitos) e as interjeições e marcar a entonação de voz.

05 – Dependendo da entonação de voz, de quantos formas você poderia pontuar este verso de “Passaredo”: “Foge, asa-branca.”
      Foge, asa-branca. Foge! Asa-branca.

06 – Com relação ao modo verbal, que ideia expressam os verbos: foge, some, voa da canção “Passaredo”?
      O modo verbal, nesse caso, ordena, aconselha os pássaros a fugir, sumir, voar. Trata-se do imperativo.

07 – Por que o título do texto é Passaredo? 
      Porque fala dos pássaros.

08 – Leia o texto e encontre outras palavras que sugerem aos pássaros que fujam.
      Resposta pessoal do aluno.

09 – Releia os versos: 
"Bico calado 
Muito cuidado 
Que o homem vem aí" 
O que o autor quis dizer com eles? 
      Para que fiquem em silêncio, para que os homens não vejam e tentem pegá-los.

10 – Refrão é o conjunto de versos repetidos. Retire-o do texto e transcreva-o no caderno.
      Resposta pessoal do aluno.

11 – Retire do texto as rimas correspondentes às palavras a seguir e escreva-as no caderno.
a) uirapuru: inhambu.
b) tuim: fim.
c) coleiro: trigueiro.
d) colibri: utiariti.
e) calado: cuidado.
f) chapim: martim.
g) rolinha: andorinha.
h) bem-te-vi: juriti.

12 – O que você sentiu ao ler a letra da música?
      Resposta pessoal do aluno. 





sexta-feira, 27 de abril de 2018

MÚSICA(ATIVIDADES): MEU GURI - CHICO BUARQUE DE HOLANDA - COM GABARITO

Música(Atividades): Meu Guri
             HOLANDA, Chico Buarque de.


Quando, seu moço
Nasceu meu rebento
Não era o momento
Dele rebentar
Já foi nascendo
Com cara de fome
E eu não tinha nem nome
Prá lhe dar
Como fui levando
Não sei lhe explicar
Fui assim levando
Ele a me levar
E na sua meninice
Ele um dia me disse
Que chegava lá
Olha aí! Olha aí!
Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega!
Chega suado
E veloz do batente
Traz sempre um presente
Prá me encabular
Tanta corrente de ouro
Seu moço!
Que haja pescoço
Prá enfiar
Me trouxe uma bolsa
Já com tudo dentro
Chave, caderneta
Terço e patuá
Um lenço e uma penca
De documentos
Prá finalmente
Eu me identificar
Olha aí!
Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega!
Chega no morro
Com carregamento
Pulseira, cimento
Relógio, pneu, gravador
Rezo até ele chegar
Cá no alto
Essa onda de assaltos
Tá um horror
Eu consolo ele
Ele me consola
Boto ele no colo
Prá ele me ninar
De repente acordo
Olho pro lado
E o danado já foi trabalhar
Olha aí!
Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega!
Chega estampado
Manchete, retrato
Com venda nos olhos
Legenda e as iniciais
Eu não entendo essa gente
Seu moço!
Fazendo alvoroço demais
O guri no mato
Acho que tá rindo
Acho que tá lindo
De papo pro ar
Desde o começo eu não disse
Seu moço!
Ele disse que chegava lá
Olha aí! Olha aí!
Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí
Olha aí!
E o meu guri!...(3x)

Entendendo a canção.

01 – Quem fala nessa música? Para quem se fala? Comprove sua resposta com elementos da letra.
           Quem fala na música é uma mãe que se dirige ao “seu moço”, o qual parece representar a comunidade em geral. Para se dirigir ao povo, ela faz o uso de uma espécie de vocativo: “Seu moço,”. Esse povo pode ser também uma pessoa apenas, como por exemplo, um policial que aparece no desfecho da história, ou um jornalista, a contar a verdade desse guri para essa mãe. E há passagens que comprovam que se trata de uma mãe, como, por exemplo: “Nasceu meu rebento” e “Ai o meu guri, olha aí!”. O uso do pronome possessivo ‘meu’, nos dois trechos, revela que se trata de uma mãe a falar do filho. Além disso, os personagens dessa música podem servir de metonímia daqueles que não têm projeção social nem perspectiva de vida na sociedade contemporânea, uma vez que os personagens não têm nome, podem, portanto, representar a história de qualquer um.

