sábado, 29 de maio de 2021

CONTO: A TERRA DOS MENINOS PELADOS - (FRAGMENTO) - GRACILIANO RAMOS - COM GABARITO

 Conto: A terra dos meninos pelados – Fragmento.

        Graciliano Ramos

  Havia um menino diferente dos outros meninos. Tinha o olho direito preto, o esquerdo azul e a cabeça pelada. Os vizinhos mangavam dele e gritavam:

        — Ó pelado!

        Tanto gritaram que ele se acostumou, achou o apelido certo, deu para se assinar a carvão, nas paredes: Dr. Raimundo Pelado. Era de bom gênio e não se zangava; mas os garotos dos arredores fugiam ao vê-lo, escondiam-se por detrás das árvores da rua, mudavam a voz e perguntavam que fim tinham levado os cabelos dele. Raimundo entristecia e fechava o olho direito. Quando o aperreavam demais, aborrecia-se, fechava o olho esquerdo. E a cara ficava toda escura.

        Não tendo com quem entender-se, Raimundo Pelado falava só, e os outros pensavam que ele estava malucando.

        Estava nada! Conversava sozinho e desenhava na calçada coisas maravilhosas do país de Tatipirun, onde não há cabelos e as pessoas têm um olho preto e outro azul.

        Um dia em que ele preparava, com areia molhada, a serra de Taquaritu e o rio das Sete Cabeças, ouviu os gritos dos meninos escondidos por detrás das árvores e sentiu um baque no coração.

        — Quem raspou a cabeça dele? perguntou o moleque do tabuleiro.

        — Como botaram os olhos de duas criaturas numa cara? berrou o italianinho da esquina.

        — Era melhor que me deixassem quieto, disse Raimundo baixinho. Encolheu-se e fechou o olho direito. Em seguida, foi fechando o olho esquerdo, não enxergou mais a rua. As vozes dos moleques desapareceram, só se ouvia a cantiga das cigarras. Afinal as cigarras se calaram.

        Raimundo levantou-se, entrou em casa, atravessou o quintal e ganhou o morro. Aí começaram a surgir as coisas estranhas que há na terra de Tatipirun, coisas que ele tinha adivinhado, mas nunca tinha visto. Sentiu uma grande surpresa ao notar que Tatipirun ficava ali perto de casa. Foi andando na ladeira, mas não precisava subir: enquanto caminhava, o monte ia baixando, baixando, aplanava-se como uma folha de papel. E o caminho, cheio de curvas, estirava-se como uma linha. Depois que ele passava, a ladeira tornava a empinar-se e a estrada se enchia de voltas novamente.

        — Querem ver que isto por aqui já é a serra de Taquaritu? pensou Raimundo.

        — Como é que você sabe? roncou um automóvel perto dele.

        O pequeno voltou-se assustado e quis desviar-se, mas não teve tempo. O automóvel estava ali em cima, pega não pega. Era um carro esquisito: em vez de faróis, tinha dois olhos grandes, um azul, outro preto.

        — Estou frito, suspirou o viajante esmorecendo.

        Mas o automóvel piscou o olho preto e animou-o com um riso grosso de buzina:

        — Deixe de besteira, seu Raimundo. Em Tatipirun nós não atropelamos ninguém.

        Levantou as rodas da frente, armou um salto, passou por cima da cabeça do menino, foi cair cinquenta metros adiante e continuou a rodar fonfonando. Uma laranjeira que estava no meio da estrada afastou-se para deixar a passagem livre e disse toda amável:

        — Faz favor.

        — Não se incomode, agradeceu o pequeno. A senhora é muito educada.

        — Tudo aqui é assim, respondeu a laranjeira.

        — Está se vendo. A propósito, por que é que a senhora não tem espinhos?

        — Em Tatipirun ninguém usa espinhos, bradou a laranjeira ofendida. Como se faz semelhante pergunta a uma planta decente?

        — É que sou de fora, gemeu Raimundo envergonhado. Nunca andei por estas bandas. A senhora me desculpe. Na minha terra os indivíduos de sua família têm espinhos.

