terça-feira, 14 de novembro de 2017

LENDA: OS TRÊS PÁSSAROS DO REI HERODES- COM GABARITO

Os três pássaros do rei Herodes (lenda)


   Pela triste estrada de Belém, a Virgem Maria, tendo o Menino Jesus ao colo, fugia do rei Herodes.
  Aflita e triste ia em meio do caminho quando encontrou um pombo, que lhe perguntou
  – Para onde vais, Maria?
– Fugimos da maldade do rei Herodes, – respondeu ela.
        Mas como naquele momento se ouvisse o tropel dos soldados que a perseguiam, o pombo voou assustado.
        Continuou Maria a desassossegada viagem e, pouco adiante, encontrou uma codorniz que lhe fez a mesma pergunta que o pombo e, tal qual este, inteirada do perigo, tratou de fugir.
        Finalmente, encontrou-se com uma cotovia, que, assim que soube do perigo que assustava a Virgem, escondeu-a e ao menino, atrás de cerrado grupo de árvores que ali existia.
        Os soldados de Herodes encontraram o pombo e dele souberam o caminho seguido pelos fugitivos.
         Mais para a frente a codorniz não hesitou em seguir o exemplo do pombo.
        Ao fim de algum tempo de marcha, surgiram à frente da cotovia.
        – Viste passar por aqui uma moça com uma criança no regaço?
        – Vi, sim – respondeu o pequenino pássaro – Foram por ali.
        E indicou aos soldados um caminho que se via ao longe. E assim afastou da Virgem e de Jesus os seus malvados perseguidores.
        Deus castigou o pombo e a codorniz.
        O primeiro, que tinha uma linda voz, passou a emitir, desde então, um eterno queixume.
        A segunda passou a voar tão baixo, tão baixo, que se tornou presa fácil de qualquer caçador inexperiente.
        E a cotovia recebeu o prêmio de ser a esplêndida anunciadora do sol a cada dia que desponta.
Interpretação do texto:
1. O texto é uma lenda porque:
a) faz menção a uma passagem bíblica do Novo Testamento.
b) narra uma história fantasiosa transmitida pela tradição oral.
c) faz uma revelação importante.
d) está baseado num fato histórico, que realmente aconteceu.
e) os animais falam.
2. Com relação à expressão “Pela triste estrada de Belém”, podemos afirmar que:
a) a paisagem era deserta, sem árvores.
b) o autor estava triste quando escreveu o texto.
c) Maria estava angustiada e triste e, com isso, todo o ambiente parecia triste.
d) essa é uma pista que o narrador nos dá de que o desfecho será ruim.
e) o caminho era muito longo e assim deixava a impressão de tristeza.

3. Assinala o único item que NÃO se aplica nem ao pombo nem à codorniz:
a) covardia
b) medo
c) egoísmo
d) coragem
e) delação

4. A codorniz não hesitou em seguir o exemplo do pombo. O exemplo da:
a) fuga
b) mentira
c) violência
d) amizade
e) delação

5. Assinala o item que caracteriza a cotovia:
a) solidária
b) delatora
c) orgulhosa
d) esquiva
e) sarcástica

6. Como castigo, a linda voz do pombo passou a ser um:
a) pio
b) gorjeio
c) latido
d) uivo
e) arrulho

7. De acordo com o texto, a cotovia canta:
a) na aurora
b) de madrugada
c) ao meio-dia
d) ao anoitecer
e) no pôr do sol

8. A codorniz “passou a voar tão baixo, tão baixo, que se tornou presa fácil de qualquer caçador inexperiente.” A expressão grifada dá a ideia de:
a) condição
b) consequência
c) causa
d) tempo
e) finalidade

9. Assinala a alternativa em que NÃO há correspondência entre a explicação e a significação da palavra no texto:
a) inteirada do perigo: cientificada do perigo
b) cerrado grupo de árvores: compacto grupo de árvores
c) com uma criança no regaço: com uma criança na garupa
d) não hesitou em seguir o exemplo: não titubeou em seguir o exemplo
e) cada dia que desponta: cada dia que surge

10.A cotovia deu aos perseguidores uma pista falsa porque:
a) era mentirosa.
b) queria se vingar das outras aves.
c) era inimiga de Herodes.
d) sabia que poderia ser punida por Deus.
e) queria salvar a Virgem Maria e o Menino Jesus.


