sexta-feira, 2 de novembro de 2018

TEXTO: O DIA DO CÃO - ELIFAS ANDREATO - COM QUESTÕES GABARITADAS


Texto: O Dia do Cão

                 Alimento no Oriente, companheiro no Ocidente. O dia 04 de outubro, considerado o dia do cão

        “O melhor amigo do homem” começou a ser domesticado há 12 mil anos. Descende do lobo (Canis lupus), que traz características semelhantes: lealdade, instinto de caça e guarda.
        Estudos indicam que os primeiros cães, Canis Lupus familiaris, sugiram na Ásia. Eles teriam se aproximado de nós atrás de comida. Apegados aos humanos, protegiam-nos ao avisar da chegada de estranhos. Restos mais antigos da amizade foram encontrados em Israel, fósseis de 10 mil anos de uma criança abraçada a um cachorro.
        Espalhados pelo mundo, cães foram representados em pinturas pré-históricas em cenas de caça e guerra. Braço direito do guerreiro, obediente. No Egito eram mumificados. No ritual representavam deuses e recebiam homenagens. Em regiões da China, Coreia, Indonésia, Vietnã, serve de alimento. Carne de cachorro preparada como qualquer outra. [...]

       Elifas Andreato e outros. O melhor do Almanaque Brasil de cultura popular.
Curitiba: Positivo, 2004. p. 96.
Entendendo o texto:
01 – Ao longo do texto, várias palavras e expressões foram empregadas para referir-se aos cães. Copie-as no caderno.
      Alimento no Oriente, companheiro no Ocidente; O melhor amigo do homem; Cães; Eles; Cachorro; Braço direito do guerreiro.

02 – O tema do texto são os cães. Qual é o assunto, ou quais são os assuntos, de cada parágrafo? Há ligação entre eles?
      1° parágrafo: características dos cães;
      2° parágrafo: origem dos cães;
      3° parágrafo: significado dos cães em diversas culturas e épocas.
      Não há ligação entre eles, salta-se de um aspecto a outro sem transição.

03 – No texto há períodos que indicam a origem do cão e seu tempo de domesticação. Escreva um período composto por coordenação com essas informações.
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: O cão surgiu, provavelmente, na Ásia e começou a ser domesticado há 12 mil anos.

04 – O parágrafo a seguir, baseado no texto, trata da lealdade do cão. Leia-o.
        “É possível que os cães tenham se aproximado dos seres humanos atrás de comida; posteriormente apegaram-se a eles; adotaram uma postura protetora.”
a)   Copie o parágrafo completando-o com dois conectivos coordenativos.
“É possível que os cães tenham se aproximado dos seres humanos atrás de comida; mas / porém posteriormente apegaram-se a eles e adotaram uma postura protetora.”

b)   Como se classificam as orações iniciadas por esses conectivos?
Respectivamente, oração coordenada sindética adversativa e oração coordenada sindética aditiva.

c)   Quantas e quais orações há nesse período?
Há quatro orações: “É possível”; “Que os cães tenham se aproximado dos seres humanos atrás de comida”; “mas/porém posteriormente apegaram-se a eles”; “e adotaram uma postura protetora.”

05 – Leia os períodos a seguir.
I – Os primeiros cães surgiram na Ásia.
II – Parece que os primeiros cães surgiram na Ásia.
III – Os primeiros cães surgiram na Ásia; contudo, hoje se espalham pelo mundo.
IV – O provável é que os primeiros cães tenham surgido na Ásia.

a)   Separe os períodos em três grupos: o dos períodos simples, o dos períodos compostos e o dos períodos compostos por subordinação.
Período simples: I; Período composto por coordenação: III; Períodos compostos por subordinação: II e IV.

b)   Os períodos compostos por subordinação apresentam uma oração subordinada com valor de adjetivo, substantivo ou advérbio?
Com valor de substantivo.

