segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

CRÔNICA: MARIANA -MARIA LÚCIA AMARAL - COM GABARITO

Crônica: Mariana
          
                 Maria Lúcia Amaral

        Todos os dias era a mesma coisa. A mesma ladainha. Escovar dentes, dar de comer, levar pra brincar e fazer dormir as suas girafinhas. Nada mudava.
        Bom ter filhas como as suas – bonitinhas, engraçadinhas – mas só fazer isso, cansa. Mariana não aguentava mais.
        Mariana era uma girafa. Girafa mãe.
        E quando Oscar, cabeça erguida, punha a pasta debaixo do braço, dava um beijo na mulher, e saía, Mariana ficava triste. Suspirava. Ah! Que bom sair também pra trabalhar. Não ser somente girafa-mãe... Dentro de casa, girafando... girafando.
        Não fosse gostar de cantar e Mariana morria. Era só quando esquecia a vida dura de mãe-de-família. Levantava o pescoço comprido, coberto de colares – gostava de se enfeitar – e a voz saía uma beleza. Até as girafinhas paravam de brincar e redeavam a mãe.
        -- Canta mais, mamãe!

        “Pinga, pinga, pingo d’água
        Lá na praia da lagoa
        O amor quando é de gosto
        Ai! Meu Deus, que coisa boa!”
        A voz, agora, era mais triste:
        “Amanhã, eu vou m’embora
        Não despeço de ninguém
        Só despeço da morena
        Porque diz que me quer bem”.

        Mariana cantava, cantava.
        Um dia, Mariana não aguentou.
        -- Marido – disse Mariana, quando Oscar voltou do trabalho. – Vou ser cantora.
        -- Você está louca, mulher? Que bicho te mordeu?
        -- Quero ter uma profissão.
        E Mariana sacudiu a cabeça enquanto os colares balançavam, batendo uns contra os outros.
        -- Que estória é essa? Mulher minha tem que viver em casa, cuidando das crianças, fazendo comida – gritou o marido, jogando o jornal no chão e se levantando da cadeira.
        Furioso, entrou no quarto e bateu com a porta.
        Mariana ficou triste. Balançou a cabeça – ah! esse marido! – e foi pra cozinha acabar de lavar os pratos. Dos olhos pingaram lágrimas, e o pescoço da girafa baixou tanto que quase bateu na pia. O que vale é que Mariana não esquentava a cabeça. Daí a pouco, foi para a sala, pegou numa folha de papel e começou a rabiscar. Gostava de escrever. Era bom. Principalmente quando estava todo mundo dormindo, inclusive as girafinhas.

                                         Mariana, Maria Lúcia Amaral.
                          Fonte: Livro – Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 5ª Série - Marilda Prates – Ed. Moderna, 2005 – p.114-6.
Entendendo a crônica:

01 – Que significado tem a palavra ladainha, no texto?
      Sempre a mesma história, era tudo sempre igual.

02 – Indique o sentido da palavra ladainha nas frases a seguir:
a)   Todo dia era a mesma ladainha: varrer, lavar, passar, cozinhar.
Mesma história, mesma coisa.

b)   Os fiéis rezam uma ladainha após a missa.
Série de orações curtas.

03 – Leia a frase e comente a expressão cabeça erguida neste período: “E quando Oscar, cabeça erguida, punha a pasta debaixo do braço, dava um beijo na mulher, e saía...”
      Altivo, como que demonstrando autoridade.

04 – Por que Mariana suspirava quando seu marido saía para o trabalho? Justifique sua resposta com uma frase do texto.
      Porque exprimia seu sentimento de insatisfação. “Ah! Que bom sair também para trabalhar. Não ser somente girafa-mãe...”.

05 – Qual significado da palavra girafando no texto?
      Girafando quer dizer: trabalhando em casa, como dona de casa e mãe.

06 – Leia a frase a seguir e responda às questões. “Que bicho te mordeu?”
a)   Que personagem assim se expressou?
Oscar, o marido de Mariana.

b)   O que a personagem quis dizer ao usar a frase acima?
O que está acontecendo com você? Por que está de mau humor?

