domingo, 5 de novembro de 2023

CRÔNICA: SEGUNDA-FEIRA - ADRIANA FALCÃO - COM GABARITO

 Crônica: Segunda-Feira

                 Adriana Falcão

        Toda segunda-feira começa cedo mesmo que se acorde tarde.

        As segundas, aliás, começam quase sempre na véspera, “amanhã já é segunda” (toda noite de domingo traz com ela, além da depressão habitual e do som de uma TV ligada, uma segunda-feira inevitável).

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHbYJMh-AsROinvSgKIjXWaVSu7HLMkkOrRxaQvqFsYRL7qrDPqQOLgY6fPi6OYIF5lh2jXiRNMyUeFHbBgw8nOcvfkh6jlYAlM4TgeCxM0WlW8K4An0xlSQnVNgNcMRVAQbC2yHIPQlHB7wXyIPSIYYyrmj4ty0Rc63yYuursuWWd0z2MWP4ftS-ruSA/s1600/SEGUNDA.jpg
        Toda segunda há uma promessa a ser cumprida, pelo menos uma, muitos ônibus lotados, atrasos motivados pelos mais diversos motivos e um alto índice de enfartes.

        Toda segunda tem a esperança de um telefonema que mude a sua vida, tem um papel pra ser assinado, tem uma prestação pra se botar em dia e tem uma importante decisão a ser tomada.

        Toda segunda tem um pouquinho de primeiro do ano.

        Toda segunda, um cantor de bar fica rouco, um bailarino está exausto, um artista de teatro aproveita sua folga até a próxima quarta e a namorada de um garçom capricha na lavanda.

        Toda segunda, um homem que bebe procura urgentemente uma desculpa.

        Toda segunda tem alguém que parou de beber, tem alguém que parou de fumar, tem alguém começando uma dieta.

        Toda segunda, em um prato, em uma cozinha, tem um resto de bolo de chocolate.

        Toda segunda, as agendas das garotas acumulam novos ingressos de show, notinhas de bar, pétalas de flor, guardanapos de papel, bilhetes de amor e ficam ainda mais gordas.

        Em compensação, as folhinhas, se é que ainda existem folhinhas, vão ficando mais magras.

        Toda segunda tem pelo menos um bom-dia que é dito com alegria por alguém que encontrou o seu amor no final de semana, e pelo menos um que é dito com tristeza por alguém que perdeu o seu, ou porque ele se foi, ou porque o amor perdeu a graça.

        Toda segunda, secretárias com muitas aventuras pra contar deixam os chefes malucos atrás de documentos, relatórios e cronogramas.

        Toda segunda, os desenganados têm mais um domingo pra contar e os infelizes da vida ficam contentes porque têm menos um domingo pela frente.

        Toda segunda, alguém começa uma contagem regressiva.

        Toda segunda, uma expectativa se estabelece.

        Toda segunda, um prazo se esgota.

        Segunda sim, segunda não, já se passou uma quinzena e alguém continua esperando alguma coisa que não chega nunca.

        Toda segunda existe um trabalho chatíssimo pra fazer, a não ser que, sorte a sua, seja feriado.

        Toda segunda é ensolarada, mesmo as mais chuvosas, só para arruinar o humor da humanidade.

        Toda segunda é igual à outra, menos se o seu time ganhou, se o despertador não tocou, se o seu filho nasceu ou se um terremoto destruiu a cidade.

        Toda segunda nasce não sei quantas crianças, umas de parto normal, umas de cesariana, e todas elas, benza Deus, segunda que vem vão completar uma semana.

        Toda segunda faz um ano exato que um fato qualquer aconteceu e para alguma pessoa, por algum motivo, isso tem uma enorme importância.

        Toda segunda é meio lembrança, meio começo, meio cansaço, meio maçante, meio preguiça, meio esperança.

        Toda segunda tem alguma coisa ruim, alguma coisa boa e uma péssima fama.

Texto de Adriana Falcão.

Entendendo a crônica:

01 – Como a autora descreve o início de cada segunda-feira?

      A autora descreve que toda segunda-feira começa cedo, mesmo que alguém acorde tarde, e frequentemente a sensação de que a segunda-feira se aproxima já começa no domingo.

02 – Que tipos de compromissos e atividades são mencionados como parte de uma segunda-feira comum?

