quarta-feira, 30 de outubro de 2019

TEXTO: QUIM - RENATA JATOBÁ - COM GABARITO

Texto: Quim    

    Renata Jatobá

Quim era menino.
Agora, um mocinho
Esperto, apressadim.
Sofria com o apelido
Que alguém lhe dera
E a maldade mantivera:
Quim – pudim!
Pássaro – passarinho
De tão leve, queria ser!
Era pesado, coitado,
Gordo, muito corado,
E mais corado ficava
Se o chamavam assim:
Quim pudim! Quim pudim!
Vivia se debruçando

Em sonhos e fantasias.
Seus negros olhos tristonhos
Eram janelas fechadas
Para as belezas guardadas.
Quim bobim!
Perdeu a chave da coragem
De olhar dentro de si
Ver que casca bonita
Só vale é pra banana
Que o de dentro, os internos
É que pesam, é que brilham
Numa pessoa humana!

                                        Renata Jatobá, in texto e contexto.
Fonte: Livro – Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 5ª Série - Marilda Prates – Ed. Moderna, 2005 – p.28-30.
Entendendo o texto:

01 – O que é para você, ser um menino e ser um mocinho? Indique diferenças.
      Resposta pessoal do aluno.

02 – Aponte as características físicas de Quim.
      Quim era um menino gordo, corado. Seus olhos eram negros e tristonhos.

03 – Você, através de uma leitura atenta, conseguiu perceber as características interiores (como a pessoa é por dentro) de Quim? Quais são elas?
      Quim era esperto e apressadinho. Era sonhador. Não conseguia olhar para dentro de si e perceber a importância das coisas.

04 – Se Quim pudesse mudar o rumo das coisas, ele, talvez, mudasse duas coisas em sua vida. Quais?
      1° Não teria apelido. 2° Seria magro e leve como um passarinho.

05 – Por que Quim queria ser como um passarinho? Copie o verso que comprova isso.
      “De tão leve, queria ser”.

06 – Para você, o que a autora quis dizer nos três últimos versos?
      Resposta pessoal do aluno.

07 – Você acha que nos dias de hoje, é fácil, a pessoa olhar pra dentro de si, e enxergar suas qualidades e defeitos? Por quê? Explique.
      Resposta pessoal do aluno.
     


terça-feira, 29 de outubro de 2019

POEMA: FRUTA NO PONTO - ROSEANA MURRAY - COM GABARITO

Poema: FRUTA NO PONTO
       
      Roseana Murray

Às vezes dá vontade
de agarrar a vida
com uma duas
dez mãos
e levar à boca
e trincar nos dentes
como uma fruta
no ponto.
                                        Fruta no ponto. Roseana Murray.
Fonte: Livro – Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 5ª Série - Marilda Prates – Ed. Moderna, 2005 – p.9-10.
Entendendo o poema:

01 – O que é uma fruta no ponto?
      Uma fruta madura, pronta para se comida.

02 – O que significa trincar uma “fruta nos dentes”?
      Mordê-la, mastiga-la.

03 – Agora, leia novamente o texto. Observe a pontuação. Quantos sinais de pontuação foram usados?
      Um: o ponto final.

04 – Que efeito a pontuação causa na leitura? Quantas pausas provoca?
      Provoca uma única pausa. A pontuação faz com que a leitura seja feita em um só folego.

05 – A autora do poema compara a vida a quê?
      A uma fruta no ponto.

06 – O que seria feito com a fruta?
      Ela seria agarrada, trincada nos dentes.

07 – E como seria possível transferir essa ideia para a vida?
      Resposta pessoal do aluno. Espera-se que o aluno perceba a relação entre agarrar a vida e trincar a fruta nos dentes.

08 – A comparação entre a fruta e viver é construída em parte por meio da pontuação. A ilustração reforça o efeito produzido pela pontuação. Por quê?
      Resposta pessoal do aluno. Espera-se que o aluno perceba que a pontuação e a ilustração reforçam também a ideia de viver comprazer.


TEXTO: ESPELHO, ESPELHO MEU... - MARIA DE LOURDES KRIEGER - COM GABARITO


Texto: Espelho, espelho meu...
     