CRÔNICA: DEFENESTRAÇÃO- LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

CRÔNICA: Defenestração

   Luís Fernando Veríssimo

   Certas palavras têm o significado errado. Falácia, por exemplo, devia ser o nome de alguma coisa vagamente vegetal. As pessoas deveriam criar falácias em todas as suas variedades. A Falácia Amazônica. A misteriosa Falácia Negra.
     Hermeneuta deveria ser o membro de uma seita de andarilhos herméticos. Onde eles chegassem, tudo se complicaria.
        – Os hermeneutas estão chegando!
        – Ih, agora é que ninguém vai entender mais nada…
        Os hermeneutas ocupariam a cidade e paralisariam todas as atividades produtivas com seus enigmas e frases ambíguas. Ao se retirarem deixariam a população prostrada pela confusão. Levaria semanas até que as coisas recuperassem o seu sentido óbvio. Antes disso, tudo pareceria ter um sentido oculto. (…)
        Traquinagem devia ser uma peça mecânica.
        – Vamos ter que trocar a traquinagem. E o vetor está gasto.
        Mas nenhuma palavra me fascinava tanto quanto defenestração. A princípio foi o fascínio da ignorância. Eu não sabia o seu significado, nunca lembrava de procurar no dicionário e imaginava coisas. Defenestrar devia ser um ato exótico praticado por poucas pessoas. Tinha até um certo tom lúbrico.
        Galanteadores de calçada deviam sussurrar no ouvido das mulheres:
        – Defenestras?
     A resposta seria um tapa na cara. Mas algumas… Ah, algumas defenestravam.
        Também podia ser algo contra pragas e insetos. As pessoas talvez mandassem defenestrar a casa. Haveria, assim, defenestradores profissionais. Ou quem sabe seria uma daquelas misteriosas palavras que encerravam os documentos formais? “Nestes termos, pede defenestração…” Era uma palavra cheia de implicações. Devo até tê-la usado uma ou outra vez, como em:
        – Aquele é um defenestrado.
      Dando a entender que era uma pessoa, assim, como dizer? Defenestrada. Mesmo errada, era a palavra exata. Um dia, finalmente, procurei no dicionário. E aí está o Aurelião que não me deixa mentir. “Defenestração” vem do francês “defenestration”. Substantivo feminino. Ato de atirar alguém ou algo pela janela.
Ato de atirar alguém ou algo pela janela! Acabou a minha ignorância, mas não a minha fascinação. Um ato como este só tem nome próprio e lugar nos dicionários por alguma razão muito forte. Afinal, não existe, que eu saiba, nenhuma palavra para o ato de atirar alguém ou algo pela porta, ou escada abaixo. Por que, então, defenestração?
        Talvez fosse um hábito francês que caiu em desuso. Como o rapé. Um vício como o tabagismo ou as drogas, suprimido a tempo. (…)
        Quem entre nós nunca sentiu a compulsão de atirar alguém ou algo pela janela?
        A basculante foi inventada para desencorajar a defenestração. Toda a arquitetura moderna, com suas paredes externas de vidro reforçado e sem aberturas, pode ser uma reação inconsciente a esta volúpia humana, nunca totalmente dominada. Na lua-de-mel, numa suíte matrimonial no 17º andar.
        – Querida…
        – Mmmm?
        – Há uma coisa que preciso lhe dizer…
        – Fala, amor!
        – Sou um defenestrador.
        E a noiva, em sua inocência, caminha para a cama:
        – Estou pronta para experimentar tudo com você!
        Em outra ocasião, uma multidão cerca o homem que acaba de cair na calçada.
        Entre gemidos, ele aponta para cima e balbucia:
        – Fui defenestrado…
        Alguém comenta:
        – Coitado. E depois ainda atiraram ele pela janela?
        Agora mesmo me deu uma estranha compulsão de arrancar o papel da máquina, amassá-lo e defenestrar esta crônica. Se ela sair é porque resisti.
 Interpretação do texto:
1.   De acordo com esse texto, o que é defenestração?
a) Dedetizar insetos pelas ruas.
b) Fazer solicitação ao juiz.
c) Galantear alguém nas calçadas.
d) Atirar algo ou alguém pela janela.
e) Uma peça mecânica.