      Na crônica, são mencionados compromissos, ônibus lotados, atrasos, telefonemas importantes, papéis a serem assinados, prestações a pagar, decisões a serem tomadas e início de dietas, entre outros.

03 – Como a autora descreve a atmosfera das segundas-feiras?

      A autora descreve a atmosfera das segundas-feiras como tendo um toque de "primeiro do ano," onde as pessoas têm esperança, e algumas tomam decisões, como parar de beber, parar de fumar ou começar uma dieta.

04 – Qual é a relação entre as garotas e suas agendas nas segundas-feiras?

      Nas segundas-feiras, as agendas das garotas ficam mais cheias, acumulando ingressos de show, bilhetes de amor e outras lembranças, tornando-as mais "gordas."

05 – Como as segundas-feiras afetam os desenganados e os infelizes da vida?

      Às segundas-feiras significam um novo domingo para os desenganados, enquanto os infelizes da vida ficam contentes porque têm um domingo a menos pela frente.

06 – O que acontece toda segunda-feira em relação a datas importantes?

      Toda segunda-feira faz um ano exato que algum evento ocorreu, e isso pode ser de grande importância para alguém por algum motivo.

07 – Como a autora descreve a natureza das segundas-feiras?

      A autora descreve que toda segunda-feira é "meio lembrança, meio começo, meio cansaço, meio maçante, meio preguiça, meio esperança" e que ela tem uma péssima fama, sendo considerada um dia difícil por muitos.

 

 

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

POEMA: AMORA - MARCO CATALÃO - COM GABARITO

 POEMA: amora

a palavra amora
seria talvez menos doce
e um pouco menos vermelha
se não trouxesse em seu corpo
(como um velado esplendor)
a memória da palavra amor

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5BO7Itg6KswdsVblxzlic1MQGN85ujkSYghyDcTjDaf9J1tDI-yWqN4Hqk5DCH3kbK7wvyUm_BbSL9DsAkMa7TcokcdJp6eOfA0XlJYQTHUyvxZLKUJ7iUlV20K47Ezz1gwUU_M5Dc2xFCtrgxI19RdqeDLcWQq4D2vihXpGOQYGw6P60oWCaFnWhtMU/w217-h142/AMORA.jpg


a palavra amargo
seria talvez mais doce
e um pouco menos acerba
se não trouxesse em seu corpo
(como uma sombra a espreitar)
a memória da palavra amar

Marco Catalão, Sob a face neutra.

01. É correto afirmar que o poema

      a) aborda o tema da memória, considerada uma faculdade que torna o ser humano menos amargo e sombrio. 

      b) enfoca a hesitação do eu lírico diante das palavras, o que vem expresso pela repetição da palavra “talvez”. 

      c) apresenta natureza romântica, sendo as palavras “amora” e “amargo” metáforas do sentimento amoroso. 

      d) possui reiterações sonoras que resultam em uma tensão inusitada entre os termos “amor” e “amar”. 

      e) ressalta os significados das palavras tal como se verificam no seu uso mais corrente.

 

02. Tal como se lê no poema,

      a) a palavra “amora” é substantivo, e “amargo”, adjetivo. 

      b) o verbo “amar” ameniza o amargor da palavra “amargo”. 

       c) o substantivo “corpo” apresenta sentido denotativo. 

       d) o substantivo “amor” intensifica o dulçor da palavra “amora”. 

       e) o verbo “amar” e o substantivo “amor” são intercambiáveis.

 

03. “como uma sombra a espreitar”. A palavra “espreitar” pode ser trocada, sem alterar o sentido do texto por 

a) olhar às escondidas. 

b) recusar. 

c) copiar. 

d) analisar. 

04. Qual figura de linguagem é utilizada para apresentar características humanas às palavras "amora" e "amargo"?

a) Metáfora
b) Prosopopeia ou personificação
c) Hipérbole
d) Anáfora

05. Qual sentimento é evocado pela palavra "amargo" no poema?

a) Tristeza
b) Alegria
c) Doçura
d) Amor

domingo, 29 de outubro de 2023

CRÔNICA: UM DIA DE MÃE - ADRIANA FALCÃO - COM GABARITO

 Crônica: UM DIA DE MÃE

               Adriana Falcão

        Chegou exausta, cheia de sacolas, dor de cabeça, morta de calor, faminta, caótica, e com um firme propósito: tomar um banho e cair na cama. Encontrou uma acalorada discussão a respeito da impossibilidade de se dividir um computador em três (sem despedaçá-lo) e as três crianças aos berros. Todas as luzes da casa estavam acesas. A pressão subiu um pouco.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHNVWWEo7R8WUujTH6INBPEzzdizhrHDXP8VmzXkH6LSREg0lvK6oyZ3CwWDO0OCFjbPA_t0Vab2o_MEYyP3pHBu_Ry6yHALI0p1aHe6E-h2WJAA-IPCssErFC0LZb0pk5lrd43i2LSoYuZBZARSoy4lJAiUV0Rv8EQ1qE7cJZwiGecRG1YEwuogEIC4w/s320/mae-cansada.jpg