06 – Copie os períodos abaixo e escreva a parte destacada de outras duas formas, sem alterar seu sentido. As três versões juntas devem apresentar a parte destacada em forma de oração desenvolvida, de oração reduzida e de adjunto adverbial.

a)   O cão tem traços semelhantes aos do lobo por ser parente dele.
O cão tem traços semelhantes do lobo porque é parente dele. O cão tem traços semelhantes do lobo por seu parentesco com ele.

b)   Algumas raças adaptam-se melhor como animais de estimação, porque têm características como docilidade e afetuosidade com os seres humanos.
Algumas raças adaptam-se melhor como animais de estimação por terem características como docilidade e afetuosidade com os seres humanos.
Algumas raças adaptam-se melhor como animais de estimação por causa de características como docilidade e afetuosidade com os seres humanos.



CONTO: RESTOS DO CARNAVAL - CLARICE LISPECTOR - COM GABARITO

Conto: Restos do carnaval
              Clarice Lispector

        Não, não deste último carnaval. Mas não sei por que este me transportou para a minha infância e para as quartas-feiras de cinzas nas ruas mortas onde esvoaçavam despojos de serpentina e confete. Uma ou outra beata com um véu cobrindo a cabeça ia à igreja, atravessando a rua tão extremamente vazia que se segue ao carnaval. Até que viesse o outro ano. E quando a festa ia se aproximando, como explicar a agitação íntima que me tomava? Como se enfim o mundo se abrisse de botão que era em grande rosa escarlate. Como se as ruas e praças do Recife enfim explicassem para que tinham sido feitas. Como se vozes humanas enfim cantassem a capacidade de prazer que era secreta em mim. Carnaval era meu, meu.
        No entanto, na realidade, eu dele pouco participava. Nunca tinha ido a um baile infantil, nunca me haviam fantasiado. Em compensação deixavam-me ficar até umas 11 horas da noite à porta do pé de escada do sobrado onde morávamos, olhando ávida os outros se divertirem. Duas coisas preciosas eu ganhava então e economizava-as com avareza para durarem os três dias: um lança-perfume e um saco de confete. Ah, está se tornando difícil escrever. Porque sinto como ficarei de coração escuro ao constatar que, mesmo me agregando tão pouco à alegria, eu era de tal modo sedenta que um quase nada já me tornava uma menina feliz.
        E as máscaras? Eu tinha medo mas era um medo vital e necessário porque vinha de encontro à minha mais profunda suspeita de que o rosto humano também fosse uma espécie de máscara. À porta do meu pé de escada, se um mascarado falava comigo, eu de súbito entrava no contato indispensável com o meu mundo interior, que não era feito só de duendes e príncipes encantados, mas de pessoas com o seu mistério. Até meu susto com os mascarados, pois, era essencial para mim.
        Não me fantasiavam: no meio das preocupações com minha mãe doente, ninguém em casa tinha cabeça para carnaval de criança. Mas eu pedia a uma de minhas irmãs para enrolar aqueles meus cabelos lisos que me causavam tanto desgosto e tinha então a vaidade de possuir cabelos frisados pelo menos durante três dias por ano. Nesses três dias, ainda, minha irmã acedia ao meu sonho intenso de ser uma moça – eu mal podia esperar pela saída de uma infância vulnerável – e pintava minha boca de batom bem forte, passando também ruge nas minhas faces. Então eu me sentia bonita e feminina, eu escapava da meninice.
        Mas houve um carnaval diferente dos outros. Tão milagroso que eu não conseguia acreditar que tanto me fosse dado, eu, que já aprendera a pedir pouco. É que a mãe de uma amiga minha resolvera fantasiar a filha e o nome da fantasia era no figurino Rosa. Para isso comprara folhas e folhas de papel crepom cor-de-rosa, com as quais, suponho, pretendia imitar as pétalas de uma flor. Boquiaberta, eu assistia pouco a pouco à fantasia tomando forma e se criando. Embora de pétalas o papel crepom nem de longe lembrasse, eu pensava seriamente que era uma das fantasias mais belas que jamais vira.
