quarta-feira, 13 de maio de 2020

MÚSICA(ATIVIDADES): IMAGINE(PORTUGUÊS) - PAULO RICARDO - COM GABARITO


Música(Atividades): Imagine (português)

                                                         Paulo Ricardo
É só você tentar
Por um momento apenas
Procure imaginar
E acreditar num sonho de um mundo bem melhor

Esqueça a guerra e a fome
E toda confusão
Causada pelo homem
E sua ambição
Esqueça e imagine todo mundo em paz
Eu não sei pode ser que eu seja um sonhador
Mas se você quer saber o caminho é o amor

Esqueça o que foi dito
E o que você já viu
O que foi prometido
E que ninguém cumpriu

Esqueça e imagine o que você quiser
Eu não sei pode ser que eu seja um sonhador
Mas se você quer saber o caminho é o amor.

                                                                    John Lennon
Entendendo a canção:

01 – Qual a ideologia da letra da canção?
      É considerada o maior hino pela paz de todos os tempos. Foi eleita pela revista Rolling Stone a 3ª maior música de todos os tempos.

02 – Por quem foi escrito a letra da canção “Imagine”, e quando foi gravada e lançada?
      Foi escrita por John Lennon, gravada e lançada em 1971.

03 – De que se trata esta canção?
      Como o próprio nome já diz, se trata de uma imaginação, de um sonho, ele sonha com um mundo onde as pessoas apenas vivam.

04 – O que você imagina do mundo em que vive?
      Resposta pessoal do aluno.

05 – O que você poderia fazer para tornar o mundo em que vive melhor?
      Resposta pessoal do aluno.

06 – Você considera importante sonhar com um mundo melhor? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.


POESIA: CIRANDA AO REDOR DO MUNDO - PAUL FORT - COM GABARITO

Poesia: Ciranda ao redor do mundo
            

                                                                     Paul Fort

Se todas as moças do mundo
Quisessem se dar
A mão ao redor do mar
Poderiam dançar uma ciranda

Se todos os rapazes do mundo
Quisessem ser marinheiros
Sairiam em barcos ligeiros
Pelo mar profundo
Saltando de onda em onda...

Poderiam então
Fazer uma ciranda
Ao redor do mundo
Se toda gente do mundo
Quisesse se dar a mão...
                Paul Fort. In: Obras-primas da poesia universal. Trad. Raymundo Magalhães Junior. São Paulo. Martins Fontes
              Fonte: Livro – PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 7ª Série – Atual Editora -1998 – p. 203.
Entendendo a poesia:

01 – Na 1ª e 2ª estrofes da poesia, a conjunção se inicia o 1° verso.
a)   Essa conjunção é coordenativa ou subordinativa?
A conjunção é subordinativa.

b)   Que ideia ela expressa?
Uma ideia de condição.

02 – Essa conjunção expressa uma ideia necessária para que se realize ou deixe de se realizar a ação expressa na oração principal.
a)   Qual é a ação que pode se realizar ou não na 1ª estrofe?
Dançar uma ciranda.

b)   E na 2ª?
Sair em barcos, saltando de onda em onda.

03 – A ideia de condição é retomada na última estrofe da poesia. Qual é a condição para que a ação de fazer uma ciranda ao redor do mundo ocorra?
      Que toda gente do mundo queira se dar a mão.

04 – No plano da realidade:
a)   É possível que todas as moças do mundo queiram se dar as mãos, ou que todos os rapazes do mundo queiram ser marinheiros?
É improvável, mas é possível.

b)   É possível que toda gente do mundo queira se dar a mão?
É improvável, mas é possível.

c)   Ao empregar a conjunção se, o eu lírico expressa um desejo realizável ou uma hipótese?
Uma hipótese.