        -- Vocês querem fazer o favor de apagar as luzes enquanto eu tomo o meu banho?

        Inútil. Todos os membros da família foram acometidos da síndrome de pensar em outra coisa, mal muito comum entre maridos e filhos durante reclamações, queixas, opiniões, etc.

        Saiu pela casa desligando tudo que estava aceso para o nada: lâmpadas, som, TV, internet...

        -- Por isso que eu liguei pra cá e só deu ocupado o dia inteiro!

        -- O quê?

        Nada. Já tinha desistido de competir com o walkman há muito tempo.

        No quarto da filha mais velha, dezenove blusas, cinco saias e quatro vestidos estavam espalhados em cima da cama para devida apreciação da mesma.

        -- Vai sair?

        -- Desisti. Não tenho roupa.

        A pressão subiu vertiginosamente. Bobagem. Nada que um banho não resolvesse.

        -- Esse jantar não sai hoje não?

        Esquece o banho.

        -- Sopa de novo?

        Calma.

        -- Ergh!

        Respira.

        -- Por que eu não tenho copo?

        Palpitação moderada. Coisa controlável. Foi buscar o copo.

        -- Aproveita que tá na cozinha e frita um ovo pra mim?

        Claro. Fritar ovo inclusive é uma ótima terapia ocupacional pra quem já passou por dois engarrafamentos, banco, pediatra, ginástica, supermercado, uma papelaria entupida de mães comprando material escolar e cinco reuniões de trabalho. Normal.

        -- Você não sabe que eu só gosto de gema mole?

        Teve uma leve síncope nervosa, mas conseguiu se controlar. Afinal, a culpa era dela. Como podia ter cometido um erro tão grave? É óbvio que a mais velha e a do meio gostavam de gema mole, (muito sal para a primeira, pouco para a segunda), a menor preferia ovo mexido, (sal no ponto), o marido não suportava gema... Ou não suportava clara? Quem gostava de omelete? Qual das crianças teve sarampo? Quem foi que quebrou a perna?

        Bateram na porta. Era o porteiro pra avisar que ia faltar água. Ameaça de enfarte. Passou, graças a Deus. Voltou quando alguém espatifou a jarra de suco no chão. (Dessa vez foi de miocárdio.) A menorzinha disse que foi a mais velha. A mais velha disse que foi a do meio. A do meio disse: tudo eu! E se trancou no quarto de onde só saía em último caso, um incêndio ou um telefonema, por exemplo. O telefone tocou.

        -- Alguém pode atender enquanto eu limpo o chão ou limpar o chão enquanto eu atendo?

        Todos os membros da família foram acometidos de um acesso de paralisia generalizada, (espécie de praga que costuma ser causada pela presença da mãe no recinto), acompanhado de mudez instantânea. Acontece. Ela atendeu o telefone, era engano, limpou o chão, voltou para a mesa, a sopa tinha esfriado. Melhor. Comer engorda.

        -- O ar condicionado do meu quarto quebrou.

        -- Você lembrou de comprar o meu livro de inglês?

        -- Não tem geleia não, é?

        -- O cachorro fez xixi na minha colcha.

        -- Por que eu não tenho garfo?

        O telefone tocou de novo. Nova palpitação seguida de falta de ar súbita. Era para a menor.

        -- A Júlia pode dormir aqui hoje?

        Pode.

        -- A mamãe deixou. Desce daqui a dez minutos que a gente passa aí pra te pegar.

        Ligeiro formigamento no braço esquerdo. Angina? Isquemia? Talvez. Saiu de casa com o firme propósito de pegar a Júlia, voltar correndo, ir direto tomar um banho e cair na cama.

        -- Aproveita que vai sair e passa na locadora pra devolver os filmes.