        Foi quando aconteceu, por simples acaso, o inesperado: sobrou papel crepom, e muito. E a mãe de minha amiga – talvez atendendo a meu apelo mudo, ao meu mudo desespero de inveja, ou talvez por pura bondade, já que sobrara papel – resolveu fazer para mim também uma fantasia de rosa com o que restara de material. Naquele carnaval, pois, pela primeira vez na vida eu teria o que sempre quisera: ia ser outra que não eu mesma.
        Até os preparativos já me deixavam tonta de felicidade. Nunca me sentira tão ocupada: minuciosamente, minha amiga e eu calculávamos tudo, embaixo da fantasia usaríamos combinação, pois se chovesse e a fantasia se derretesse pelo menos estaríamos de algum modo vestidas – à ideia de uma chuva que de repente nos deixasse, nos nossos pudores femininos de oito anos, de combinação na rua, morríamos previamente de vergonha – mas ah! Deus nos ajudaria! não choveria! Quanto ao fato de minha fantasia só existir por causa das sobras de outra, engoli com alguma dor meu orgulho que sempre fora feroz, e aceitei humilde o que o destino me dava de esmola. Mas por que exatamente aquele carnaval, o único de fantasia, teve que ser tão melancólico? De manhã cedo no domingo eu já estava de cabelos enrolados para que até de tarde o frisado pegasse bem.
        Mas os minutos não passavam, de tanta ansiedade. Enfim, enfim! chegaram três horas da tarde: com cuidado para não rasgar o papel, eu me vesti de rosa.
        Muitas coisas que me aconteceram tão piores que estas, eu já perdoei. No entanto essa não posso sequer entender agora: o jogo de dados de um destino é irracional? É impiedoso. Quando eu estava vestida de papel crepom todo armado, ainda com os cabelos enrolados e ainda sem batom e ruge – minha mãe de súbito piorou muito de saúde, um alvoroço repentino se criou em casa e mandaram-me comprar depressa um remédio na farmácia. Fui correndo vestida de rosa – mas o rosto ainda nu não tinha a máscara de moça que cobriria minha tão exposta vida infantil – fui correndo, correndo, perplexa, atônita, entre serpentinas, confetes e gritos de carnaval. A alegria dos outros me espantava.
        Quando horas depois a atmosfera em casa acalmou-se, minha irmã me penteou e pintou-me.
        Mas alguma coisa tinha morrido em mim. E, como nas histórias que eu havia lido sobre fadas que encantavam e desencantavam pessoas, eu fora desencantada; não era mais uma rosa, era de novo uma simples menina. Desci até a rua e ali de pé eu não era uma flor, era um palhaço pensativo de lábios encarnados. Na minha fome de sentir êxtase, às vezes começava a ficar alegre mas com remorso lembrava-me do estado grave de minha mãe e de novo eu morria.
        Só horas depois é que veio a salvação. E se depressa agarrei-me a ela é porque tanto precisava me salvar. Um menino de uns 12 anos, o que para mim significava um rapaz, esse menino muito bonito parou diante de mim e, numa mistura de carinho, grossura, brincadeira e sensualidade, cobriu meus cabelos já lisos, de confete: por um instante ficamos nos defrontando, sorrindo, sem falar. E eu então, mulherzinha de 8 anos, considerei pelo resto da noite que enfim alguém me havia reconhecido: eu era, sim, uma rosa.

 Clarice Lispector, no livro “Felicidade clandestina”. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
Entendendo o conto:

01 – “Não me fantasiavam: no meio das preocupações com minha mãe doente, ninguém em casa tinha cabeça para carnaval de criança.”
O excerto anterior apresenta uma figura de estilo denominada:
a) perífrase.
b) anacoluto.
c) metonímia.
d) antonomásia.