TEXTO: PUBERDADE - O INÍCIO DAS COMPLICAÇÕES - FLÁVIO GIKOVATE - COM GABARITO


Texto: PUBERDADE – O INÍCIO DAS COMPLICAÇÕES
         
   Flávio Gikovate

        Se na infância as crianças querem mais do que tudo se sentir iguais à outras da “turma”, a partir da puberdade queremos mais do que tudo ser diferentes de todas as outras pessoas. É
evidente que isso nos impulsiona na direção da busca da individualidade [...] É fato também que isso provoca um aumento da solidão, que pede um “grande amor”. O grande amor é fantasiado como uma coisa extraordinária, fato que também agrada à vaidade: é uma forma de ser especial e único a dois! [...]
        A vaidade traz esse esforço da individualidade, traz uma preocupação muito maior com a aparência física, com os sinais externos de posição social – grife nas roupas, por exemplo – e traz consigo uma nova dor: a humilhação. Não sei se ela é completamente nova, mas durante o período infantil, o sentir-se por baixo, o ser colocado num plano mais submisso, o fato de perder uma disputa, tudo isso dói muito menos do que a fase adulta. Ter sucesso faz bem para a vaidade, porém fracassar é uma humilhação terrível. Isso vale para qualquer assunto: para as paqueras, para o jogo de futebol, para o vestibular e assim por diante. A dor é muito forte. Onde existe dor forte costumamos levar as coisas a sério, porque queremos nos proteger contra essa dor, tentar evitá-la. Dessa forma, a partir da puberdade todas as coisas da vida passam a ser coisa séria. O que era “jogo-treino” passou a ser jogo “válido pelo campeonato”. A partir daí, tudo é para valer.
        É evidente também que ninguém se acha perfeito e completamente equipado para esse jogo. Ninguém acha que Deus foi suficientemente generoso e lhe deu tudo com que sonharia. Uns acham que são baixos demais, outros, que o nariz é muito grande; para outros, o problema é o cabelo crespo ou liso demais. Alguns se revoltam contra a posição social e econômica da família, se tornam adolescentes difíceis e não raramente buscam nas drogas e nas turmas de colegas o consolo para suas insatisfações e incompetências. Buscam, por aí, a saída errada, um caminho de maus resultados. A época é difícil mesmo. Os sentimentos de inferioridade são inevitáveis. Tudo dói muito. Tudo dá medo, mas é preciso coragem e força interior para seguir viagem.
        Ah! Este corpo...
        Seu corpo está mudando tão depressa que pode parecer que tudo – cabelo, formas e pele – está errado. Você pode se sentir desajeitado e acanhado, ou preocupado por não ser tão atraente. Todo mundo tem seus atrativos, seja um sorriso, sardas, olhos brilhantes ou covinhas no rosto. E nós todos sabemos que não é só a aparência que torna uma pessoa atraente: senso de humor e simpatia, por exemplo, são também muito importantes.
    (Elizabeth Genwick e Richard Walker. O sexo em sua vida. São Paulo: Ática, 1996. p. 30-1).
     Flávio Gikovate. Namoro – Relação de amor e sexo. São Paulo: Moderna, 1993. p. 19-20.
              Fonte: Livro- PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 7ª Série – Atual Editora -1998 – p. 81-3.
Entendendo o texto:

01 – No primeiro parágrafo do texto, o autor afirma que, em relação ao grupo a que pertencem, o comportamento das crianças e o comportamento dos adolescentes é diferente. Qual é essa diferença?
      Na infância, as crianças desejam ser iguais ao grupo; já os adolescentes desejam se diferenciar do grupo.

02 – Segundo o texto, a busca da individualidade é uma consequência inevitável do processo de crescimento.
a)   O que você entende por “busca da individualidade”?
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Definir a própria identidade.

b)   Você concorda com a visão do autor de que a “busca da individualidade” provoca solidão? Por quê?
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Definir uma identidade própria é uma experiência individual e intransferível que cada pessoa tem de viver; por mais que se dividam as angústias desse processo, é o próprio indivíduo quem tem de vivê-lo.

c)   Segundo o texto, a fantasia de um “grande amor” agrada à vaidade por ser “uma forma de ser especial e único a dois”. Explique essa afirmação.
O indivíduo, em sua fantasia, se imagina amado, admirado pelo outro. É uma forma indireta de gostar de si mesmo.