        — Aqui era assim antigamente, explicou a árvore. Agora os costumes são outros. Hoje em dia, o único sujeito que ainda conserva esses instrumentos perfurantes é o espinheiro-bravo, um tipo selvagem, de maus bofes. Conhece-o?

        — Eu não senhora. Não conheço ninguém por esta zona.

        — É bom não conhecer. Aceita uma laranja?

        — Se a senhora quiser dar, eu aceito.

        A árvore baixou um ramo e entregou ao pirralho uma laranja madura e grande.

        — Muito agradecido, dona Laranjeira. A senhora é uma pessoa direita. Adeus! Tem a bondade de me ensinar o caminho?

        — É esse mesmo. Vá seguindo sempre. Todos os caminhos são certos.

        — Eu queria ver se encontrava os meninos pelados.

        — Encontra. Vá seguindo. Andam por aí.

        — Uns que têm um olho azul e outro preto?

        — Sem dúvida. Toda gente tem um olho azul e outro preto.

        — Pois até logo, dona Laranjeira. Passe bem.

        — Divirta-se. [...]

        Raimundo deixou a serra de Taquaritu e chegou à beira do rio das Sete Cabeças, onde se reuniam os meninos pelados, bem uns quinhentos, alvos e escuros, grandes e pequenos, muito diferentes uns dos outros. Mas todos eram absolutamente calvos, tinham um olho preto e outro azul.

        O viajante rondou por ali uns minutos, receoso de puxar conversa, pensando nos garotos que zombavam dele na rua. Foi-se chegando e sentou-se numa pedra, que se endireitou para recebe-lo. Um rapazinho aproximou-se, examinando-lhe, admirado, a roupa e os sapatos. Todos ali estavam descalços e cobertos de panos brancos, azuis, amarelos, verdes, roxos, cor das nuvens do céu e cor do fundo do mar, inteiramente iguais às teias que as aranhas vermelhas fabricavam.

        — Eu queria saber se isto aqui é o país de Tatipirun, começou Raimundo.

        — Naturalmente, respondeu o outro. Donde vem você?

        Raimundo inventou um nome para a cidade dele que ficou importante:

        — Venho de Cambacará. Muito longe.

        — Já ouvimos falar, declarou o rapaz. Fica além da serra, não é isto?

        — É isso mesmo. Uma terra de gente feia, cabeluda, com olhos de uma cor só. Fiz boa viagem e tive algumas aventuras.

        [...]

        Raimundo deixa o rapazinho para trás, prossegue seu caminho e, em seguida, encontra com um tronco, que lhe diz:

        — Espera aí. Um instante. Quero apresentá-lo à aranha vermelha, amiga velha que me visita sempre. Está aqui, vizinha. Este rapaz é nosso hóspede.

        A aranha vermelha balançou-se no fio, espiando o menino por todos os lados. O fio se estirou até que o bichinho alcançou o chão. Raimundo fez um cumprimento:

        — Boa tarde, dona Aranha. Como vai a senhora?

        — Assim, assim, respondeu a visitante. Perdoe a curiosidade. Por que é que você põe esses troços em cima do corpo?

        — Que troços? A roupa? Pois eu havia de andar nu, dona Aranha? A senhora não está vendo que é impossível?

        — Não é isso, filho de Deus. Esses arreios que você usa são medonhos. Tenho ali umas túnicas no galho onde moro. Muito bonitas. Escolha uma.

        Raimundo chegou-se à árvore próxima e examinou desconfiado uns vestidos feitos daquele tecido que as aranhas vermelhas preparam. Apalpou a fazenda, tentou rasgá-la, chegou-a ao rosto para ver se era transparente. Não era.

        — Eu nem sei se poderei vestir isto, começou hesitando. Não acredito.

        — Que é que você não acredita? perguntou a proprietária da alfaiataria.

        — A senhora me desculpa, cochichou Raimundo. Não acredito que a gente possa vestir roupa de teia de aranha.

        — Que teia de aranha! rosnou o tronco. Isso é seda e da boa. Aceite o presente da moça.

        — Então muito obrigado, gaguejou o pirralho. Vou experimentar.

