segunda-feira, 30 de abril de 2018

RELATO DE MEMÓRIA: EM ALGUM LUGAR DO PASSADO(QUE SAUDADE DA PROFESSORINHA)- PAULO FREIRE - COM GABARITO


RELATO: EM ALGUM LUGAR DO PASSADO

          Um olhar, um carinho, uma palavra amiga... Às vezes, pequenos gestos podem marcar vidas, provocar descobertas, selar destinos. Em algum lugar do passado, está um pouco de nós, está aquilo que deu origem ao ser que somos hoje. Que pessoas teriam iluminado nossos caminhos? Que palavras nos teriam despertado e desafiado para a viagem que se iniciava?

        QUE SAUDADE DA PROFESSORINHA

         A primeira presença em meu aprendizado escolar que me causou impacto, e causa até hoje, foi uma jovem professorinha. É claro que eu uso esse termo, professorinha, com muito afeto. Chamava-se Eunice Vasconcelos, e foi com ela que eu aprendi a fazer o que ela chamava de “sentenças”.
         Eu já sabia ler e escrever quando cheguei à escolinha particular de Eunice, aos 6 anos. Era, portanto, a década de 20. Eu havia sido alfabetizado em casa, por minha mãe e meu pai, durante uma infância marcada por dificuldades financeiras, mas também por muita harmonia familiar. Minha alfabetização não me foi nada enfadonha, porque partiu de palavras e frases ligadas à minha experiência, escritas com gravetos no chão de terra do quintal.
         Não houve ruptura alguma entre o novo mundo que era a escolinha de Eunice e o mundo das minhas primeiras experiências – o de minha velha casa do Recife, onde nasci, com suas salas, seu terraço, seu quintal cheio de árvores frondosas. A minha alegria de viver, que me marca até hoje, se transferia de casa para a escola, ainda que cada uma tivesse suas características especiais. Isso porque a escola de Eunice não me amedrontava, não tolhia minha curiosidade.
         Quando Eunice me ensinou era uma meninota, uma jovenzinha de seus 16, 17 anos. Sem que eu ainda percebesse, ela me fez o primeiro chamamento com relação a uma indiscutível amorosidade que eu tenho até hoje, e desde há muito tempo, pelos problemas da linguagem e particularmente os da linguagem brasileira, a chamada língua portuguesa no Brasil. Ela com certeza não me disse, mas é como se tivesse dito a mim, ainda criança pequena: “Paulo, repara bem como é bonita a maneira que a gente tem de falar! ...” É como se ela me tivesse chamado.
         Eu me entregava com prazer à tarefa de “Formar sentenças”. Era assim que ela costumava dizer. Eunice me pedia que colocasse numa folha de papel tantas palavras quantas eu conhecesse. Eu ia dando forma às sentenças com essas palavras que eu escolhia e escrevia.
         Fui criando naturalmente uma intimidade e um gosto com as ocorrências da língua – os verbos, seus modos, seus tempos... A professorinha só intervinha quando eu me via em dificuldade, mas nunca teve a preocupação de me fazer decorar regras gramaticais.
         Mais tarde ficamos amigos. Mantive um contato próximo com ela, sua família, sua irmã Débora, até o golpe de 1964. Eu fui para o exílio e, de lá, me correspondia com Eunice. Tenho impressão de que durante dois anos ou três mandei cartas para ela. Eunice ficava muito contente.
        Não se casou talvez isso tenha alguma relação com a abnegação, a amorosidade que a gente tem pela docência. E talvez ela tenha agido um pouco como eu: ao fazer a docência o meio da minha vida, eu termino transformando a docência no fim da minha vida.
        Eunice foi professora do Estado, se aposentou, levou uma vida bem normal. Depois morreu, em 1977, eu ainda no exílio. Hoje, a presença dela são saudades, são lembranças vivas. Me faz até lembrar daquela música antiga, do Ataulfo Alves: “Ai, que saudade da professorinha, que me ensinou o bê-á-bá”.

                                                              Paulo Freire. Nova Escola, n° 81.

 Entendendo o texto:
01 – No texto lido, o autor, Paulo Freire, relata um episódio marcante de sua vida. Qual foi esse episódio?
       O momento em que foi para a escola e teve contato com sua professora.