03 – No 2° parágrafo do texto, o autor faz uma distinção entre o “jogo-treino” e o jogo “válido pelo campeonato”.
a)   Qual desses jogos corresponde à fase infantil e qual corresponde à fase adolescente?
O “jogo-treino” equivale a infância; o jogo “válido pelo campeonato”, à fase adolescente e adulta.

b)   Por que a humilhação passa a ser um sentimento muito presente na vida das pessoas a partir da adolescência?
Porque, a partir dessa fase, as derrotas não são aceitas com maturidade, pois proporcionam muita dor ao derrotado.

04 – Releia o último parágrafo do texto e o quadro intitulado “Ah! Este corpo...”.
a)   Qual a semelhança de ideias entre eles?
Ambos tratam da insatisfação das pessoas – principalmente dos adolescentes – quanto ao seu próprio corpo.

b)   Com base no último parágrafo do texto, Justifique o título: “Puberdade, o início das complicações”?
As complicações se iniciam na puberdade porque é nessa fase que começa o processo de definição da identidade e o sofrimento por causa dos desejos não alcançados.

c)   Segundo esse parágrafo, qual a origem de alguns tipos de revolta dos jovens?
Insatisfação com o próprio corpo e com sua posição econômica e social.

d)   Que argumentos positivos o texto “Ah! Este corpo...” aponta para combater o inevitável sentimento de inferioridade?
Que a aparência não é tudo, já que a simpatia e o senso de humor são importantes; além disso, todo o mundo tem algum tipo de atrativo.

05 – Segundo o autor, a adolescência é uma fase difícil e dolorosa. Alguns jovens, revoltados, buscam saídas como as drogas e as turmas de colegas.
a)   Qual a posição do autor sobre esse tipo de saída? Comprove sua resposta com uma frase do texto.
O autor considera que essas saídas são inadequadas. “Buscam, por aí, a saída errada, um caminho de maus resultados”.

b)   O que é necessário para superar as dificuldades naturais do processo de crescimento e definição da identidade?
Coragem e força interior.



segunda-feira, 11 de maio de 2020

MÚSICA(ATIVIDADES): JOÃO VALENTÃO - NANA CAYMMI - COM QUESTÕES GABARITADAS

Música(Atividades): João Valentão

                                 Composição Dorival Caymmi

João Valentão é brigão
Pra dar bofetão
Não presta atenção e nem pensa na vida
A todos João intimida
Faz coisas que até Deus duvida
Mas tem seu momento na vida
É quando o sol vai quebrando
Lá pro fim do mundo pra noite chegar
É quando se ouve mais forte
O ronco das ondas na beira do mar
É quando o cansaço da lida da vida
Obriga João se sentar
É quando a morena se encolhe
Se chega pro lado querendo agradar
Se a noite é de lua
A vontade é contar mentira
É se espreguiçar
Deitar na areia da praia
Que acaba onde a vista não pode alcançar
E assim adormece esse homem
Que nunca precisa dormir pra sonhar
Porque não há sonho mais lindo do que sua terra.

                                                        Composição: Dorival Caymmi
Entendendo a canção:

01 – Como o eu lírico descreve João Valentão?
      Aparentemente como um homem rude e truculento, quando entra em contato com as coisas da natureza, se transforma em uma pessoa dócil, “que nunca precisa dormir pra sonhar”.

02 – Que versos o eu lírico se mostra um homem sensível?
      “Que nunca precisa dormir pra sonhar / Porque não há sonho mais lindo do que sua terra”.

03 – Em que pessoa verbal o eu lírico fala de João Valentão?
      Ela usa a terceira pessoa do singular (ele).

04 – Quem são os personagens que aparecem na canção?
      João Valentão e sua amada.

05 – O título é sempre o primeiro a levantar expectativas quanto ao conteúdo do texto. A partir dele fazemos uma série de suposições iniciais que depois podem ser modificadas ou confirmadas. Que emoções e ideias foram despertadas pela leitura da letra dessa canção? Comente.
      Pelo título parece contar história de um homem valente, mas no final nos surpreende mostrando ser uma pessoa sensível.
      OBS.: Em 17 de agosto de 2008 morreu Dorival Caymmi e seu filho Dori Caymmi declama “João Valentão” no enterro do pai.
“E assim adormece esse homem / Que nunca precisa dormir pra sonhar / Porque não há sonho mais lindo do que sua terra”.