02 – O que significa dizer: “Não era o momento dele rebentar”?
           Significa que, no momento em que o guri nasceu, a mãe não estava preparada para recebê-lo nem para cuidar dele, seja psicológica ou financeiramente falando. Com isso, pode-se perceber que ela teve uma gravidez não planejada e sem a presença do pai da criança.


03 – Quais são as possíveis condições socioeconômicas do eu lírico? Justifique sua resposta com elementos da música.
          Provavelmente o eu-lírico possui condições socioeconômicas precárias. Podemos perceber isso por meio da realidade que se revela em trechos como: “E eu não tinha nem nome//Pra lhe dar//Como fui levando//Não sei lhe explicar//Fui assim levando//Ele a me levar”; “...e uma penca//De documentos//Pra finalmente//Eu me identificar”; “Chega no morro”. Tais trechos nos mostram que essa mãe mora na periferia, ao utilizar a palavra ‘morro’, e que ela sequer tinha documentos, embora já mais madura. Além disso, quando ela diz: “E eu não tinha nem nome//Pra lhe dar”, o ‘nem’ revela que havia outras coisas, além do nome, que ela também não podia dar ao filho, como, por exemplo, comida, escola, qualidade de vida.

04 – Quando se diz: “Como fui levando/Não sei lhe explicar/Fui assim levando/Ele a me levar”, quais os possíveis sentidos do verbo levar aí? Levar o quê?
           Os trechos “como fui levando” e “fui assim levando” denotam que a mãe foi criando o filho sem ter boas condições financeiras. Nessas expressões, o verbo ‘levar’ se relaciona à criação do filho, ao modo como ela ia sobrevivendo. Já no trecho “Ele a me levar”, o verbo ‘levar’ apresenta outros sentidos, o sentido de que o filho ajudava a mãe em casa e também no sentido de que ele a enganava, ato ao que, popularmente, referimo-nos por meio de expressões como: “levar no bico/no papo/na lábia”.

05 – A expressão “Chegar lá” é muito comum na nossa sociedade. Qual sentido ela adquire na letra d’O meu guri?
           A expressão “Chegar lá”, muito comum na nossa sociedade, significa ascender socialmente, financeiramente e, talvez, intelectualmente, ou seja, chegar em um patamar que nos permite ter boa qualidade de vida. Além disso, pessoas que ‘chegam lá’, pessoas bem sucedidas costumam aparecer no jornal. Na letra d’O meu guri, a expressão diz respeito a uma ascensão social, entretanto, para ascender socialmente, o guri se valia de meios ilícitos, que vão contra as regras sociais, ou seja, ele queria ter qualidade de vida sem esforço, queria ganhar dinheiro facilmente.

06 – A expressão “Olha aí” aparece várias vezes durante a música. Ela aparece sempre com o mesmo sentido? Explique.
          Não. Ora ela aprece com o sentido de “Olha bem”, “Preste atenção”, ora com o sentido de “Olhe na fotografia”.

07 – Que visão a mãe tem do filho e do trabalho dele?
          A mãe enxerga de forma inocente o “trabalho” do filho. Ao vê-lo sair de casa sempre muito cedo, chegar sempre cansado, suado e com muitas coisas para a casa, ela imaginava que ele era um rapaz cujo trabalho era honesto, o que, na verdade, não era.

08 – O guri parece ser um rapaz trabalhador? Justifique sua resposta.
          Aparentemente, sim. Uma vez que ele sempre sai de casa cedo, o que é comum na vida de muitos trabalhadores, e sempre chega cansado e suado, uma característica muito associada, nos dias de hoje, a pessoas que trabalham muito, arduamente. Por outro lado, é possível desconfiar do “trabalho” desse guri, uma vez que, em momento algum se fala onde ele trabalha, com o que ele trabalha, e, ainda assim, ele sempre chega com artigos de valor em casa.