02 – Um momento difícil para muitas crianças é a passagem da casa para a escola.
     a) Como foi esse momento para o menino Paulo Freire?
      Foi tranquilo sem ruptura; a escola era uma espécie de continuidade da asa.

     b)  Por que esse processo aconteceu desse modo?
      Porque a escola não tolhia a curiosidade dele. Além disso, o fato de ele já saber ler pode ter ajudado a tornar esse processo natural.

03 – Quando Paulo Freire entrou na escola, com 6 anos, já sabia ler e escrever. Apesar disso, nunca esqueceu as lições que teve com sua primeira professora.
     a) O que ele aprendeu com ela? Como era feito esse trabalho?
      Aprendeu a formar sentenças. Ele escrevia no papel as palavras que conhecia e depois, com elas, formava sentenças.

     b) Que curiosidade a professora despertou no menino?
      Despertou a curiosidade sobre a língua portuguesa.

     c) Como ela agia em relação a conteúdos gramaticais?
      Ela não ensinava regras; interferia apenas quando o menino precisava de auxílio.

04 – A professora Eunice não se casou. Para Paulo Freire, isso provavelmente se deveu à dedicação ao magistério. Ele diz: “E talvez ela tenha agido um pouco como eu: ao fazer a docência o meio da minha vida, eu termino transformando a docência no fim da minha vida”.
     a) O que significa, no contexto, a docência como meio de vida?
      Dar aulas para viver; ter um emprego, um salário, etc.

     b)  E como fim?
      A finalidade, o motivo principal de viver.

05 – Ao relatarmos fatos do passado, é natural que aflorem alguns sentimentos. Que sentimentos afloram no relato de Paulo Freire? Comprove sua resposta com um trecho do texto.
       Saudades, conforme o trecho “a presença dela são saudades”.

06 – Paulo Freire ficou conhecido internacionalmente pelo método de alfabetização que inventou. Diferentemente de criadores de outros métodos, que às vezes tratam de assuntos que nada têm a ver com o educando, Paulo Freire propõe, em um de seus livros: Essa proposta de alfabetização está relacionada com as primeiras experiências de Paulo Freire no mundo da leitura e da escrita? Justifique sua resposta.
       Sim, pois as sentenças que escrevia eram criadas por ele, a partir das palavras que ele próprio registrava no papel. Professor: comente com os alunos que, ao alfabetizar adultos, Paulo Freire propunha que as palavras e frases usadas na alfabetização nascessem da própria experiência deles. Assim, palavras como tijolo, construção, lavoura, milho, entre outras, eram as ferramentas de trabalho dos professores.