       Maria de Lourdes Krieger

        Regina: esse o meu nome.
        “Nome certo para uma princesa, que um dia será rainha”, dizia meu pai.
        Nos sonhos dele eu nasci para ser o centro da via. Dele e de mamãe, que me esperaram anos a fio; estavam quase desistindo quando ela recebeu o anúncio. E passaram a existir em função dele.
        Mamãe vivia cercada de mulheres sábias, parentes, amigas e conhecidas, que muito entendiam de crianças. Ela sempre convidava doze delas para intermináveis conversas. A décima terceira ficava esquecida: uma fiandeira, hábil em tecer vidas; mas na sala não havia lugar para treze visitas. Essa fiadeira, de nome Parca, vizinha de domínios próximos, cansada dos esforços para ser aceita no grupo, os quais resultavam sempre inúteis, decidiu se vingar. Teceu desejos para a tão esperada, para a rainha dos sonhos de meus pais. Desejou com a força da inveja e da rejeição: eu deveria nascer desajeitada. Magricela. Espinhenta. Sem graça ou beleza.
        Só isso explica o que sou hoje.
        “Espelho, espelho meu, haverá no mundo alguém mais bela do que eu?” Eu me fito no espelho de cabo, posiciono-o de várias maneiras; olho de frente, de esguelha. “Me dá uma imagem legal, por favor!”
        Evito o espelho grande, do quarto da mamãe. Ele é mentiroso. Os reflexos que apresenta não podem ser meus. Não da princesa meiga e gentil que papai embalou, não da pequena rainha que ele festeja.
        Quando eu quero a verdade, a minha verdade – me ver a princesa bela dos sonhos de meus pais –, recorro ao espelho redondo, de cabo comprido. Como sempre vi nas ilustrações dos contos de fadas que papai lia para eu dormir, nas histórias de outras rainhas, reginas. Procurei o espelho pela cidade, livro na mão, apertando-o nas ilustrações.
        Difícil encontrar igual. Olhavam o desenho, identificavam a bruxa a preparar maldades contra Branca de Neve, malviam o espelho. Troçavam.
        Acabei encontrando meu tesouro num antiquário, onde só muita coragem ou desespero me fez entrar. Desdenhei o preço. Menosprezei:
        -- Essa velharia cheia de pó? Quem mais vai levar? Tá aí há tempo!
        Implorei, regateei. Ganhei o direito de trazê-lo para casa. Agora ele faz parte do meu reino encantado.
        “Espelho, espelho meu...”
        Ele deve ser mágico. No espelho do quarto de mamãe, minha imagem surge distorcida, eu sou ossos, espinhas e pelos. Comprida, os olhos escuros embranquecendo mais o rosto, os cabelos lisos e sem brilho. No meu espelho me vejo aos pedacinhos; cada detalhe ganha beleza. Não acredito em meu pai: “Tua pele é a de Branca de Neve”. Confio em mamãe: “Um dia o patinho feio se tornou um lindo cisne negro”.
        “Espelho, espelho meu...”
        Só as espinhas ele não esconde; mas, vistas aos bocados, não assustam.
        Se quero me encontrar legal, é procurar com jeito os bocados melhores. Meus olhos acabam descobrindo as promessas das mulheres sábias: “Ela nascerá forte e será bela”.
        Mas que droga! Como custa para o espelho de cabo me dar esse reflexo, inteiro, para sempre!

                      Segredos do coração. Maria de Lourdes Krieger.
     Fonte: Livro – Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 5ª Série - Marilda Prates – Ed. Moderna, 2005 – p.38-40.
Entendendo o texto:

01 – No texto também são usadas algumas figuras de linguagem. Substitua os termos destacados a seguir por outras palavras ou expressões, sem modificar o significado do texto.
a)   “A décima terceira ficava esquecida: uma fiandeira, hábil em tecer vidas;...”
Produzir histórias; fazer fofoca. Uma fiadeira tece com fios. O tecer vidas aparece, no texto, como a habilidade de criar vidas, histórias, para outros seres humanos.

b)   “Teceu desejos para a tão esperada, para a rainha dos sonhos de meus pais.”
Inventou, criou, imaginou, desejou.

02 – Leia com atenção:
I – “Espelho, espelho meu, haverá no mundo alguém mais bela do que eu?”
II – “Um dia o patinho feio se tornou um lindo cisne negro”.
III – “Ela nascerá forte e será bela”.

Os trechos destacados lembram-nos de alguns contos de fadas.
a)   Converse com seus colegas e procure descobrir a que contos pertencem esses trechos.
Branca de Neve e os Sete Anões; O Patinho Feio; A Bela Adormecida.

b)   Ao comprar o espelho, que personagem de contos de fada Regina procura imitar?
A madrasta de Branca de Neve, uma rainha que se considerava a mais linda das criaturas.

c)   Há semelhanças entre o nascimento de Regina e o nascimento da personagem do conto representado pelo trecho do item III. Identifique-as.
Em A Bela Adormecida, uma linda princesa é amaldiçoada por uma bruxa no dia de seu nascimento, assim como Regina. Antes de ser amaldiçoada, porém, recebe as bênçãos de três fadas madrinhas, assim como a Regina.

d)   Para dizer que Regina mudaria com o tempo, sua mãe lembra o final da história do item II. Por quê?
Porque, na história do Patinho Feio, o personagem pensava ser um patinho, descobriu que era um belo cisne.