2.   Considerando-se o conjunto de informações do texto, o narrador se diz fascinado pela palavra defenestração, porque:
a) ele desconhecia o significado da palavra.
b) ele imaginava o significado da palavra como algo exótico.
c) ele imaginava o significado da palavra como algo proibido.
d) ele ligava a palavra à linguagem jurídica ou técnica.
e) ele se encantava com a palavra, primeiro por causa dos significados que imaginava para ela, depois por causa do significado dicionarizado dela.
  
3.   No decorrer do texto, o narrador imaginava possíveis significados para defenestração. Pela ordem, poderíamos dizer que ele atribuía à palavra os seguintes sentidos:
a) conduta sexual não convencional, dedetização, deferimento.
b) prática ilegal, arrumação, requerimento.
c) xingamento, cuidados domésticos, documento formal.
d) indiscrição, arrumação, providências.
e) conduta imprópria, consertos, aprovação.

4.   No trecho “Ou quem sabe seria uma daquelas misteriosas palavras que encerravam os documentos formais”, o narrador utiliza o termo misteriosas referindo-se:
a) ao fato de que as palavras sempre podem ser utilizadas de várias maneiras.
b) ao fato de que a linguagem formal (jurídica, no caso) utiliza palavras cujo significado é desconhecido pela maioria das pessoas.
c) ao fato de que as pessoas em geral não se preocupam em ler os documentos formais.
d) ao fato de haver baixo nível de formação escolar neste país.
e) ao fato de as palavras sempre possuírem significados ocultos.

 5.   Depois de descobrir o real significado de defenestração, o narrador continua fascinado pela palavra porque:
a) o significado dela remete a um ato pouco comum, e ele fica imaginando as razões da existência de tal palavra.
b) ele não havia pensado na possibilidade do significado real.
c) ele não vê utilidade na palavra.
d) ele não se mostra favorável a estrangeirismos.
e) o significado da palavra remete a uma ação que não praticamos em nossa cultura.

6.   “A princípio foi o fascínio da ignorância”. Nesta frase, as palavras receberam acento por serem:
a) proparoxítonas.
b) paroxítonas terminadas em o.
c) paroxítonas terminadas em ditongo crescente.
d) proparoxítonas terminadas em ditongo crescente.
e) paroxítonas terminadas em a.
  
7.   “E aí está o Aurelião que não me deixa mentir”. A palavra  é acentuada pelo mesmo motivo de:
a) nó
b) táxi
c) até
d) dói
e) contribuí

8.   Assinale o item em que todas as palavras são acentuadas pela mesma regra de: exótico, até e dicionário.
a) óculos, café, água
b) lâmina, ré, aquário
c) biólogo, pé, necessária
d) comprássemos, fé, língua
e) impaciência, você, dúvida

 9.   Marca o item em que necessariamente o vocábulo deve receber acento gráfico:
a) esta
b) próprio
c) rape
d) habito
e) vicio