REPORTAGEM: GERAÇÃO TIPO ASSIM - JORNAL DO BRASIL - COM GABARITO

REPORTAGEM: GERAÇÃO TIPO ASSIM
    

  Imagens comparativas e novas gírias reacendem a discussão sobre a erosão da linguagem entre os jovens.
     Ao adolescente dos anos 90 que não consegue entender o que se conversa numa roda de contemporâneos, resta o consolo de não pertencer aos grupos acusados de promoverem a chamada erosão da linguagem. Para esses grupos, segundo estudiosos como o poeta, tradutor e ensaísta José Paulo Paes, tem sido cada vez mais cômodo seguir o caminho das imagens comparativas, evitando expor o próprio potencial intelectual ao risco de um raciocínio elaborado. Não é à toa que um dos recursos mais usados hoje para facilitar a explicação de uma ideia é o “tipo assim” (“Ele é um cara tipo assim ...”). [...]
         Enquanto a discussão volta a mobilizar estudiosos, novas gírias são criadas e absorvidas numa velocidade impressionante. [...] “A conversa de adolescentes é feita de diálogos exclamativos e sem fluência, próprios de quem apenas reafirma um comportamento de grupo”, alerta Paes. O poeta reconhece, no entanto, que “existem gírias muito saborosas”. Mas restringe: “Gíria é coisa de moda. Muitas vezes você substitui uma boa intensão verbal de gírias anteriores sem que haja ganhos expressivos.”
         Em outra vertente, o escritor Affonso Romano de Sant´Anna acha normal que cada grupo social crie sua própria linguagem. “E os jovens que passaram a existir socialmente a partir dos anos 60, coma emergência do poder juvenil, também tem a sua linguagem”, diz. “Esse é um fato que não recrimino nem reprovo, mas sua constatação é inevitável.” O escritor vê a leitura como única solução para as divergências entre as linguagem usadas por jovens e adultos. “É lendo que você aumenta seu vocabulário”, sugere.
         Affonso Romano observa que hoje os jovens não são a única tribo a usar uma linguagem própria, de difícil entendimento por quem está de fora: “O mesmo acontece, por exemplo, com o pessoal que mexe com computador. Sua linguagem é restrita, falava em códigos.” [...]
         Os adolescentes não veem problema no uso de gírias e expressões recém-criadas, e julgam seu vocabulário “inofensivo”. “As gírias são um meio muito legal de se comunicar e simplificar as coisas. Além disso, é irado falar de um jeito que os professores e o pessoal lá de casa não entendam”, diz Thiago, 16 anos.
         “A moda não muda? A de coração não muda? Qual é o problema de atualizar também o vocabulário?”, questiona Tatiana, 17 anos. Sua colega Maíra, 16 anos, tenta explicar o uso frequente de expressões, como o tipo assim: “Você quer falar alguma coisa e descobre uma expressão que consegue resumir seu pensamento. O tipo assim é o espaço que a gente usa para pensar e articular as palavras. É impossível contar uma história sem usar pelo menos um aí”.
         “As gírias mudam e não vão deixar de existir. A gente não fala mais é uma brasa, mora? Que era moda nos anos 70. No lugar disso, falamos outras coisas”, justifica o estudante Marcos, 17 anos. “O mais legal disso tudo é que ampliamos o nosso vocabulário”, opina Thiago, afirmando em seguida: “Eu também sei falar formalmente, mas não gosto. Não me dirijo ao padre do colégio com um, aí velhinho. Estou apto a usar a linguagem formal, quando necessário.”
         A babel de gírias também afeta os diferentes grupos da mesma geração. “Tenho amigos que convivem com o pessoal que frequenta bailes funk. Eles usam gírias próprias e eu não entendo nada”, conta Tatiana. “Não vejo problema nenhum no fato das tribos não se entenderem. A gente traduz e aprende cada vez mais”, assegura Gabriel, 17 anos.

                                                      Jornal do Brasil, Caderno B, 5 maio 199, p. 7.

       (O sobrenome dos adolescentes citados e o nome do colégio em que estudam foram omitidos.)

Entendendo o texto:
01 – Identifique a data em que a reportagem foi publicada, observe as palavras com que ela começa e responda:
     a)   A reportagem se refere a adolescentes de que época?
      Dos anos 90 do século XX.

     b)  Quanto tempo separa os adolescentes de que época?
      A resposta depende da época em que a questão estiver sendo respondida; provavelmente, de 10 a 15 anos.

     c)   Os adolescentes atuais também tem um modo próprio de usar a língua, como os adolescentes da reportagem? Tem opiniões semelhantes às dos adolescentes citados na reportagem?
      Resposta pessoal; o mais provável é que a resposta seja sim, já que adolescentes de qualquer época usam gírias e defendem esse uso.

02 – Releia a primeira frase da reportagem: ela se refere a um adolescente par quem resta um consolo.
     a)  Se resta um consolo, significa que esse adolescente tem um problema de que precisa ser consolado; qual é o problema?
      Não consegue entender a conversa de outros adolescentes como ele.

     b) Que consolo resta ao adolescente? Por que isso é um consolo?
      O consolo de não pertencer aos grupos acusados de promoverem a erosão da linguagem. É um consolo porque esses grupos são criticados, censurados, depreciados.

03 – As opiniões de José Paulo Paes citadas na reportagem coincidem com as que ele dá na entrevista reproduzida reproduzida nas páginas 169-170? Comprove sua resposta comparando palavras do escritor na reportagem e na entrevista.
       O objetivo é que o aluno identifique os mesmos pensamentos expressos de formas diferente.

04 – Observe a expressão que introduz o terceiro parágrafo:
       “Em outra vertente...”
     a)  Que relação essa expressão estabelece entre o que se vai dizer em seguida e o que se disse antes?
      Relação de oposição, de contraste, de divergência.

     b) Cite outras expressões que poderiam ser usadas para introduzir o terceiro parágrafo.
      Resposta pessoal; exemplos: Ao contrário, ...Em oposição, ...Assumindo outra posição, ...Diferentemente,

05 – Confronte as palavras de Affonso Romano de Sant´Anna com as de José Paulo Paes:
     a)  Os dois escritores tem opiniões diferentes em relação à linguagem dos jovens: qual é a diferença?
      José Paulo Paes recrimina, censura a linguagem dos jovens; Affonso Romano acha normal que os jovens tenham sua própria linguagem.

     b)    Com qual dos dois escritores você concorda? Ou não concorda com nenhum dos dois? Justifique sua resposta.
      Resposta pessoal.



