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quinta-feira, 13 de junho de 2019

POEMA: O CÂNTICO DA TERRA - CORA CORALINA - COM QUESTÕES GABARITADAS

Poema: O cântico da terra
              Cora Coralina

Eu sou a terra, eu sou a vida.
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.

Eu sou a fonte original de toda vida.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado
e certeza tranquila ao teu esforço.

Sou a razão de tua vida.
De mim vieste pela mão do Criador,
e a mim tu voltarás no fim da lida.
Só em mim acharás descanso e Paz.

Eu sou a grande Mãe Universal.
Tua filha, tua noiva e desposada.
A mulher e o ventre que fecundas.
Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.

A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.
Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho.
O algodão de tua veste
e o pão de tua casa.

E um dia bem distante
a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio
tranquilo dormirás.

Plantemos a roça.
Lavremos a gleba.
Cuidemos do ninho,
do gado e da tulha.
Fartura teremos
e donos de sítio
felizes seremos.

Entendendo o poema:

01 – Cora Coralina, autora deste poema, é a grande poetisa do estado de Goiás, e utilizou em suas obras imagens rurais. Assinale a alternativa em que todas as palavras retiradas do texto, e que formam um campo semântico, remetem à zona rural:
a)   Espiga – roça – gado.
b)   Ventre – materno – seio.
c)   Berço – filho – pão.
d)   Homem – mulher – amor.
e)   Lavrador – fartura – lida.

02 – Em que versos evocam o lavrador, ressaltam seus objetos de trabalho, materializando mais uma vez a ideologia capitalista?
      “A ti ó lavrado, tudo quanto é meu. / Teu arado, tua foice, teu machado”.

03 – Que conselho o poema passa para os leitores na sua última estrofe?
      O eu poético está dizendo que é preciso trabalhar (lavrar), este refrão “e dono de sítio, felizes seremos”, descreve justamente o sistema de produção do capitalismo, o trabalho que dignifica o homem e a corrida pelo maior lucro, sempre.

04 – A associação entre terra e mulher é expressa no verso:
a)   “Sou a espiga generosa de teu gado”.
b)   “Sou o chão que se prende”.
c)   “Sou a razão de tua vida”.
d) “Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor”.

05 – A religiosidade do poema é revelada no verso:
a)   “A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.”
b) “De mim vieste pela mão do Criado
    c) “Eu sou a grande Mãe Universal.”
    d) “Sou a telha da coberta de teu lar.”

06 – O texto “O cântico da terra” pode ser considerado um poema porque os:
a)   Organiza-se em estrofes com o mesmo número de versos.
b) Explora a sonoridade e o duplo sentido das palavras
    c) Apresenta rima no final de todos os verso.
    d) Utiliza expressões da linguagem formal.

07 – Na quinta estrofe, o poema refere-se:
a)   Ao reencontro com o amor.
b) Ao retorno do viajante
     c) à morte do lavrador.
     d) à volta aos braços da mãe.

08 – O texto é um poema que conta:   
a)   O exílio do poeta.
b)   A criação do mundo.
c)   A origem da vida.
d)   A infância do lavrador.

09 – O eu poético através dos versos nos possibilita compreender um espaço social rural, como terra, gado, e o próprio trabalhador do campo, por isso é considerado, o quê?
      É considerado o hino do lavrador.

10 – O que nos sugere o título do poema, “O Cântico da Terra”?
      Sugere a determinação de uma dada religiosidade, pois Cântico se refere às antigas cantigas religiosas, como forma de poetizar as orações, hino comumente se refere a um canto de louvor a alguém ou uma nação.

11 – O poema é construído a partir de várias metáforas que formam imagens poéticas. Na sétima estrofe, é possível reconhecer que se faz referência a (ao):
a)   Vida.
b)   Morte.
c)   Nascimento.
d)   Meio ambiente.
e)   Desmatamento.





sábado, 18 de maio de 2019

POEMA: A CASA DO BERÇO AZUL - CORA CORALINA - COM QUESTÕES GABARITADAS

Poema: A Casa do Berço Azul
           Cora Coralina

“Dona Marcionilha e seu Chico Fiscal.

Era a casa deles.
Gostavam de flores, de vasos e de roseiras.
Um quintal muito grande de fruteiras fartas e escolhidas.