10. Assinala a alternativa correta:

a) Na primeira frase do texto, a palavra têm foi empregada com acento para diferenciar o plural.
b) Assim como lua-de-mel, a palavra auto-escola deve ser escrita com hífen.
c) São exemplos de proparoxítonas: mecânica, herméticos, óbvio.
d) “Defenestração” vem do francês… Nesse trecho, a palavra vem é uma forma do verbo ver.
e) amassá-lo recebe acento por se tratar de uma proparoxítona

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

SONETO - LUÍS VAZ DE CAMÕES - COM GABARITO

Soneto: Busque Amor novas artes, novo engenho
           Luís de Camões


Busque Amor novas artes, novo engenho,
Para matar-me, e novas esquivanças;
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.



Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que me mata e não se vê;

Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como, e dói não sei por quê.

Interpretação do texto:

01. Segundo os versos do poema, o eu lírico:
a) está à procura do Amor.
b) está amando e cheio de esperanças.
c) está seguro devido ao Amor.
d) está sem esperança.

02. Ao se dirigir ao Amor, na primeira estrofe, percebe-se por parte do eu lírico um tom de:
a) súplica         b) desafio          c) ameaça        d) euforia

03. Por que o eu lírico não teme as novas artes do Amor?
a) Porque o eu lírico não possui mais esse sentimento.
b) Porque onde falta esperança não há desgosto.
c) Porque a esperança que ele tem o faz sentir mais seguro.
d) Porque ele não teme nada, nem os perigos de um mar bravo.

04. Apresenta uma contradição a justaposição dos termos da expressão:
a) novo engenho                              b) bravo mar     
c) perigosas seguranças                  d) novas artes.

05. “Busque Amor novas artes, novo engenho”, o termo em destaque tem o sentido de:
a) artimanha         b) trabalho                 c) objetivo            
d) solução.

06. De acordo com o eu lírico do texto, o Amor gera:
a) segurança          b) esperança            c) sofrimento 
d) dúvidas.

07. “Amor um mal, que me mata e não se vê;” o verso sugere que o Amor é:
a) indefinido          b) misterioso          c) passageiro           
d) intransigente.

08. A última estrofe revela que:
a) o eu lírico realmente é imune as artes do Amor.
b) o eu lírico busca descobrir as razões do Amor.
c)  o Amor ainda consegue atingir o eu lírico.
d) o Amor abandona o destemido eu lírico.


CRÔNICA: PAPOS - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

CRÔNICA: PAPOS
 
          Luís Fernando Veríssimo


– Me disseram…
– Disseram-me.
– Hein?
– O correto e “disseram-me”. Não “me disseram”.
– Eu falo como quero. E te digo mais… Ou é “digo-te”? – O quê?
– Digo-te que você…
– O “te” e o “você” não combinam.
– Lhe digo?

– Também não. O que você ia me dizer?
– Que você está sendo grosseiro, pedante e chato. E que eu vou te partir a
cara. Lhe partir a cara. Partir a sua cara. Como é que se diz?
– Partir-te a cara.
– Pois é. Parti-la hei de, se você não parar de me corrigir. Ou corrigir-me.
– É para o seu bem.
– Dispenso as suas correções. Vê se esquece-me. Falo como bem entender.
Mais uma correção e eu…
– O quê?
– O mato.
– Que mato?
– Mato-o. Mato-lhe. Mato você. Matar-lhe-ei-te. Ouviu bem?
– Pois esqueça-o e pára-te. Pronome no lugar certo e elitismo!
– Se você prefere falar errado…
– Falo como todo mundo fala. O importante é me entenderem. Ou
entenderem-me?
– No caso… não sei.
– Ah, não sabe? Não o sabes? Sabes-lo não?
– Esquece.
– Não. Como “esquece”? Você prefere falar errado? E o certo é “esquece” ou
“esqueça”? Ilumine-me. Me diga. Ensines-lo-me, vamos.
– Depende.
– Depende. Perfeito. Não o sabes. Ensinar-me-lo-ias se o soubesses, mas não
sabes-o.
– Está bem, está bem. Desculpe. Fale como quiser.
– Agradeço-lhe a permissão para falar errado que mas dás. Mas não posso
mais dizer-lo-te o que dizer-te-ia.
– Por quê?
– Porque, com todo este papo, esqueci-lo.

