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domingo, 22 de maio de 2022

TEXTO DRAMÁTICO: BILIRI E O POTE VAZIO - CENA 16 - RICARDO KARMAN - COM GABARITO

 Texto dramático: Biliri e o pote vazio


Cena 16 – Premiação

 Cena anterior permanece na tela. Finalmente, o imperador vai falar com Biliri.

        Imperador – Ei, você, menino! (Biliri levanta o rosto.) Qual é o
seu nome?

        Biliri – Biliri.

        Imperador – Muito bem, Biliri. Um ano atrás eu lhe dei uma
semente para cultivar. O que fez com ela?

        Biliri – Ela está aqui, senhor. (Mostra o vaso.)

        Imperador – Veja, a Praça do Palácio Imperial está cheia de flores magníficas; uma mais linda do que a outra. Você não acha que
essas flores são bonitas?

        Biliri – São maravilhosas, majestade...

        Imperador – Então, Biliri, como você tem coragem de apresentar-se a mim com um vaso vazio? Não se sente envergonhado diante do sucesso de todos os outros?

        Biliri – (Chorando.) Eu plantei a semente que o senhor me deu.
Coloquei-a em terra úmida e com pouca luz, Cuidei dela todos os
dias, desde o amanhecer até a noite, quando todos dormiam. Mas ela não brotou. Conversei com ela como faço com todas as minhas
plantas, mas ela nada me respondia, majestade, parecia surda.

        Imperador – Surda? (Surpreso) Que coisa mais inesperada...
Quer dizer que você "conversa" com as plantas?

        Biliri – (Envergonhado) Eu sei... deve ser bobagem de criança. Já me falaram isso mil vezes, talvez seja mesmo bobagem, mas... eu gosto de falar com as plantas... e eu sinto que elas falam comigo. O senhor tem um jardim, não tem? O senhor já deve ter sentido isso alguma vez, não sentiu, imperador?

        Imperador – (Severo) Prossiga, menino. Por que não adubou a terra?

        Biliri – Eu adubei, sim, com esterco bem curado da estrebaria do Sr. Pô. Coloquei a semente em um vaso maior, com mais terra e depois em um menor e muito mais bonito. Veja!

        Imperador – Mais bonito? Flores não têm olhos....

        Biliri – Eu só queria que ela ficasse feliz. As plantas são sensíveis; o senhor sabe, não gostam de ser maltratadas... mas mesmo assim, ela não brotou.

        Imperador – Colocou água o suficiente?

        Biliri – Majestade, eu cuidei dela o ano inteiro. Dormia abraçado com ela. Regava bem cedinho, quando o sol nascia e à tardezinha, quando o sol se punha, mas mesmo assim, apesar de todo o meu esforço, ela não floresceu.

        Imperador – (Severo) E por que as flores dos outros floresceram tão magníficas, Biliri?

        Biliri – Não sei, não sei! Nada de bom nasceu de mim, majestade. Meu vaso é o mais feio de todos. É muito ruim saber disso. (Apontando a tela) Essas flores são tão lindas! Elas são melhores do que eu... Todos eles... devem ter o coração mais colorido também. É muito triste... Mas tudo o que eu falei é verdade. Esse vaso vazio foi o melhor que eu pude fazer... Meu pai disse que meu esforço era digno do imperador, por isso eu vim assim... Talvez tenha sido errado... Me perdoe... (Chora.)

        (Música – Tempestade 3° movimento)

        Imperador – Isso tudo é muito grave. Biliri! O mundo é cheio de flores falsas e de mentiras que se disfarçam de beleza. Mas a verdade sempre prevalece e é mais forte do que tudo, Ministro! Ministro!?

        Ministro – Sim, senhor!

        Imperador – Avise o povo! Diga a todos que eu já tomei a minha decisão.

        Ministro – Que ótima notícia, Imperador! Salve, aleluia! E qual dessa fores magníficas será a vencedora?

        Imperador – Nenhuma!

        Ministro – ... nenhuma?

        Imperador – Ministro Chao! Escondida nesta vasta multidão de ilusões, há apenas uma pessoa digna de ser a minha sucessora.

        Ministro – Como assim, Imperador! Todos essas flores são lindas...

        Imperador – A ignorância nos faz ver coisas que não existem. E beleza onde não há. Todas essas flores, todas essas crianças e os pais que as ajudaram, tudo isso é uma miragem da beleza imensa que poderia ser, mas do que não foi.