        -- Aproveita que vai passar na locadora e compra o meu remédio na farmácia.

        Casa da Júlia. Locadora. Farmácia. Ia ter que deixar o enfarte e o banho pra mais tarde.

Fonte: Revista Veja Rio. Adriana Falcão.

Entendendo a crônica:

01 – O que a mãe encontra ao chegar em casa no início da crônica?

      A mãe encontra a casa cheia de luzes acesas, crianças aos berros e uma discussão sobre a divisão de um computador.

02 – O que a mãe pede às crianças logo após chegar em casa?

      A mãe pede às crianças para apagarem as luzes enquanto ela toma um banho.

03 – O que acontece quando a mãe tenta competir com o walkman em relação às reclamações da família?

      A família parece ignorar as reclamações da mãe, pois todos estão ocupados pensando em outras coisas, o que a faz desistir de competir com o walkman.

04 – Por que a pressão da mãe sobe vertiginosamente na crônica?

      A pressão da mãe sobe vertiginosamente quando ela percebe que sua filha mais velha tem um grande número de roupas espalhadas pela cama e não sabe o que vestir, o que a frustra ainda mais.

05 – O que acontece com a ideia da mãe de tomar um banho e cair na cama após essa situação?

      A ideia da mãe de tomar um banho e cair na cama é abandonada devido à frustração e ao estresse causados pela situação com as roupas da filha.

06 – Qual é o pedido que causa uma leve síncope nervosa na mãe?

      O pedido para fritar um ovo causa uma leve síncope nervosa na mãe, pois a filha faz uma observação específica sobre a consistência da gema.

07 – O que acontece quando o telefone toca na crônica?

      Quando o telefone toca, todos os membros da família ficam paralisados e em silêncio, e a mãe é forçada a atender o telefone. No entanto, a chamada era um engano, e ela continua suas tarefas domésticas.

 

 

HISTÓRIA: O COELHINHO QUE NÃO ERA DE PÁSCOA - RUTH ROCHA - COM GABARITO

 História: O coelhinho que não era de Páscoa 

              Ruth Rocha

        Vivinho era um coelhinho. Branco, redondo, fofinho. 

        Todos os dias Vivinho ia à escola com seus irmãos.

        Aprendia a pular, aprendia a correr... 

        Aprendia qual a melhor couve para se comer.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwp2utkmwkg3Qj864hB43IHOZe3e9aA_nhnyaTsty80yZhkVphRB2dt_5JQYk8V-gxR-AlRuBV-o7nfPMp3191DFymJJy2lqqap0Cz0t2YPyls_K8R8SXOvjfQA1j-k1a7wc0ms9pfS1ZafSPij3u63AIefnItyJaRWueou-YWrkYFwLVW-eDQJBovLEQ/s320/COELHO%20BRANCO.jpg
 

        Os coelhinhos foram crescendo, chegou a hora de escolherem uma profissão.

        Os irmãos de vivinho já tinham resolvido:

        -- Eu vou ser coelho de Páscoa como meu pai.

        -- Eu vou ser coelho de Páscoa, como o meu avô.

        -- Eu vou ser coelho de Páscoa como meu bisavô.

        E todos queriam ser coelhos de Páscoa, como o trisavô, o tataravô, como todos os avôs. Só Vivinho não dizia nada.

        Os pais perguntavam, os irmãos indagavam:

        -- E você Vivinho, e você?

        -- Bom – dizia Vivinho – eu não sei o que quero ser.

        Mas sei o que não quero: Ser coelho de Páscoa.

        O pai de Vivinho se espantou, a mãe se escandalizou e desmaiou:

        -- OOOOOHHHHH!!!

        Vivinho arranjou uma porção de amigos: O beija-flor Florindo, Julieta a borboleta, e a abelha Melinda.

        -- Onde é que já se viu coelho brincar com abelha?

        -- Os irmãos de Vivinho diziam.

        Os pais de Vivinho se aborreciam:

        -- Um coelho tem que ter uma profissão. Onde é que nós vamos parar com essa vadiação?

        -- Não se preocupem – Vivinho dizia – Estou aprendendo uma ótima profissão.

        -- Só se ele está aprendendo a voar – os pais de Vivinho diziam.

        -- Só se ele está aprendendo a zumbir – os irmãos de Vivinho caçoavam.

        Vivinho sorria e saía, pula, pulando para se encontrar com seus amigos.

