quarta-feira, 20 de maio de 2020

CRÔNICA: ESTES JOVENS ENTREVISTADORES E SEUS FANTÁSTICOS GRAVADORES - MOACYR SCLIAR - COM GABARITO


Crônica: Estes jovens entrevistadores e seus fantásticos gravadores
          
                  Moacyr Scliar

    Se há coisa que comove e estimula um escritor gaúcho é o apoio, sempre dedicado e muitas vezes anônimo, que a literatura rio-grandense recebe em centenas de esmolas, às vezes no mais remoto interior. Ainda na semana que passou, vários colégios fizeram realizar a Semana do Escritor Gaúcho. Muitos escritores, entre eles eu, foram procurados para palestras, sessões de autógrafos e entrevistas.
        Não são todos os escritores que gostam de falar para estudantes, ou para quem quer que seja; Dalton Trevisan, por exemplo, distribui uma entrevista-padrão mimeografada, e pronto, todo o resto está em seus livros. Eu, porém, gosto de conversar com jovens ou com qualquer pessoa sobre literatura. É um oficio muito solitário, este, de modo que romper a casca de vez em quando é benéfico. Não essencial, mas benéfico; sempre é algum feedback. E também é bom ajudar gente moça, que está se iniciando na literatura, e que muitas vezes se aflige com o misterioso código dos textos. Eu às vezes recebo telefonemas aflitos:
        -- Rápido! Tenho prova amanhã! O que é que o senhor quer dizer com a sua obra?
        Não há dúvida que é um bom exercício de síntese e que deve ter alguma utilidade: acredito que, no dia do Juízo, o Senhor nos cobrará mais ou menos nesses termos – Rápido! Qual foi o sentido de sua vida? –, de modo que é bom a gente estar preparado. Mas mesmo quando não estão a algumas horas de um exame, os estudantes entram em ansiedade aguda ante a perspectiva de fazer perguntas a um escritor. Uma das causas deve ser o próprio escritor, sempre uma figura mítica; outra causa deve ser o temor de fazer perguntas inadequadas; mas eu acho que o principal fator de perturbação dos jovens é o gravador.
        Nas mãos de um aluno de primeiro ou segundo grau, o gravador se revela um instrumento maligno, simplesmente incapaz de ser controlado – ao menos na ocasião de entrevistar um escritor. É uma rotina que constantemente se repete: entra o grupo de alunos, e em meio a risinhos nervosos, se prepara para a entrevista de antemão combinada. A primeira providência é desdobrar a folha de papel com as mil quatrocentas e vinte perguntas preparadas; a segunda – conditio sine qua non para a entrevista – é fazer funcionar o gravador. A primeira coisa que descobrem é que está sem pilhas; nenhum problema, só que a dona do gravador esqueceu de coloca-las. Mas aí, quando ela procura na bolsa, vê que só tem três pilhas, não quatro. A quarta, simplesmente sumiu, e deve ser fornecida pelo escritor, de cujo equipamento intelectual as pilhas são hoje componente indispensável. Colocada a pilha, deveria começar a gravação – e então é aquela atrapalhação com as teclas; em vez de Record a menina aperta o Fast Forward ou Rewind.
        O resultado disto é que, quando a entrevista finalmente começa, os entrevistadores não conseguem desgrudar os olhos da cassete, para ver se ela está rodando mesmo, o que acaba contagiando o escritor – e no fim, estão todos mais preocupados com o gravador que com a literatura. Mesmo que a cassete tenha rodado, contudo, não há garantia de que a entrevista tenha saído boa, é possível que os entrevistadores se lembrem que esqueceram de regular o volume, com o que a cassete, tocada, revela apenas uns débeis murmúrios que nem a professora de mais boa vontade poderá identificar com uma voz poderosa da literatura. Começa tudo de novo: onde é que o senhor nasceu? Que livros já escreveu? – etc. E desta vez então dá certo, e os alunos sorriem triunfantes, o escritor se solidariza com eles – bom trabalho, pessoal! – e, como convém à literatura e à vida, chega-se a um final feliz. Que é, afinal, o supremo consolo para os ofícios solitários. Enquanto houver jovens dispostos a – com ou sem gravador – perguntar, valerá a pena escrever e falar sobre o escrever.
  Minha mãe não dorme enquanto eu não chegar e outras crônicas. Porto Alegre, L&PM 2001.
 Fonte: Livro – Ler, entender, criar – Português – 6ª Série – Ed. Ática, 2007 – p. 160-2.