        Ministro – Miragem? Não consigo entender, majestade.

        Imperador – Levante-se, Biliri! Você me trouxe um vaso vazio. Me contou a sua história e me disse a mais pura e simples verdade. Você foi digno e honesto. E, agora, eu que lhe peço desculpas, Biliri, pois a semente que eu lhe dei, por mais que você cuidasse dela, jamais poderia ter germinado.

        Ministro – Jamais ter germinado? Como assim, Imperador?

        Todos na coxia – Ooohh...! (Murmúrios)

        Imperador – Não sei como essas crianças cultivaram todas essas flores magníficas, ministro. Não sei onde conseguiram essas sementes incríveis. Mas certamente não foram as sementes que lhes dei, pois as minhas sementes, senhor ministro, as minhas sementes estavam todas cozidas!

        Ministro – Cozidas?

        Todos na coxia – Ooohh...! (Murmúrios)

        Imperador – (Maroto) Sim, cozidas! Eu mesmo as cozinhei numa grande panela de bruxa; nenhuma dessas sementes poderia ter nascido, Biliri. Toda essa praça está manchada pela vergonha e falsidade. Você foi o único que enfrentou a verdade e teve a coragem de dizê-la diante de todos. Você trabalhou em vão, eu sei, mas agora será recompensado. Pois uma pessoa de bem pode salvar toda a humanidade. Ministro! Avise a todos, grite aos quatro ventos, diga ao povo da China que o país ganhou um novo Imperador e eu ganhei o filho que nunca tive. Sim, Biliri! Vou entregar-lhe todo o meu reino e torna-lo imperador deste país!

        (Música – Piano concerto n° 2 – 3° movimento)

        Ministro – Alvíssaras! Alvíssaras! O herdeiro foi escolhido! É tempo de alegria! Viva! Viva!

        Biliri – Obrigado, majestade!

        Ministro joga confete para o alto. Papel picado cai do céu e também na tela. Alegria geral. Todos comemoram.

a)   Todas as músicas são obras para piano de Beethoven.

Ricardo Karman. Kompanhia do Centro da Terra.

Fonte: livro – Língua portuguesa – Buriti mais português – 4° ano – ensino fundamental – Anos iniciais – 1ª edição, São Paulo, 2017. Moderna. p. 12-8.

Entendendo o texto:

01 – Converse com os colegas.

a)   O que o imperador deu a Biliri um ano atrás?

Uma semente de flor para cultivar.

b)   Biliri plantou e cultivou a semente? O que aconteceu?

Biliri plantou e cultivou a semente, mas ela não floresceu.

c)   De que maneira Biliri cuidou da semente?

Biliri colocou a semente em terra úmida e com pouca luz, cuidando dela todos os dias. Ele também conversou com ela, adubou, regou e dormiu abraçado com o vaso.

d)   Por que Biliri levou o vaso até o imperador mesmo sem a semente ter florescido?

Porque o pai dele disse que seu esforço era digno do imperador.

e)   O que aconteceu com Biliri no final da história?

O imperador o nomeou o novo imperador da China.

f)    Essa é uma história que faz o leitor pensar. A que conclusões e reflexões podemos chegar ao tê-la?

A honestidade é um valor importante. Os outros meninos e pais não foram honestos, pois, ao perceberem que a semente fornecida pelo imperador não floresceu, trocaram-na por outra.

02 – Releia este trecho.

        Imperador – [...]. Um ano atrás eu lhe dei uma
semente para cultivar. O que fez com ela?

        Biliri – Ela está aqui, senhor. (Mostra o vaso.)

a)   Sublinhe as falas.

Um ano atrás eu lhe dei uma semente para cultivar. O que fez com ela? / Ela está aqui, senhor.

b)   Circule o nome das personagens.

Imperador e Biliri.

c)   Copie o que você não circulou nem sublinhou. Em sua opinião, o que significa essa frase?

(Mostra o vaso). Resposta pessoal do aluno.

03 – Copie do texto um exemplo de rubrica que indique:

a)   Ambiente.

Cena anterior permanece na tela.

b)   Objetos.

(Mostra o vaso) e (Apontando a tela).

c)   Movimentos e gestos.

(Biliri levanta o rosto) e (Finalmente, o imperador vai falar com Biliri).

d)   Estado emocional das personagens e entonação da voz.

(Chorando); (Surpreso); (Envergonhado); (Chora); (Severo); (Maroto); (Murmúrios).