02 – Os “restos do carnaval” a que se refere a autora, no título do texto, pode ser entendido como um(a)
a) referência à fantasia feita para ela com as sobras de papel crepom da fantasia da amiga.
b) encantamento pela atmosfera que tomava toda a cidade após as festividades carnavalescas.
c) referência à festa simples e pouco alegre que era destinada à narradora em épocas carnavalescas.
d) referência às migalhas de felicidades às quais ela se agarrava para viver diante da crueldade mundana.

03 – O último carnaval traz à memória da autora os carnavais de sua infância. Na primeira parte do texto, ela nos fala daqueles carnavais em geral. Na segunda parte, de "um carnaval diferente dos outros". O que fez a diferença?
     O carnaval foi diferente porque, pela primeira vez, ela poderia se fantasiar e participar da festa (6º parágrafo)
     —"Naquele carnaval, pois, pela primeira vez na vida, eu teria o que sempre quisera: ia ser outra que não eu mesma". 

04 – A afirmação "eu fora desencantada" (décimo parágrafo) resume o sentimento da autora diante do modo como tudo acabou acontecendo naquele carnaval diferente. Como podemos interpretar a afirmação? 
      O incidente quebrou o encanto de ter ganhado a fantasia.

05 – No último parágrafo, a autora nos diz: "Só horas depois é que veio a salvação". Por que o gesto do menino acabou sendo tão importante para a menina? 
      Ela se considerou reconhecida com o gesto do menino quando nada mais restava da festa que quase tinha acontecido.

06 – No nono parágrafo, a autora nos diz que coisas piores lhe aconteceram e ela perdoou, mas que o acontecido naquele carnaval diferente "não posso sequer entender agora". Por quê? 
      Ela ainda não entende que, na vida, tudo resulte de um jogo de dados de um destino irracional. 

07 – No segundo parágrafo, a autora diz: "Ah, está se tornando difícil escrever." Qual é a razão para esse desabafo da autora neste ponto do texto?
      As lembranças de que tão pouco era suficiente para deixá-la feliz na infância deixam seu coração escuro ('apertado') e ela sente dificuldades de pôr estes sentimentos no papel.

08 – “… Quando eu estava vestida de papel crepom todo armado, ainda com os cabelos enrolados e ainda sem batom e ruge – minha mãe de súbito piorou muito de saúde, um alvoroço repentino se criou em casa e mandaram-me comprar depressa um remédio na farmácia. Fui correndo vestida de rosa – mas o rosto ainda nu não tinha a máscara de moça que cobriria minha tão exposta vida infantil – fui correndo, correndo, perplexa, atônita, entre serpentinas, confetes e gritos de carnaval. A alegria dos outros me espantava.”
Todo esse segmento é uma exemplificação do período anterior, através do termo:
a) orgulho.
b) irracional.
c) impiedoso.
d) jogo de dados.

09 – O trecho que inicia a história principal da narrativa é:
a) “Não, não deste último carnaval. Mas não sei por que este me transportou para a minha infância…”
b) “Só horas depois é que veio a salvação. E se depressa agarrei-me a ela é porque tanto precisava me salvar.”
c) “Mas houve um carnaval diferente dos outros. Tão milagroso que eu não conseguia acreditar que tanto me fosse dado, eu, que já aprendera a pedir pouco.”
d) “Porque sinto como ficarei de coração escuro ao constatar que, mesmo me agregando tão pouco à alegria, eu era de tal modo sedenta que um quase nada já me tornava uma menina feliz.”

10 – No trecho “… economizava-as com avareza para durarem…”, o pronome destacado retoma o termo:
a) várias fantasias.
b) altas horas da noite.
c) duas coisas preciosas.
d) máscaras de rosa escarlate.

11 – No excerto “Como se enfim o mundo se abrisse de botão que era em grande rosa escarlate. Como se as ruas e praças do Recife enfim explicassem para que tinham sido feitas. Como se vozes humanas enfim cantassem a capacidade de prazer que era secreta em mim. Carnaval era meu, meu.”, predomina a linguagem:
a) coloquial.
b) pejorativa.
c) denotativa.
d) conotativa.