        O tempo passou. A Páscoa estava chegando.

        Papai e Mamãe Coelho foram comprar os ovos para distribuir.

        Mas as fábricas tinham muitas encomendas. Não tinham mais ovinhos para vender. Em todo lugar a resposta era a mesma:

        -- Tudo vendido. Não temos mais nada...

        O casal Coelho foi a tudo que foi fabrica da floresta. Do seu Antão, do seu João, do seu Simão, do seu Veloso, do seu Matoso, do seu Cardoso, do seu Tônio, do seu Petrônio, seu Sinfrônio. Mas a resposta era sempre a mesma.

        -- Tudo vendido seu coelho, tudo vendido...

        Os dois voltaram pra casa desanimados.

        -- Ora essa. Isso nunca aconteceu...

        -- Não podemos desapontar as crianças...

        -- Mas nós já fomos a todas as fábricas. Não tem jeito, não...

        Os irmãos do coelhinho estavam tristes:

        -- Nossa primeira distribuição... Ai que tristeza no coração!...

        Vivinho vinha chegando com Melinda.

        -- Por que não fazemos os ovos nós mesmos?

        -- É que nós não sabemos.

        Coelho de Páscoa sabe distribuir ovos. Não sabe fazer!

        -- Pois eu sei – disse Vivinho – Eu sei.

        -- Será que ele sabe? – Disse o pai?

        -- Ele disse que sabe – disseram os irmãos.

        -- Ele sabe, ele sabe – disse a mãe.

        -- E como você aprendeu? – perguntaram todos.

        -- Com meus amigos. Eu não disse que estava aprendendo uma profissão? Pois eu aprendi a tirar o pólen das flores com Julieta e Florindo. E Melinda é a maior doceira do mundo. Ela me ensinou a fazer tudo o que é doce...

        A casa da família Coelho virou uma verdadeira fábrica. Todos ajudavam: Papai Coelho, Mamãe Coelha e os coelhinhos... e os amiguinhos também: Florindo o beija-flor, a borboleta Julieta e a abelha Melinda, a maior doceira do mundo.

        E era Vivinho quem comandava o trabalho.

        E quando a Páscoa chegou, estavam todos preparados. As cestas de ovos estavam prontas.

        E os pais de Vivinho estavam contentes.

        A mãe de Vivinho disse:

        -- Agora, nosso filho tem uma profissão.

        E o pai de Vivinho falou:

        -- Cada um deve seguir a sua vocação...

Ruth Rocha.

Entendendo a história:

01 – Qual era a cor do coelhinho chamado Vivinho?

      Vivinho era branco.

02 – O que os irmãos de Vivinho decidiram ser quando cresceram?

      Os irmãos de Vivinho decidiram ser coelhos de Páscoa, como seus pais, avós e bisavós.

03 – Qual era a decisão de Vivinho em relação à sua profissão?

      Vivinho não queria ser um coelho de Páscoa.

04 – Quem eram os amigos de Vivinho na história?

      Os amigos de Vivinho eram: Florindo o beija-flor, Julieta a borboleta e Melinda a abelha.

05 – O que Vivinho aprendeu com seus amigos?

      Vivinho aprendeu a tirar o pólen das flores com Julieta e Florindo, e Melinda a ensinou a fazer doces.

06 – O que a família Coelho fez quando não encontrou ovos para distribuir na Páscoa?

      A família Coelho decidiu fazer os ovos eles mesmos.

07 – Quem comandou o trabalho de preparação dos ovos de Páscoa na história?

      Vivinho comandou o trabalho de preparação dos ovos de Páscoa.

 

HISTÓRIA: A FAMÍLIA DO COELHO TIBÚRCIO - CAMILA FARIAS - COM GABARITO

 História: A família do coelho Tibúrcio

              Camila Farias

        Dia lindo campo verdinho, folhas fresquinhas e cenouras deliciosas. Ah! Se tem algo a que Tibúrcio não resiste, são as cenouras…

        E não é por gula, não! É que Tibúrcio tem muita energia. Tibúrcio possui dentões engraçados, que crescem muito. Por isso, faz o que mais gosta na fazenda! Então, vai mais uma cenoura?