04 – Releia estes trechos.

        “Cena anterior permanece na tela. Finalmente, o imperador vai falar com Biliri.”

        Biliri – Não sei, não sei! Nada de bom nasceu de mim, majestade. Meu vaso é o mais feio de todos. É muito ruim saber disso. (Apontando a tela) Essas flores são tão lindas! [...]”.

a)   Você consegue imaginar como essa peça estava sendo encenada? Que tela é essa a que as rubricas se referem?

Resposta pessoal do aluno.

b)   Você já assistiu a algum espetáculo teatral que tivesse projeção de imagens?

Resposta pessoal do aluno.

05 – Releia em voz alta esta fala.

        Imperador – (Severo) Prossiga, menino. Por que não adubou a terra?”

a)   Pela indicação da rubrica, como o imperador fez essa pergunta a Biliri?

(X) Bravo.

(   ) Curioso.

(   ) Satisfeito.

b)   Biliri adubou a terra?

(X) Sim                 (   ) Não.

c)   O que mais Biliri fez para que a semente florescesse?

Cuidou dela todos os dias, conversou com ela, colocou-a em terra úmida com pouco luz e num vaso maior com mais terra, regou, dormiu abraçado com ela.

d)   Por que a semente não floresceu?

Porque o imperador entregou às crianças sementes cozidas.

e)   Em sua opinião, o imperador estava mesmo bravo na fala acima? Explique.

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Não, pois sabia que havia dado a Biliri sementes que nunca floresceriam e que o menino não tinha nenhuma culpa por isso. A severidade na voz do imperador é justificada por seu desejo de testar o garoto e a sua honestidade.

06 – Por que Biliri foi escolhido o novo imperador da China?

      Porque ele foi o único a dizer a verdade ao imperador.

07 – O imperador disse: “[...] Todas essas flores, todas essas crianças e os pais que as ajudaram, tudo isso é uma miragem da beleza imensa que poderia ser, mas que não foi”.

a)   Consulte o dicionário para saber o significado da palavra imagem.

Figura, representação de uma pessoa, foto, quadro.

b)   O que o imperador quis dizer com “beleza imensa que poderia ser, mas que não foi”?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Que a beleza das flores poderia representar a beleza de caráter de cada pessoa segurando um vaso, mas que isso não era verdade, era apenas uma miragem, uma falsa realidade, porque todos haviam sido desonestos, menos Baliri.

08 – Pesquise no dicionário o significado das palavras abaixo e assinale a alternativa certa.

a)   Alvíssara: (  ) Sucesso. (X) Notícia. (  ) Criação.

b)   Murmúrio: (  ) Movimento. (  ) Organização. (X) Sussurro.

09 – O teatro é composta de coxia, palco e plateia. Explique o que é a coxia no teatro.

      Espaço não visual ao público que fica entre o palco e a parede, onde os atores aguardam para entrar em cena; bastidores.

10 – Que outro título você daria para o texto dramático?

      Resposta pessoal do aluno.

 

 

 

 

 

sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

PEÇA TEATRAL: MAROQUINHAS FRU-FRU RECEBE UMA SERENATA - MARIA CLARA MACHADO - COM GABARITO

 Peça Teatral: MAROQUINHAS FRU-FRU RECEBE UMA SERENATA

  Maria Clara Machado

Personagens: Maroquinhas, Zé Meloso, Guarda Pedrito, empregados.

Cenário: Uma praça com uma a casa de Maroquinhas ao fundo. Uma janela com cortina leve. É noite. (Surge Zé Meloso com grande capa preta e chapéu de abas. Sob a capa, um violão).

Ato único

        ZÉ MELOSO: Onde será? Onde será a casa dela? É aqui. Não. Sei que é o número 35, mas está tão escuro que nada vejo. Sinto cheiro de jasmim... Ouço um suspiro forte de moça. De onde virá? Daqui? Não, este ainda não é o número 35. É o 33. Diga 33, Zé Meloso, para ver se acalma o seu coração. Estou perto, 33, 34, eis o 35. Vou começar a agir agora mesmo. E vocês verão que de Zé Meloso ninguém ganha. (Cantando). Ai! Ai! Quem tem cavanhaque é bode. Com Zé Meloso ninguém pode! (Joga a capa preta na beira do palco e tira um violão).

       Lá... lá... lá... (Cantando) Ma... Ma... Ma... roquinhas... Maroquinhas...