Entendendo a crônica:

01 – Releia esta frase, do primeiro parágrafo do texto: “Muitos escritores, entre eles eu, foram procurados para palestras, sessões de autógrafos e entrevistas.”
A quem se refere o pronome eu nesse trecho? O que lhe permitiu chegar a essa conclusão?
      Refere-se a Moacyr Scliar. A identificação é possível porque o nome do autor do texto vem registrado logo abaixo do título.

02 – No texto acima ficamos conhecendo a visão de um entrevistado sobre um tipo de entrevista. Qual é esse tipo?
      As entrevistas realizadas por estudantes para a escola.

03 – Com base nas informações contida no texto, responda: qual é a função de Moacyr Scliar?
      Ele é escritor.

04 – De acordo com o texto “Estes jovens entrevistadores e seus fantásticos gravadores”, os alunos ficam ansiosos ante a perspectiva de fazer perguntas a um escritor. Um dos motivos é o próprio escritor, sempre uma figura mítica. O que você entende por “figura mítica”?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: nesse contexto, é uma “figura idealizada, fabulosa, legendária”.

05 – Ainda que de modo brincalhão, o escritor faz duas críticas à organização das entrevistas pelos estudantes. Quais são essas críticas?
      O excesso de perguntas (possivelmente causado pela falta de seleção das mais significativas para os objetivos da entrevista) e o descuido e a inabilidades dos estudantes no manejo do gravador.

06 – Segundo Moacyr Scliar, nem todos os escritores gostam de conceder entrevistas. Que exemplo ele menciona para comprovar seu ponto de vista?
      O caso de Dalton Trevisan, que distribui uma entrevista-padrão mimeografada e espera que quaisquer outras informações sejam encontradas em sua própria obra.

07 – Em que trechos Moacyr Scliar justifica sua boa vontade em conceder entrevistas?
      “É um ofício muito solitário, este, de modo que romper [...] se aflige com o misterioso código dos textos”, “[...] e, como convém à literatura e à vida, chega-se a um final feliz. [...] valerá a pena escrever e falar sobre o escrever”.



TEXTO: O RÁDIO FORMA IMAGENS - ROBERT MCLEISH - COM GABARITO


Texto: O rádio forma imagens
        
   Robert Mcleish

        Trata-se de um meio cego, mas que pode estimular a imaginação, de modo que logo ao ouvir a voz do locutor o ouvinte tente visualizar o que ouve, criando na mente a figura do dono da voz. Que imagens são criadas quando a voz transmite um conteúdo emocional? – uma entrevista com esposas reunidas na boca de um poço após terem notícia de um acidente numa mina de carvão, a alegria hesitante de parentes que estão em lados opostos do mundo, ligados pelo programa de um DJ.
     Ao contrário da televisão, em que as imagens são limitadas pelo tamanho da tela, as imagens do rádio são do tamanho que você quiser. Para o escritor de peças radiofônicas, é fácil nos envolver numa batalha entre duendes e gigantes, ou fazer a nossa espaçonave pousar num estranho e distante planeta. Criada por efeitos sonoros apropriados e apoiada pela música adequada, praticamente qualquer situação pode ser trazida ao ouvinte. Como disse um colegial ao ser perguntado sobre as novelas da televisão: “Prefiro o rádio, o cenário é bem melhor”.
        Será o rádio mais preciso? Naturalmente, um meio visual leva vantagem quando se demonstra um procedimento ou uma técnica, e uma simples imagem vale por muitas palavras de descrição. Tanto o som como a imagem são suscetíveis a distorções de seletividade, e no noticiário cabe à integridade do indivíduo que está no local produzir um relato o mais justo, honesto e factual possível. No caso do rádio, sua grande capacidade de apelar diretamente à imaginação não deve permitir a interpretação individual de um evento factual, para não dizer o exagero deliberado desse evento por parte do radialista. Quem faz textos e comentários para o rádio escolhe as palavras de modo a criar as devidas imagens na mente do ouvinte e, assim fazendo, torna o assunto inteligível e a ocasião memorável.
                   Produção de rádio – Um guia abrangente de produção radiofônica. Trad. Mauro Silva. São Paulo, Summus, 2001.
Fonte: Livro – Ler, entender, criar – Português – 6ª Série – Ed. Ática, 2007 – p. 192-5.
Entendendo o texto:
01 – Por que o autor do texto afirma que o rádio é um meio cego?
      Porque o rádio não exibe imagens.