ARTIGO DE OPINIÃO: O PARADOXO DA MISÉRIA - RICARDO MENDONÇA - REVISTA VEJA - COM GABARITO

ARTIGO DE OPINIÃO: O PARADOXO DA MISÉRIA
                                               Ricardo Mendonça

     O Brasil é o mais rico entre os países com maior número de pessoas miseráveis. Isso torna inexplicável a pobreza extrema de 23 milhões de brasileiros, mas mostra que o problema pode ser atacado com sucesso.
         Segundo um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea, os miseráveis representavam, 25 anos atrás, alguma coisa em torno de 17% da população. O índice mais recente divulgado pelo mesmo instituto informa que a taxa de miséria está em 14,5%. Trata-se de uma queda muito pequena diante do amadurecimento social, econômico e político registrado no período. Queda proporcional, diga-se, pois em números absolutos o número de desamparados, incapazes de sair de sua situação sem ajuda, aumentou. Eram cerca de 23 milhões hoje.
         Miséria é palavra de significado impreciso, como de resto a maior parte dos termos que se referem à camada menos favorecida da sociedade. O que exatamente quer dizer “pobreza” ou “indigência”? Como identificar um pobre? Como ter certeza de que existem 14,5% de miseráveis, e não 10% ou 20%? Não haveria subjetividade demais nessas estatísticas? Em geral, cada um percebe a miséria por sua experiência pessoal, como definiu a americana Mollie Orshansky, uma das maiores especialistas no assunto: “A pobreza, tal qual a beleza, está nos olhos de quem a vê”. Para efeito estatístico, no entanto, os estudiosos chegaram a uma definição quase matemática sobre o que são miséria e pobreza. Conseguiram estabelecer duas grandes linhas. Uma delas é a linha de pobreza, abaixo da qual estão as pessoas cuja renda não é suficiente para cobrir os custos mínimos de manutenção da vida humana: alimentação, moradia, transporte e vestuário. Isso num cenário em que educação e saúde são fornecidas de graça pelo governo. Outra é a linha de miséria (ou de indigência), que determina quem não consegue ganhar o bastante para garantir aquela que é a mais básica das necessidades: a alimentação. No caso brasileiro, há 53 milhões de pessoas abaixo da linha de pobreza. Destas, 30 milhões vivem entre a linha de pobreza e acima da linha de miséria. Cerca de 23 milhões estariam na situação que se define como indigência ou miséria.
         Reforçando, para evitar confusão: a pobreza no Brasil é formada por dois grandes grupos. Há 30 milhões de pessoas vivendo com extrema dificuldade, donas de uma renda mensal per capita inferior a 80 reais. E há mais 23 milhões que vivem ainda em pior situação, sobrevivendo de maneira primitiva. Não ganham dinheiro bastante para comprar todos os dias alimentos em quantidade mínima necessária à manutenção saudável de uma vida produtiva – ou seja, algo em torno de 2000 calorias. [...] Esse é o chamado flagelo social. [...]
         [...]
         [...] Segunda o último estudo disponível sobre o assunto, realizado pelos técnicos da Organização das Nações Unidas, existem 830 milhões de miseráveis no planeta. [...]
         Com seus 23 milhões de miseráveis, o Brasil representa 3% do problema mundial. Pode parecer pouco. [...] Um mergulho qualitativo sobre a questão dá a devida coloração à situação brasileira. Para isso, tome-se o ranking dos países com renda per capita semelhante à brasileira. São eles México, Bulgária, Chile e Costa Rica. Sabe qual tem taxa de pobreza equivalente à brasileira? Nenhum. O pior deles, a Costa Rica, tem proporcionalmente pouco mais da metade do número de pobres do Brasil. As comparações internacionais trabalham com a certeza de que todos os países revelam dados confiáveis. Pode-se olhar a questão sob outro prisma, mas nem por isso o quadro fica menos dramático.
         Observe-se o ranking dos países segundo o porcentual da população vivendo abaixo da linha de pobreza. Onde está o Brasil? Está ao lado de Botsuana, República Dominicana, Mauritânia e Guiné. Ocorre que, entre nossos “colegas de fome”, digamos assim, a renda per capita varia entre 15% e metade da renda brasileira. Ou seja, não importa de que ângulo se olhe, o Brasil é hoje o país mais rico do mundo com a maior taxa de pobreza. A isso se chama injustiça social.
         [...]
        [...] O Brasil aparece todos os anos nas listagens internacionais como um dos países com maior concentração de renda do planeta. Significa dizer que, apesar de não se tratar de uma nação pobre, perpetua-se um fosso gigantesco entre a base e o topo da pirâmide. No país mais rico do mundo, os Estados Unidos, a diferença de renda média entre os 20% mais pobre e os 20% mais ricos é de oito vezes. Na Alemanha, ela é de seis vezes. Nas nações do Terceiro Mundo, a conta é mais desigual, mas nada se compara ao Brasil. No Chile, a diferença é de dezoito vezes e na Guatemala, de trinta. Pois bem: em solo pátrio, essa diferença é de 33 vezes. Numericamente, isso pode ser traduzido de outras formas: 1% da população, a parcela mais rica, detém a mesma quantidade de recursos que os 50% mais pobres. Outro modo de ver esse problema é tomando como base os 10% mais ricos. Juntos, eles concentram metade da renda nacional.
                                                                            