        Escolheu uma túnica azul, escondeu-se no mato e, passados minutos, tornou a mostrar-se vestido como os habitantes de Tatipirun. Descalçou-se e sentiu nos pés a frescura e a maciez da relva. Lá em cima os discos enormes das vitrolas giravam; as cigarras chiavam músicas em cima deles, músicas como ninguém ouviu; sombras redondas espalhavam-se no chão.

        — Este lugar é ótimo, suspirou Raimundo. Mas acho que preciso voltar. Preciso estudar a minha lição de geografia.

        Nisto ouviu uma algazarra e viu através dos ramos a população de Tatipirun correndo para ele:

        — Cadê o menino que veio de Cambacará? Eram milhares de criaturas miúdas, de cinco a dez anos, todas cobertas de teias de aranha, descalças, um olho preto e outro azul, as cabeças peladas nuas.

        Não havia pessoas grandes, naturalmente.

        [...]

RAMOS, Graciliano. Alexandre e outros heróis. São Paulo: Record, 1991.

Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 8º ano – Ensino Fundamental – IBEP 5ª edição – São Paulo, 2018, p. 133-7.

Entendendo o conto:

01 – Como eram fisicamente as pessoas e seres de Tatipirun?

      A maioria dos habitantes se assemelhava ao menino, pois tinha a cabeça pelada e um olho preto e outro azul. Até mesmo o automóvel tinha, no lugar dos faróis, dois olhos parecidos com os do menino e a laranjeira não tinha espinhos.

02 – Identifique e copie o trecho em que Raimundo passa de seu lugar de origem para a terra de Tatipirun.

     Raimundo levantou-se, entrou em casa, atravessou o quintal e ganhou o morro. Aí começaram a surgir as coisas estranhas que há na terra de Tatipirun, coisas que ele tinha adivinhado, mas nunca tinha visto.”

03 – Ao chegar àquele novo mundo, Raimundo conhece várias personagens. Como elas agem com o menino? Transcreva um trecho do texto que possa ter como tema uma atitude de gentileza.

      Elas eram dóceis, compreensivas e gentis, ofereciam a ele todo tipo de assistência que contribuísse para o seu bem-estar. Um exemplo disso está no seguinte trecho:

        “[...] Uma laranjeira que estava no meio da estrada afastou-se para deixar a passagem livre e disse toda amável:

        — Faz favor.

        — Não se incomode, agradeceu o pequeno. A senhora é muito educada.”

04 – Releia o que diz a aranha a respeito das roupas de Raimundo:

        “[...] Esses arreios que você usa são medonhos. [...]”.

a)   O que a aranha quis dizer com essa frase?

Que as roupas eram desagradáveis, não eram nada confortáveis; impediam os movimentos do menino e não o deixavam à vontade.

b)   O que a frase revela sobre a maneira como viviam os habitantes da terra visitada pelo menino?

Revela que os habitantes de Tatipirun viviam mais confortavelmente e com maior liberdade e harmonia do que os do lugar de origem de Raimundo.

c)   Raimundo gostou do estilo de vida daquele lugar? Como você chegou a essa resposta?

Sim, ele manifestou várias vezes seu encantamento enquanto ia conversando com os habitantes que encontrava. Exemplo possível: “Este lugar é ótimo, suspirou Raimundo.”

05 – Releia o diálogo a seguir, retirado do texto:

        “[...] Uma laranjeira que estava no meio da estrada afastou-se para deixar a passagem livre e disse toda amável:

        — Faz favor.

        — Não se incomode, agradeceu o pequeno. A senhora é muito educada.

        — Tudo aqui é assim, respondeu a laranjeira.

        — Está se vendo. A propósito, por que é que a senhora não tem espinhos?

        — Em Tatipirun ninguém usa espinhos, bradou a laranjeira ofendida. Como se faz semelhante pergunta a uma planta decente?”

·        Releia a última frase do diálogo e identifique o trecho em que há emprego de linguagem metafórica. Em seguida, explique a metáfora.

A linguagem metafórica é usada no trecho “ninguém usa espinhos”. A metáfora se dá pela comparação entre o espinho, que é algo que machuca, fere, e as atitudes agressivas dos meninos de onde Raimundo morava. Em Tatipirun as pessoas não eram indelicadas umas com as outras, não havia troca de ofensas.