Interpretação do texto:

1- Marque um X apenas na alternativa incorreta:
a) Existe um diálogo entre um par de pessoas.
b) Há uma conversa entre duas pessoas, sendo que locutor e interlocutor se alternam.
c) “O importante é me entenderem.” Essa frase destaca a importância da comunicação.
d) “Falo como todo mundo fala.” Esse período revela que, geralmente, a fala do homem é a reprodução daquilo que ele ouve.
e) O título é inadequado, visto que “papos” está no plural, e existe apenas uma conversa.

2- Esta crônica brinca com o uso do padrão culto da língua. Assim,
a) pode-se dizer que o autor quis criticar as padronizações da chamada linguagem culta. Dessa maneira, ele se utiliza da ironia.
b) é apresentado que os dois personagens dominam a norma padrão.
c) há um consenso entre os dois personagens de que pôr os pronomes no lugar correto é elitismo.
d) ambos os personagens são intransigentes e por isso se entendem.
e) um dos interlocutores aceita receber os ensinamentos do outro, que assume a postura elitista, detentor do conhecimento linguístico.

3- A colocação pronominal obedece a regras distintas. Assinale a alternativa que se encontra incorreta em relação a essas regras.
a) Far-se-á mesóclise caso o verbo esteja nos tempos futuros do indicativo.
b) A ênclise é obrigatória no início de uma oração, exceto se houver antes do verbo uma palavra atrativa.
c) A próclise ocorre quando o pronome vem antes do verbo.
d) Os advérbios de negação são exemplos de palavras atrativas que condicionam a próclise.
e) Em alguns casos, é aceito o uso de próclise e ênclise ao mesmo tempo, como na frase: “Espero que se resolvam-se todos os problemas”.

4- “Dispenso as suas correções. Vê se esquece-me. Falo como bem entender. Mais uma correção e eu…
– O quê?
– O mato.
– Que mato?
– Mato-o. Mato-lhe. Mato você. Matar-lhe-ei-te.”

Nesse trecho, a palavra mato foi interpretada de duas maneiras, quais são elas?
      --- No sentido do verbo matar.
      --- No sentido de mato, ervas, floresta.

5- Através da leitura do texto, percebemos que alguém iria transmitir uma mensagem, entretanto foi esquecida. Qual é a razão para o esquecimento da mensagem?
      A discussão pela maneira de falar, ou seja, a colocação dos pronomes no lugar certo.

6 - Esse texto de Luís Fernando Verissimo trata, de forma humorística, da adequação ou não, por parte dos falantes, no uso da colocação pronominal. Qual parece ser a intenção do cronista ao tratar desse assunto?
      Por ser uma crônica ficcional ela tem a intenção de mostrar que a preocupação em excesso pode atrapalhar a comunicação entre as pessoas.

7 - O interlocutor que é corrigido, ao tentar, ironicamente, utilizar a colocação pronominal de forma adequada, comete alguns equívocos. Retire dois e explique como seria a forma adequada.
      As duas formas adequadas em:
      --- Me disseram... o correto é: Disseram-me. Não se inicia um período com os pronomes oblíquo átono (me, te, se, o, lhe, nos, vos, os, lhes).
      --- Matar-lhe-ei-te... o correto é: Matar-te-ei, porque quando é mesóclise emprega o pronome átono no meio da forma verbal, quando esta estiver no futuro.

8 - Em uma conversa informal, como é o caso do texto transcrito, essa correção é adequada? Justifique sua resposta.
      Não. O Brasil é um país cheio de pluralidades, grande em extensão, e se constitui por regiões que vivem de diferentes influências culturais, por isso devemos respeitá-las e se ouve a comunicação não devemos corrigí-las, somente na escrita.