07 – Vamos fazer uma descrição da girafa Mariana? Fisicamente, como ela era? E como era o seu interior?
      Fisicamente era vaidosa, gostava de colares, de estar bem arrumada. Interiormente era paciente, perspicaz, inteligente, com personalidade marcante.

08 – Observe: No início da primeira linha do texto há um pequeno espaço em branco. Esse espaço indica partes do texto: os parágrafos. Veja que o parágrafo se repete em muitas linhas do texto. Então, responda:
a)   Quantos parágrafos tem o texto Mariana?
Possui quinze parágrafos.

b)   Em que parte do texto atingiu o seu ápice, isto é, sua força maior? Gostaria de emitir sua opinião?
No diálogo entre Mariana e seu marido.

c)   Agora, indique em que parágrafo o narrador:
·        Fala sobre Oscar, o marido da girafa Mariana.
Parágrafo quarto.

·        Comenta sobre a vida diária de Mariana – uma rotina.
Parágrafo primeiro.

·        Refere-se aos gostos de Mariana.
Parágrafo quinto.

09 – Mariana não estava gostando de ficar somente em casa. Você sabe dizer por quê?
      Resposta pessoal do aluno.

10 – Mariana, mesmo sendo dona de casa, tinha uma aspiração profissional. Você conhece alguém que já tenha uma ocupação e sonhe em ter outra? Compartilhe com seus colegas as informações que você tem sobre o assunto.
      Resposta pessoal do aluno.

11 – “Mulher minha tem que viver em casa...”.
a)   Qual a opinião de Oscar sobre o papel da mulher na sociedade?
Ele acredita que cabe à mulher somente o trabalho doméstico.

b)   O que indica o pronome minha?
Indica posse.

c)   A utilização desse pronome é coerente com a maneira de pensar do marido de Mariana?
Sim, porque ele acha que pode determinar o destina da esposa, que ela é sua propriedade.

12 – Mariana parecia muito frustrada. Achava que Oscar não permitia que ela realizasse o seu sonho. De que modo Mariana conseguia, por vezes, superar essa frustação?
      Refugiava-se na sala e escrevia. Isso lhe fazia bem.

13 – Que outro título você daria ao texto? Justifique sua sugestão.
      Resposta pessoal do aluno.

TEXTO: MENINOS DA PERIFERIA - SYLVIO BARRETO - COM GABARITO

Texto: Meninos da periferia
          
Sylvio Barreto

        Com a volta das eleições no Brasil, o Dr. Samuel candidatou-se a prefeito e foi eleito.
        Passado o primeiro impacto, Samuel ouviu a voz do subconsciente: Samuel, e agora, o que você vai fazer?
        Nesse dia prometeu a si mesmo: vou dar de mim tudo o que puder e farei um trabalho honesto para melhorar a vida do pessoal de Ibiraquera.
        Tomada a posse, convocou os vereadores eleitos, que se prontificaram a ajuda-lo no que fosse possível. Além disso, reuniu os moradores da cidade para discutir com eles as necessidades mais urgentes.
        Dona Rosinha, como era agora chamada, também estava se mexendo, reunindo as donas de casa, com a mesma finalidade.
        Isso possibilitou o entrosamento de todos, para a salvação de Ibiraquera.
        As coisas começaram a acontecer...
        Ibiraquera não tinha médico nem no posto de saúde. Era o “seu” Bento, antigo proprietário da única farmácia, quem receitava tudo.
        Dentista também não havia. Professores, apenas três possuíam curso de magistério.
        Mesmo assim, Dr. Samuel e Dona Rosinha não desistiram e, reunião após reunião, veio o primeiro médico, já aposentado, primo de um dos moradores. Depois, um jovem dentista.
        Assim, devagar, o Dr. Samuel foi conseguindo profissionais de grau técnico para atender a população.
        Entretanto, o que entristecia Dona Rosinha era que nenhum filho da terá voltava com grau superior.
        Após uma pesquisa, verificou-se que os jovens que iam para as grandes cidades marginalizavam-se, por falta de instrução.
        Dona Rosinha comentou isso com o marido, pois precisavam mudar a situação, para que os jovens da cidadezinha conseguissem melhores condições de vida e pudessem voltar para Ibiraquera, formados e trazendo reforço técnico e cultural.
        Dona Rosinha também comentou com o marido que havia muitas crianças na rua, sem nada para fazer, principalmente as da periferia, que aguardavam chegar os quinze anos, a fim de irem para a cidade grande.
        Em busca de quê?
        Alguns dias após a reunião com os professores e vendo a necessidade dos alunos, o Dr. Samuel teve a feliz ideia de criar o dia do padrinho.
        Padrinho? O que é isso?
        Convocou os vereadores e toda a comunidade do comércio e demais autoridades e expôs o seu plano.
        Propôs que cada cidadão, que pudesse, aceitasse ser o padrinho de uma criança carente da escola ou da rua. Caberia ao padrinho orientar, olhar e manter o pequeno até sua formação. Isto até os quinze anos, e se fosse possível até mais para frente. Aquele que se destacasse deveria ser encaminhado e mantido na escola superior.
        Com o tempo, inúmeros jovens formados voltariam e contribuiriam para o progresso de Ibiraquera.
        A maioria da população concordou e dentro de cinco dias não se viam mais meninos vadiando e mendigando pelas ruas. O que se via era um vaivém de pequenos garotos e garotas desfilando com seus uniformes e livros debaixo do braço.
        Ibiraquera já começava a se tornar mais alegre e a população, mais unida e interessada, a mostrar os dotes de seus afilhados.
                                 Meninos da periferia. Sylvio Barreto.
                         Fonte: Livro – Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 5ª Série - Marilda Prates – Ed. Moderna, 2005 – p.142-3.
Entendendo o texto:
01 – Você sabe o que significa “ouvir a voz do subconsciente”?
      Ouvir sua “voz interior”.