        Meu morango, minha uva, meu abacate,

        Meu chuchu, meu repolhinho, meu mamão,

        Teus olhinhos

        Me derretem o coração.

        Oh! Beleza encantadora... Oh! Senhora... Fru-Fru! Fru das fru-tas... (pausa) Vejo luz no quarto da minha bela, oh! Oh!

        MAROQUINHAS: (aparecendo à janela) Oh! Desconhecido, de onde vindes? Quem sois vós que a esta avançada hora vindes despertar-me dos meus sonhos?

        ZÉ MELOSO: Sou o Zé de Sousa Meloso, vim de Minas Gerais, e trouxe para a senhora lindos presentes da minha terra. Um filhote de zebu, um santinho de pedra-sabão, e uma água-marinha. E trago ainda um pote de melado, um papagaio falador e um xale de tricô.

        MAROQUINHAS: Um pote de melado! Oh, senhor Meloso, que delicadeza! Estava mesmo sonhando com um pote de melado... Um papagaio! Um xale de tricô! Ai, meu Deus!

        ZÉ MELOSO: Então sonhavas comigo! (Noutro tom) Que perigo!

        MAROQUINHAS: Nem tanto, senhor, nem tanto!

        ZÉ MELOSO: E agora, minha empada, meu tutu, meu pastelão,

        Minha rosa, meu cravo, meu jasmim

        Comecem a música, pi-rim-pim-pão...

        E tragam os presentes, pi-rim-pim-pim...

        (Começam a desfilar os presentes trazidos pelos criados). (Pedrito, o guarda, aparece num canto e fica muito surpreso).

        PEDRITO: (Para o público). Que vejo, meu Deus, que vejo! Será um ladrão? Sou o guarda Pedrito e tenho que vigiar a casa de Maroquinhas Fru-Fru. Oh! É uma serenata. Vou me esconder.

        MAROQUINHAS: Oh, senhor Meloso! Que presentes tão lindos!

        ZÉ MELOSO: E agora, minha senhora Fru-Fru, posso começar a serenata?

        MAROQUINHAS: Pode, sim.

        ZÉ MELOSO: Vim de longe do sertão,

        Passei serra, passei mundo,

        Tô cansado, tô imundo,

        Queridoca, tô aqui

        Pra pedir a sua mão.

        (Noutro som) Senhora vim pedi-la em casamento.

        MAROQUINHAS: Oh! Oh! Oh!

        PEDRITO: (Para o público): Em casamento! Ora, vejam só!

        ZÉ MELOSO: Sou solteiro, batizado e vacinado, tenho casa com jardim e galinheiro. Senhora Fru-Fru, quer casar comigo? (Noutro tom) Também tenho dinheiro.

        MAROQUINHAS: Oh, senhor... senhor! Sou noiva... (Bem melodramática).

        PEDRITO (Aliviado): Ah!

        ZÉ MELOSO: Quem é o noivo?

        MAROQUINHAS: O guarda Pedrito.

        PEDRITO (Para o público): Eu.

        ZÉ MELOSO: O guarda Pedrito? Há... Ha... Ha... (rindo).

        PEDRITO (Com um pau na mão):Há... há... há... o quê?

        ZÉ MELOSO (Sempre sem ver Pedrito): Aquele guarda é um bobão...

        MAROQUINHAS: Oh!

        ZÉ MELOSO: Que nem sabe tocar violão!

        MAROQUINHAS: Ah! Isto é verdade.

        PEDDRITO: Oh!

        ZÉ MELOSO: E nem sabe cantar as modinhas da cidade.

        MAROQUINHAS: Ah! Isto é verdade.

        PEDRITO: Oh!

        ZÉ MELOSO: E nem sabe dar lindos presentes.

        MAROQUINHAS: Isto é verdade.

        ZÉ MELOSO: Ele por acaso já deu tão ricos presentes?

        MAROQUINHAS: Somente um saco de pipocas. (Sempre com voz declamatória).

        ZÉ MELOSO: E estavam gostosas?

        MAROQUINHAS: De-li-ci-o-sas...

        ZÉ MELOSO: Espere um pouco (Sai de cena e volta logo depois, seguido de um empregado, carregando um enorme saco de pipocas).

        MAROQUINHAS: (Içando o saco e provando as pipoca): Estas também estão deliciosas!