02 – O que são vozes com conteúdo emocional?
      São as vozes de pessoas envolvidas em situações de angústia ou de alegria.

03 – Releia o trecho abaixo:
        “[...] as imagens do rádio são do tamanho que você quiser”.
Como você entende essa afirmação do autor?
      No rádio, o locutor descreve as imagens com palavras e, portanto, tem mais liberdade para criar cenários, personagens e situações.

04 – Releia o trecho em que um colegial compara as novelas de TV às do rádio:
        “Como disse um colegial ao ser perguntado sobre as novelas de televisão: ‘Prefiro o rádio, o cenário é bem melhor’”.
Como você entende essa afirmação?
      O rádio permite que o ouvinte use a imaginação. Um cenário descrito no rádio pode ser mais bonito na imaginação do ouvinte do que um cenário já pronto mostrado na televisão.

05 – Na sua opinião, que tipo de repórter tende a ser mais preciso ao relatar fatos: o profissional do rádio ou da televisão? Argumente para justificar a sua opinião.
      Resposta pessoal do aluno.

06 – Que cuidado um profissional do rádio deve ter ao transmitir, por exemplo, a notícia de um acidente grave numa rodovia?
      Usar palavras precisas (para não permitir a interpretação individual do evento) e evitar o exagero deliberado.

07 – Qual deve ser a principal preocupação de quem escreve textos para serem transmitidos pelo rádio?
      Criteriosa seleção das palavras, para tornar o assunto inteligível e a ocasião, memorável, digna de ser lembrada.

08 – O texto que você leu foi escrito em três parágrafos. Qual a ideia desenvolvida no primeiro parágrafo?
      A ideia de que o rádio não transmite imagens, mas desperta a imaginação do ouvinte.

09 – Ao expor suas ideias, o autor emprega o recuso da comparação.
a)    A qual outro meio de comunicação ele compara o rádio?
À TV.

b)   Em que aspecto o rádio é diferente desse outro meio de comunicação?
O fato de os cenários, personagens e situações serem transmitidos por palavras e efeitos sonoros dá mais liberdade à criação do escritor de peças radiofônicas e à imaginação do ouvinte.

c)   Em que aspecto os dois meios de comunicação podem ser semelhantes?
Sem o cuidado dos profissionais de comunicação, tanto do rádio como a TV podem distorcer os fatos.

10 – Ao comparar os dois meios de comunicação, o autor do texto comenta também a questão ética, afirmando que tanto o rádio como a TV devem ter um compromisso com a verdade. O que você pensa sobre isso? Você confia nas informações que recebe pelo rádio ou pela TV? Justifique sua resposta.
      Resposta pessoal do aluno.

11 – Ao concluir o texto, o autor se detém na questão ética do rádio e volta a comentar a ideia contida no primeiro parágrafo. Segundo ele, o que possibilita aos ouvintes a criação de imagens livres de exageros, a compreensão dos fatos e a emoção?
      A adequada seleção das palavras.

12 – O título do texto está adequado? Justifique sua resposta.
      Resposta pessoal do aluno.

domingo, 17 de maio de 2020

MÚSICA(ATIVIDADES): COMO É GRANDE O MEU AMOR POR VOCÊ - ROBERTO CARLOS - COM GABARITO

Música(Atividades): Como É Grande o Meu Amor Por Você

                   Roberto Carlos

Eu tenho tanto pra lhe falar
Mas com palavras não sei dizer
Como é grande o meu amor por você

E não há nada pra comparar
Para poder lhe explicar
Como é grande o meu amor por você

Nem mesmo o céu nem as estrelas
Nem mesmo o mar e o infinito
Nada é maior que o meu amor
Nem mais bonito

Me desespero a procurar
Alguma forma de lhe falar
Como é grande o meu amor por você

Nunca se esqueça, nem um segundo
Que eu tenho o amor maior do mundo
Como é grande o meu amor por você

Nunca se esqueça, nem um segundo
Que eu tenho o amor maior do mundo
Como é grande o meu amor por você

Mas como é grande o meu amor por você

                                            Composição: Roberto Carlos.