9 - Quando um dos interlocutores afirma que “pronome no lugar certo é elitismo”, traz à tona uma interessante discussão sobre o uso da colocação pronominal segundo as regras da norma culta. Comente sobre o assunto.
      É considerado ERRO quando é uma inadequação do uso da língua, vinculada a um padrão e à aceitabilidade social de quem fala, mas não compromete a instauração da comunicação.
      AGRAMATICALIDADE é a infração a determinadas regras do sistema linguístico, que impede que a comunicação seja estabelecida.
      ELETISTA – Quando há um excesso de preocupação com a norma.

10 – O que dá início à discussão entre as personagens?
      A correção do pronome por um dos interlocutores.

11 – Por quê a forma lhe digo também não foi aprovada?
      Porque não se inicia uma frase com o pronome oblíquo.

12 – Muitas vezes a posição do pronome é determinada de acordo com o que soa mais agradável. Esse critério chama-se “Eufonia”.
De acordo com ele, reescreva a oração:
      --- Vê se esquece-me.
      Vê se me esquece.

13 – Qual é o argumento que uma personagem usa para corrigir a outra?
      Diz que é para o bem do outro.

14 – Quando um dos interlocutores do texto afirma que o correto é: “Disseram-me” e não “me disseram”, está fazendo referência a uma das regras da gramática normativa. Que regra é essa?
a)   A regra que determina o uso mesoclítico do pronome em início de oração.
b)   A regra que determina o uso enclítico do pronome em início de oração.
c)   A regra que determina o uso proclítico do pronome em início de oração.
d)   A regra que determina o uso enclítico e proclítico do pronome em início de oração.
e)   A regra que determina o uso enclítico e mesoclítico do pronome em início de oração.

15 – Em certo momento do texto, o uso do elemento em destaque gera uma ambiguidade. Marque a opção que demonstra a passagem em que isso ocorre.
a)   “- Partir-te a cara.”
b)   “Agradeço-lhe a permissão...”
c)   “- Digo-te que você...”
d)   “- O mato.”
e)   “- Porque, com todo este papo, esqueci-lo.”

16 – O texto de Luiz Fernando Veríssimo é uma crônica ficcional que tem como finalidade demonstrar que:
a)   Cada pessoa deve ter o direito de usar a língua como bem entender.
b)   A importância da gramática normativa deve ser considerada em qualquer situação de comunicação.
c)   As regras de colocação pronominal em português são muito difíceis.
d)   O aprendizado das regras de colocação de pronomes é muito importante.
e)   A preocupação excessiva com a gramática pode prejudicar a comunicação.

·        Palavras negativas atraem próclise: não, nunca, jamais, nada, ninguém, nem, de modo algum. Ex.: Nada me pertuba.

·        Alguns pronomes atraem próclise: relativos, indefinidos, demonstrativos. Ex.: A mulher que me ligou era a minha mãe.

·        Verbos no infinitivo terminado em: r, s ou z. O verbo perde a consoante e os pronomes assumem a forma: lo, la, los, las.


MÚSICA(ATIVIDADES): ATÉ QUANDO? GABRIEL O PENSADOR - COM ANÁLISE E GABARITO

Música(Atividades): Até Quando?

                            Gabriel O Pensador
Não adianta olhar pro céu
Com muita fé e pouca luta
Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer
E muita greve, você pode, você deve, pode crer

Não adianta olhar pro chão
Virar a cara pra não ver
Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus
Sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer!

Até quando você vai ficar usando rédea?
Rindo da própria tragédia
Até quando você vai ficar usando rédea?
Pobre, rico ou classe média
Até quando você vai levar cascudo mudo?
Muda, muda essa postura
Até quando você vai ficando mudo?
Muda que o medo é um modo de fazer censura

Até quando você vai levando? (Porrada! Porrada!)
Até quando vai ficar sem fazer nada?
Até quando você vai levando? (Porrada! Porrada!)
Até quando vai ser saco de pancada?