Criação de lebres e de coelhos, da meninada.
Gaiolas dependuradas.
Alçapões. Balanços pelos galhos.
Meninos brincando.
Meus e deles.
Passarinhos.
Frutas maduras pelos galhos, pelo chão.
Geração passada...

A Casa do Berço Azul...
Minha casa amiga...

De dois em dois anos descia do alto da parede da despensa,
onde ficava ancorado, o barquinho de uma nova vida,
prestes a chegar.
Vinha para a terra o pequenino barco.
Seu Chico tomava de um pincel e uma lata de tinta
e repintava o berço, sempre de azul. Renovava o pequeno colchão,
o pequeno travesseiro cheio de paina fina e nova.
Pela casa, panos macios, flanelas,
claros agasalhos, camisinhas, bordados delicados,
rendas, e sempre ela tricotando um xaile de lã azul,
que mostrava sorrindo e feliz às suas amigas.”

Cora Coralina. Meu livro de cordel. São Paulo: Global, 1996.
Entendendo o poema:
01 – Como o eu lírico compõe as lembranças trazidas pela memória?
      Por meio da narração dos fatos passados e da descrição dos elementos, pessoas e objetos, que faziam parte dessa geração a antiga.

02 - Além do saudosismo, que outros sentimentos o poema evoca no leitor?
      O texto nos transmite uma sensação de nostalgia e melancolia, ao lembrar um passado feliz e distante, que hoje parece inalcançável. Restam as doces recordações e, a partir delas, também um sentimento de perda ante a realidade.

03 – Que objetos se destacam, no poema, como elementos evocadores de memória? Por quê?
      A casa e o berço. A casa representa o mundo feliz e seguro da infância, e o berço guarda a essência, a semente de vida que alegrava essa casa, povoada de lembranças ternas do passado.

04 – A cor azul apresenta alguma simbologia no texto? Esclareça sua resposta.
      Sim. O berço e o xaile azul parecem envolver a criança recém-nascida, como o céu azul enlaçando os anjos.

05 – De que forma se criou uma imagem bem viva e real do passado?
      Ao compor gradativamente as cenas passadas, a autora enumerou as pessoas e os objetos, verso por verso, e foi montando aos poucos o ambiente familiar, produzindo assim uma visão bem próxima e fotográfica de um lar abençoado.

06 – Retire do texto alguns  substantivos.
         Casa - flores - vasos - roseiras - lebres - coelhos - gaiolas - alçapões - passarinhos - frutas - barco.

07 – Explique por que o texto pode ser chamado um “poema substantivo”. Transcreva trechos que comprovem sua resposta.
      Os versos são formados, na maioria, por palavras ou frases substantivas (ou nominais), que não têm verbo, em que se destacam nomes de pessoas ou de objetos: “Dona Marcionilha e seu Chico Fiscal”, “gaiolas dependuradas”, “passarinhos”, “geração passada”, etc.

08 – O emprego dos nomes de pessoas e de objetos foi importante para a criação do poema. Por meio deles, Cora Coralina idealizou um mundo poético, vivido no passado. Identifique alguns nomes que contêm maior significado dentro desse contexto.
      Sugestões: Dona Marcionilha, Chico Fiscal, meninada, meninos, passarinhos, amigas, casa, quintal, balanços, berço, barquinho. (Ainda: flores, roseiras, lebres, coelhos, gaiolas, agasalhos, bordados, renda, xaile, terra, pincel, lata, tinta, colchão, travesseiro, etc.)