06 – Quais eram as reações dos meninos da rua onde Raimundo morava diante da aparência do garoto? Em sua opinião, por que isso ocorria? 

      A aparência de Raimundo gerava discriminação, gozarão e maus-tratos por parte dos outros meninos. Provavelmente, isso acontecia porque eles não aceitavam o fato de Raimundo ser diferente deles.

07 – E em Tatipirun? De que modo a aparência de Raimundo era encarada pelos habitantes desse lugar?

      Em Tatipirun, a aparência de Raimundo era o motivo de sua identificação com os habitantes do lugar, já que os meninos de lá tinham as mesmas características e ele se sentia acolhido por todos.

08 – Identifique no texto quais personagens estão relacionadas aos universos indicados a seguir:

a)   Ao mundos dos humanos.

Os outros meninos.

b)   Ao universo dos objetos materiais (inanimados que se tornaram animados na história).

O automóvel.

c)   Ao mundo animal.

A aranha.

d)   Ao mundo vegetal.

A laranjeira e o tronco.

09 – De que forma os elementos mágicos estão presentes na terra dos meninos pelados?

      Seres do mundo animal e vegetal e objetos inanimados que adquirem características humanas (agem e conversam com o menino); automóvel, aranha, laranjeira, ladeira; havia discos e vitrolas que giravam no ar, músicas estranhas, túnicas feitas de teia de aranha, cigarras chiando músicas que nunca ninguém ouviu, sombras redondas espalhadas no chão.

10 – Localize no texto e copie um trecho que você considere belo e poético, que lhe chame a atenção pela maneira como o autor seleciona e combina as palavras. Explique por que escolheu esse trecho.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: “Descalçou-se e sentiu nos pés a frescura e a maciez da relva. Lá em cima os discos enormes das vitrolas giravam; as cigarras chiavam músicas em cima deles, músicas como ninguém ouviu; sombras redondas espalhavam-se no chão.”.  

 

 

LENDA: PAPA-CAPIM EM LUA DO MEU AMOR - MAURÍCIO DE SOUSA - COM GABARITO

 Lenda: Papa-Capim em Lua do meu amor

              Maurício de Sousa

    

   SOUSA, Maurício de. Papa-Capim em: Lua do meu amor. Chico Bento: grande circo Abobrinha, ed. 92, ago. 2014. P. 47-49.

Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 8º ano – Ensino Fundamental – IBEP 5ª edição – São Paulo, 2018, p. 108-111.

Entendendo a lenda:

01 – Pela imagem é possível inferir a que flor o texto se refere?

      Sim, trata-se da vitória-régia, planta aquática que é símbolo da Amazônia, com folhas planas que formam um grande disco circular.

02 – Que características da história em quadrinhos nos permite considera-la uma lenda?

      A HQ fornece a explicação para a origem da vitória-régia de modo fantasioso, ou seja, narra o acontecimento misturando elementos reais (a flor, por exemplo) com a imaginação, a fantasia (a transformação da índia em flor).

03 – Releia o quinto quadrinho. “Mas não adiantava! Toda noite, lá estava ela contemplando o objeto do seu amor.” Transcreva do texto do quadrinho:

a)   Um advérbio de lugar.

Lá.

b)   Um adjunto adverbial de tempo.

Toda noite.  

04 – Identifique no sexto quadrinho, “Na sua cabeça, a lua era um lindo guerreiro encantado...” um adjunto adverbial, transcreva-o e indique a circunstância que ele expressa. 

      Na sua cabeça. Indica circunstância de lugar.

05 – Releia os dois últimos quadrinhos: “Tocado por tanto sentimento, Tupã a transformou numa flor linda...” e “... que existe até hoje, enchendo de beleza aquele lugar”!.

a)   A expressão até hoje, no segundo quadrinho, expressa uma circunstância de tempo, modo ou lugar?

Expressa uma circunstância de tempo.

b)   Na oração “... que existe até hoje”, o adjunto adverbial modifica o sentido de um verbo, de um adjetivo ou de um advérbio?

Modifica o sentido do verbo existir.