Entendendo a canção:

01 – Quem é o eu lírico, ou seja, o emissor da mensagem da canção?
      Uma pessoa, homem ou mulher, que sente um amor imenso por alguém.

02 – O eu lírico desse poema se refere a quem? E a respeito de que ele fala na canção?
      O eu lírico refere-se à pessoa amada, e fala, ou ao menos tenta falar sobre a intensidade do amor que sente por ele(a).

03 – Se você tivesse que contar ou declamar essa canção para alguém, quem seria? Justifique.
      Resposta pessoal do aluno.

04 – O que o eu lírico consegue nos demonstrar através da letra desta canção?
      Consegue simbolizar bem esse sentimento, como algo tão grande que em palavras não se pode explicar.

05 – O que o eu lírico não consegue dizer a partir do verso “Mas com palavras não sei dizer”?
      O eu lírico gostaria de dizer por meio de palavras a imensidão do seu amor, porém, as palavras são insuficientes para representar tal amor, então tenta fazer comparações entre seu amor e coisas grandiosas.

06 – Explique o porquê da repetição do verso: “Como é grande o meu amor por você”?
      Assim como o título da canção, a intenção seria dizer a grandiosidade do amor que o eu lírico sente pela pessoa amada, embora não existam palavras que possam explicar esse sentimento, o verso repete-se para reforçar aquela ideia.

07 – Qual figura de linguagem está presente no verso: “Que eu tenho amor maior do mundo”? E qual a sua função?
      Temos neste verso uma hipérbole, uma figura que demonstra exagero ou demasia propositada. O uso da hipérbole procura expressar de forma dramática aquilo que se quer dizer, transmitindo uma ideia aumentada. Ou seja, é expressar uma ideia de forma exagerada.
                                        Fonte: diaadiaeducação.pr.gov.br.


FILME(ATIVIDADES): PARA SEMPRE - MICHAEL SUCSY - COM QUESTÕES GABARITADAS

Filme(ATIVIDADES): PARA SEMPRE

Direção: Michael Sucsy
Nacionalidades EUAFrançaReino UnidoAustráliaAlemanha

SINOPSE

        Page (Rachel McAdams) e Leo (Channing Tatum) viviam uma linda história de amor, mas um grave acidente de carro provocou uma grande mudança em suas vidas. Afinal, mesmo estando casados, ela não consegue se recordar de nada e muito menos ter algum tipo de memória sobre o relacionamento deles. Agora, resta para Leo a missão de reconquistá-la novamente para que possam então viver o romance que sempre desejaram. Baseado em fatos reais.

Entendendo o filme:

01 – Qual é o enredo do filme?
      O filme conta a história de um casal apaixonado que, logo no início, sofre um acidente, no qual Paige, a mulher, perde a memória dos seus últimos cinco anos.
      O que inclui a sua vida com o marido. A partir daí Leo, o marido, procura de todas as formas ajudá-la a lembrar do passado que viveram juntos. Mas, tudo o que fazia era em vão. Então resolve reconquistar sua amada, como se fosse o primeiro encontro entre ambos. Aos poucos ele consegue fazer com que ela se apaixone novamente por ele, embora ela nunca tenha se lembrado dos cinco anos que foram apagados de sua memória.

02 – Quais os principais problemas que os personagens enfrentam?
      O enredo do filme todo gira em torno da perda da memória de Paige, o que se torna um problema tanto para ela quanto para o marido.

03 – Os problemas podem ser solucionados? Se sim, como?
      De certa forma, sim. Mas, porque Leo reconquistou a esposa a partir da construção de uma nova vida. Por outro lado, não há solução para o problema, pois a lesão deixada em decorrência do acidente foi irreversível, sendo que Paige jamais se lembrou dessa fase de sua vida.

04 – Podemos relacionar os fatos narrados no filme com os fatos da vida real? Será que isso poderia acontecer na realidade?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Muitos dos fatos apresentados no filme podem acontecer na vida real, fatos cotidianos, problemas familiares, o amor entre o casal, e assim por diante. Já a reconquista de uma pessoa que nem se lembra de você é muito difícil, mas possível, pois o filme foi baseado em fatos reais.

05 – De que parte do filme você mais gostou?
      Resposta pessoal do aluno.