12 – “Na minha fome de sentir êxtase, às vezes começava a ficar alegre mas com remorso lembrava-me do estado grave de minha mãe e de novo eu morria.”  
Os termos sublinhados anteriormente exercem entre si uma ação:
a) similar.
b) antitética.
c) recíproca.
d) qualitativa.

13 – Relacione as colunas de acordo com o sinônimo das palavras empregadas no texto e, em seguida, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
(1) Ávida.                           (4) Triste.                          
(2) Avareza.                       (5) Arrebatamento.
(3) Acedia.                         (1) Sôfrega.
(4) Melancólico.                 (3) Anuía.
(5) Êxtase.                         (2) Sovinice.
a) 4 – 1 – 5 – 2 – 3
b) 5 – 1 – 2 – 4 – 3
c) 1 – 4 – 3 – 5 – 2
d) 4 – 5 – 1 – 3 – 2.



quinta-feira, 1 de novembro de 2018

MÚSICA: PONTA DE AREIA - MILTON NASCIMENTO - COM QUESTÕES GABARITADAS


Música: Ponta de Areia
                                    Milton Nascimento

Ponta de areia ponto final
Da Bahia-Minas estrada natural
Que ligava Minas ao porto ao mar
Caminho de ferro mandaram arrancar
Velho maquinista com seu boné

Lembra o povo alegre que vinha cortejar
Maria fumaça não canta mais
Para moças flores janelas e quintais
Na praça vazia um grito, um ai
Casas esquecidas viúvas nos portais

                         Composição: Fernando Brant / Milton Nascimento

Entendendo a canção:
01 – De que se trata esta canção?
      É um lamento do poeta pela via férrea onde a Maria-fumaça que circulava em direção a um porto no Oceano Atlântico. A Estrada de Ferro Bahia e Minas.

02 – Que significa o verso: “Caminho de ferro mandaram arrancar”?
      Significa que uma página da história descarrilou.

03 – Em que versos o poeta retrata o “sentimento urbano”?
      “Lembra o povo alegre que vinha cortejar / Maria fumaça não canta mais.”


POEMA: LEMBRANÇAS DO MUNDO ANTIGO - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

Poema: Lembranças do mundo antigo     
              Carlos Drummond de Andrade

Clara passeava no jardim com as crianças.
O céu era verde sobre o gramado,
a água era dourada sob as pontes, outros elementos eram azuis, róseos e alaranjados.
O guarda-civil sorria, passavam bicicletas, ...
A menina pisava a relva para pegar um pássaro...

O mundo inteiro, a Alemanha, a China,
tudo era tranquilo em redor de Clara.

As crianças olhavam o céu!
Não era proibido.
A boca, o nariz, os olhos estavam abertos!
Não havia perigos.
Os perigos que Clara temia eram
a gripe, o calor, os insetos...
Clara tinha medo de perder o bonde das 11 horas,
esperava cartas que custavam a chegar,
Nem sempre podia usar vestido novo.
Mas passeava no jardim pela manhã!!!
Havia jardins, havia manhãs, naquele tempo!!!

ANDRADE, Carlos Drummond de. Lembranças do mundo antigo. In:
 ___ Sentimento do Mundo, 1940.
Entendendo o poema:
01 – Quem é o autor de “Lembranças do Mundo Antigo”? E de que livro este poema foi retirado?
      Carlos Drummond de Andrade. Foi retirado do Livro Sentimento do Mundo.    

02 – De acordo com o poema, como era o mundo em que Clara vivia?
      Clara vivia em um mundo colorido, em decorrência dos elementos naturais que a rodeiam, algo que simboliza, no plano metafórico, a felicidade. Além disso, o mundo era seguro, pois ela podia caminhar livremente, sem temores.