02 – Um prefeito pode governar sozinho? Justifique sua resposta.
      Não, porque uma cidade precisa de cuidados diferentes.

03 – Descreva a situação de Ibiraquera. Dr. Samuel, como prefeito e cidadão, tinha muitos problemas para resolver? Opine sobre eles.
      Tinha. São problemas muito comuns em vários lugares, mas que precisam ter uma solução a fim de evitar a violência, a fome, o frio, o abandono, as doenças...

04 – Dona Rosinha, esposa do prefeito, tinha duas preocupações. Quais eram elas? Elas eram importantes? Por quê?
      Reunir-se com as donas de casa e trabalhar com elas, na sua área, para o bem comum.

05 – Fale sobre o dia do padrinho. Qual o seu significado? Por que ele foi criando? Era importante?
      Foi o dia que os que pudessem assumiriam os estudos de uma criança até os 15 anos, pelo menos. Foi criado para incentivar o estudo, a formação superior e a volta para a cidade de origem para exercer sua profissão.

06 – É importante que os jovens do interior venham estudar nas cidades maiores e, depois de formados, voltem para desenvolver sua profissão no lugar em que nasceram? Justifique.
      Sim. Porque eles próprios farão sua comunidade crescer.

07 – Qual a sua opinião sobre o prefeito Dr. Samuel? Existem governantes como ele? Justifique.
      Resposta pessoal do aluno.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

POESIA: MEIO-DIA - VERA BEATRIZ SASS - COM GABARITO

Poesia: MEIO-DIA
             Vera Beatriz Sass

É meio-dia
no meio do mundo
balões verdes 
balões vermelhos
cirandam com os raios de sol 
coloridos, dispersos
refletidos nos vitrais 
das igrejas. 

Será o meio do mundo
no país dos egípcios
ou na Montanha Meru
dos hindus? 
Bate meio-dia
no relógio solar
da capital da China, 
abre-se o portão dos deuses 
na Babilônia. 
É meio-dia
no meio do mundo 
no friozinho da barriga
do menino da rua.  
             Gata cigana. Erechim: Edelbra, 1991. p. 12.
                                       Fonte: Livro- PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 7ª Série – Atual Editora – 2002 – p. 35-6.
Entendendo a poesia:

01 – Há, na poesia, uma oração que se repete duas vezes e que é responsável pela indicação do tempo em que ocorrem as ações verbais.
a)   Qual é essa oração?
É meio-dia.

b)   Ela apresenta sujeito? Em caso afirmativo, classifique-o.
Não, é uma oração sem sujeito.

c)   Que diferença sintática ocorre entre a oração apontada no item a e esta: “Bate meio-dia / no relógio solar / da capital da China”?
Na oração “Bate meio-dia”, o sujeito é meio-dia.