 Veja, n 3,23 jan. 2002, p. 82-93.

Entendendo o texto:
01 – Analise as observações que o jornalista faz sobre o índice miseráveis no Brasil, na parte inicial do texto.
     a)     O jornalista informa que o índice de miseráveis no Brasil era de aproximadamente 17% “25 anos atrás”; atrás de que ano?
      Atrás de 2002, ano de publicação da reportagem. O objetivo é levar o aluno a buscar o significado de referências contextuais.

     b)    Segundo o jornalista, a queda de 17% para 14,5% no índice de miseráveis no Brasil, no período de 25 anos, foi “muito pequena”: pequena em relação a quê?
      Pequena em relação ao desenvolvimento social, econômico e político no mesmo período.

02 – O jornalista discute o significado da palavra miséria.
     a)     Miséria é “palavra de significado impreciso”; explique por quê.
      Porque não tem um significado único, exato, certo.

     b)    Explique a frase: “A pobreza, tal qual a beleza, está nos olhos de quem a vê”.
      O significado de pobreza e de beleza varia de pessoa para pessoa; cada pessoa tem um conceito próprio de pobreza e de beleza; o que é pobreza ou beleza para uma pessoa pode não ser para outra.

03 – Referindo-se às estatísticas sobre número e porcentagem de miseráveis no Brasil, o jornalismo pergunta:
         “Não haveria subjetividade demais nessas estatísticas?”
     a)     Que subjetividade poderia haver nas estatísticas?
      Estarem fundamentadas num conceito pessoal, subjetivo de miséria, de pobreza; apresentarem números dependentes de uma definição pessoal, subjetiva de pessoas pobres ou miseráveis.

     b)    De que forma é evitada a subjetividade nas estatísticas sobre a miséria e a pobreza?
      Estabelecendo uma definição quase matemática de miséria e pobreza.

04 – As estatísticas estabelecem uma diferença entre miséria e pobreza; qual é a diferença?
       Pobreza é a situação de pessoas que não tem renda suficiente para garantir as necessidades básicas de alimentação, moradia, transporte e vestuário; miséria é a situação de quem não tem condições de garantir nem mesmo a alimentação.

05 – O número de miseráveis no Brasil representa 3% do número de miseráveis que há no mundo; segundo o jornalista, isso pode parecer pouco em quantidade, mas, em qualidade, não é pouco.

Identifique e escreva, em seu caderno, as frases que, entre as seguintes, expressam as justificativas em que o jornalista fundamenta essa afirmação:
- Ter 3% dos miseráveis do mundo significa ter 23 milhões de miseráveis, o que não pode ser considerado pouco.
- Em países em que a renda per capita é semelhante à brasileira, o número de pobres é menor.
- há países em que a taxa de pobreza é semelhante à brasileira, embora a renda per capita seja menor.
- O fato de haver um número muito grande de miseráveis no mundo não diminui a gravidade do problema brasileiro.