03 – O que se pode interpretar da passagem “Mas passeava no jardim pela manhã”?
      O fato de Clara “passear pelo jardim” significa que ela era feliz por poder viver livremente, apesar de não ter acesso a determinadas comodidades da atualidade, como a agilidade na comunicação, nem poder comprar roupas novas.

04 – A partir da descrição, no poema, de um mundo que ficou apenas na lembrança, como podemos caracterizar o “novo” mundo marcado por diferentes transformações?
      O poema é construído por meio do paralelo entre o mundo de Clara, que ficou no passado, e o mundo presente, que se opõe àquele. Por isso, pode-se inferir que o novo mundo é marcado pela falta da liberdade para a realização de, até mesmo, coisas simples, que permeiam o nosso cotidiano.

05 – Observe estes verbos retirados do poema:
      Passeava – era – sorria – pisava – olhavam – estavam – temia – tinha – custavam – havia.
Em que tempo verbal eles foram empregados? Com qual objetivo?
      Os verbos foram empregados no tempo passado, pois o poeta retrata um mundo que não existe mais, que ficou apenas na lembrança.

06 - Que tipo de descrição prevalece na primeira estrofe do poema? Aponte alguns elementos descritivos presentes nessa estrofe.
A primeira estrofe do poema descreve uma cena do mundo antigo, com vários verbos de ligação (que indicam estado). Mesmo as frases que apresentam verbos de ação concorrem para caracterizar elementos dessa cena. Poderíamos afirmar que o poeta "fotografa" um instante do mundo antigo. Realçar que temos vários fatos ocorrendo em um único momento.

07 - Como em toda descrição, o poema trabalha com apelos sensoriais. Transcreva um verso em que isso ocorre.
A sequência "O céu era verde sobre o gramado./ a água era dourada sob as pontes,/outros elementos eram azuis, róseas, alaranjados," explora a visualidade. Destacar que as cores funcionam sintaticamente como predicativo do sujeito (núcleos dos predicados nominais).

08 - "a menina pisou a relva para pegar um pássaro," Reescreva o verso, acrescentando um apelo à sensação tátil.
Resposta pessoal. O aluno pode acrescentar por exemplo, adjetivos caracterizando a relva (úmida, áspera, macia, etc.) ou o pássaro (quente, macio, úmido, gelado, etc.)

09 - Em que tempo estão os verbos do texto?
 A quase totalidade dos verbos está no pretérito imperfeito; a única exceção é pisou, pretérito perfeito.

10 - É possível estabelecer uma relação entre o nome da personagem e o texto?
Ressaltar a estreita relação entre o nome Clara (com as vogais abertas e claras) e a luminosa paisagem matinal daquele mundo antigo.

11 - Como você classificaria os perigos temidos por Clara?
Os perigos (gripe, calor, insetos) eram extremamente banais e, na verdade, nada perigosos.

12 - Ao recordar e descrever o mundo antigo, a poesia trabalha, nas entrelinhas, com um contraste, uma oposição. Qual seria esse contraste?
A esse passado de perigos e temores banais se opõe uma momento presente ameaçador. Essa poesia foi publicada em 1940, em plena Segunda Guerra Mundial.

13- "As crianças olhavam para o céu: não era proibido."
Atentando para o jogo dos contrastes e para o ano em que foi publicada a poesia, como poderíamos interpretar o verso acima?
Ressaltar a oposição: naquele tempo não era proibido olhar para o céu; hoje (1940) é . Durante a Segunda Guerra Mundial, o grande perigo vinha do céu: os arrasadores bombardeios aéreos.












