06 – Você acha que o que Leo sente por Paige é amor? Justifique.
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Com certeza, caso contrário teria desistido em ajudá-la a lembrar do passado. E muito menos teria feito tudo para que ela se apaixonasse novamente por ele.

07 – Coloque-se no lugar dos personagens e relate como se sentiria diante de uma situação como essa. Você seria capaz de fazer o que Leo fez para reconquistar seu grande amor?
      Resposta pessoal do aluno.
                                                                diaadiaeducação.pr.gov.br


POEMA: DÚVIDAS - CARLOS QUEIROZ TELLES - COM GABARITO

Poema: Dúvidas
                                                      Carlos Queiroz Telles
Às vezes
eu sinto que ela quer.
Outras vezes
eu acho que não.

Ah, como grita
o meu peito...
Cala a boca,
coração!

Ela não pode
desconfiar que
este vai ser
o meu primeiro...
                                         
Sufoco de vergonha
e de falta de jeito.
E agora, meu Deus?
O que é que eu faço
com as mãos?

Às vezes
eu sinto que ela quer.
Outras vezes
eu acho que não.

Beijo ou não beijo...
eis a questão.
            Sonhos, grilos e paixões. São Paulo: Moderna, 1990. p. 42.
                                       Fonte: Livro – PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 7ª Série – Atual Editora -1998 – p. 235-6.
Entendendo o poema:

01 – O poema se intitula “Dúvidas”.
a)   Que tipo de dúvida o eu lírico demonstra ter?
A dúvida de beijar ou não uma garota.

b)   Observe que a 1ª e 5ª estrofes são iguais. Que efeito essa repetição causa na significação geral do texto?
Reforça a dúvida que ele sente e o seu estado de insegurança.

02 – Observe os sinais de pontuação empregados no poema. Note que, além do ponto final, foram empregadas as reticências, o ponto de interrogação e o ponto de exclamação.
a)   Qual a relação existente entre esses sinais e o estado emocional do eu lírico?
Os sinais de pontuação revelam seu estado conflituoso e nervoso, ora querendo beijar a namorada, ora achando melhor esperar.

b)   Destaque um ou dois versos do texto que comprovem esse estado emocional do eu lírico?
Dentre outros, “Cala a boca, / coração!”.

c)   Esse estado emocional revela que o eu lírico é uma pessoa experiente ou inexperiente? Comprove sua resposta com uma estrofe do texto.
Inexperiente, como comprova a 3ª estrofe.

03 – Existem, na língua, principalmente na língua oral, palavras e expressões expletivas ou de realce, ou seja, que podem ser eliminadas sem prejuízo para o sentido da frase. Observe, nestas frases, como as palavras destacadas são dispensáveis:
        O que que foi?
        Não sei o que que vocês estão fazendo aqui.
        E lá se foi ele, sem se despedir de ninguém.
Identifique, na 4ª estrofe, uma expressão que seja expletiva.
      “O que é que eu faço?”.

04 – O poema apresenta algumas orações subordinadas, todas do mesmo tipo. Observe:
        “Eu sinto que ela quer.”
        “Eu acho que não”.
        “Ela não pode desconfiar que este vai ser o meu primeiro...”.
a)   Classifique os verbos sentir, achar e desconfiar quanto à predicação.
São transitivos diretos.

b)   Como, então, se classificam as orações subordinadas destacadas?
Orações subordinadas substantivas objetivas diretas.

05 – No poema, algumas frases são incompletas, deixando implícita uma informação. Observe estes versos da 1ª estrofe:
        “Eu sinto que ela quer.”
        “Outras vezes / eu acho que não.”
a)   Complete os dois versos destacados, explicitando a informação que falta.
Eu sinto que ela quer (beijar/um beijo). / ... eu acho que (ela) não (quer) (beijar).

b)   Qual é o objeto direto implícito do verbo querer nas duas primeiras frases?
Um beijo / beijar.