POEMA: PARA REPARTIR COM TODOS - THIAGO DE MELLO - COM GABARITO

Poema: PARA REPARTIR COM TODOS
              Thiago de Mello

Com este canto te chamo,
porque dependo de ti.
Quero encontrar um diamante,
sei que ele existe e onde está.

Não me acanho de pedir
ajuda: sei que sozinho
nunca vou poder achar.
Mas desde logo advirto:
para repartir com todos.

Traz a ternura que escondes
machucada no teu peito.

Eu levo um resto de infância
que meu coração guardou.
Vamos precisar de fachos
para as veredas da noite,
que oculta e, às vezes, defende
o diamante

Vamos juntos.
Traz toda a luz que tiveres,
não te esqueças do arco-íris
que escondeste no porão.
Eu ponho a minha poronga,
de uso na selva, é uma luz
que se aconchega na sombra.

Não vale desanimar,
nem preferir os atalhos
sedutores que nos perdem,
para chegar mais depressa.

Vamos achar o diamante
para repartir com todos.
Mesmo com quem não quis vir
ajudar, pobre de sonho.
Com quem preferiu ficar
sozinho bordando de ouro
o seu umbigo engelhado.

Mesmo com quem se fez cego
ou se encolheu na vergonha
de aparecer procurando.
Com quem foi indiferente
e zombou das nossas mãos
infatigadas na busca.

Mas também com quem tem medo
do diamante e seu poder,
e até com quem desconfia
que ele exista mesmo.

E existe:
o diamante se constrói
quando o procuramos juntos
no meio da nossa vida
e cresce, límpido, cresce,
na intenção de repartir
o que chamamos de amor.
                                 MELLO, Thiago de. Mormaço na floresta. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1981. p. 55-6.
Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. Editora Ática. 8ª série. p. 66-9.

Entendendo o poema:

01 – A quem o poeta se dirige?
      Ao leitor.

02 – Com que finalidade?
      O poeta convida todos para ajudá-lo a encontrar um diamante.

03 – Que advertência ele faz?
      Ele adverte que o diamante deve ser repartido com todos.

04 – Segundo o poeta, a busca é longa, difícil e não há como simplifica-la. Em que estrofe aparece essa ideia?
      Na 5ª estrofe.

05 – Na sexta estrofe, fala-se dos que foram convidados para a busca e não aceitaram o convite. O poeta classifica-os em alguns tipos. Quais?
      O que não tem sonhos ou expectativas (“... falto de sonho”); o egoísta (“... preferiu ficar sozinho...”); o que se dá por vencido; o indiferente; o medroso; e o desconfiado.

06 – Depois de assegurar que o tal diamante existe, o poeta explica de que se trata. Trata-se de uma pedra, de um objeto material? Explique sua resposta.
      Não, trata-se da solidariedade que deveria unir todos os homens; da construção de uma sociedade mais justa, voltada para o bem comum, sustentada pela intenção de repartir o amor.

07 – Esse diamante já existe ou se constrói à medida que os homens o procuram?
      A segunda alternativa é a verdadeira.

08 – Portanto, o que mais vale para o poeta: o encontro do diamante ou a sua procura?
      Pelo texto percebe-se que a procura é mais importante que o encontro do próprio diamante.

09 – Considerando a maneira como interpretamos o poema, o que seriam os “atalhos/sedutores que nos perdem/para chegar mais depressa” (5ª estrofe)?
      Se a solidariedade é o objetivo da busca, a metáfora “atalhos sedutores” pode referir-se a egoísmo, ausência de ética, falta de amor ao próximo, pressa na realização individual quando esta se sobrepõe à coletiva.

10 – “Eu levo um resto de infância / que meu coração guardou”. Na sua opinião, por que o poeta faz referência à infância?
      A infância é quase sempre idealizada como época de pureza, inocência, disponibilidade, resistência à corrupção do meio e sinceridade.