CRÔNICA: ZÉ DIFERENTE - LÚCIA PIMENTEL GÓES - COM QUESTÕES GABARITADAS


Crônica: Zé Diferente
          
                     Lucia Pimentel Góes

        Zé começa, então, a pensar:
        -- Todo mundo é igual, mas não é por causa da roupa parecida, nem pela comida que é sempre a mesma em cada região, nem pelos ofícios que milhões exercem: Carpinteiros, motoristas, padeiros, dentistas, livreiros, coveiros.
        Não, a gente fica igual quando para de pensar. Quando só vê o mundo com a opinião dos outros.
        É bom às vezes ligar o olho e deligar a televisão.
        Zé Diferente fica contente, pois aprendeu que todo mundo é igual e diferente.
        Não pela cor da pele, dos olhos, dos dentes, nem pela roupa pra frente, nem pelas modas quentes.
        Cada um é diferente quando pensa o mundo e tudo que acontece com uma cuca legal; quando pode fazer a cabeça de milhões de Zés iguais que ainda não sabem que transformar o mundo só depende de um pensamento de milhões de zés Diferentes.

ZÉ DIFERENTE, Lucia Pimentel Góes. Melhoramentos, 3 ª ed. pp 28-31

Entendendo a crônica:
01 – Leia com atenção: As frases abaixo possui alguma diferença entre elas, de acordo com as palavras em negrito?
        -- Zé tem um ofício.
        -- Zé tem um Trabalho.
      Não. Porque ofício e trabalho são palavras que tem o mesmo significado. São sinônimos.

02 – Escreva as palavras e substitua as palavras em negrito por sinônimos que você encontrará abaixo.
a) Todos exercem um oficio. (Desempenhar).
Todos desempenham um ofício.

b) Transformar o mundo só depende de um pensamento de milhões de Zés Diferentes. (Modificar).
      Modificar o mundo só depende de um pensamento de milhões de Zés Diferentes.

03 – Veja como a palavra pode ter significados diferentes conforme a frase. Usando as palavras abaixo complete com o significado correto:
Bolo de origem alemã – cabeça – bruxa.
a) Cuca mora na floresta e assusta as crianças.
      Bruxa mora na floresta e assusta as crianças.

b) Zé tem uma cuca legal.
      Zé tem uma cabeça legal.

c) Mamãe fez uma cuca deliciosa.
      Mamãe fez um bolo de origem alemã delicioso.

04 – Quando a gente fica igual?
      A gente fica igual quando para de pensar.

05 – As pessoas são iguais porque tem a mesma cor, o mesmo modo de se vestir, de comer, de falar, de viver?
      Todo mundo é igual, mas não é por causa da roupa parecida, nem pela comida que é sempre a mesma em cada região, nem pelos ofícios que milhões exercem.

06 – Por que as pessoas são diferentes?
      Cada um é diferente quando pensa o mundo e tudo que acontece com uma cuca legal.

07 – Você sabe o que é ligar o olho e desligar a televisão?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Significa que a pessoal precisa deve ficar atento para as coisa que acontece e não ficar só na televisão.

08 – Você sabe quem são os Zés iguais da vida?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: São aqueles que agem e pensam com a cabeça dos outros.

09 – Quem são os Zés Diferentes?
      São aqueles que usam a cabeça para tomar decisões na vida.

10 – Complete o texto com as palavras do quadro:
Confiança – só – menino – amigos – guerra – ajuda.

a) Zé era um menino problemático, inseguro. Vivia brigando com seus amigos. Na escola. E por quê? Porque estava em guerra consigo mesmo. Sentia-se rejeitado por seus pais, que viajavam muito. Era um menino agressivo porque se sentia . Zé precisava de ajuda. Se nós, seus amigos, o compreendermos, ele terá mais confiança em nós e em si próprio.


CARTA: SAUDADES - COM GABARITO - PARA SÉRIES INICIAIS


Carta: Saudades

 São Paulo, 10 de junho de 1997.
                                    Elisa

        Estamos morrendo de saudades de você. Justo agora que você se mudou pra tão longe, o pessoal da rua inventou uma que você ia gostar.
        Sabe o Jorginho, A mãe dele deixou a gente brincar no porão da casa dele.
        Pena que você não está aqui! Quem sabe a sua mãe traz você no sábado. Você podia dormir em casa. De Itaquera até aqui é longe mas acho que dá. Vocês vêm de ônibus, não é? Faz uma força.
        Dá uma resposta pra gente. Todo mundo tá mandando um beijão pra você.
                                                                                     Antônia.