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWI39EtJbF0865LGdoWRlCen8I8cmxH63zdMKFqlw7HPvvoJ4yt9Np6N5AOxjawMWuvwqfNVXQotnA8CgVtRVYG2lDSLOeme4RgOR_fgTYuxIlq0sD09zd4pUD0x9dBNkAV0BY1jkLlhl7Ih7vxFYkt4VLhyU0i14DDnEZtq_AWNE2FOxwoxfHw7qV0ho/s1600/COELHOO.png


        Tibúrcio tem muitos amiguinhos na fazenda. Ismael e Matias sempre chegam atrasados para o almoço. Mas eles nunca brigam. Os coelhos estão sempre com seu nariz tremendo, principalmente quando farejam alguma coisa boa. E têm tantos amigos na fazendo, como os patinhos, os pintinhos, os passarinhos, as borboletas e tantos outros, que nem dá pra enumerar.

        Certo dia, Tibúrcio encontrou uma coelhinha para acasalar. Ela era muito linda e se chamava Isolda. Meses depois, Isolda fez sozinha um ninho magnífico. Estava muito feliz, porque ia dar à luz seus primeiros filhotinhos.

        Tibúrcio e Isolda sabem que precisam ficar atentos aos filhotes. Hei! Cuidado com o pato, coelhinho! Uma bicada machuca… E muito! Tibúrcio e Isolda se tornam os coelhos mais felizes. Eram oito lindos filhotes para cuidarem, todos saudáveis e brincalhões. Que responsabilidade!

        Mas os filhotes de coelho crescem tão depressa, que Tibúrcio e Isolda nem precisam se preocupar com eles por muito tempo.

        Ouvem e sentem o cheiro tão bem, de longe, que Tibúrcio nunca consegue fazer surpresa ao trazer uma deliciosa cenoura para eles.

        Uma coisa é certa: os filhotes pegaram a mania de Tibúrcio: jamais largam suas cenouras preferidas!

Camila Farias.

Entendendo a história:

01 – Quem é o protagonista da história e qual é sua característica marcante?

      O protagonista da história é o coelho Tibúrcio, e sua característica marcante são seus dentões engraçados que crescem muito.

02 – Quais são os amigos de Tibúrcio na fazenda?

      Tibúrcio tem muitos amigos na fazenda, incluindo Ismael, Matias, patinhos, pintinhos, passarinhos, borboletas e outros animais.

03 – Como Tibúrcio se sente em relação às cenouras?

      Tibúrcio adora cenouras porque elas lhe fornecem energia, não por gula.

04 – Quem é a coelhinha que Tibúrcio encontra e o que acontece depois?

      Tibúrcio encontra uma coelhinha chamada Isolda, e meses depois, ela dá à luz oito filhotinhos.

05 – Qual é a responsabilidade que Tibúrcio e Isolda têm após o nascimento dos filhotes?

      Tibúrcio e Isolda têm a responsabilidade de cuidar dos oito filhotes de coelho, garantindo que eles cresçam saudáveis e felizes.

06 – Por que Tibúrcio não consegue fazer surpresa ao trazer cenouras para seus filhotes?

      Tibúrcio não consegue fazer surpresa ao trazer cenouras para seus filhotes porque eles ouvem e sentem o cheiro muito bem de longe, então sempre sabem quando ele está chegando com as cenouras.

07 – O que os filhotes de Tibúrcio têm em comum com ele?

      Os filhotes de Tibúrcio têm em comum com ele o gosto por cenouras, assim como seu pai Tibúrcio. Eles nunca largam suas cenouras preferidas.

 

HISTÓRIA: A ABELHINHA JULITA - A VIDA NA FAZENDA - COM GABARITO

 História: A abelhinha Julita

              A vida na fazenda

        No começo da primavera, quando as flores começam a se abrir, a abelhinha Julita sai para buscar o néctar. É para fazer o mel, um alimento muito nutritivo.

        Julita é uma abelhinha operaria. Ela vive numa colmeia junto com milhares de amiguinhas.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEio8p4w3hSuFGWW97JRG1Ui3bbvRrBh8gfBFznYQSWOM0sB9x1F1RHl4fcc6W_T6PxmxSkS-rBip_LvYYLWzo4oMw6nXmKfrJl94wsDo3OkMvXkxn1IhSpz4AiT2DoByFIrDIIZOgSxmuybSyZfmSKRVUeqE-gIXAkdrN96THDHOHa7HjzBeDrz8NANdbM/s320/ABELHINHA.jpg


        Dentro da colmeia, suas amiguinhas operarias trabalham o dia todo para depositar o néctar dentro de favos de mel.