   

 

 

ARTIGO DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA: SAÚDE DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES NA ERA DIGITAL - COM GABARITO

 Artigo de divulgação científica: Saúde de Crianças e Adolescentes na Era Digital

      Há benefícios e malefícios que têm acompanhado a tecnologia digital. São de fundamental importância o bom senso e a informação adequada que os pediatras devem enfatizar para as famílias, crianças e adolescentes sobre este assunto.

        As tecnologias da informação e comunicação estão transformando o mundo à nossa volta e os comportamentos e relacionamentos de todas as pessoas. Buscar informações e adquirir novos conhecimentos são tarefas quase instantâneas, no clicar do teclado ou no deslizar dos dedos num telefone celular. Crianças e adolescentes fazem parte da geração digital e usam os dispositivos, aplicativos, videogames e a Internet cada vez mais em idades precoces e em todos os lugares. Alguns dos pais, também nativos digitais, não percebem as mudanças ou problemas que vão surgindo, como se tudo já fosse parte da rotina familiar.

        Os benefícios e prejuízos dessas tecnologias permanecem sendo foco de atenção de todos os profissionais que lidam com as questões da saúde durante a infância e a adolescência e demandam novas legislações a respeito. No Brasil, a Constituição Federal (1988) no artigo 5º inciso X, assegura proteção à privacidade e, no artigo 227º, a proteção integral da criança e do adolescente como prioridade absoluta de acordo com a Convenção dos Direitos da Criança aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas (1989). O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei 8069 de 1990, em seus artigos 240 e 241 descreve como crime a produção de fotos, imagens ou transmissão de conteúdo com cenas de sexo explícito ou pornografia e foram alterados pela Lei 10.764 de 2003 para incluir a ilicitude da conduta no âmbito da Internet e tornar as penas mais graves. O artigo 73º do ECA prevê ainda, que a inobservância às normas de prevenção aos direitos da criança importará em responsabilidade da pessoa física ou jurídica, nos termos da Lei.

        [...]

        Estudos científicos comprovam que a tecnologia influencia comportamentos através do mundo digital, modificando hábitos desde a infância, que podem causar prejuízos e danos à saúde. O uso precoce e de longa duração de jogos online, redes sociais ou diversos aplicativos com filmes e vídeos na Internet pode causar dificuldades de socialização e conexão com outras pessoas e dificuldades escolares; a dependência ou o uso problemático e interativo das mídias causa problemas mentais, aumento da ansiedade, violência, cyberbullying, transtornos de sono e alimentação, sedentarismo, problemas auditivos por uso de headphones, problemas visuais, problemas posturais e lesões de esforço repetitivo (LER); problemas que envolvem a sexualidade, como maior vulnerabilidade ao grooming e sexting, incluindo pornografia, acesso facilitado às redes de pedofilia e exploração sexual online; compra e uso de drogas, pensamentos ou gestos de autoagressão e suicídio; além das “brincadeiras” ou “desafios” online que podem ocasionar consequências graves e até o coma por anóxia cerebral ou morte. [...]

SAÚDE de crianças e adolescentes na era digital. Sociedade Brasileira de Pediatria, Manual de orientação. Departamento de Adolescência, n. 1, out. 2016. Disponível em: https://bit.ly/2x3acfk. Acesso em: 29 set. 2018.

Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 8º ano – Ensino Fundamental – IBEP 5ª edição – São Paulo, 2018, p. 181-3.

Entendendo o artigo:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Anóxia: ausência de oxigênio.

·        Sexting: envio, compartilhamento e postagem de mensagens de cunho sexual.

·        Gromming: Aliciamento sexual pela internet, por meio de táticas de sedução e manipulação. 

   Cyberbullyng: que consiste na divulgação de imagens, mensagens e comentários de tom depreciativo, como piadas, brincadeiras e ofensas na internet.

02 – Releia o primeiro parágrafo do artigo de divulgação científica e responda:

a)   Em sua opinião, quais seriam os benefícios proporcionados pela tecnologia digital? Comente.

Resposta pessoal do aluno.

b)   E quais seriam os malefícios da tecnologia digital? Comente.

