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quarta-feira, 26 de setembro de 2018

A PARÁBOLA DA VACA - AUTOR DESCONHECIDO - COM GABARITO


A PARÁBOLA DA VACA


        Um sábio mestre e seu discípulo andavam pelo interior do país há muitos dias e procuravam um lugar para descansar durante a noite. Avistaram, então, um casebre no alto de uma colina e resolveram pedir abrigo àquela noite. Ao chegarem ao casebre, foram recebidos pelo dono, um senhor maltrapilho e cansado. Ele os convidou a entrar e apresentou sua esposa e seus três filhos.
        Durante o jantar, o discípulo percebeu que a comida era escassa até mesmo para somente os quatro membros da família e ficou penalizado com a situação. Olhando para aqueles rostos cansados e subnutridos, perguntou ao dono como eles se sustentavam. O senhor respondeu:
        --- Está vendo àquela vaca lá fora? Dela tiramos o leite que consumimos e fazemos queijo. O pouco de leite que sobra, trocamos por outras mercadorias na cidade. Ela é nossa fonte de renda e de vida. Conseguimos viver com o que ela nos fornece.
        O discípulo olhou para o mestre que jantava de cabeça baixa e terminou de jantar em silêncio.
        Pela manhã, o mestre e seu discípulo levantaram antes que a família acordasse e preparavam-se para ir embora quando o discípulo disse:
        --- Mestre, como podemos ajudar essa pobre família a sair dessa situação de miséria?
        O mestre então falou:
        --- Quer ajudar essa família? Pegue a vaca deles e empurre precipício abaixo.
        O discípulo espantado falou:
        --- Mas a vaca é a única fonte de renda da família, se a matarmos eles ficarão mais miseráveis e morrerão de fome!
        O mestre calmamente repetiu a ordem:
        --- Pegue a vaca e empurre-a para o precipício.
        O discípulo indignado seguiu as ordens do mestre e jogou a vaca precipício abaixo e a matou.
        Alguns anos mais tarde, o discípulo ainda sentia remorso pelo que havia feito e decidiu abandonar seu mestre e visitar àquela família. E chegando à região, avistou de longe a colina onde ficava o casebre, e olhou espantado para uma bela casa que havia em seu lugar.
        --- De certo, após a morte da vaca, ficaram tão pobres e desesperados que tiveram que vender a propriedade para alguém mais rico. – pensou o discípulo.
        Aproximou-se da casa e, entrando pelo portão, viu um criado e lhe perguntou:
        --- Você sabe para onde foi a família que vivia no casebre que havia aqui?
        --- Sim, claro! Eles ainda moram aqui, estão ali nos jardins. – disse o criado, apontando para frente da casa.
        O discípulo caminhou na direção da casa e pôde ver um senhor altivo, brincando com três jovens bonitos e uma linda mulher. A família que estava ali não lembrava em nada os miseráveis que conhecera tempos atrás.
        Quando o senhor avistou o discípulo, reconheceu-o de imediato e o convidou para entrar em sua casa.
        O discípulo quis saber como tudo havia mudado tanto desde a última vez que os viu.
        O senhor então falou:
        --- Depois daquela noite que vocês estiveram aqui, nossa vaquinha caiu no precipício e morreu. Como não tínhamos mais nossa fonte de renda e sustento, fomos obrigados a procurar outras formas de sobreviver. Descobrimos muitas outras formas de ganhar dinheiro e desenvolvemos habilidades que nem sabíamos que éramos capazes de fazer.
        E continuou:
        --- Perder aquela vaquinha foi horrível, mas aprendemos a não sermos acomodados e conformados com a situação que estávamos. Às vezes precisamos perder para ganhar mais adiante. E foi assim, buscando novas soluções, que hoje estamos muito melhor que antes. 
        Só então o discípulo entendeu a profundidade do que o seu ex-mestre o havia ordenado fazer.
        Moral da história: às vezes é preciso perder para ganhar mais adiante. É com a adversidade que exercitamos nossa criatividade e criamos soluções para os problemas da vida. Muitas vezes é preciso sair da acomodação, criar novas ideias e trabalhar com amor e determinação.
                                                                            Autor desconhecido.
Entendendo a parábola:
01 – Procurar no dicionário o significado das palavras:
a) casebre = casa que está estragada e prestes a cair.
b) penalizado = que causa dó, que aflige.
c) precipício = despenhadeiro, abismo.
d) indignado = que sente indignação, revoltado.
e) altivo = alto, elevado, soberbo, envaidecido, majestoso.
f) discípulo = diz-se da pessoa que recebe instrução, disciplina ou ensinamento de outrem.
g) conformados = diz-se da pessoa que conforma, acomoda.
h) acomodação = ato ou efeito de acomodar.
i) determinação = ação de determinar, ou determinar-se, decisão, decreto, ordem.

02 – Como inicia a história que você acabou de ler?
      “Um monge passeava com seu discípulo num local distante da população. Chegaram a uma propriedade bastante rústica.”