        Toda feliz, Julita cai com suas amiguinhas e pousa nas flores mais lindas do campo. Ela recolhe o néctar e o pólen, que ficam bem no centro dessas flores.

        Antes de o dia se pôr, a abelhinha Julita e milhares de amiguinhas voltam para a casa, a colmeia. Até aí, elas já fizeram muitas idas e vindas e estão muito cansadas e com muito soninho. Essas abelhinhas são mesmo muito espertas. Elas fazem suas colmeia dentro de árvores ou em lugares secos, na mata, bem protegidos da água da chuva.

        Julita e suas amiguinhas fabricam o favo com uma cera especial, para servir à abelha mais importante da colmeia: a rainha. A rainha deposita seus ovinhos, que se tornarão novas abelhinhas. Tudo graças a Julita, que fez pequenas células de cera virarem uma caminha com capricho.

        Julita gosta muito de suas amiguinhas. Um dia, ela foi bem longe, para além do rio e do vale, e encontrou três abelhinhas que aviam se perdido. Então, Julita ensinou a elas o caminho de volta. A abelha-rainha ficou muito feliz com Julita e a premiou, dando-lhe um dia inteirinho de folga. Julita adorou. Assim, pode ajudar na produção da geleia real!

        Foi assim que Julita participou do nascimento de muitas abelhinhas. Dentro da célula comum, existe uma larva, que é bem pequenininha. Julita precisou alimentá-la durante um tempo para ela crescer. Depois, foi preciso fechar a célula. Aí, aconteceu a transformação da larva em abelha operaria.

        Existem larvas que são alimentos pela geleia real, um mel muito puro e fortificante. Elas vão se desenvolvendo até se transformarem em abelhas grandes. A geleia real é o alimento das rainhas. Elas voam pelos campos quando saem da célula. Julita ficou muito contente e orgulhosa por ter criado outras abelhinhas.

        A abelha-rainha, quando nasce, escolhe um dia ensolarado para voar pelo campo. E todos os zangões saem para namora-lá. Essa rainha é mesmo muito importante! Quando a rainha volta, é a época mais importante da colmeia. Três dias após de ser fecundada, ela passa a pôr seus ovos como a antiga rainha fazia. Enquanto isso, as amiguinhas de Julita continuam os seus trabalhos de operarias, recolhendo pólen e néctar para fabricar cera e mel.

        Pegar o pólen e o néctar é o que as amiguinhas de Julita mais amam fazer. E a maior paixão de Julita é a natureza. Num dia maravilhoso de primavera ou de verão, lá vai ela de flor em flor, sempre com muita alegria e vontade de trabalhar.

A vida na fazenda.

Entendendo a história:

01 – Qual é a tarefa principal da abelhinha Julita na colmeia?

      A tarefa principal da abelhinha Julita na colmeia é coletar néctar e pólen das flores para fazer mel.

02 – Onde Julita e suas amiguinhas constroem suas colmeias?

      Julita e suas amiguinhas constroem suas colmeias dentro de árvores ou em lugares secos na mata, bem protegidos da água da chuva.

03 – Por que a abelhinha Julita fabrica favos de cera na colmeia?

      Julita fabrica favos de cera na colmeia para servir à abelha-rainha, que deposita seus ovos neles.

04 – O que acontece dentro das células comuns da colmeia?

      Dentro das células comuns da colmeia, as larvas se desenvolvem e se transformam em abelhas operárias.

05 – Qual é o alimento das larvas que se transformarão em rainhas?

      As larvas que se transformarão em rainhas são alimentadas com geleia real, um mel muito puro e fortificante.

06 – O que a rainha faz três dias após ser fecundada?

      Três dias após ser fecundada, a rainha começa a pôr ovos, da mesma forma que a antiga rainha fazia.

07 – Qual é a maior paixão de Julita na história?

      A maior paixão de Julita na história é a natureza, e ela adora voar de flor em flor para coletar néctar e pólen, sempre com alegria e vontade de trabalhar.