06 – Como você sabe, os objetos complementam as ações verbais. O poema em estudo é constituído predominantemente de verbos transitivos diretos. Os objetos diretos (ou orações objetivas diretas), por sua vez, estão ora explícitas, ora implícitos. Comparando a estrutura sintática do texto com o relacionamento amoroso entre os dois jovens, identifique a única afirmativa falsa:
a)   Os verbos do poema são, predominantemente, transitivos, isto é, necessitam de complementos, da mesma forma que os dois jovens buscam completar-se entre si.
b)   As orações subordinadas substantivas objetivas diretas completam verbos como sentir, desconfiar, achar, que reforçam a ideia de dúvida ou insegurança por parte do eu lírico.
c)   O beijo, revelado apenas na última estrofe, é o objeto direto implícito do verbo querer, correspondendo àquilo que implicitamente os dois jovens desejam.
d)   Assim como beijo completaria explicitamente o verbo querer, o beijo entre os dois jovens completaria o que falta no relacionamento de ambos.
e)   A palavra beijo – sintaticamente, objeto direto implícito do verbo querer – se opõe ao beijo real, que é explícito no relacionamento entre os jovens.


       



CONTO: DOM CAIO - TEÓFILO BRAGA - COM GABARITO

Conto: DOM CAIO
           
                                                                                Teófilo Braga

        Era um alfaiate muito poltrão, que estava trabalhando à porta da rua; como ele tinha medo de tudo, o seu gosto era fingir de valente. Vai de uma vez viu muitas moscas juntas e de uma pancada matou sete. Daqui em diante não fazia senão gabar-se:
        — Eu cá mato sete de uma vez!
        Ora o rei andava muito aparvalhado, porque lhe tinha morrido na guerra o seu general Dom Caio, que era o maior valente que havia, e as tropas do inimigo já vinham contra ele, porque sabiam que não tinha quem mandasse a combatê-las. Os que ouviram o alfaiate andar a dizer por toda a parte: “Eu cá mato sete de uma vez!” foram logo metê-lo no bico ao rei, que se lembrou de que quem era assim tão valente seria capaz de ocupar o posto de Dom Caio. Veio o alfaiate à presença do rei, que lhe perguntou:
        — É verdade que matas sete de uma vez?
        — Saberá Vossa Majestade que sim.
        — Então nesse caso vás comandar as minhas tropas, e atacar os inimigos que já me estão cercando.
        Mandou vir o fardamento de Dom Caio e fê-lo vestir ao alfaiate, que era muito baixinho, e que ficou com o chapéu de bicos enterrado até às orelhas; depois disse que trouxessem o cavalo branco de Dom Caio para o alfaiate montar. Ajudaram-no a subir para o cavalo, e ele já estava a tremer como varas verdes; assim que o cavalo sentiu as esporas botou à desfilada, e o alfaiate a gritar:
        — Eu caio, eu caio!
        Todos os que o ouviam por onde ele passava, diziam:
        — Ele agora diz que é o Dom Caio; já temos homem.
        O cavalo que andava costumado às escaramuças, correu para o sítio em que andava a guerreia, e o alfaiate com medo de cair ia agarrado às clinas, a gritar como desesperado:
        — Eu caio, eu caio!
        O inimigo assim que viu vir o cavalo branco do general valente, e ouviu o grito: “Eu caio, eu caio!” conheceu o perigo em que estava e disseram os soldados uns para os outros:
        — Estamos perdidos, que lá vem o Dom Caio; lá vem o Dom Caio.
        E botaram a fugir em debandada; os soldados do rei foram-lhe no encalço e mataram neles, e o alfaiate ganhou assim a batalha só em agarrar-se ao pescoço do cavalo e em gritar: “Eu caio.” O rei ficou muito contente com ele, e em paga da vitória deu-lhe a princesa em casamento, e ninguém fazia senão louvar o sucessor de Dom Caio pela sua coragem.
Teófilo de Braga, org. Contos Tradicionais do Povo Português, Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1994. Col. Portugal de Perto.
Fonte: Livro – Ler, entender, criar – Português – 6ª Série – Ed. Ática, 2007 – p. 55-6.

Entendendo o conto:

01 – Você observou no texto que acabou de ler muitas palavras e expressões diferentes. Não se preocupe, basta contar com a ajuda do professor ou de um bom dicionário. 
Reescreva no caderno os trechos a seguir, substituindo as palavras e expressões destacadas por sinônimos,
a)   “Era um alfaiate muito poltrão [...]”.
Covarde, medroso.

b)   “Daqui em diante não fazia senão gabar-se [...]”
Elogiar a si mesmo.

c)   “Ora o rei andava muito aparvalhado [...]”
Desorientado.

d)   “[...] assim que o cavalo sentiu as esporas botou à desfilada [...]”
Saiu em desfile, começou a marchar.

e)   “O cavalo, que andava costumado às escaramuças, correu para o sítio em que andava a guerreia [...]”
Acostumado ao movimento da rédea / lugar / acontecia a guerra.

f)    “E botaram a fugir em debandada [...] foram-lhe no encalço [...]”.
Fugiram desordenadamente (em grande confusão) / perseguiram (correram atrás dele).