Você tenta ser feliz, não vê que é deprimente
O seu filho sem escola, seu velho tá sem dente
Cê tenta ser contente e não vê que é revoltante
Você tá sem emprego e a sua filha tá gestante
Você se faz de surdo, não vê que é absurdo
Você que é inocente foi preso em flagrante!
É tudo flagrante! É tudo flagrante!

Até quando você vai levando? (Porrada! Porrada!)
Até quando vai ficar sem fazer nada?
Até quando você vai levando? (Porrada! Porrada!)
Até quando vai ser saco de pancada?

A polícia
Matou o estudante
Falou que era bandido
Chamou de traficante!
A justiça
Prendeu o pé-rapado
Soltou o deputado
E absolveu os PMs de Vigário!

Até quando você vai levando? (Porrada! Porrada!)
Até quando vai ficar sem fazer nada?
Até quando você vai levando? (Porrada! Porrada!)
Até quando vai ser saco de pancada?

A polícia só existe pra manter você na lei
Lei do silêncio, lei do mais fraco
Ou aceita ser um saco de pancada ou vai pro saco
A programação existe pra manter você na frente
Na frente da TV, que é pra te entreter
Que é pra você não ver que o programado é você!
Acordo, não tenho trabalho, procuro trabalho, quero trabalhar
O cara me pede o diploma, não tenho diploma, não pude estudar
E querem que eu seja educado, que eu ande arrumado, que eu saiba falar
Aquilo que o mundo me pede não é o que o mundo me dá
Consigo um emprego, começa o emprego, me mato de tanto ralar
Acordo bem cedo, não tenho sossego nem tempo pra raciocinar
Não peço arrego, mas onde que eu chego se eu fico no mesmo lugar?
Brinquedo que o filho me pede, não tenho dinheiro pra dar!
Escola! Esmola!
Favela, cadeia!
Sem Terra, enterra!
Sem renda, se renda! Não! Não!

Até quando você vai levando? (Porrada! Porrada!)
Até quando vai ficar sem fazer nada?
Até quando você vai levando? (Porrada! Porrada!)
Até quando vai ser saco de pancada?

Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente
A gente muda o mundo na mudança da mente
E quando a mente muda a gente anda pra frente
E quando a gente manda ninguém manda na gente!
Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura
Na mudança de postura a gente fica mais seguro
Na mudança do presente a gente molda o futuro!

Até quando você vai ficar levando porrada
Até quando vai ficar sem fazer nada
Até quando você vai ficar de saco de pancada?
Até quando você vai levando.

Compreendendo a canção:

01 – Observe o título da canção. Por que, os autores criaram esse título?
      Para chamar atenção das pessoas para irem a luta e não aceitarem tudo calado, sem reagir.

02 – Os compositores apontam problemas que ocorrem em nossa sociedade.
Destaque frases da letra da canção apontando três diferentes problemas.
      -- “Seu filho sem escola, seu velho tá sem dente.” – Educação e saúde.
      -- “Você tá sem emprego e a sua filha tá gestante.” – Desemprego.

03 – Dos problemas citados, os quais afetam a sua vida?
      Resposta pessoal do aluno.

04 – A que os compositores estão se dirigindo?
      A todo povo brasileiro para que sejam agentes transformadores, exercendo seus papéis de cidadãos críticos e reflexivos.

05 – Um dos versos da letra diz: “Você pode, você deve, poder crer.” Segundo os compositores, o que devemos fazer?
      Mudar nossa postura, pois quando mudamos a gente anda pra frente e quando a gente manda ninguém manda na gente.