03 – Observe as palavras Espelho e Ele nas linhas 44 e 45. Elas iniciam novas frases e estão recuadas da margem esquerda. Responda:
a)   Por que isso acontece?
É o uso do parágrafo, marcando o início de uma nova ideia.

b)   Quantos parágrafos tem o texto citado?
O texto tem 18 parágrafos.

04 – Por que Branca de Neve aparece com letra maiúscula e patinho feio e cisne negro estão em letras minúsculas?
      Porque somente Branca de Neve é nome próprio.

05 – Em que outras situações, no texto, são usadas letras maiúsculas? Por quê?
      No início de cada frase e de cada parágrafo.

06 – No texto há várias orações que aparecem entre aspas. Observe as orações destacadas a seguir. Identifique a função das aspas em cada caso.
a)   “Me dá uma imagem legal, por favor!”
Introduzir as falas ou pensamentos das personagens.

b)   “Ela nascerá forte e será bela”.
Introduzir trechos de outras histórias, citações.

07 – Qual a função das reticências no título da história?
      Indicar que a frase continua.

08 – A personagem de “Espelho, espelho meu...” não tem um apelido. Contudo, seu nome também a incomoda. Por quê?
      Porque ela não se sente linda o suficiente para atingir as expectativas dos seus pais.
     
  

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

POEMA: DESEJOS - ELIAS JOSÉ - COM GABARITO

POEMA: DESEJOS
                ELIAS JOSÉ


Só roupa usada, gasta,
já batida!
Que diabo! Que vida!
Queria um jeans
ou uma minissaia
de etiqueta transada,
um tênis americano,
uma camiseta ecológica
com Chico Mendes, folhas e flores,
e complementos de butique.

Só que, se abro a boca pra pedir,
a casa ferve e lá vem sermão.
Minha mãe diz que tenho muito
e não dou valor,
que meu guarda-roupa está um caos.
Meu pai diz que só dá vermelho
na conta bancária
antes do fim do mês.

Por que não nasci  rica?
Por que não sou filha de dona de butique?
Por que não me aparece um príncipe,
lindo e rico,
dono de petróleo nas arábias?

                                                   Cantigas de adolescer, Elias José.
Fonte: Livro – Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – Marilda Prates – Ed. Moderna, 2005 – p.118

Entendendo o poema
1)   Esses fatos acontecem em sua casa? Como você age?
Resposta pessoal.

2)   Com muita criatividade, você vai transcrever o poema de Elias José fazendo as seguintes modificações:
a)   os substantivos biformes no feminino devem ser passados para o masculino;
b)   com alguns substantivos você terá que usar a “cabeça”. Por exemplo: o que você usaria, para o homem, no lugar da palavra “minissaia”?
c)   não esqueça que os adjetivos e pronomes devem concordar com os substantivos.

Só roupa usada, gasta,
já batida!
Que diabo! Que vida!
Queria um jeans
ou um bermudão
de etiqueta transada,
um tênis americano,
uma camiseta ecológica
com Chico Mendes, folhas e flores,
e complementos de butique.

Só que, se abro a boca pra pedir,
a casa ferve e lá vem sermão,
Meu pai diz que tenho muito
e não dou valor,
que meu guarda-roupa está um caos.
Minha mãe diz que só dá vermelho
na conta bancária
antes do fim do mês.

Por que não nasci rico?
Por que não sou filho de dono de butique?
Por que não me aparece uma princesa,
linda e rica
dona de petróleo nas arábias?

TEXTO: O PATO PASTEL - ÁLVARO OTTONI DE MENEZES - COM GABARITO

TEXTO: O PATO PASTEL
           
   Álvaro Ottoni de Menezes

       A Terra dos Patos era governada por um rei que tinha conquistado o poder à força. Ninguém gostava dele, o que era muito natural. Pato Rei vivia muito bem, confortavelmente em seu belo castelo, todo de ouro, até o chão e o teto – como tudo o que tomava do povo.
        Enquanto isso, os patos passavam muita fome e moravam mal. Trabalhavam dia e noite sem parar. E Pato Rei só comia e dormia. Dormia e comia, e nunca saía de seu castelo. Mal andava de tão gordo e, para levantar-se, tinha que ser puxado por mais de vinte patos. Seu peito era muito largo, parecia um muro, e cheio de medalhas, que mandava fazer e ele mesmo colocava no peito. Pato Rei tinha a seu lado, garantindo o governo, os puxa-puxas. Eles prendiam quem falasse mal do reino e tinham armas poderosas. E, em troca desse apoio, o rei dava mordomia a eles. Quer dizer: boa casa, comida, presentes, enfim, nada lhes faltava.
O pato pastel, Álvaro Ottoni de Menezes
Fonte: Livro – Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 5ª Série - Marilda Prates – Ed. Moderna, 2005 – p.134/135.
Entendendo o texto

01 – O que significa conquistar o poder à força?
Significa dominar pela opressão.