11 – “(...) não te esqueças do arco-íris / que escondeste no porão”.
a)   O termo destacado está empregado em sentido próprio ou figurado?
O termo está empregado em sentido figurado.

b)   Se aceitasse o convite do poeta, que arco-íris você levaria para a jornada?
Resposta pessoal do aluno.

12 – O poeta escolheu o diamante e não outra pedra preciosa par construir sua metáfora. Que características desta pedra justificariam a escolha?
      A resistência, a transparência e a beleza.

13 – No seu poema-convite, que pronome o poeta utiliza para dirigir-se ao leitor? Esse pronome é de uso comum na sua região?
      O poeta emprega o pronome de segunda pessoa do singular (tu).

14 – A árvore simbólica que resulta da dança da fita, o diamante de que trata o poema e a ideia de sonho da epígrafe tem um ponto em comum. Qual?
      Dependem da participação de todos.


ENTREVISTA: O VOVÔ MALUQUINHO - ANDRÉA CAPELATO - COM GABARITO

Entrevista: O vovô maluquinho
                    Andréa Capelato

            O menino maluquinho, a mais conhecida criação de Ziraldo, completa 18 anos e já faz parte do imaginário brasileiro

        Enquanto o Menino Maluquinho atinge a sua maioridade – embora nas páginas do livro continue tendo 11 anos –, seu criador se prepara para comemorar 50 anos de carreira no ano que vem. Também ele, embora já avô de quatro netos, continua na contramão do tempo. Ziraldo Alves Pinto, 65 anos, desenha e escreve um Brasil diferente, que parece sair direto das suas lembranças da infância nos anos 40 no interior de Minas.
        Há inocência, alegria e otimismo de sobra no Brasil de Ziraldo. Seu traço econômico e preciso e suas histórias com enredos sentimentais têm uma rara empatia com a emoção das crianças. A obra do artista resiste à modernidade globalizada e cosmopolita, trazendo ao universo infantil os valores da tradição, da família, do interior. Aquele interior onde aprendeu a ler o mundo. O filho mais velho de dona Zizinha e de seu Geraldo desde cedo foi estimulado a gostar dos livros, que eram seus presentes preferidos. Podia também desenhar onde quisesse, até nas paredes da casa.
        Desde seu primeiro emprego de ajudante de empório, aos nove anos, Ziraldo já fez de tudo: foi aprendiz de tipografia, auxiliar de cartório, bancário, publicitário, redator, funcionário do Ministério da Cultura... Mas o seu destino seria mesmo divertir a criançada. “Sem perceber, acabei me preparando para isso a toda”, afirmou certa vez. Criador de A Turma do Pererê, de Flicts, de O Menino Maluquinho, de Uma Professora Bem Maluquinha e de mais de 60 outros títulos já publicados, Ziraldo é um dos maiores sucessos de literatura infantil desde Monteiro Lobato: mais de três milhões de exemplares vendidos. Na opinião dele, a escola deveria se preocupar mais em ensinar o aluno a gostar da leitura do que em passar os conteúdos curriculares. “Ler é mais importante do que estudar”, não se cansa de repetir.
        Na entrevista a seguir que concedeu a Pais&Teens em maio deste ano, ele fala sobre isso e também sobre a sua visão da adolescência. Aliás, Ziraldo ainda nos deve o Menino Maluquinho adolescente.

        Pais&Teens – Dá para contar um pouco sobre a sua adolescência?

        Ziraldo – Ah, não vou contar não. Ou melhor, deixa eu simplificar. Eu era um menino que gostava de desenhar. A minha lembrança mais antiga sou eu desenhando; deitado no chão e desenhando. Eu era o menino que sabia desenhar, que sabia tudo sobre a guerra, que gostava de ficar na sala ouvindo a conversa dos adultos. E que, logo que aprendeu a ler, não parou mais. Fiz o grupo escolar e o ginásio em Caratinga, no interior de Minas. Depois, vim para o Rio de Janeiro, fui adolescente no Rio com férias em Caratinga para descobrir a alegria que pode te dar o olhar da mulher...

        Pais&Teens – Como chegou à carreira de cartunista? Quando se decidiu por essa vocação?