09 – O guri levou para a mãe uma “bolsa já com tudo dentro”, e ela, inocentemente, achou que era um presente. E você, no lugar da mãe, como interpretaria essa situação?
           Nessa questão, o professor deve levar os alunos a problematizarem a postura dessa mãe, ou seja, julgarem se ela agia corretamente, se ela sabia, de fato, ou não das coisas que o filho fazia e se, hoje, é possível existir uma mãe assim, com essa postura.

10 – Explique os possíveis sentidos que o trecho “Chega suado / E veloz do batente” pode ter.
           A princípio, pode se imaginar que o guri chega suado por ter trabalhado muito, isso porque a palavra ‘batente’ é associada a trabalho. Entretanto, quando se diz que ele chegava suado e veloz, isso pode significar que ele estava fugindo, ou da polícia ou de outras pessoas, já que roubava. Mas, para a mãe, ele vinha do ‘batente’, e, como a história da música é contada sob a perspectiva da mãe, utilizou-se a palavra ‘batente’ para se referir ao “trabalho” pesado que o guri desempenhava.

11 – Veja o seguinte trecho: “Um lenço e uma penca / De documentos / Pra finalmente / Eu me identificar”. Que sentido a palavra finalmente traz para o trecho em questão?
           A palavra mostra que a mãe, dada sua situação socioeconômica, ainda não tinha documentos. O ‘finalmente’ nos mostra que essa identificação vem de forma tardia, já que o natural é termos essa identificação desde crianças.

12 – O trecho “É o meu guri e ele chega! / Chega estampado / Manchete, retrato / Com venda nos olhos / Legenda e as iniciais” revela uma cena. Que cena é essa? O que aconteceu?
          Trata-se de uma cena em que a mãe vê o filho morto no jornal. Provavelmente em uma tentativa de fuga, o filho não escapara e fora morto. Por isso, o nome dele e a manchete noticiando o fato no jornal.

13 – Por que, depois dessa cena, o guri apareceu com venda nos olhos e, na legenda, só apareceram as iniciais?
          Porque o guri era menor de idade. Quando se é menor de idade, em casos policiais, não se podem divulgar o nome da pessoa nem a imagem nítida de seu rosto em meios de comunicação.

14 – Por que, depois dessa cena, o eu lírico diz: “Desde o começo eu não disse / Seu moço! / Ele disse que chegava lá!”? Ele realmente chegou lá? Explique.
      Como o “chegar lá” possui vários sentidos, há várias possibilidades, tanto sob a perspectiva da mãe quanto sob a perspectiva do filho. A expressão ode se referir a se tornar o chefe dos bandidos, virar celebridade, ficar famoso, ficar rico, etc. Nessa questão, o professor deve levar os alunos a perceberem as dificuldades existentes hoje para se ascender socialmente. Para isso, pode-se discutir: a exclusão social, os meios de se ascender socialmente hoje, o que leva algumas pessoas a roubarem, como se pode resolver essa situação hoje, etc.


terça-feira, 10 de abril de 2018

MÚSICA(ATIVIDADES): NÃO TEM TRADUÇÃO - NOEL ROSA - COM GABARITO

MÚSICA(ATIVIDADES): Não Tem Tradução - Noel Rosa

                                                       CHICO BUARQUE
O cinema falado é o grande culpado da transformação
Dessa gente que sente que um barracão prende mais que o xadrez
Lá no morro, se eu fizer uma falseta
A Risoleta desiste logo do francês e do Inglês.

A gíria que o nosso morro criou
Bem cedo a cidade aceitou e usou
Mais tarde o malandro deixou de sambar, dando pinote
Na gafieira dançar o Fox - Trote.

Essa gente hoje em dia que tem a mania da exibição
Não entende que o samba não tem tradução no idioma francês
Tudo aquilo que o malandro pronuncia
Com voz macia é brasileiro, já passou de português.