Resposta pessoal do aluno.

c)   Por que a Sociedade Brasileira de Pediatria divulgou esses dados de pesquisa? Eles estão enfatizando os benefícios ou malefícios da exposição à internet? Explique.

Para transmitir às famílias, às crianças e aos adolescentes os benefícios e malefícios do uso da tecnologia digital. A Sociedade Brasileira de Pediatria enfatiza os malefícios da exposição à internet para alertar as pessoas a fim de que eles sejam evitados.

d)   Em sua visão, como os comportamentos e relacionamentos se transformaram com o desenvolvimento das tecnologias de informação?

Resposta pessoal do aluno.

03 – Releia o trecho a seguir:

        “[...] Crianças e adolescentes fazem parte da geração digital e usam os dispositivos, aplicativos, videogames e a Internet cada vez mais em idades precoces e em todos os lugares. Alguns dos pais, também nativos digitais, não percebem as mudanças ou problemas que vão surgindo, como se tudo já fosse parte da rotina familiar.”

a)   O que significa a expressão nativos digitais? Pesquise e explique esse conceito.

De maneira geral, refere-se às pessoas que nasceram e cresceram com as tecnologias digitais do século XXI, com o uso de internet, redes sociais e, mais recentemente, dos aplicativos de smartphones.

b)   Você se encaixa na definição de nativo digital? Explique.

Resposta pessoal do aluno.

c)   E seus familiares e responsáveis, são nativos digitais? Explique.

Resposta pessoal do aluno.

04 – Releia o terceiro parágrafo e responda:

a)   No que consiste a violação do artigo 5° da Constituição em relação ao uso de celular e internet por crianças e adolescentes? Explique.

O artigo 5° tem incisos que tratam sobre o direito à privacidade. Quando a criança e o adolescente estão na internet, sem supervisão dos familiares, eles ficam vulneráveis e desprotegidos, correndo riscos de terem sua privacidade violada.

b)   No art. 227 da Constituição Federal e no ECA. É garantida prioridade absoluta a crianças e adolescentes em quaisquer circunstâncias. Em quais situações o uso de tecnologias digitais pode desproteger crianças e adolescentes?

As crianças podem ficar expostas e conteúdos impróprios e a abordagem de pessoas desconhecidas.

05 – Estudos científicos comprovam a influência da tecnologia no comportamento e hábitos desde a infância.

a)   Quais danos o uso constante e precoce podem causar à saúde das crianças e adolescentes?

O uso precoce e de longa duração de jogos online, redes sociais ou diversos aplicativos com filmes e vídeos na internet pode causar dificuldades de socialização e conexão com outras pessoas e dificuldades escolares; a dependência ou o uso problemático e interativo das mídias causa problemas mentais.

b)   Reproduza o quadro a seguir. Pesquise os termos indicados, tome nota e preencha-o:

·        Desafios on-line: São desafios feitos por influenciadores digitais, que parecem inocentes, mas podem ter consequências graves, com lesões sérias ou ocasionando a morte.

·        Transtornos de alimentação: Caracterizados por comportamentos alimentares desviantes que afetam negativamente a saúde física e mental do indivíduo. O transtorno mais conhecidos é a anorexia, distúrbio alimentar caracterizado por baixo peso corporal, decorrente de uma visão distorcida do próprio corpo.

·        Transtornos de socialização: Mais conhecido como fobia social, esse transtorno é caracterizado por ansiedade e insegurança extrema em situações de socialização com outras pessoas.

·        Transtornos de sono: Dificuldades relacionadas ao sono, com mais de 100 tipos de transtornos identificados. O sono tem quatro fases, e cada uma delas é responsável por uma atividade diferente. Dificuldades em qualquer uma das fases do sono podem trazer prejuízos a curto e longo prazo.

·        Transtornos mentais causados pela exposição à internet: Transtornos mentais distintos ligados diretamente ao uso da tecnologia digital, como: nomophobia (abstinência de celular ou qualquer outro dispositivo móvel), vertigem digital (desorientação e vertigem que algumas pessoas sentem quando interagem com determinados ambientes digitais), dependência química da internet e vício em jogos de video-game ou on-line.

06 – Releia o artigo de divulgação científica, observando os verbos (tempo, modo e pessoa):

a)   Que tempo e modo verbal é usado no texto?