06 – Como você responderia às perguntas que formam o refrão da música:
                     “Até quando você vai levando?
                      Até quando vai ficar sem fazer nada?
                      Até quando você vai levando?
                      Até quando vai ser saco de pancada?”
      Resposta pessoal de aluno.

07 – No verso: “Até quando você vai ficar usando rédea?” Que figura de linguagem percebemos neste verso?
      Metáfora.

08 – Este rap usa no sentido figurado as frases como:
“Até quando vamos levar porrada sem fazer nada, ou levando cascudo, mudo.” Para mostrar as pessoas o quê?
      Que estamos deixando tudo do jeito que está e estamos calados, precisamos nos unir para um bem comum, para protestar por nossos direitos.

09 – Analisando a música nesse contexto social, o trecho: “Na mudança do presente a gente molda o futuro”, em que o autor embasa-se?
      Embasa no sentido em que ao pensarmos em “sociedade” devemos ter visão geral de comunidade, de grupo, pensar em conjunto para moldarmos em futuro digno através de nossas ações.

10 – ENEM 2013:
                Até quando?
      Não adianta olhar pro céu
      Com muita fé e pouca luta
      Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer
      E muita greve, você pode, você deve, pode crer
      Não adianta olhar pro chão
      Virar a cara pra não ver
      Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus
      Sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer!
                                                     Gabriel, O Pensador.

As escolhas linguísticas feitas pelo autor conferem ao texto:
a)   Caráter atual, pelo uso de linguagem própria da internet.
b)   Cunho apelativo, pela predominância de imagens metafóricas.
c)   Tom de diálogo, pela recorrência de gírias.
d)   Espontaneidade, pelo uso da linguagem coloquial.
e)   Originalidade, pela concisão da linguagem.


11 – A que classe gramatical pertencem as palavras "mudo" e "muda"? Por que essa escolha?
      Mudo – adjetivo.
      Muda – verbo (mudar).
      A escolha no sentido de que mudo = calado, e muda = ação, pois ele repete duas vezes muda, muda. Exigindo uma mudança de postura.

12 – Podemos afirmar que a letra de música em questão possui características do gênero "manifesto"? Justifique sua resposta:
      Sim, pode ser considerado, pois é uma declaração pública, escrita e de ideias políticas.

13 – O verso "Muda, que quando a gente muda, o mundo muda com a gente" faz um forte apelo ao interlocutor, incitando-o à mudança. Que tipo de mudança seria essa? Comente:
      Quando mudamos a nossa mente, começamos a pensar a expressar a nossa opinião acerca de todos os fatos que nos cercam nós temos poder para mudar o mundo.

14 – O que significa a expressão "vai pro saco", presente na sexta estrofe?

      Significa que vai acabar e não dá pra fazer mais nada.


                    ANÁLISE

        Retrata os diversos problemas sociais, que a sociedade brasileira enfrentam e a postura passiva que os cidadãos têm diante delas.
        Com todos os problemas como: desemprego, corrupção, violência, vivenciado naquele momento histórico pelo fim do governo FHC, a música tenta convencer os ouvintes de uma forma apelativa a agirem de maneira crítica e reflexiva afim de que não fiquem de braços cruzados, que não sejam omissas diante da dificuldade e dos problemas.
      Também faz críticas a polícia e a televisão onde se mata e prende o inocente, e absolve-se os culpados, enquanto a televisão diverte e os mantém calados.
      Entretanto, relacionando o contexto histórico do ano em que a música foi composta com os dias atuais, podemos perceber que a sociedade ainda é passiva, daquilo que lhe é imposto.
      Embora haja certa mobilização para a conscientização dos indivíduos no sentido de mudanças e transformações, ainda sim assustam muito, causando medo e insegurança na sociedade. Sendo assim, a música é um alento para que a sociedade não se acostume a mesmice dos problemas por elas vivenciados, mas antes sejam agentes transformadores, exercendo seus papéis de cidadãos críticos e reflexivos.