02 – A palavra meio é empregada nesse texto com dois sentidos. Qual é o sentido dela nas expressões:
a)   Meio-dia?
Metade (metade do dia).

b)   Meio do mundo?
Centro (centro do mundo).

03 – O poema tem como personagem um menino de rua. O meio-dia provoca nele reações interiores e exteriores.
a)   Que efeitos de luz o meio-dia provoca nos vitrais das catedrais? 
Cria cores e formas.

b)   Por que esses efeitos são associados pelo menino a balões coloridos?
Porque, assim como a luz, também os balões possuem cor, forma, leveza.

04 – Quanto às sensações internas do menino:
·        Que palavra dos últimos versos está em oposição ao calor dos raios de sol do mundo exterior?
O friozinho da barriga.

·        Essa palavra indica que o menino está tendo que tipo de sensação? 
Fome.

05 – Nos primeiros versos, ao afirmar que “É meio-dia / no meio do mundo”, o eu lírico faz referência ao tempo e ao espaço.

a)   Supor que também seja meio-dia em diferentes partes do mundo é um pensamento lógico ou é imaginação do menino?
É imaginação infantil.

b)    Que lugar é o “meio do mundo” para o menino?
Para ele, o meio do mundo é o meio da rua.

06 – Concluindo esse estudo, assinale as afirmativas corretas:
a)   A poesia cria um jogo de tempo e espaço a partir das expressões “meio-dia” e “no meio do mundo”.
b)   A poesia trabalha com oposições, como entre o “friozinho” da barriga do menino e os raios de sol do meio-dia; entre a triste realidade da fome e o alegre mundo de imaginação da criança.
c)   Na construção da poesia há um movimento que caminha do geral — “é meio-dia”, “no meio do mundo” — para o particular — “no friozinho da barriga / do menino da rua”.
d)   No movimento do geral para o particular verificado na poesia, passa-se pelo seguinte caminho: dentro do mundo há um país, dentro deste uma cidade, e dentro desta uma rua. E nessa rua há um menino, e na barriga dele há a fome. A fome, portanto, é uma situação particular, mas na poesia acaba ganhando uma dimensão social e universal, já que esse menino não é o único a viver nas ruas nem o único ser humano a sentir fome.
Todas estão corretas.

POEMA: O NAVIO NEGREIRO - (FRAGMENTO) - TRAGÉDIA NO MAR - CASTRO ALVES - COM GABARITO

Poema: O navio negreiro - Fragmento 

     Tragédia no mar – Castro Alves            

4ª Parte

Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
               Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
               Horrendos a dançar...

Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
               Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
               Em ânsia e mágoa vãs!

E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
               Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
               E voam mais e mais...

Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
               E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
               Cantando, geme e ri!

No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
               Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
               Fazei-os mais dançar!..."

E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
               Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
               E ri-se Satanás!...

5ª Parte
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!

Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!...

São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão. . .
[...]

6ª Parte
Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ...

Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...

[...]

                                                       Castro Alves. “O navio negreiro”. In: Obra completa. 2. ed. Rio de Janeiro, Aguilar, 1966. p. 247-50.
Fonte: Livro- Português – Série – Novo Ensino Médio – Vol. único. Ed. Ática – 2000- p. 210-2.
Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:
·        Dantesco: Evocação das cenas horríveis do “Inferno” descritas por Dante Alighieri na Divina comédia.

·        Vaga: Tipo de onda.

·        Turba: Multidão.

·        Audaz: Corajosa, ousada.

·        Bacante: Devassa, libertina.

·        Luzernas: Clarões.

·        Gávea: Mastro suplementar.

02 – A que é comparado os movimentos dos negros no convés?
      A uma dança.

03 – Como são produzidos os sons dessa dança macabra?
      Pelo tinir dos ferros, pelo estalar do açoite, pelos gritos, choros, gemidos e risos.

04 – Apóstrofe é uma figura retórica que consiste em dirigir-se o orador a uma pessoa ou coisa real ou fictícia, solicitando uma intervenção. Transcreva algumas apóstrofes do início da 5ª parte.
      “Senhor Deus dos desgraçados!”; “Ó mar! por que não apagas...”; “Astros, noites! Tempestades!”