02 – “Ninguém gostava dele, o que era muito natural”.
a)   Qual o significado de natural no texto?
Aquilo que é consequência da ordem das coisas, aquilo que é esperado, provável.

b)   Por que era natural que ninguém gostasse do Pato Rei?
Porque ele oprimia a todos.

03 – Como o Pato Rei ficou rico?
Tirando coisas do povo.

04 – Fisicamente, como era o Pato Rei?
Era muito gordo e andava enfeitado de medalhas.

05 – Como era o caráter do pato?
O Pato Rei era opressor, injusto, desonesto, preguiçoso e desumano.

06 – Segundo o texto, o povo vivia mal e Pato Rei tinha mais conforto do que precisava. Qual a relação entre o comportamento do Rei e a vida do povo?
      É uma relação de causa e consequência entre as atitudes do Rei e a vida do povo.

07 – “Seu peito era muito largo, parecia um muro, e cheio de medalhas, que mandava fazer e ele mesmo colocava no peito”.
a)   Em geral, para que são utilizadas as medalhas?
Para homenagear alguém por suas atitudes.

b)   As medalhas do Pato Rei eram legítimas?
Não, pois ele estava se condecorando sem nada ter feito.

c)   Estabeleça uma relação entre a autoridade do Pato Rei e suas medalhas.
Ambas são falsas.

d)   Fala-se muito sobre as falsas promessas feitas por políticos durante as eleições. Há semelhanças entre essas promessas e as medalhas do Pato rei? Justifique sua resposta.
Sim, ambas são falsas, não permitem o exercício legítimo do poder.

08 – O que são patos puxa-puxas?
      São os patos aduladores que estão ao lado do poder por interesse.

09 – Quais as recompensas que recebiam os puxa-puxas?
      Eles recebiam boa casa, comida, presentes. Nada lhes faltava.

10 – “Eles prendiam quem falasse mal do reino e tinham armas poderosas”.
a)   Qual o interesse dos puxa-puxas em ajudar o Pato Rei?
Preservar seus benefícios.

b)   Por que prendiam quem falasse mal do reino?
Porque isso poderia ameaçar o poder do Rei, que era ilegítimo.

c)   Em épocas de eleição, fala-se muito sobre venda de votos. Quem vende o seu voto para ganhar um benefício é semelhante aos puxa-puxas. Por quê?
     Ambos os casos, o conforto pessoal está sendo colocado acima dos interesses coletivos.

11) Como você vê o seu país hoje? Ele tem semelhança com o mundo do Pato Rei? Justifique sua resposta.
Resposta pessoal.


terça-feira, 22 de outubro de 2019

ROMANCE: O ATENEU - FRAGMENTO - RAUL POMPEIA - COM GABARITO

Romance: O Ateneu – Fragmento      
                   Raul Pompéia
        [...]

        Já me era lícito julgar iniciado na convivência intima da escola. Chamado por Mânlio a provas, consegui agradar, conquistando uma aura que me devia por algum tempo favorecer. Encontrei o Barbalho. Tinha a face marcada pelas minhas unhas; evitou-me. No recreio cometi a injustiça de ir deixando o Rebelo. Também o amável camarada tinha na boca um mau cheiro que lhe prejudicava a pureza dos conselhos; demais, falava prendendo a gente com dedos de torquês e soltando os aforismos a queima-roupa. Por seu lado o venerando colega correspondeu ao movimento maçando-se comigo, e amuando. Durante as aulas, em que nos sentávamos perto um do outro, absorvia-se em sua desesperada atenção e era como se estivesse a muitas milhas. Se, todavia, por imprescindível necessidade tinha de me falar, então, dirigia-me a palavra com a habitual afabilidade de jovem cura.
        Estava aclimado, mas eu me aclimara pelo desalento, como um encarcerado no seu cárcere.
        Depois que sacudi fora a tranca dos ideais ingênuos, sentia-me vazio de animo; nunca percebi tanto a espiritualidade imponderável da alma: o vácuo habitava-me dentro. Premia-me a força das coisas; senti-me acovardado. Perdeu-se a lição viril de Rebelo: prescindir de protetores. Eu desejei um protetor, alguém que me valesse, naquele meio hostil e desconhecido, e um valimento direto mais forte do que palavras.
        [...]
               POMPÉIA, Raul. O Ateneu. São Paulo, Ática, s.d. p. 31.
Fonte: Livro- Português – Série – Novo Ensino Médio – Vol. único. Ed. Ática – 2000- p. 269.