03 – O início do texto indica com precisão o momento em que a história aconteceu? Explique.
      Não. Apenas diz que um sábio, mestre e seu discípulo andavam pelo interior do país há muitos dias.

04 – Que personagens são apresentadas no início da história?
      Os personagens são: O sábio mestre, o discípulo, o dono do casebre, sua esposa e três filhos.

05 – Descreva:
a)   O casebre que o sábio visitou a primeira vez.
Um casebre no alto da colina.

b)   A família que morava no casebre.
Um senhor maltrapilho e cansado, sua esposa e três filhos.

c)   Como a família sobrevivia.
Tinham uma vaca, dela tiravam o leite que consumia e fazia queijo. O pouco leite que sobrava trocava por outras mercadorias na cidade.

06 – Em sua opinião, por que o sábio mandou atirar a vaquinha no precipício?
      Para que aquela família deixassem de serem acomodados e conformados com a situação que estavam. Às vezes precisamos perder para ganhar mais adiante.

07 – Pinte, com a cor desejada, o trecho do texto que descreve como, após anos o discípulo encontrou o casebre e a família.
      O discípulo caminhou na direção da casa e pôde ver um senhor altivo, brincando com três jovens bonitos e uma linda mulher. A família que estava ali não lembrava em nada os miseráveis que conhecera tempos atrás.

08 – No sentido figurado, “atirar a vaquinha no precipício”, quer dizer:
(   ) matar a vaquinha.  
(X) sair da acomodação e buscar soluções para resolver os problemas. 
(   ) ser mau.
(   ) judiar a vaquinha.

09 – Você concorda com a moral da história? Justifique sua resposta.
     Sim, pois muitas pessoas agradecem pelos momentos difíceis da sua vida que, as tiraram da sua “zona de conforto” onde estavam estagnadas, e a partir de então descobriram habilidades e qualidades que nunca tínhamos imaginado, que estavam adormecidas.

10 – Escreva o que você quer jogar fora, para sair da acomodação e ter progresso e sucesso nos estudos, na vida.
      Resposta pessoal do aluno.

11 – Quais seriam as lições que esta história nos ensina?
      Ela é uma metáfora sobre o que precisamos fazer com as coisas com as quais nos sentimos muito confortáveis nas nossas vidas.



segunda-feira, 26 de março de 2018

PARÁBOLA DO CÁGADO VELHO - PEPETELA - COM GABARITO

PARÁBOLA DO CÁGADO VELHO


        Houve um tempo anterior a tudo, há sempre, não é mesmo?
        Munakazi era dum kimbo próximo, há duas horas de marcha na chana para ocidente. Era um kimbo mais pequeno e mais pobre, retirado dos caminhos principais que cruzam a Munda. Ulume reparou nela em noite de festa. A rapariga estava sentada com outras à volta da fogueira, esperando aquecer dos tambores para o ritmo se soltar da pele dos ngomas e entrar nas pernas e mãos que não mais parariam. Os pés dela o atraíram. Ela sentava de joelhos unidos, mas um pé olhando o outro, os dedos grandes levantados. Dos pés subiu para os olhos iluminados pelo clarão da fogueira, grandes olhos melancólicos de antílope. As maçãs do rosto ligeiramente salientes, os lábios carnudos desenhados. Era bela, Munakazi. No próprio riso, na ansiedade da dança iminente, uma ponta de melancolia. Não pôde mais separar Munakazi e a melancolia. Ela falava, ria com as outras, mas uma parte estava dentro dela própria, sempre.
        Ulume era bem mais velho, casado com a Muari e tendo filhos já grandes, talvez mais velhos que a rapariga. A partir da noite em que seus olhos caíram sobre os pés convergentes de Munakazi, se encontraram mais vezes nas festas ou cerimônias rituais e ele a fitava com agrado. Apenas.
        Mas sucedeu a cena da granada, como um aviso dos antepassados. A granada vinha no ar e ele deitado nomeio do talude. A granada caiu a dois metros. Placado ao solo, encostou a cabeça na terra e pensou vou morrer. Não havia tempo para o medo. Olhou o céu pela última vez e então a imagem de Munakazi se recortou, nítida, na luminosidade do dia. Uma saudade imensa, saudade do que não acontecera. Ouviu a explosão, mais nada, mas continuou a ver Munakazi sorrindo para ele e lhe segredando porque não me procuraste, seria tua. E sofreu a perda definitiva de Munakazi. Nada sentia no corpo, não tinha sensações, só saudade era dolorosa.
        O sentimento de perda acompanhou-o, mesmo quando se apercebeu de continuar vivo. Difícil foi passar o atordoamento pela explosão tão próxima, recuperar o domínio dos sentidos, difícil foi compreender como não morrera. Mas o atordoamento e a perplexidade não tinham peso em face do peso de mil Mundas da saudade de Munakazi.
       Decidiu ali, sem ainda saber quanto estava ferido, Munakazi tem de ser minha. Não fazia senão seguir a sabedoria vinda de muito atrás, pois se alguém que pensa morrer tem saudade de uma mulher, então é inútil lutar contra esse amor avassalador, o mais sensato é conviver com ele. Sabedorias antigas trazidas por todos os cágados do mundo. E o Ulume respeitava os ensinamentos dos antepassados, resguardados nas mahambas que se enterram à entrada dos kimbos ou nas encruzilhadas dos caminhos, como respeitava os desejos dos espíritos que se forma como a areia se espalhava pelo chão e na ordem com que os objetos se posicionavam no cesto de adivinhação do tahi da Luanda. Nunca os seus lábios proferiram qualquer blasfêmia contra os antepassados, ou contra o espírito que agitava o vento. Como pode então desprezar ou mesmo ignorar o sinal evidente que a granada lhe deu? A sua decisão de ter Munakazi era irrevogável, ele sabia, e nós a partir de agora como vamos esquecer?