"Tudo que estiver sobrando em nossa casa está fazendo falta em algum lugar". Chico Xavier

POEMA: HOMENAGEM ÀS MÃES - J.BERNARDO - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO

Poema: Homenagem às mães

Mãe, amor sincero sem exagero.
Maior que o teu amor, só o amor de Deus...
És uma árvore fecunda, que germina um novo ser.


Teus filhos, mais que frutos, são parte de você...

És capaz de doar a própria vida para salva-los.
E muito não te valorizam...
Quando crescem, te esquecem.
São poucos, os que reconhecem...

Mas, Deus nunca lhe esquecerá.
E abençoará tudo que fizerdes aos seus...
Peço ao Pai Criador que abençoe você.
Um filho precisa ver o risco que é ser mãe...
Tudo é cirurgia, mas ela aceita com alegria.
O filho que vai nascer...

Obrigado é muito pouco, presente não é tudo.
Mas, o reconhecimento, isso! Sim, é pra valer...
Meus sinceros agradecimentos por este momento.
Maio, mês referente às mães, embora é bom lembrar...
Dia das mães, que alegria é todo dia.
                                                                 J.Bernardo.

Entendendo o poema:
01 – Qual é o amor que podemos comparar com o amor de Deus?
      É o amor de uma Mãe.

02 – Por que o autor considera a Mãe, ser uma árvore fecunda?
      Porque a mulher tem a alegria de poder germinar um novo ser, uma nova vida.

03 – Em qual verso, podemos notar que uma Mãe pode se tornar uma leoa, para defender sua cria?
      “És capaz de doar a própria vida para salva-los.”

04 – Você acha que os filhos reconhecem e valorizam todos os sacrifícios de uma Mãe?
      Respostas pessoal do aluno.

05 – No verso: “Um filho precisa ver o risco que e ser Mãe...”, qual é esses riscos?
      As complicações de uma gravides e o nascimento do filho, através de uma cirurgia, mesmo assim ela aceita com alegria e amor.

06 – Quais são os sentimentos que o filho tem que ter com a sua Mãe?
      O reconhecimento e o agradecimento pela vida.

07 – Em que mês do ano, é dedicado as Mães?
      No mês de Maio.

08 – Para você, somente o mês de maio é dia das Mães?
      Resposta pessoal do aluno.

09 – Quem é o autor desta Homenagem às Mães?
      J. Bernardo.

10 – Qual é a mensagem que você deixa para a sua Mãe?
      Resposta pessoal do aluno.


POEMA: MÃOS DADAS - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

Poema: MÃOS DADAS
               Carlos Drummond de Andrade

Não serei o poeta de um mundo caduco
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos, mas nutrem grandes esperanças
Entre eles, considero a enorme realidade
O presente é tão grande, não nos afastemos
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei cantor de uma mulher, de uma história
Não darei os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela
Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida
Não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes a vida presente.
                                                    Carlos Drummond de Andrade

Entendendo o poema:
01 – Indique os versos em que o poeta expressa:
a)   Sua recusa em cantar um mundo que não existe;
     1º e 2º versos.

     b) A justificativa para essa recusa;
     3º verso.

     c) Seu desejo de solidariedade.
     6º verso.

02 – Quanto ao aspecto formal, que características modernistas o texto apresenta?
       O uso do verso livre.

03 – Em que sentido o poema anterior confirma uma das temáticas fundamentais da segunda geração modernista?
       A partir da tematização do tempo, o momento presente, bem como a preocupação com a vida.


04 – Escrito em 1940, o poema Mãos dadas revela um eu lírico marcado pelo contexto de opressão política no Brasil e da Segunda Guerra Mundial. Em face dessa realidade, o eu lírico:
a) Considera que em sua época o mais importante é a independência dos indivíduos.
b) Desvaloriza a importância dos planos pessoais na vida em sociedade.
c) Reconhece a tendência à autodestruição em uma sociedade oprimida.
d) Escolhe a realidade social e seu alcance individual como matéria poética.
e) Critica o individualismo comum aos românticos e aos excêntricos.

05 – Marque a melhor resposta, justificando sua escolha: O título do poema:
a) Se justifica pela solidariedade que o poeta presta aos demais homens.
b) Representa a união entre os poetas em prol de um melhor mundo futuro.
c) Está ligado à mensagem política, à união do povo contra a exploração do homem pelo homem.
d) Contém a mesma ideia do verso um, que se repete ao longo do poema.
e) Significa o desejo do poeta ver unidos todos os homens em torno de uma vida mais justa e humana.