Entendendo o romance:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:
·        Torquês: Espécie de alicate.

·        Aforismo: Sentença, máxima, espécie de ditado.

·        Imponderável: Que não se pode pesar ou avaliar.

·        Premer: Apertar, comprimir.

·        Viril: Relativo à masculinidade.

·        Prescindir: Dispensar.

02 – Que observação contida no primeiro parágrafo nos permite julgar hostil o ambiente do Ateneu?
      “Encontrei Barbalho. Tinha a face marcada pelas minhas unhas...”.

03 – Em que trecho o narrador declara que a sua ambientação no Ateneu deveu-se ao fato de não ter outra opção?
      “Estava aclimado, mas eu me aclimara pelo desalento, como uma encarcerado no seu cárcere.”

04 – Que mudança ocorre na personalidade do narrador ao conviver em um ambiente que ele considerava degradante, imoral?
      O narrador declara que perdera os seus ideais ingênuos.

05 – Por que Sérgio desejava alguém que o protegesse?
      Porque se sentia num meio hostil e desconhecido.

ROMANCE: CONCEIÇÃO - FRAGMENTO - MACHADO DE ASSIS - COM GABARITO

Romance: Conceição – Fragmento
        
        Machado de Assis

        [...] A família era pequena, o escrivão, a mulher, a sogra e duas escravas. Costumes velhos. Às dez horas da noite toda a gente estava nos quartos; às dez e meia a casa dormia. Nunca tinha ido ao teatro, e mais de uma vez, ouvindo dizer ao Meneses que ia ao teatro, pedi-lhe que me levasse consigo. Nessas ocasiões, a sogra fazia uma careta, e as escravas riam à socapa; ele não respondia, vestia-se, saía e só tornava na manhã seguinte. Mais tarde é que eu soube que o teatro era um eufemismo em ação. Meneses trazia amores com uma senhora, separada do marido, e dormia fora de casa uma vez por semana. Conceição padecera, a princípio, com a existência da comborça; mas, afinal, resignara-se, acostumara-se, e acabou achando que era muito direito.

        Boa Conceição! Chamavam-lhe "a santa", e fazia jus ao título, tão facilmente suportava os esquecimentos do marido. Em verdade, era um temperamento moderado, sem extremos, nem grandes lágrimas, nem grandes risos. No capítulo de que trato, dava para maometana; aceitaria um harém, com as aparências salvas. Deus me perdoe, se a julgo mal. Tudo nela era atenuado e passivo. O próprio rosto era mediano, nem bonito nem feio. Era o que chamamos uma pessoa simpática. Não dizia mal de ninguém, perdoava tudo. Não sabia odiar; pode ser até que não soubesse amar.
        [...].
ASSIS, Machado de. “A missa di galo”. In: Contos. 17. ed. São Paulo, Ática, 1993. p. 99.
Fonte: Livro- Português – Série – Novo Ensino Médio – Vol. único. Ed. Ática – 2000- p. 246-7.

Entendendo o romance:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:
·        À socapa: Com disfarce, furtivamente.

·        Comborça: Amante.

·        Resignar-se: Conformar-se.

·        Maometana: Mulçumana.

·        Atenuado: Abrandado, enfraquecido.

02 – Como você caracteriza a família descrita neste trecho? Da alta burguesia? Da classe média? Idealizada? Pobre? Rica? De hábitos sofisticados ou simples?
      Trata-se de uma família de classe média, não-idealizada, de hábitos simples.

03 – Por que se pode afirmar que o ambiente doméstico desta família se caracteriza pela dissimulação (disfarce, fingimento, hipocrisia)?
      Porque a família fingia aceitar a desculpa de Meneses de que iria ao teatro e Conceição aceitava a vida dupla do marido desde que as aparências estivessem salvas.

04 – “O próprio rosto era mediano, nem bonito nem feio”. Que avaliação da personalidade de Conceição corresponde a essa descrição física?
      “Não sabia odiar; pode ser até que não soubesse amar”.

05 – O que sobressai no texto: a descrição do ambiente ou a análise psicológica da personagem?
      A análise psicológica da personagem.