        Ziraldo – Vim vindo. De pequeno eu já sabia o que queria. É preciso ter vocação e obstinação. Vocação só é pouco. Ah, sim: é bom também ter talento.

        Pais&Teens – Para que público você gosta mais de criar?

        Ziraldo – Eu gosto de desenhar, de ilustrar, de pintar e de escrever. Não necessariamente nesta ordem. Ultimamente ando gostando muito mais de escrever. Mas escrever é mais difícil do que desenhar, muito mais envolvente, muito mais perigoso... Escrever para criança, para quem gosta de carinho, é muito gratificante.
        [...]

        Pais&Teens – Como você vê a questão dos limites e da disciplina para o adolescente de hoje, tanto na família como dentro da escola?

        Ziraldo – Todo mundo precisa de limite. Todo mundo precisa de regra, todo mundo tem de saber que a cada direito corresponde um dever. Não há possibilidade de convivência sem que se observem estes princípios tão politicamente corretos. Quando o adolescente descobre o mundo, ele o descobre por seus próprios instintos. E tem força, sabedoria, talento, disposição, neurônios, razões, energia bastantes para mudar tudo! “Saiam da frente que, finalmente, chegou o que detém a verdade!” De fato, o ser humano nasce criança, vai formando sua personalidade (ou melhor, vai construindo uma personalidade cujo alicerce já está no útero), vai sendo impactado pelo meio onde vive, e aí mergulha na adolescência: o saboroso inferno da existência. E a adolescência é o inferno. Mas o inferno é que é bom – imagine que chatice deve ser o céu! Aquela paz, aquelas pombinhas voando, aquelas flores, aquela brisa, aquela monotonia, aquela Suíça. [...] E aí o adolescente olha os pais, os amigos dos pais, os professores, os adultos à sua volta e descobre que não encontra ali qualquer modelo de futuro que o fascine. Depois, passa. Não tem importância. A vida de adulto não é tão babaca quanto o adolescente pensa que vai ser. Pode ser um grande barato, também. Quando ele emerge da adolescência e entra na idade adulta – o que pode acontecer aos 18 anos, aos 20, ou 25, aos 30, ou nuca – ele descobre que pode ser um adulto tão feliz quanto foi na adolescência, em companhia dos amigos, sem os pais por perto. Mas ele só conseguirá isto se tiver sido uma criança feliz. Está no Menino Maluquinho.

        Pais&Teens – E como seria o Menino Maluquinho na adolescência? A história termina antes...

        Ziraldo – O Menino Maluquinho vai ser um adolescente como quase todos, dono do mundo, consumista, egoísta, perplexo, injustiçado, incompreendido, profundamente infeliz, intensamente feliz, inconstante, desajeitado, mal-amado, bem-amado, indeciso, chato, rimbaudianamente só [referência a Rimbaud, poeta francês que escreveu até os 19 anos]. Ou não.

        Pais&Teens – Você tem manifestado ideias novas sobre as prioridades da Educação. Qual seria o principal papel da escola na formação do adolescente?

        Ziraldo – Outro dia fizeram um fórum aí em São Paulo para saber como se faz um país com a educação. Só se fará um país verdadeiro para o próximo milênio se conseguirmos fazer do Brasil um país de leitores. Quem não lê, mal fala, mal ouve, mal vê. Vi isto escrito no prédio de uma velha livraria do Rio, quando era menino; continuamos sendo um país que mal fala, mal ouve, mal vê. Como poderemos escolher um futuro sem dominar o código de compreensão das coisas, que é ler e escrever? [...] A criança tem de ler como quem ouve e escrever como quem fala. Tem de ser capaz de escrever tudo o que pensa e ler tudo o que lhe dizem. O resto vem por acréscimo. Atenção: a escola tem de ensinar a gostar de ler!
                                                   Pais&Teens, jul. 1998.
Fonte: Livro – Ler, entender, criar – Português – 6ª Série – Ed. Ática, 2007 – p. 154-9.

Entendendo a entrevista:

01 – Releia: “Enquanto o Menino Maluquinho atinge a sua maioridade – embora nas páginas do livro continue tendo 11 anos [...]”.
a)   O que significa alguém atingir a maioridade?
Completar 18 anos.

b)   O Menino Maluquinho atingiu a maioridade, mas nas páginas do livro continua tendo 11 anos. Como se explica isso?
É porque a história O Menino Maluquinho já existe a mais de dezoito anos.