Amor lá no morro é amor pra chuchu
As rimas do samba não são I love you
E esse negócio de alô, alô boy e alô Johnny
Só pode ser conversa de telefone.

Entendendo a canção:
01 – Que crítica está presente na letra desta canção?
      Traz uma crítica à “onda de estrangeirismo” que assolava a sociedade brasileira.

02. Do que trata a música?

      A música "Não Tem Tradução" de Noel Rosa aborda a influência do cinema falado e dos estrangeirismos na transformação da cultura das pessoas, especialmente aqueles que vivem nos morros. O eu lírico critica a preferência por palavras estrangeiras em detrimento do samba e da cultura brasileira.

03. Qual é o posicionamento do eu lírico, quanto aos estrangeirismos em “Não tem tradução”?

          O eu lírico expressa uma posição crítica em relação aos estranhamentos na música. Ele sugere que o cinema falado é responsável pela transformação da cultura, levando as pessoas a valorizarem mais palavras estrangeiras do que a riqueza do samba e da cultura brasileira.

04. Esta canção é atual? Justifique as suas respostas, retirando elementos do texto.

            A canção não é atual, pois foi composta por Noel Rosa em 1933. O texto menciona o cinema falado como uma influência, o que remete a um período em que o cinema sonoro estava se popularizando.

05. Transcreva as palavras de origem estrangeira encontradas na  Música Não tem Tradução. Composição Noel Rosa, descrevendo os significados.

                  a) Palavras de origem estrangeira na música:

                  Barracão (português, mas usado no contexto da música)

                 Fox-Trote (do inglês, referindo-se a uma dança)

                 Risoleta (possivelmente do francês, nome próprio)

                 Malandro (originado do espanhol/italiano, mas usado no contexto brasileiro).

06. Há uma defesa do eu lírico em relação ao samba. Qual é? Justifique, retirando elementos que comprovem a resposta.

    O eu lírico defende o samba como algo intrinsecamente brasileiro, destacando que as rimas do samba não são em inglês ("I love you"). Ele critica a preferência por palavras estrangeiras em detrimento do samba, afirmando que o samba não tem tradução no idioma francês.

07. Na Música Não tem Tradução. Composição Noel Rosa., há gírias na canção? Se sim, transcreva-as inserindo os significados que elas possuem.

         Sim, há gírias na música. No trecho mencionado, "dar pinote" significa agir de maneira evasiva ou enganosa, e "na gafieira" refere-se a um tipo de dança de salão.

     08.  Leia o trecho em destaque e responda às questões a seguir: “[...] Amor lá no morro é amor pra chuchu As rimas do samba não são I love you E esse negócio de alô, alô boy e alô Johnny Só pode ser conversa de telefone [...]”       (Noel Rosa, Não Tem Tradução, 1933).

          O trecho destaca a ideia de que o amor no morro é abundante ("amor lá no morro é amor pra chuchu"), mas as rimas do samba não são como as expressões românticas estrangeiras, como "eu te amo". O eu lírico também ironiza o uso de aplicações telefônicas como "alô boy" e "alô Johnny", evidenciando que são inapropriados ou artificiais.

 09. Noel Rosa possuía fortes tendências em relação às críticas sociais e políticas ao compor suas canções. Os versos de “Não Tem Tradução” não fugiram à regra. Releia a composição, discuta com seus colegas e responda:

a)  Qual era a preocupação existente na época, que Noel Rosa deixa transparecer em meio aos versos?

 A preocupação existente na época, refletida nos versos de Noel Rosa, está relacionada à influência do cinema falado e dos estranhamentos na transformação da cultura brasileira. Há uma crítica à preferência por palavras estrangeiras em detrimento do samba e da cultura brasileira moderna.

b)  Transcreva os elementos do texto que justifiquem a sua resposta.

 Os elementos do texto que justificam a resposta incluem a menção ao cinema falada como "o grande culpado da transformação", a crítica ao uso de palavras estrangeiras em vez do samba, e a ironia em relação aos cumprimentos telefônicos estrangeiros como "alô boy" e "alô Johnny". Esses elementos indicam a preocupação de Noel Rosa com a preservação da cultura brasileira diante da influência estrangeira.