        ZÉ MELOSO: Senhora Fru-fru, em nome dessas pipocas, quer se casar comigo?

        MAROQUINHAS: Não posso, senhor, não posso. (Declamando) Sou n-o-i-v-a...

        ZÉ MELOSO: O guarda Pedrito não sabe jogar futebol, sabe?

        MAROQUINHAS: Não, ele não sabe.

        ZÉ MELOSO: E, ainda por cima, o guarda Pedrito é um grande medroso.

        MAROQUINHAS: Ah, isso não... O guarda Pedrito é o guarda mais corajoso do mundo. E o senhor pode ir embora, está ouvindo? Ninguém pode chamar o guarda Pedrito de Medroso. (Entra e fecha a janela).

        ZÉ MELOSO: Senhora Fru-Fru, senhora Fru-Fru... Volte, que eu também sou corajoso...

        PEDRITO: (Entrando em cena) Se é corajoso, prepare o muque.

        ZÉ MELOSO: (Fugindo) O guarda Pedrito... Ui... Ui... (Pedrito persegue Meloso, iniciam um jogo de esconde-esconde até que brigam. [...] dirigi-se depois para a janela de Maroquinha).

        PEDRITO (com voz doce): Maroquinhas... Maroquinhas... Apareça, minha querida.

        VOZ DE MAROQUINHAS: Já disse, senhor Meloso, que não quero nada com o senhor...

        PEDRITO: (Para o público) Ela está pensando que eu sou o Meloso. Sou eu, Maroquinhas, sou eu o guarda Pedrito.

        MAROQUINHAS: E ainda por cima querer passar pelo guarda Pedrito. Imitando a voz dele. Espere aí, que você aprenderá. (Aparece com um vaso-d’água e derrama em cima de Pedrito, jogando, a seguir, o vaso em sua cabeça) E agora vá-se embora, senhor Meloso... Homem audacioso.

        PEDRITO: Ui... Ui... (Cambaleia e desmaia).

        MAROQUINHAS: (Percebendo o que fez) Oh! É o Pedrito... Oh, que fiz? Será que quebrei o seu nariz? (Sai da janela e desce em cena).

        PEDRITO: Ai... Ai...

        MAROQUINHAS: Aqui estou, meu formoso... Tudo por causa do Meloso. (Abana Pedrito) Será que ele morreu? Acorde, acorde, Pedrito, que eu entro num faniquito.

        PEDRITO: Ai... Ai...

        MAROQUINHAS: Oh! Ele está vivo... Acorde, acorde, meu herói...

        PEDRITO: (Levantando-se) Ai, minha cabeça, como dói...

        MAROQUINHAS: Oh! Pedrito, vamos passear, vamos ao parque.

        PEDRITO: Comprar pipocas?

        MAROQUINHAS: Sim, pipocas. Vamos. Pedrito, vamos logo. São tão gostosas as pipocas do parque...

        PEDRITO: Maroquinhas... Maroquinhas.

        MAROQUINHAS: Que é, Pedrito?

        PEDRITO: (Envergonhado) Eu... Eu tenho uma surpresa para você...

        MAROQUINHAS (Curiosa): O que é Pedrito?

        PEDRITO: (Envergonhadíssimo) Sabe Maroquinhas... Eu fiz um verso para você... (Dá uma corridinha e volta encabulado).

        MAROQUINHAS (Deslumbrada) Oh! Pedrito, diga. Diga logo, Pedrito... Deve ser tão bonito...

        PEDRITO: Então lá vai:

        Quando o Meloso vi em tua janela,

        Confesso que fiquei bastante aflito,

        Mas logo vi que o maior amor no mundo

        É só de Maroquinhas e de Pedrito...

        MAROQUINHAS: Lindo... Lindo, Pedrito, profundo... Você é o poeta melhor do mundo... E o melhor guarda-noturno!

        PEDRITO: Vamos passear? Meu bem?

        MAROQUINHAS: Vamos, Pedrito, vamos comer pipocas.

        (Os dois saem, de braços dados). VOZ AO LONGE: Olha o pipoqueiro... PANO – FIM.

                       Maria Clara Machado. A aventura do teatro & Como fazer teatrinho de bonecos. 2. Ed. Rio de Janeiro: Singular, 2009. p. 112-120.

Fonte: Língua Portuguesa – Português – Apoema – Editora do Brasil – São Paulo, 2018. 1ª edição – 6° ano. p. 81-6.