05 – O poeta dignifica os negros, descrevendo-os, no final da 5ª parte, como eram antes de serem escravizados. O que os caracterizava antes de se tornarem “míseros escravos”?
      Eram “guerreiros ousados”, “homens simples, fortes e bravos”.

06 – Qual o motivo da indignação do poeta expressa na 6ª parte?
      Ver a bandeira nacional tremular no mastro do navio negreiro.

07 – Transcreva o verso da última estrofe construído em aliteração.
      “Que a brisa do Brasil beija e balança”.

CONTO: EU NUNCA VOU TE DEIXAR - (FRAGMENTO) - PEDRO BANDEIRA

Conto: Eu nunca vou te deixar - Fragmento
           Pedro Bandeira

       Fazia frio naquela noite. Muito frio.
      Debaixo de um viaduto qualquer, num cantinho mais escuro, Beto e Vô Manduca aconchegavam-se em meio ao monte de papelões que os dois haviam empilhado dentro da carrocinha, depois de todo um dia a empurrá-la pelos quarteirões dos depósitos e dos armazéns, o melhor lugar para encontrar boas pilhas de papelão.
        Logo que amanhecesse, aquilo tudo seria vendido a alguma fábrica de papel e eles teriam dinheiro para sobreviver por mais um dia. Mais um dia para empurrar novamente a carrocinha, catando mais papelão para vender e sobreviver por mais um dia, para catar mais papel...
        No meio do papelão amontoado na carrocinha, o frio quase não penetrava, e Beto começou a adormecer, ouvindo os mesmos sons de todas as noites, o barulho dos carros que passavam, o tempo todo, ao lado e em cima do viaduto sob o qual estava estacionada a carrocinha.
        Em noites como aquela, costumava haver mais um hóspede dentro da carrocinha: um gato. Um gato qualquer, pobre e sujo como eles. Qualquer gato fosco, de indefinida cor e sem nome, que às vezes aparecia para filar uns restos do jantar e acabava pegando uma carona no meio dos trapos, dos papelões e dos dois seres humanos que o acolhiam.
        Quase todas as noites, Beto procurava arranjar um gato como aquele. De manhã ele sumiria, como sempre somem os gatos sem dono. Mas pelo menos durante a noite teria sido uma companhia para ele. Um pedaço vivo, magrelo, quente. Um brinquedo bom de acariciar enquanto o sono não vinha.
        Muitas vezes, principalmente quando fazia frio, abraçado com o gato vagabundo que acolhera, Beto sonhava com um gato só dele:
        – Sabe, vô Manduca? Eu queria um gato que ficasse com a gente. Um gato que aprendesse a me reconhecer. Que todos os dias comesse na minha mão. Que olhasse para mim quando eu o chamasse pelo nome. O nome que eu mesmo daria para ele...
        Vô Manduca sorria seu sorriso sem dentes, acariciava a carapinha do menino e mostrava sua sabedoria das ruas:
        – Durma, Beto. Gatos vagabundos não faltam. Enquanto você tiver algum resto de comida para oferecer, sempre encontrará um gato para comer na sua mão.
        [...]
                               Pedro Bandeira. Eu nunca vou te deixar. In: Byron Stuart Gottfried. Sete faces do destino. São Paulo, Moderna, 1996.
Fonte: Livro – Ler, entender, criar – Português – 6ª Série – Ed. Ática, 2007 – p. 77.

Entendendo o texto:

01 – Releia com atenção as frases em que aparecem as palavras destacadas. Responda as questões abaixo:
a)   O pronome demonstrativo aquela retoma qual ideia exposta anteriormente pelo narrador?
O pronome refere-se à noite fria, com barulho de carros que passavam próximo ao viaduto sob o qual Beto dormia em uma carrocinha cheia de papelão.

b)   O pronome pessoal eles refere-se a quem?
Refere-se ao Beto e ao vô Manduca.

c)   O pronome demonstrativo aquele e os pronomes pessoais ele e o referem-se a um ser já mencionado no texto. Qual?
Esses pronomes referem-se ao gato.