 10 – O eu lírico defende o samba alegando o quê?

      Alega que o samba não é possível de tradução.

11 – Que crítica o eu lírico faz ao malandro que antes sambava?
      Ele critica o fato de que o malandro, que antes sambava, agora dança.
      Fox – trote – um ritmo característico dos Estados Unidos.

12 – As canções de Noel Rosa, compositor brasileiro de Vila Izabel, apesar de revelarem uma aguçada preocupação do artista com seu tempo e com as mudanças político-culturais no Brasil, no início dos anos 1920, ainda são modernas. Nesse fragmento do samba “não tem tradução”, por meio do recurso da metalinguagem, o poeta propõe:
           a) Incorporar novos costumes de origem francesa e americana, juntamente com vocábulos estrangeiros.
           b) Respeitar e preservar o português-padrão como forma de fortalecimento do idioma do Brasil.
           c) Valorizar a fala popular brasileira como patrimônio linguístico e forma legítima de identidade nacional.
           d) Mudar os valores sociais vigentes à época, com o advento do novo e quente ritmo da música popular brasileira.
           e) Ironizar a malandragem carioca, aculturada pela invasão de valores étnicos de sociedades mais desenvolvidas.

     13 – Leia os versos da canção e responda.

"O cinema falado
É o grande culpado
Da transformação
Dessa gente que sente
Que um barracão Prende mais que um xadrez. (...)
Amor, lá no morro, é amor pra chuchu,
As rimas do samba não são 'I love you'.
E esse negócio de 'alô, alô, boy','Alô, Johnny',
Só pode ser conversa de telefone.”

                                             Noel Rosa. Cinema falado, 1933.

Os versos acima refletem uma crítica. Eles expressam:
a) a ausência das inovações tecnológicas estrangeiras na difusão da cultura popular brasileira.
b) a influência do jazz norte-americano no ritmo e nas letras do samba.
c) a expansão da dominação cultural norte-americana e a desvalorização da cultura popular nacional.
d) a resistência da arte popular quanto às inovações tecnológicas, especialmente o cinema falado e o rádio.
e) o predomínio da música estrangeira em substituição ao samba autenticamente nacional.

14 – O eu lírico na primeira estrofe já aponta o culpado pela “onda de estrangeirismo.” Quem é?
      O cinema falado de origem estrangeira.

15 – Na composição podem-se destacar três momentos distintos no que se refere ao gênero musical samba: nascimento do samba; momento de popularização em que alcança outras camadas sociais; momentos de desprezo para com o samba, a partir da popularização de valores culturais americanos. Esses três momentos podem ser destacados em que versos?
      “A gíria que o nosso morro criou
       Bem cedo a cidade aceitou e usou
       Mais tarde o malandro deixou de sambar, dando pinote
       Na gafieira dançar o Fox - Trote.”

16 – Nos versos:
       “Lá no morro, se eu fizer uma falseta
        A Risoleta desiste logo do francês e do Inglês.”
A partir destes versos pode-se extrair o quê?
      Uma primeira tentativa do eu lírico em expressar na letra da canção um sentimento de caráter mais defensivo da cultura nacional.

17 – Nos versos:
        “As rimas do samba não são I love you
         E esse negócio de alô, alô boy e alô Johnny
         Só pode ser conversa de telefone.”
Vê-se claramente a referência a elementos de que cultura?
      Cultura americana, que aí são utilizados na canção para dar a noção da importância da cultura nacional, resguardando-a dos ditames da imposição estrangeira.
      O autor se alimenta da cultura externa para de certa maneira combater a invasão desta.