sexta-feira, 19 de abril de 2019

CONTO: BOI DE GUIA - CORA CORALINA - COM QUESTÕES GABARITADAS

Conto: BOI DE GUIA
                Cora Coralina

      O menino tinha nascido e se criado em Ituverava, da banda de Minas. O pai era um carreiro de confiança, muito procurado para serviços e colheitas. Tinha seu carro antigo, de boa mesa rejuntada, fueirama firme, esteirado de couro cru, roda maciça de cabiúna ferrada, bem provido o berrante de azeite e com seu eixo de cocão cantador que a gente ouvia com distância de légua. Desses que antigamente alegravam o sertão e que os moradores, ouvindo o rechinado, davam logo a pinta do carreiro.
        O pai tinha o carro e tinha as juntas redobradas em parelhas certas, caprichadas, bois arados, retacos, manteúdos, de grandes aspas e pelagem limpa. Era só que possuía. O canto empastado onde morava, família grande, meninada se formando e sua ferramenta de trabalho – os bois de carro.
        Trabalhava para os fazendeiros de roda, principalmente na colheita de café e mantimentos, meses a fio, enchendo tulhas e paióis vazios. Quando acabava o café, era a cana, do canavial para os engenhos, onde as tachas ferviam noite e dia e purgavam as grandes formas de açúcar, cobertas de barro.
        O candeeiro era ele, pirralho franzino, esmirrado, de cinco anos.
        Os pais antigos eram duros e criavam os filhos na lei da disciplina. Na roça, criança não tinha infância. Firmava-se nas pernas, entendia algum mandado, já tinha servicinho esperando.
        Aos quatro anos montava em pelo, cabresteava potranquinha, trazia bezerro do pasto, levava leite na cidade e entregava na freguesia.
        Era botado em riba do selote, não alcançava estribo. Se descesse, não subia mais. Punha o litro nas janelas.
        O cavalo em que montava era velho, arrasado manso e sabido. Subia nas calçadas, encostava nos alpendres, conhecia as ruas, desviava-se das buzinas e parava certo nos fregueses.
         Quando de volta, recolhendo a garrafa vazia, gritava desesperadamente:
        -- Garrafa do leite...garrafa vaziiia! ...
        Um da casa, atordoado com a gritaria, se apressava logo a entregar o litro requerido.
        Ajudava o pai. Desde que nasceu, contava ele. Nunca se lembra de ter vadiado como os meninos de agora. Quando começou a entender o pai, a mãe, os irmãos, o cachorro e o mundo do terreiro, já foi fazendo servicinho. Catava lenha fina, garrancheira para o fogão, caçava pela saroba os ninhos das botadeiras, ia atrás dos peruzinhos e já quebrava xerém às chocas de pinto. Do pasto trazia os bois de serviço. Seu gosto era vir pendurado no chifre do guia barroso – tão grande, tão forte, tão manso – sempre remoendo seus bolos de capim, nem percebia, também não se importava, não dava mostras.
        Acostumou-se com os bois e os bois com ele. Sabia o nome de todos e os particulares de cada um. Chamava pra mangueira. O pai erguia os braços possantes e passava as grande cangas lustrosas; encorreiava os canzis debaixo das barbelas, enganchava o cambão, encostava o coice, prendia a cambota. Passava mão na vara, chamava. As argolinhas retiniam e o carro com sua boiada arrancavam o caminho das roças.
        Com cinco anos, era mestre-de-guia, com sua varinha argolada.
        Às vezes, o serviço era dentro de roças novas, de primeira derrubada, cheia e tocos, tranqueirada de paulama, mal-encoivaradas, ainda mais com seus muitos buracos de tatu.
        O carreador, mal-amanhado, só dava o tantinho das rodas. Os bois que aguentassem o repuxado, e o menino, esse, ninguém reparava nele. Aí era que o carro vinha de caculo. A colheita no meio da roça. Chuvas se encordoando de norte a sul ameaçando o ar do tempo mudado e o fazendeiro arrochando pressa.
        A boiada tinha de romper a pulso. O aguilheiro na frente, pequeno, descalço, seu chapeuzinho de palha, seu porte franzino, dando o que tinha.
        Sentia nas costas o bafo quente do guia. Sentia no pano da camisa a baba grossa do boi. O pai atrás, gritando os nomes, sacudindo o ferrão. A boiada, briosa e traquejada, não queria ferrão no couro, a criança atrapalhava. Aí, o guia barroso dava um meneio de cabeça, baixava a aspa possante e passava a criança pra um lado.
        O menino tornava à frente. Outra vez a baba do boi na camisa, o grito do carreiro afobado, o tinido das argolinhas e a grande aspa passando a criança pra um lado.
        O pai gritou frenisado:
        -- Quem já viu aguiero chamá boi de banda...Passa pra frente porquera...
        -- Nhô pai, é o boi que me arreda...
        -- Passa pra frente, covarde. Deixa de invenção, inzoneiro...
        O menino enfrentou de novo. O homem sacudiu a vara e pondo reparo. A argola retiniu, as juntas arrancaram. O barroso alcançou a criança. Ia pisar, ia esmagar com sua pata enorme e pesada.
        Não pisou, não esmagou. Virou o guampaço num jeito e passou a criança pra um lado sem magoar. Aí o velho carreiro viu...viu o boi pela primeira vez...
        Sentiu uma gastura e pela primeira vez uma coisa nova inchando seu coração no peito e a limpou uma turvação da vista na manga da camisa.