02 – Na época em que a entrevista foi publicada, quem se preparava para completar cinquenta anos de carreira no ano seguinte?
      Ziraldo, o criador da personagem.

03 – Quem é o vovô maluquinho a que o título do texto se refere? Que trecho permite concluir isso?
      O próprio Ziraldo. “Também ele, embora já avô de quatro netos, continua na contramão do tempo.

04 – Reúna-se com um colega e releiam este trecho: “Seu traço econômico e preciso e suas histórias com enredos sentimentais têm uma rara empatia com a emoção das crianças”.
O que vocês entendem por “traço econômico”? Para responder, observem a figura do Menino Maluquinho, prestando atenção na forma como é desenhado.
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A expressão se refere ao traçado simples e sem excesso de detalhes de Ziraldo, que consegue representar as figuras e as cenas utilizando o mínimo de linhas.

05 – Leia:
“Fiz o grupo escolar e o ginásio em Caratinga, no interior de Minas. Depois, vim para o Rio de Janeiro [...]”
“Outro dia fizeram um fórum aí em São Paulo para saber como se faz um país com a educação.”
Com base nas informações contidas nesse trechos, responda:
a)   Onde Ziraldo se encontrava quando deu a entrevista? Que trecho permite chegar a essa conclusão?
No Rio de Janeiro. “[...] vim para o Rio de Janeiro [...]”.

b)   Por que Ziraldo diz “aí em São Paulo”? Quem, provavelmente, se encontrava em São Paulo?
Pode-se deduzir que a entrevistadora se encontrava em São Paulo no momento da entrevista.

06 – Releia um trecho da resposta de Ziraldo à quarta pergunta: “Saiam da frente que, finalmente, chegou o que detém a verdade!”
a)   Quem, de acordo com a visão de Ziraldo, acredita deter a verdade?
O adolescente.

b)   Você concorda com a visão de Ziraldo sobre o adolescente?
Resposta pessoal do aluno.

07 – Em duas das perguntas a entrevistadora associou o tema da adolescência à escola. Por quê?
      Porque o espaço escolar está – ou deveria estar – muito presente na vida do adolescente. Muitos das questões vividas pelos adolescentes relacionam-se com a vida na escola.

08 – Na opinião de Ziraldo, “ler é mais importante do que estudar” e a principal preocupação da escola deveria ser ensinar o aluno a gostar de ler. Converse com seus colegas: vocês concordam com Ziraldo? É possível ensinar a gostar de uma coisa (de ler, neste caso)?
      Resposta pessoal do aluno.

09 – Esse texto foi tirado de uma revista chamada Pais&Teens. O que significa a palavra teen (se não souber, consulte um dicionário de inglês)? A quem, provavelmente, se dirige essa revista?
      Teen significa “adolescente”.

10 – O texto “O Vovô Maluquinho” pode ser dividido em duas partes. Quais são elas?
      Apresentação do entrevistado e entrevista.

11 – Esse texto também poderia ser observado em relação à linguagem empregada, pois há trechos com linguagem mais formal – mais próxima da norma-padrão – e trechos com linguagem mais informal.
a)   Que trechos apresentam uma linguagem mais próxima da norma-padrão? Cite pelo menos uma frase que comprove sua afirmação.
A apresentação e as perguntas. “A obra do artista resiste à modernidade globalizada e cosmopolita, trazendo ao universo infantil os valores da tradição, da família, do interior”.

b)   Que trechos trazem marcas da oralidade, isto é, expressões e construções próprias da linguagem oral? Cite pelo menos um trecho que comprove essa afirmação.
Essas marcas se encontram principalmente nas respostas de Ziraldo, dando a impressão ao leitor de o estar ouvindo falar. “Ah, não vou contar não”, “Vim vindo. De pequeno eu já sabia [...]”, “A vida de adulto não é tão babaca quanto o adolescente pensa [...]”, “Pode ser um grande barato [...]”.