Entendendo a carta:
01 – Esse texto é:
a) um anúncio.
b) uma propaganda.
c) uma carta.
d) uma história.

02 – Quem escreveu a carta? E para quem?
      Foi escrita por Elisa. Para sua amiga Antônia.

03 – Quantos parágrafos possui o texto?
      Possui 04 parágrafos.

04 – Qual foi a data que a carta foi escrita?
      10 de junho de 1997.



FÁBULA: A CORTE DO LEÃO - LA FONTAINE - COM QUESTÕES GABARITADAS


Fábula: A CORTE DO LEÃO
                                                       La Fontaine


        O rei dos animais, Dom Leão, quis um dia conhecer as nações nas quais consistiria seu domínio. Muitos enviados foram levar um edital dizendo estarem convocados todos ao palácio real.
        As audiências se dariam nesse palácio, e durariam um mês, do início até o final.
        A recepção seria aberta por uma equipe muito esperta de macaquinhos amestrados.
        Haveria um banquete, e então os convidados, em comissão oficial iriam visitar o palácio real.
        E assim aconteceu. Mas que palácio horrível!
        Carniças espalhadas, um mau cheiro incrível!
        O urso tapa o nariz. Ofendido, o leão dele dá cabo e o manda visitar Plutão.
        O macaco, servil, aplaude aquela ação: que desaforo, o do urso, chamar de fedor aquele aroma suave, perfume de flor!
        Não sabia, o bajulador, que havia um parentesco, embora algo distante, do leão com Calígula. No mesmo instante, o destino seguiu seu curso, e ele fez companhia ao urso.
        À raposa, calada, dirigiu-se o rei:
        --- “E tu? Diz a verdade: este cheiro te agrada?”
        --- “Estou, Senhor, tão constipada, que até perdi meu faro. Por isto, não sei... Quando sarar, responderei.”

        Moral: Quem busca na Corte mercês deve agir sempre assim, usando de esperteza: nem servilismo vil, nem a brutal franqueza; prefira, ao “sim” ou “não”, a astúcia de um “talvez”.

Entendendo a fábula:
01 – O fato que motivou as ações do texto foi:
a) a vontade do rei de conhecer seus súditos.
b) a necessidade do rei de mostrar-se superior.
c) a vontade do rei de exibir seu palácio real.
d) a necessidade do rei de testar seu poder.

02 – Segundo o texto, o contato do rei com as nações convocadas:
a) seria breve.
b) seria de um mês.
c) seria atribulado.
d) seria superficial.

03 – De acordo com o texto, as nações convocadas:
a) foram recepcionadas pelo rei.
b) decepcionaram-se com o banquete.
c) receberam convites para irem ao palácio.
d) visitaram o palácio em comissão oficial.

04 – O comentário feito pelo urso foi:
a) mal compreendido pelo leão.
b) considerado ofensivo pelo leão.
c) sutil e discreto.
d) apoiado pelos outros animais.

05 – O macaco fez companhia ao urso porque:
a) concordou com ele.
b) discordou do leão.
c) enfrentou o leão.
d) tentou agradar o leão.

06 – A astúcia da raposa se deve ao fato:
a) de ela não emitir uma opinião.
b) de ela estar constipada.
c) de ela concordar com o urso.
d) de ela discordar do macaco.

07 – “Ofendido, o leão dele dá cabo...” a expressão destacada tem o sentido de:
a) reclamar                                     b) denunciar            
c) destruir                                       d) perceber

08 – “Mas que palácio horrível!”, a palavra destacada exprime
a) uma oposição     
b) uma conclusão        
c) uma causa      
d) uma censura.