                         Cora Coralina. Estórias da casa velha da ponte. 2. ed. São Paulo:
Global, 1988.
Entendendo o conto:

01 – O narrador utiliza os primeiros parágrafos do texto quase exclusivamente para descrever o carro de bois. Por que esse veículo é tão importante na história?
      Porque é a ferramenta de trabalho do pai do menino.

02 – No segundo parágrafo, descrevem-se os bois que conduzem o carro. Nessa descrição, empregam-se termos regionais da língua portuguesa. Algum deles é empregado em sua região? Qual?
      Resposta pessoal do aluno.

03 – Releia a frase a seguir e explique no caderno o trecho em destaque: “Na roça, então, criança não tinha infância.”
      As crianças tinham pouca liberdade, obedeciam cegamente aos pais e tinham que ajudar no trabalho.

04 – Você se lembra do trecho: “... já tinha servicinho esperando”? Releia os serviços que o garoto faz e responda no caderno: na sua opinião, são mesmo “servicinhos”? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: É a ironia desse diminutivo no contexto.

05 – No caderno resuma, com suas palavras, a rotina do menino ao entregar leite.
      O menino precisava ser colocado em cima da sela do cavalo, porque não conseguia montar sozinho; O cavalo ia parando sobre as calçadas, e o litro de leite era colocado nas janelas. Quando voltava, o garoto recolhia os litros vazios.

06 – Quando se cavalga, o cavaleiro é o condutor. Essa afirmativa vale para o texto lido? Por quê?
      Não, pois nesse caso o verdadeiro condutor é o cavalo, que conhece o trajeto, para sobre as calçadas, desvia de buzinas e sabe onde ficam as casas dos fregueses.

07 – Esse serviço, nas roças novas, era difícil para o menino. Por quê?
      Porque o espaço era pequeno para manobrar o carro de bois, além de o chão estar ainda muito bruto e esburacado.

08 – Imagina a posição de um condutor de carro de bois. Em seguida, explique esta fala do pai do menino:
        “--- Quem já viu aguiero chama boi de banda...”
      O pai critica o menino por meio de ironia. Sendo o aguilheiro, o garoto deveria tomar a dianteira dos bois. No entanto, como era muito pequeno, o boi de guia o suspendia com os chifres e o colocava de lado.

09 – Resuma a cena que leva o pai a acreditar no menino.
      Ao ser advertido pelo pai, o menino vai de novo para a frente dos bois. O pai sacode a vara e presta atenção. O boi avança, poderia esmagar a criança com seu peso, mas ajeita os chifres, pega o garoto e o passa para o lado.

10 – Qual foi a reação do pai ao presenciar a cena?
      O pai ficou aflito, comovido e quase chorou.

11 – Releia o trecho: “O cavalo [...] parava certo nos fregueses.”
        Na verdade, onde parava o cavalo?
      Na casa dos fregueses.

12 – Identifique a troca que ocorre nestes outros exemplos de metonímia:
a)   Ituverava inteira conhecia o menino.
O nome da cidade substitui a referência aos seus habitantes.

b)   Tomou uma garrafa de leite.
O conteúdo (leite) é substituído pelo continente (garrafa).

c)   Quando ouviam as argolinhas, os bois se movimentavam.
O efeito (som) é substituído por aquilo que o produz (argolinhas).

13 – O que significa a expressão destacada em cada uma das frases a seguir?
a)   Aos quatro anos montava em pelo...
Sem sela.

b)   Estava nu em pelo.
Inteiramente nu.

14 – “--- Nhô pai, é o boi que me arreda...”. Dê o sentido do termo destacado e explique como ele se formou.
      Nhô: senhor. Da forma senhor resultou sinhô e, desta, siô e nhô, termos empregados pelos escravos quando se dirigiam aos seus senhores.
   
       


quarta-feira, 10 de outubro de 2018

POESIA: BEM-TE-VI... BEM-TE-VI... CORA CORALINA - COM GABARITO

Poesia: Bem-te-vi... Bem-te-vi...       