O tempo presente do modo indicativo.

b)   Em que pessoa do discurso os verbos são usados?

São usados na terceira pessoa do singular e do plural.

c)   Que efeitos de sentido são produzidos pelo uso do verbo nesse tempo, modo e pessoa? Explique.

O uso do presente do modo indicativo e da terceira pessoa do discurso produz efeito de impessoalidade da linguagem, atualidade dos dados e objetividade, a fim de dar credibilidade às informações prestadas.

07 – Releia o trecho a seguir:

        Há benefícios e malefícios que têm acompanhado a tecnologia digital. São de fundamental importância o bom senso e a informação adequada que os pediatras devem enfatizar para as famílias, crianças e adolescentes sobre este assunto.”

a)   O que os pediatras devem enfatizar para as famílias, as crianças e os adolescentes sobre tecnologia digital?

O bom senso e a informação adequada.

b)   Qual é o efeito de sentido produzido pelo uso do verbo dever nesse trecho?

O verbo dever produz efeito de obrigatoriedade de conduta aos pediatras.

08 – Identifique a parte do artigo de divulgação científica que introduz outras vozes: 

a)   Transcreva o texto em que há paráfrase de pesquisas.

“Estudos científicos comprovam que a tecnologia influencia comportamentos através do mundo digital, modificando hábitos desde a infância, que podem causar prejuízos e danos à saúde.”

b)   Por que será que não é citada fonte desses dados?

Porque esses estudos não são objeto de discussão no artigo de divulgação científica, mas usados apenas para justificar a problematização apresentada.

 

NOTÍCIA: O LUGAR DA PUBLICIDADE NA LIBERDADE DE IMPRENSA - EUGÊNIO BUCO - COM GABARITO

 Notícia: O lugar da publicidade na liberdade de imprensa´

Por Eugênio Buco em 08/09/2015 na edição 867

        Há quem diga que o direito de anunciar mercadorias é o pilar de sustentação do jornalismo independente. Se isso mesmo? Qual é, afinal de contas, o ponto de apoio – econômico e também político – da atividade profissional daqueles que estão incumbidos de informar a sociedade sobre os assuntos de interesse público?

        Encaremos essas interrogações com algum método e com um pouco de calma. Quando falamos em “sustentação” ou em “ponto de apoio”, estamos falando em base institucional, em legitimidade. Ao mesmo tempo, estamos falando em fonte de recursos, em viabilidade financeira. A sustentação deve ser compreendida no plano político e também no plano econômico. [...]

        A imprensa não deve depender de governos em termos legais ou institucionais, mas também não deve depender deles em termos econômicos. Quando os governantes pagam as contas das redações é sinal de que algo desandou. E então, quem deve pagar essas contas? Tem-se repetido que a publicidade é que assina o cheque. A publicidade seria a maior da imprensa. Pelo menos é assim que tem sido. O dinheiro arrecadado com a venda de exemplares avulsos e de assinaturas (incluindo assinaturas digitais) ainda não é suficiente. E no caso das emissoras de rádio e televisão de sinal aberto é igual a zero.

        Absolutamente toda a arrecadação vem da publicidade. Desse modo, há quem diga ser a própria garantidora da liberdade de imprensa. Outros vão ainda mais longe e estabelecem um sinal de igual entre a liberdade de imprensa e a liberdade de veicular anúncios comerciais. Imprensa e publicidade seriam, enfim, as duas pernas com que o corpo da liberdade de expressão consegue caminhar. Uma não poderia existir sem a outra.

        [...]

        Já em nossos dias vemos a publicidade buscar seus caminhos longe dos veículos jornalísticos [...]. Vai ficando óbvio que a missão primeira da publicidade nada tem que ver com sustentar a Imprensa, mas com alcançar seus clientes onde quer que eles estejam. Isso não a torna mais feia ou mais bonita. Apenas é o que é.

Rumos Diferentes

        [...] A liberdade de anunciar deve ser compreendida, assim, como uma liberdade acessória à liberdade de fazer comércio. Seus limites legais – e democráticos - são dados pelos limites da própria atividade comercial. Já a liberdade de imprensa é fundamental, primordial. [...]