             Análise: A letra do samba de Noel Rosa “Não tem tradução” traz consigo marcas sócio culturais de uma época: o Brasil da década de 30. É analisado na obra o teor crítico em relação à mudança de comportamento e de hábitos dos “brasileiros” da época com relação ao samba. Transformações essas provenientes da entrada de produtos culturais norte-americanos, no caso o cinema falado, visto aqui como o fator responsável por tal mudança. São analisadas na letra, marcas de um ufanismo que prima pela defesa cultural, ante o avanço imperialista cultural norte americano.




quarta-feira, 4 de abril de 2018

MÚSICA(ATIVIDADES): MEU CARO AMIGO - CHICO BUARQUE - COM GABARITO

Música(Atividades): Meu Caro Amigo                        

                                 Compositor: Francis Hime / Chico Buarque

Meu caro amigo me perdoe, por favor
Se eu não lhe faço uma visita
Mas como agora apareceu um portador
Mando notícias nessa fita
Aqui na terra 'tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n' roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
Muita mutreta pra levar a situação
Que a gente vai levando de teimoso e de pirraça
E a gente vai tomando, que também, sem a cachaça
Ninguém segura esse rojão

Meu caro amigo eu não pretendo provocar
Nem atiçar suas saudades
Mas acontece que não posso me furtar
A lhe contar as novidades
Aqui na terra 'tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n' roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
É pirueta pra cavar o ganha-pão
Que a gente vai cavando só de birra, só de sarro
E a gente vai fumando que, também, sem um cigarro
Ninguém segura esse rojão

Meu caro amigo eu quis até telefonar
Mas a tarifa não tem graça
Eu ando aflito pra fazer você ficar
A par de tudo que se passa
Aqui na terra 'tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n' roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
Muita careta pra engolir a transação
E a gente tá engolindo cada sapo no caminho
E a gente vai se amando que, também, sem um carinho
Ninguém segura esse rojão

Meu caro amigo eu bem queria lhe escrever
Mas o correio andou arisco
Se me permitem, vou tentar lhe remeter
Notícias frescas nesse disco
Aqui na terra 'tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n' roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
A Marieta manda um beijo para os seus
Um beijo na família, na Cecília e nas crianças
O Francis aproveita pra também mandar lembranças
A todo pessoal
Adeus.

Entendendo a canção:

01 – A letra desta canção trata de quê?
      É um recado enviado para seu amigo Augusto Boal que se encontrava exilado em Lisboa por causa da Ditadura Militar no Brasil no ano de 1976.

02 – Que tipo de correspondência foi enviado?
      Por ser um Período de Ditadura, as correspondências eram violadas, por isto foi enviada uma gravação em fita cassete por um portador de confiança.

03 – Cite os versos onde o autor critica a paixão desmedida do povo brasileiro pelo futebol e pelo carnaval que o cega para os problemas reais.
“Aqui na terra 'tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n' roll.”

04 – No verso: “Uns dias chove, noutros dias bate sol”. O que o autor quer contar para o amigo distante?
      Contar as óbvias variações climáticas de nosso pais.

05 – Quais são os versos da canção que as coisas aqui não estão bem, está muito caro o custo de vida, muita maracutaia que o povo tem que engolir?
“Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
Muita mutreta pra levar a situação.”

06 – O autor para driblar a censura usa palavras homófonas ou de duplo sentido. Coloque o significado correto nas palavras abaixo:
      Birra: Teimosia – resistência inútil.

      Sambar: “ser preso.”

      Choro: pode representar um gênero musical ou também lágrimas e tristeza por causa da tortura.

07 – Quais foram os símbolos da Identidade Nacional Brasileira, que o Governo militar propagou para unir o País?
      Futebol, samba e carnaval.

08 – No verso: “Ninguém segura esse rojão”. O eu lírico acaba buscando refúgio em meios de prazer momentâneo, como a “cachaça”, o “cigarro” e o “carinho”. Mas este verso é um trocadilho com qual?
      É um trocadilho com “ninguém segura este país”, propaganda utilizada pelo governo militar.

09 – “A gente vai tomando”, esse tomando pode significar o quê?
      As porradas que eram distribuídas gratuitamente pelos militares.