Entendendo a peça teatral:

01 – As personagem de uma peça situam-se em determinado lugar e época.

a)   Quais são as personagens da peça?

Zé Meloso, Maroquinhas, Pedrito e empregados.

b)   Onde a ação se passa?

Em uma praça em frente à casa de Maroquinhas.

c)   Que cenário você criaria para encenar esse texto?

Resposta pessoal do aluno.

d)   Em que época está situada a história da peça?

No texto não há indicação do momento em que tudo ocorre. Isso pode significar que a história é atemporal, sendo possível ocorrer em qualquer época.

e)   Em sua opinião, a peça é séria ou descontraída? Leva o espectador a rir ou chorar? Justifique sua resposta.

Resposta pessoal do aluno.

02 – Observe atentamente o nome das personagens.

a)   O que sugere o sobrenome Meloso? Leia os significados da palavra, que é um adjetivo, em um dicionário on-line.

Meloso adj.

[...]

1.   Doce.

2.   Semelhante ao mel.

3.   Que chora ou se comove por qualquer ninharia. = PIEGAS

4.   Que suscita comoção ou sensibilidade. = PIEGAS.

Plural: melosos [ó].

     [...].

Dicionário Priberam da língua portuguesa. (on-line), 2008-2013. Disponível em: www.priberam.pt/dlpo/meloso. Acesso em: 9 abr. 2018.

·        Qual ou quais desses sentidos mostram a relação entre sobrenome de Zé Meloso e a personalidade dele? Justifique sua resposta.

Os sentidos 3 e 4. Zé Meloso quer agradar, mas suas palavras não são adequadas; ele exagera para comover Maroquinhas e acaba sendo piegas. (Com excesso de sentimentalismo).

b)   Você já ouviu a palavra Fru-Fru? Veja algumas acepções desse verbete.

Fru-fru [...] sm. 1. Pop. Aquilo que é infantilizado, ingênuo [...]. 2. Pop. Conjunto de enfeites, babadinhos, etc. com que se ornam as roupas. 3. Rumor de folhas ou tecido, ger. De seda.

                     Caldas Aulete. Minidicionário contemporâneo da língua portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Lexicon, 2009. p. 388.

·        Que relação há entre o significado de fru-fru e o modo como Maroquinhas é caracterizada?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A palavra “Pop”, significa “popular”, ou seja, são os significados com que a palavra fru-fru é usada. Maroquinhas é frágil, fala de modo melodramático e é caracterizada como uma mulher cheias de fru-frus.

c)   Pedrito é diminutivo de Pedro, nome que se relaciona a pedra. Que contraste há entre os nomes Zé Meloso e Pedrito?

Zé Meloso é piegas e medroso. Pedrito é duro como a pedra e corajoso. O uso do diminutivo, entretanto, acrescenta suavidade à personagem.

03 – Volte ao início do texto e releia a cena da chegada de Zé Meloso.

a)   De onde ele vinha?

De Minas Gerais.

b)   O que ele pretendia fazer?

Conquistar Maroquinhas.

c)   De acordo com as informações do texto, é possível supor que Zé Meloso já conhecia Maroquinhas? Explique sua resposta.

Sim. Zé Meloso sabia o endereço de Maroquinhas e já a amava.

d)   Maroquinhas já conhecia Zé Meloso? Justifique sua resposta.

Não, pois ela o chama de desconhecido.

04 – Para tentar conquistar Maroquinhas, Zé Meloso usa várias estratégias.

a)   O que ele trouxe para Maroquinhas?

Ele trouxe vários presentes da terra dele: Um filhote de zebu, um santinho de pedra-sabão, uma água-marinha, um pote de melado, um papagaio falador e um xale de tricô.

b)   O que ele disse que tinha?

Uma casa com jardim e galinheiro, além de dinheiro.

c)   Quais são os talentos dele?

Sabe tocar violão, cantar e fazer versos.

d)   O que ele afirma sobre o guarda Pedrito?

Diz que é medroso e não dava presentes a Maroquinhas.

e)   Resuma as estratégias usadas por Zé Meloso em sua tentativa de conquistar Maroquinhas.

Ele traz presentes, exalta as próprias qualidades, mostra suas posses e aponta defeitos em Pedrito.

05 – Maroquinhas não aceitou a proposta de casamento.

a)   Por quê?

Porque era noiva de Pedrito e não aceitou que Zé Meloso falasse mal de seu noivo.

b)   O que isso prova em relação às estratégias de conquista de Zé Meloso?