        O que se deu foi o oposto: a industrialização dos jornais, ainda no século 19, é que permitiu que os anúncios pagassem carona nos veículos impressos, o que terminou por impulsionar as duas atividades.

        No mais, a imprensa precede a publicidade. Mas ainda, a liberdade de imprensa abriu horizontes para a liberdade de anunciar.

        Do ponto de vista dos jornalistas, enxergar essas distinções ajuda a evitar identificações entre os interesses gerais (não particulares) do mercado anunciante e os interesses gerais da imprensa. Eles não são idênticos, ainda que, com justiça e com legitimidade, ambos possam associar-se. Por vezes, porém, eles são antagônicos – e, se não estiverem atentos, os jornalistas podem tomar por seus os interesses que os tomam (e os descartam) como meios. Fora isso, quanto mais sociedade for chamada a pagar diretamente a conta das redações, por assinaturas e outras formas de apoio, melhor.

              Eugênio Bucci é jornalista e professor das Escola de comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.

Bucci, Eugênio. O lugar da publicidade na liberdade de imprensa. Observando da Imprensa/Projor, São Paulo, 8 set. 2015, ed. 867. Disponível em: <https://bit.ly/1Nn8MTg>. Acesso em: 29 set. 2018.

Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 8º ano – Ensino Fundamental – IBEP 5ª edição – São Paulo, 2018, p. 227-8.

Entendendo a notícia:

01 – Qual é o questionamento e a tese apresentados pelo autor nesse artigo de opinião?

      Se o direito de anunciar mercadorias é a base de sustentação do jornalismo independente. E a tese é que são interesses independentes que não podem ser confundidos para que se mantenha a liberdade de imprensa.

02 – Segundo o autor, quem financia a imprensa em diferentes mídias? Por que os veículos de comunicação não conseguem sobreviver com a vendagem de exemplares ou assinaturas?

      A publicidade que sustenta as diferentes mídias, porque a vendagem de jornais e assinaturas não cobre os custos.

03 – Por que o autor afirma que “a imprensa não deve depender de governos em termos legais ou institucionais, mas também não deve depender deles em termos econômicos”? Explique.

      Porque pode vincular o jornal aos interesses políticos de quem governa.

04 – Releia o trecho:

        “Outros vão ainda mais longe e estabelecem um sinal de igual entre a liberdade de imprensa e a liberdade de veicular anúncios comerciais. [...]”.

a)   O autor concorda com esse argumento apresentado no trecho? Por quê?

O autor não concorda, porque a liberdade de imprensa deve preceder a liberdade de anunciar para vender. A liberdade de imprensa que garante o direito das empresas e dos governos de anunciar.

b)   Qual é o papel da publicidade, segundo ele?

O papel da publicidade é alcançar seus clientes onde quer que eles estejam.

c)   Qual é o papel da imprensa? No que a liberdade de imprensa ajudou na liberdade de anunciar?

A imprensa tem o papel de garantir a informação objetiva. Segundo o autor, a industrialização dos jornais, ainda no século 19, permitiu que os anúncios fossem veiculados, o que impulsionou as duas atividades.

d)   Por que os jornalistas e as empresas de comunicação precisam, segundo o autor, distinguir o papel de cada um desses campos?

Porque há o risco de privilegiar os interesses dos anunciantes.

e)   O autor do artigo se coloca contra a publicidade? Explique.

Não, ele não é contra, mas acha que os interesses da publicidade não podem sobrepor-se aos da liberdade de imprensa.

05 – Releia a notícia “Publicidade infantil deve ser feita com responsabilidade em vez de proibida, dizem especialistas” e responda:

a)   Qual interesse foi colocado em primeiro plano nessa notícia: os da imprensa ou da publicidade? Explique.

Foram colocados os interesses da publicidade, porque a imprensa deveria informar os dois lados e não apenas o que interessa um setor da sociedade.

b)   Quais escolhas as editorias devem fazer para colocar à disposição do leitor todos os lados da informação? Isso ocorreu nessa notícia?

As editorias deveriam apresentar os argumentos de quem é a favor da proibição de publicidade infantil. Isso não ocorreu na notícia.