10 – Na última estrofe, Chico Buarque cita nomes de pessoas reais. Quem são?
      Marieta, sua esposa na época. Francis, o coautor da música e Cecília, a mulher de seu amigo.







sábado, 24 de março de 2018

MÚSICA(ATIVIDADES): JOÃO E MARIA - CHICO BUARQUE E SIVUCA - COM GABARITO

Música(Atividades): João E Maria

                                      Chico Buarque
                                      Compositor: Sivuca - Chico Buarque

Agora eu era o herói
E o meu cavalo só falava inglês
A noiva do cowboy
Era você além das outras três

Eu enfrentava os batalhões
Os alemães e seus canhões
Guardava o meu bodoque
E ensaiava um rock para as matinês

Agora eu era o rei
Era o bedel e era também juiz
E pela minha lei
A gente era obrigado a ser feliz

E você era a princesa
Que eu fiz coroar
E era tão linda de se admirar
Que andava nua pelo meu país


Não, não fuja não
Finja que agora eu era o seu brinquedo
Eu era o seu pião
O seu bicho preferido

Vem, me dê a mão
A gente agora já não tinha medo
No tempo da maldade
Acho que a gente nem era nascido

Agora era fatal
Que o faz-de-conta terminasse assim
Pra lá deste quintal
Era uma noite que não tem mais fim

Pois você sumiu no mundo
Sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim.

Entendendo a canção:

01 – Na letra da canção o autor critica o quê?
      Critica a ditadura, mas alega que é uma música para crianças, para enganar a censura dos militares.

02 – Por que logo na primeira frase “Agora eu era o herói”, o autor se mostra insatisfeito?
      Ele sente saudade daquilo que fazia bem, nesse caso o “herói”, pois “eu era” já é pretérito.

03 – Por que ele se apropria da linguagem infantil? Cite alguns termos que confirme sua resposta.
      Para criticar governos autoritários. Os termos são: “Agora” eu “era” é assim que crianças fantasiam em suas brincadeiras.

04 – No verso: “Era o bedel e era também juiz”, faz referência a quem?
      Refere-se ao “dedos duros” (bedel, que eram infiltrados nas universidades para vigiar ações subversivas de professores ou alunos e os juízes que eram grandes servidores da ditadura, nem todos, é lógicos).

05 – Na estrofe:
        “Pois você sumiu no mundo
         Sem me avisar
         E agora eu era um louco a perguntar
         O que é que a vida vai fazer de mim.”

Há uma clara demonstração de quê?
      De saudade, mas na realidade, essa é uma saudade de liberdade que havia acabado.

06 – Em que versos existe a figura de linguagem PARADOXO?
      “E pela minha lei
       A gente era obrigado a ser feliz.”

07 – Que análise podemos fazer deste verso: “Agora eu era o herói e o meu cavalo só falava inglês.”?
       Logo após a 2ª Guerra Mundial, com a participação ao lado dos norte-americanos, pracinhas são vitoriosos e portanto voltam como heróis.

08 – “A noiva do cowboy era você além das outras três.” Que significa?
      Cowboy = EUA e Noiva = Ditadura; além do apoio oficial aos três poderes brasileiros, existiria o extraoficial que sustentava o poder dos militares.

09 – No faz-de-conta o que o eu lírico faz?
      Destrói esses inimigos (alemães, ditadura) que tanto impedem o povo de ser feliz.
      Mas que o faz de conta acaba e ele percebe que a maldade humana nunca terá fim...

10 – A canção João e Maria, de Chico Buarque, usa o tempo linguístico como uma construção da linguagem. [...] Agora eu era o rei o bedel e era também juiz. E pela minha lei. A gente era obrigado a ser feliz. E você era a princesa que eu fiz correr. E era tão linda de se admirar. Que andava nua pelo meu país.
Assinale a alternativa CORRETA quanto ao emprego dos tempos verbais:
a)   Utiliza-se em lugar do presente o pretérito imperfeito.
b)   Tem-se no lugar do presente o pretérito perfeito.
c)   Aparece no lugar do presente o pretérito mais que perfeito.
d)   Usa-se no lugar do presente o pretérito do subjuntivo.
Tem-se no lugar do presente o imperativo negativo