                        Cora Coralina

Que terás visto?
Há quanto tempo tu avisas, bem-te-vi...
Bem-te-vi da minha infância, sempre a gritar,
sempre a contar, fuxiqueiro,
e não viste nada.


Meu amiguinho, preto-amarelo.
Em que ninho nasceste, de que ovinho vieste,
e quem te ensinou a dizer: Bem-te-vi?...
Bem te vejo, queria eu também cantar e repetir
para ti: Bom dia, bem te vejo, te escuto.
Bem-te-vi sobrevivente
de tantos que já não voam sobre o rio,
nem pousam nas palmas dos coqueiros altos...

Mostra para mim,
meu velho companheiro de uma infância ultrapassada,
tua casa, tua roça, teu celeiro, teu trabalho, tua mesa de comer,
tuas penas de trocar,
leva-me à tua morada de amor e procriar.
Vamos ao altar de Deus agradecer ao criador
não desaparecerem de todo os Bem-te-vis
dos Reinos de Goiás.

Canta para mim, tão antiga como tu,
as estorinhas do passado.
Bem-te-vi inzoneiro, malicioso e vigilante.
Conta logo o que viste, fuxiqueiro do espaço,
sempre nas folhas dos coqueiros altos,
que também vão morrendo devagar como morrem os coqueiros,
comidos de velhice e de lagartas.

Entendendo a poesia:

01 – Procure no dicionário as palavras desconhecidas e transcreva, de o significado delas:
·        Fuxiqueiro: que(m) faz intrigas.

·        Roça: terreno de lavoura; plantação.

·        Inzoneiro: que(m) arma intrigas ou faz fuxicos; intrigante; mexeriqueiro.

02 – Identifique quantas estrofes têm a poesia e quantos versos têm a poesia toda.
      Possui quatro estrofes e vinte e oito versos.

03 – O eu lírico dala de eu velho companheiro de infância. Quem é?
      É um bem-te-vi.

04 – Na quarta estrofe o eu lírico qualifica seu amigo bem-te-vi com quais adjetivos?
      Inzoneiro, malicioso e vigilante.





quinta-feira, 23 de agosto de 2018

POEMA: MEU DESTINO - CORA CORALINA - COM GABARITO

Poema: Meu destino
          Cora Coralina


Nas palmas de tuas mãos
Leio as linhas da minha vida.
Linhas cruzadas, sinuosas,
Interferindo no teu destino.

Não te procurei, não me procurastes --
Íamos sozinhos por estradas diferentes.
Indiferentes, cruzamos.

Passavas com o fardo da vida...
Corri ao teu encontro.
Sorri. Falamos.
Esse dia foi marcado
com a pedra branca
da cabeça de um peixe.

E, desde então, caminhamos
juntos pela vida...

                                                            Cora Coralina.
Entendendo o poema:
01 – O eu lírico refere-se a um encontro que mudou a sua vida. Que versos, na primeira estrofe, revelam que ele já esperava por esse encontro?
      “Leio as linhas da minha vida.
       Linhas cruzadas, sinuosas,
       Interferindo no teu destino.”

02 – Que verso, na segunda estrofe, mostra como se sentem o eu lírico e o ser amado no momento do encontro?
      “Indiferentes, cruzamos.”

03 – Na terceira estrofe, o eu lírico toma a iniciativa da aproximação. Como reage o ser amado? Que verso confirma esse fato?
      O ser amado sorri, como diz o verso: “Sorri. Falamos.”

04 – Qual a possível relação entre o tema do poema e a forma como as estrofes foram distribuídas?
      As estrofes foram destruídas como o destino do eu lírico, estava determinado nas palmas das mãos que no final caminhariam juntos pela vida...

05 – Que figura de linguagem encontramos no verso: “Leio as linhas da minha vida.”
      Metáfora.

06 – Que sentido tem no poema a expressão: “fardo da vida”?
      Tem o sentido de consequência das escolhas que fazemos, ou seja, o “fardo”.
      “Viver não é fardo / Viver é preencher o campo afetivo de luz e paz.” Roberto Shinyashiki.

07 – No verso: “Linhas cruzadas, sinuosas”, encontramos a repetição de fonemas (as) no final das palavras. Que figura fonética é esta?
      Aliteração.