Prova que as estratégias dele não foram boas, porque Maroquinhas não deu importância às posses, às qualidades do pretendente, nem aos presentes.

c)   O que você pensa da atitude de Maroquinhas?

Resposta pessoal do aluno.

06 – Releia o trecho a seguir.

        “[...] Diga 33, Zé Meloso, para ver se acalma o seu coração. Estou perto, 33, 34, eis o 35. Vou começar a agir agora mesmo. E vocês verão que de Zé Meloso ninguém ganha. (Cantando). Ai! Ai! Quem tem cavanhaque é bode. Com Zé Meloso ninguém pode! (Joga a capa preta na beira do palco e tira um violão). Lá... lá... lá... (Cantando) Ma... Ma... Ma... roquinhas... Maroquinhas...”. 

Além da fala da personagem, o que mais aparece no trecho?

      Orientações, entre parênteses, sobre sobre o que ele deve fazer: cantar e jogar a capa preta na beira do palco.

07 – No início do texto há indicações sobre as personagens.

a)   Localize as indicações para:

·        Maroquinhas: Dama loura, frágil, indefesa.

·        Zé Meloso: Poeta.

·        Pedrito, o guarda-noturno: Valente, noivo de Maroquinhas.

b)   Quais características você acrescentaria a cada personagem, depois de ter lido o texto e conhecido melhor cada uma delas?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Maroquinhas: sincera, fiel, leal. Zé Meloso: enrolador, conquistador, vaidoso. Pedrito guarda-noturno: desconfiado, corajoso, brigão.

08 – Chamam-se rubricas as instruções entre parênteses ao longo do texto ou antes dele. Leia as passagens a seguir e explique a função de cada rubrica.

-- Maroquinhas (Aparecendo à janela): Indica qual é o cenário e orienta a movimentação da personagem.

-- Maaroquinhas (Deslumbrada). Oh! Pedrito, diga. Diga logo, Pedrito... deve ser tão bonito: Explica a reação da personagem.

-- Pedrito Ui... Ui... (Cambaleia e desmaia): Orienta a movimentação do ator na cena.

-- Maroquinhas. Vamos, Pedrito, vamos comer pipocas. (Os dois saem, de braços dados): Orienta a movimentação dos atores na cena.

09 – Releia a fala de Pedrito e fique atento à rubrica.

        PEDRITO (Envergonhado): Eu... eu tenho uma surpresa para você...

a)   Por que Pedrito estava envergonhado?

Porque ele havia feito uns versos para Maroquinhas.

b)   Em outra passagem do texto, as rubricas indicam que o estado expresso por Pedrito na passagem acima deve ser acentuar. Localize tal passagem no texto e transcreva-a em seu caderno.

“PEDRITO (envergonhadíssimo): Sabe Maroquinhas... eu fiz um verso para você... (Dá uma corridinha e volta encabulado).”

c)   Indique, na nova rubrica, um sinônimo para envergonhado.

Encabulado.

d)   A indicação sobre o estado da personagem orienta o ator que estiver, representando o papel na encenação. Como você acha que o ator representaria essa cena?

Resposta pessoal do aluno.

10 – Releia a passagem a seguir e observe o verbete de dicionário com os significados da palavra “melodramático”:

        Maroquinhas: Oh! Senhor... senhor! Sou noiva... (Bem melodromática).

        Melodramático:

1.   Ref. A melodrama (gênero melodramático, repertório melodramático)

2.   Que, por envolver sentimentalização excessiva, apresenta características próprias de um melodrama: Ela adora criar situações melodramáticas.

a)   A indicação na rubrica recomenda que Maroquinhas se expressa de que modo?

A personagem deve expressar-se com sentimentalismo exagerado.

b)   Experimente dizer a fala de Maroquinhas em tom melodramático. Depois descreva de que modo projetou sua voz.

Resposta pessoal do aluno.

c)   Você já protagonizou ou presenciou uma situação melodramática? Conte como foi.

Resposta pessoal do aluno.

11 – Como as rubricas ajudam na encenação do texto?

      As rubricas orientam a encenação; elas indicam as reações e o movimento dos atores e explicam como a cena deve ser representada.

12 – Qual é a diferença entre o texto dramático que você leu e a encenação dele no palco?

      O texto é a descrição das falas e das rubricas. A encenação é a montagem da peça no palco.