02 – Veja as indicações bibliográficas que vêm logo ao final do texto. Esse conto possui um autor? Explique.
      Não, o texto não possui autores. Assim como o conto “O alfaiate valentão”, este faz parte de uma recolha. Ele foi recolhido por Teófilo Braga.

03 – O herói desse conto, o falso Dom Caio, se parece com o alfaiate valentão? O que eles têm em comum? Em que são diferentes?
      Ambos são alfaiates pobres que se fazem de valentes, mas, enquanto o falso Dom Caio não passa de um medroso, o alfaiate valentão é muito esperto.

04 – Por que as pessoas pensavam que o substituto de Dom Caio era valente?
      Primeiro porque imaginaram que ele havia matado sete homens de uma vez. Depois porque pensaram que ele assumira ser o próprio Dom Caio.

05 – Quais eram os desafios, os obstáculos que esse herói devia enfrentar?
      Ele só tinha um desafio: substituir Dom Caio e vencer a guerra, isto é, derrotar o exército inimigo.

06 – Como o herói conseguiu superar tal obstáculo? Qual foi a mediação?
      Ele conseguiu derrotar o exército por pura sorte, graças a um mal-entendido, um ruído na comunicação. Enquanto ele gritava “Eu caio”, os outros entendiam “Eu sou Dom Caio”. O cavalo também foi importante, pois sabia o caminho para a guerra e provocou os gritos do alfaiate com sua correria.

07 – O rei tinha medo do alfaiate, como no conto “O alfaiate valentão”?
      Não, o rei não temia o herói; ao contrário, ficou muito contente com ele.



TEXTO: O QUE SÃO AVES DE RAPINA? SUPERINTERESSANTE - COM GABARITO


Texto: O que são aves de rapina?

        Assim são chamados todos os pássaros carnívoros e caçadores. Os mais conhecidos são as águias, os gaviões e os falcões, mas também fazem parte do grupo algumas espécies de corujas e abutres. Os rapinantes representam cerca de 10% das aves do planeta, concentrados em sua maioria na América Latina – só no Brasil existem 83 espécies (36% do total mundial). Predadores perfeitamente equipados para matar, esses animais têm visão aguçadíssima: enxergam, em média, duas vezes mais que o homem. Assim, são capazes de avistar sua presa a dezenas de metros de altura e mergulhar diretamente sobre ela. São também as aves mais velozes que existem, atingindo até 268 km/h no caso do falcão peregrino. E, como se não bastasse, ainda possuem duas armas letais: o bico afiado e as garras em forma de foice. “Graças a esses atributos, elas quase sempre pegam sua vítima na primeira tentativa”, afirma o ornitólogo Luís Sanfilippo, da Fundação Zoológico de São Paulo, especialista em rapinantes. As presas favoritas variam de répteis, como cobras e sapos, a pequenos mamíferos, especialmente roedores, desde ratinhos a cotias.
(Superinteressante, jul.2001.)
Fonte: Livro – Ler, entender, criar – Português – 6ª Série – Ed. Ática, 2007 – p. 68-9.

Entendendo o texto:
01 – Qual é a primeira informação que o texto dá sobre as aves de rapina?
      A primeira informação é justamente a resposta à pergunta do título: “Assim são chamados todos os pássaros carnívoros e caçadores”.

02 – Em que região do mundo se concentra a maioria das aves de rapina?
      Na América Latina.

03 – De que essas aves se alimentam?
      De répteis, como cobras e sapos, e pequenos mamíferos, especialmente roedores, de ratinhos a cotias.

04 – Na sua opinião, por que o texto traz o depoimento de um especialista?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: As entrevistas com especialistas conferem credibilidade às informações veiculadas por qualquer meio de comunicação.

05 – De onde foi retirado o texto “O que são aves de rapina”?
      Da revista Superinteressante.

06 – Foi contada alguma história sobre aves de rapina?
      Não. A intenção do texto é informar o leitor.