08 – Que mensagem o poema lhe transmitiu? Comente: 
      Resposta pessoal do aluno.


quinta-feira, 10 de maio de 2018

POEMA: ANINHA E SUAS PEDRAS - CORA CORALINA - COM GABARITO

Poema: Aninha e Suas Pedras

           
 Cora Coralina


Não te deixes destruir...
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces.
Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.

Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.

                       CORALINA, C. Vinténs de cobre: meias confissões de Aninha.  São Paulo: Global, 2001. 
 Entendendo o poema:

01 – O eixo temático presente no poema relaciona-se:
a)   Ao trabalho do poeta que deve ser norteado pelo registro metalinguístico.
b)   Ao caráter metafórico que é constituído de elementos pitorescos.
c)   Ao verso prosaico que renova o modo tradicional de composição.
d)   Á educação pela arte que transmite valores estéticos restritos.
e)   Á arte poética que incentiva a função de pensar e reformular a vida factual.

02 – Depreende-se, da leitura do poema, que:
a)   O trabalho doméstico é inferior à criação literária.
b)   A criação literária é algo individualista e não pode se estender a outros.
c)   A criação literária, nascida da simplicidade e de dificuldade, é uma forma de perpetuação.
d)   A criação literária é causa necessária da perpetuação da simplicidade e de dificuldade.

03 – O título do poema, somado a informações biográficas da autora, mostra que o eu lírico:
a)   Sente-se melancólico diante das dificuldades descritas.
b)   Revela sua própria experiência e a estende aos outros.
c)   Demonstra decepção ao perceber sua vida mesquinha.
d)   Observa a vida ao seu redor do modo indiferente.

04 – Aninha, segundo o texto, pode e deve fazer praticamente tudo, MENOS:
a)   Dar, literalmente, de beber às pessoas que gostam dela.
b)   Buscar outros desafios, abandonando os erros do passado.
c)   Ter a vida constantemente renovada.
d)   Mudar sua maneira de viver, uma vez que esta é mesquinha.
e)   Tomar parte da poesia e assim manter-se nas outras pessoas.

05 – O poema “Aninha e suas pedras”, pelas características do gênero a que pertence, tem duas fortes orientações: ser universal e ser atemporal. Esses dois aspectos específicos deste poema residem no fato de que o poema:
a)   Demarca uma pessoa específica da via da autora, a quem se dirige um conselho real e delimitado em um tempo pretérito.
b)   Consiste em uma repreensão entre membros de determinada família, partindo de um adulto a um ente mais jovem, exortando este último a refazer a vida.
c)   Tem a ver com um conselho polido a alguém mais jovem, por meio de linguagem predominantemente denotativa.
d)   Refere-se a uma mensagem simbólica a um leitor geral, que, a qualquer momento, pode tomar para si as injunções postas nos versos.
e)   Dirige-se denotativamente a certa pessoa, informando a acerca da chance que ela tem de refazer a sua vida e orientando-a a não impedir que outras pessoas façam uso da leitura.

06 – É coerente depreender do poema várias interpretações, EXCETO:
a)   Entende-se que o que há na oração “Ajuntando novas pedras”, pode-se levar à destruição do ser a quem o texto se dirige.
b)   Para que Aninha se reconstrua, ela precisa refazer sua vida, recriar, reinventar.
c)   Transforma a vida em um poema fará Aninha eterna para outras pessoas.
d)   Há muitas pessoas e coisas na vida de Aninha e ela não pode impedir que as pessoas leiam poesias.
e)   A vida de Aninha deixa de ser mesquinha se ela viver a poesia.

07 – A autora na letra do poema nos chama a atenção para quê?
      Para as infinitas possibilidades de reinício e de reinvenção das pessoas.

08 – A palavra “pedra” no poema é apenas sugestão imagéticas, por quê?
      Porque ela evoca ideias associativas, de ordem abstrata e sensorial para cada leitor.

09 – As pedras guardam a memória das coisas que passam e que se passaram com a poeta. A figura da pedra toma, assim, o quê?
      Uma áurea de eternidade, pois enquanto nós passamos por eles, elas nos sobrevivem.

10 – No Verso:
        “Remova pedras e planta roseiras e faz doces.” Metaforicamente o que poeta queria dizer?
      A pedra enquanto figuração da vida dura que ela teve; utiliza a imagem de carregar pedras, um fardo pesado e dureza.

11 – Você gostou da poesia? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.

12 – O que mais lhe chamou a atenção no poema?
      Resposta pessoal do aluno.