Justificativa: O poeta defende o tempo presente e a união entre os homens.

06 – Marque a melhor resposta, justificando sua escolha: “Não serei o poeta de um mundo caduco...”. O significado mais apropriado para o termo sublinhado é:
a) Antigo.
b) Ultrapassado.
c) Louco.
d) Idealizado.
e) Injusto.

Justificativa: Um mundo caduco no sentido de um mundo que não acompanha a evolução.

07 – O único termo ou expressão que não repete a ideia de caduco é:
a) Entorpecentes.
b) Serafins.
c) Mulher.
d) Suspiros ao anoitecer.
e) Mundo futuro.

Justificativa: “Mundo futuro” sugere evolução, desenvolvimento.

08 – Dentro da poética defendida pelo autor, o poeta condena vários pontos. Assinale a exceção:
a) A volta ao passado.
b) A fantasia alienada.
c) Os temas individuais.
d) A falta de participação.
e) O uso de entorpecentes.

Justificativa: O poeta defende a união das pessoas, o caminhar “de mãos dadas”.

09 – A ideia contida no verso: “Estou preso a vida e olho meus companheiros.” Se repete em:
a) “O tempo é minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente.”
b) “Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.”
c) “Não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela.”
d) “Não nos afastaremos muito, vamos de mãos dadas.”
e) “Também não contarei o mundo futuro.”

Justificativa: O poeta considera a vida no presente, os amigos que têm.

10 – Complete as orações, formando um período composto, obedecendo à classificação pedida:
a) “Não serei um poeta de um mundo caduco mas também não contarei o mundo futuro.” (2ª oração: coordenada sindética adversativa).

b) “O presente é tão grande portanto não nos afastemos.” (2ª oração: coordenada sindética conclusiva).

11 – Classifique as orações abaixo:
a) “Estou preso à vida e olho meus companheiros.”
- 1ª Oração: Estou preso à vida.
- Classificação: Oração coordenada assindética.
- 2ª Oração: E olho meus companheiros.
- Classificação: Oração coordenada sindética aditiva.

b) “Não fugirei para as ilhas nem serei raptado por Serafins.”
- 1ª Oração: Não fugirei para as ilhas.
- Classificação: Oração coordenada assindética.
- 2ª Oração: Nem serei raptado por Serafins.
- Classificação: Oração coordenada sindética aditiva.


12 – Qual é o objetivo do eu lírico, ou seja, a que ele se propõe e por quê?
      O eu lírico quer ater-se à realidade presente e sente-se comprometido com o seu tempo; por isso ele deseja unir-se a seus companheiros, que se nutrem de esperanças. Não lhe interessa o passado com seu romantismo, ou o futuro, tão distante. 

13 – Identifique os adjetivos do texto e as palavras que eles caracterizam.
      Caduco (mundo), futuro (mundo), preso (eu), taciturnos (eles), grandes (esperanças); enorme (realidade), grande (presente), dadas (mãos); vista (paisagem), presente (tempo), presentes (homens), presente (vida).

14 – Explique o sentido do adjetivo no primeiro verso: “Não serei o poeta de um mundo caduco.”
      O eu lírico refere-se ao passado.

15 – Comente o emprego da palavra em destaque, nos versos a seguir:
        “O presente é tão grande, não nos afastemos.”
        “O tempo é minha matéria, o tempo presente...”
      No primeiro verso, a palavra presente é um substantivo, já que está regida de artigo. No segundo verso, ela caracteriza ou determina o substantivo tempo, funcionando como adjetivo.

16 – Classifique os adjetivos da primeira estrofe.
      Caduco, futuro e preso – adjetivos simples, primitivos, masculinos, singular.
      Taciturnos – adjetivo simples, derivado, masculino, plural.
      Grandes – adjetivo simples, primitivo, uniforme, plural.

17 – Cite dois adjetivos uniformes desse texto e flexione-os em frases criadas por você.
      Adjetivos: enorme e presente. Sugestões: As botas enormes saíam-lhe dos pés. Os convidados presentes dançaram até tarde.

18 – Em que verso ocorre uma locução adjetiva? Copie-o.
      “Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida” (suicidas).