                   Pepetela. Parábola do cágado velho. Rio de Janeiro.
                                                         Nova Fronteira, 2005. p. 11-12.

Entendendo o texto:
01 – Ao lermos o texto de Pepetela, nota-se a riqueza poética presente nas descrições, nas reflexões e no sentimento da personagem Ulume. A partir da leitura e de suas observações, escolha uma palavra, expressão ou frase, presente ou não no texto, que sintetize a ideia principal de cada um dos cinco parágrafos.
     Resposta pessoal.

02 – Como é caracterizado o ambiente em que se passa o acontecimento com Ulume?
     Parece ser uma comunidade distante de um centro principal, mais pobre e menor.

03 – A partir dessa caracterização e de sua observação sobre o ambiente, pode-se afirmar que essa história se passa no Brasil? Por quê?
     NÃO. Pelo nomes e pela situação narrada, é provável que a ação se passe em outro país.

04 – O que desencadeou a ação de Ulume em procurar Munakazi para declarar-lhe o seu amor?
     A explosão da granada e a possibilidade de morrer sem ter declarado o seu amor.

05 – Descreva, com suas palavras, a forma como Ulume vê a imagem de Munakazi, na cena da granada.
     Resposta pessoal.

06 – Releia o texto e anote todas as referências que identificam as crenças africanas.
     É provável que os alunos façam referência a alguns elementos presentes no trecho a seguir: “E o Ulume respeitava os ensinamentos dos antepassados, resguardados nas mahambas... nas entranhas dos cabritos ou na forma como a areia se espalhava pelo chão e na ordem com que os objetos se posicionavam no cesto de adivinhação do tahi da Luanda.”

07 – Que estratégia você utilizou para conseguir responder a questão 6?
     O aluno pode fazer referência ao que ele observou a partir dos seus conhecimentos sobre as crenças africanas, conhecidas e/ou praticadas em várias partes do Brasil.

08 – Releia o final da cena:
       Como pôde então desprezar ou mesmo ignorar o sinal evidente que a granada lhe deu? A sua decisão de ter Munakazi era irrevogável, ele sabia, e nós a partir de agora como vamos esquecer?
     a) O que você interpretou dessa mensagem?
      Resposta pessoal.

     b) De que forma o leitor é convidado a participar da aventura de Ulume?
      No momento em que o narrador inclui o leitor como um conhecedor da história de Ulume e afirma ser impossível esquecê-la. Supõe-se, nesse caso, uma continuidade da leitura do romance.


segunda-feira, 5 de março de 2018

PARÁBOLA: O MENINO QUE MENTIA - WILLIAM J. BENNETT - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO


PARÁBOLA: O menino que mentia

        Um pastor costumava levar seu rebanho para fora da aldeia. Um dia resolveu pregar uma peça nos vizinhos.
        --- Um lobo! Um lobo! Socorro! Ele vai comer minhas ovelhas! Os vizinhos largaram o trabalho e saíram correndo para o campo para socorrer o menino. Mas encontraram-no às gargalhadas. Não havia lobo nenhum.
        Ainda outra vez ele fez a mesma brincadeira e todos vieram ajudar; e ele caçoou de todos.
        Mas um dia o lobo apareceu de fato e começou a atacar as ovelhas. Morrendo de medo, o menino saiu correndo.
        --- Um lobo! Um lobo! Socorro!
        Os vizinhos ouviram, mas acharam que era caçoada. Ninguém socorreu e o pastor perdeu todo o rebanho.
        Ninguém acredita quando o mentiroso fala a verdade.

BENNETT, William J. O livro das virtudes para crianças.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.
                                                         
Entendendo o texto:
01 – O texto tem a finalidade de:
(A)  dar uma informação.
(B) fazer uma propaganda.
(C)  registrar um acontecimento.
(D)  transmitir um ensinamento.
   
02 – No final da história, pode-se entender que:
(A)  as ovelhas fugiram do pastor.
(B) os vizinhos assustaram o rebanho.
(C)  o lobo comeu todo o rebanho.
(D) o jovem pastor pediu socorro.

03 – No trecho “-Um lobo! Um lobo! Socorro!”, a palavra sublinhada é um:
 (A) nome de pessoa.
 (B) solicitação de ajuda
 (C) nome de uma ovelha.
 (D) nome do lobo.