 

POEMA: CASAMENTO - ADÉLIA PRADO - COM GABARITO

 Poema: Casamento 

              Adélia Prado

Há mulheres que dizem:

Meu marido, se quiser pescar, que pesque,

mas que limpe os peixes.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFgsUeV1pM-jMSjfAiz0LkowSYSr2xXzKNScK0uK8pyLEaFOia5jpUMV6DENeiLiVtbbCopxjaZ1Yn1DKFdWpiLv5Y1-_eEbwb_BQfSuXd-_bXNPZ6yjTrp9Arvmum5VKauF-VwCh1scrjvS1kDfD4AslMgV0cwNzaYTqxFH89_JBqGfj2b-CRi0QcfeY/s320/PEIXE.jpg


Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,

Ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.

É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,

de vez em quando os cotovelos se esbarram,

ele fala coisas como “este foi difícil”

“prateou no ar dando rabanadas”

e faz o gesto com a mão.

O silêncio de quando nos vimos a primeira vez

atravessa a cozinha como um rio profundo.

Por fim, os peixes na travessa,

vamos dormir.

Coisas prateadas espocam:

somos noivo e noiva.

Terra de Santa Cruz (1981).

Entendendo o poema:

01 – Qual é o tema principal do poema?

      O tema principal do poema é a intimidade e o amor no casamento, representado pela ação de preparar peixes juntos na cozinha.

02 – Como a protagonista do poema se diferencia de algumas outras mulheres em relação ao marido pescar?

      A protagonista do poema diferencia-se de algumas outras mulheres, pois está disposta a ajudar seu marido a limpar e preparar os peixes, ao contrário de simplesmente permitir que ele o faça sozinho.

03 – Como a cozinha é descrita no poema?

      A cozinha é descrita como um lugar íntimo, onde o casal trabalha em conjunto, compartilhando momentos especiais, e onde a atmosfera é carregada de significado e silêncio profundo.

04 – O que o gesto com a mão mencionado no poema simboliza?

      O gesto com a mão mencionado no poema simboliza a ação de preparar o peixe, a habilidade e o cuidado que o marido dedica a isso, e também pode representar a conexão e a comunicação não verbal entre o casal.

05 – Como o poema termina e o que isso simboliza?

      O poema termina com a imagem dos peixes na travessa e a referência ao casal como "noivo e noiva." Isso simboliza a renovação do amor e do compromisso no casamento, como se toda vez que trabalham juntos na cozinha, eles estivessem renovando seus votos.

 

 

POEMA: TODAS AS CARTAS DE AMOR SÃO RIDÍCULAS - ÁLVARO DE CAMPOS - COM GABARITO

 Poema: Todas as cartas de amor são ridículas

             Álvaro de Campos

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiB9UXDFRK36WX8K2UVB_IwrfCXDZdOPUJumn-WF5JIZO5W1BnJvI9uKUv5AKYkq8be1WN8ZiJ6xIZHZjFhzYLacvsy26X2z7Dtf8CGECb49QIeVNEAiVXvyQY_J05cd1wtM50PNGsQFHIuHhsI-2xpPcf9RQA28BEoG_cU_XhrypP3E1ngq13S1OpWvp0/s320/CARTAS.jpg


Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

Álvaro de Campos, in “Poemas” Heterónimo de Fernando Pessoa.

Entendendo o poema:

01 – Qual é a ideia central do poema?

      A ideia central do poema é que todas as cartas de amor são inerentemente ridículas, e essa característica é parte integrante do gênero.

02 – Por que o autor considera as cartas de amor como sendo ridículas?

      O autor acredita que as cartas de amor são ridículas porque refletem sentimentos intensos e muitas vezes irracionalidades, tornando-se estranhas e até cômicas.

03 – Qual é a ironia presente no poema?

      A ironia no poema é que, embora o autor considere as cartas de amor como ridículas, ele mesmo já as escreveu, o que sugere uma dualidade na natureza humana quando se trata de amor e sentimentos.

04 – Como o poema retrata as memórias do autor em relação às cartas de amor?

      O autor afirma que, olhando para trás, as memórias de suas cartas de amor são igualmente ridículas.

05 – O que o poema sugere sobre as palavras esdrúxulas e sentimentos esdrúxulos?

      O poema sugere que tanto as palavras esdrúxulas quanto os sentimentos esdrúxulos são naturalmente ridículos, de acordo com a perspectiva do autor.

06 – Qual é a relação entre as cartas de amor e a natureza humana, conforme retratada no poema?

      O poema sugere que as cartas de amor são uma expressão intrínseca da natureza humana, e aqueles que nunca as escreveram são considerados "ridículos" de uma maneira diferente, ou seja, por não terem experimentado os sentimentos intensos que vêm com o amor e a paixão.