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domingo, 8 de julho de 2018

POESIA: DEPRECAÇÃO - GONÇALVES DIAS - COM GABARITO

Poesia: Deprecação
                
              Gonçalves Dias

Tupã, ó Deus grande! Cobriste o teu rosto
Com denso velame de penas gentis;
E jazem teus filhos clamando vingança
Dos bens que lhes deste da perda infeliz!

Tupã, ó Deus grande! Teu rosto descobre:
Bastante sofremos com tua vingança!
Já lágrimas tristes choraram teus filhos,
Teus filhos que choram tão grande mudança.

Anhangá impiedoso nos trouxe de longe
Os homens que o raio manejam cruentos,
Que vivem sem pátria, que vagam sem tino
Trás do ouro correndo, vorazes, sedentos.

E a terra em que pisam, e os campos e os rios
Que assaltam, são nossos; tu és nosso Deus:
Por que lhes concedes tão alta pujança,
Se os raios de morte, que vibram, são teus?

Tupã, ó Deus grande! Cobriste o teu rosto
Com denso velame de penas gentis;
E jazem teus filhos clamando vingança
Dos bens que lhes deste da perda infeliz!

Teus filhos valentes, temidos na guerra,
No albor da manhã quão fortes que os vi!
A morte pousava nas plumas da frecha,
No gume da maça, no arco Tupi!

E hoje em que apenas a enchente do rio
Cem vezes hei visto crescer e baixar...
Já restam bem poucos dos teus, qu’inda possam
Dos seus, que já dormem, os ossos levar.

Teus filhos valentes causavam terror,
Teus filhos enchiam as bordas do mar,
As ondas coalhavam de estreitas igaras,
De frechas cobrindo os espaços do ar.

Já hoje não caçam nas matas frondosas
A corça ligeira, o trombudo quati...
A morte pousava nas plumas da frecha,
No gume da maça, no arco Tupi!

O Piaga nos disse que em breve seria,
A que nos infliges cruel punição;
E os teus inda vagam por serras, por vales,
Buscando um asilo por ínvio sertão!

Tupã, ó Deus grande! descobre teu rosto:
Bastante sofremos com tua vingança!
Já lágrimas tristes choraram teus filhos,
Teus filhos que choram tão grande tardança.

Descobre o teu rosto, ressurjam os bravos,
Que eu vi combatendo no albor da manhã;
Conheçam-te os feros, confessem vencidos
Que és grande e te vingas, qu’és Deus, ó Tupã!

Entendendo a poesia:

01 – Chamamos de apóstrofe uma figura que consiste ao dirigir-se o orador ou escritor a uma pessoa ou coisa real ou fictícia, interpelando-a, ou seja, dirigindo-lhe a palavra para perguntar alguma coisa, demandando explicações. No texto a quem é feita a apóstrofe?
a) A Tupã
b) A Anhangá
c) Ao povo Tupi
d) Ao Piaga.

02 – Deprecação é uma súplica, uma rogativa. No texto, ao mesmo tempo em que é feita a apóstrofe, fica registrado o motivo da súplica que é:
a) agradecimento a Tupã pelas vitórias conquistadas
b) pedido de apoio para vingar os inimigos
c) trazer boa sorte para suas plantações.
d) conseguir fartura para o povo Tupi.

03 – Anhangá é, segundo o léxico tupi, o gênio mau da floresta; o representante da força do mal, de acordo com a concepção indígena. Para o índio que suplica, qual mal fez Anhangá?
a) Trouxe enchentes que inundaram suas tribos
b) Eliminou as caças com as quais eles se alimentavam.
c) Permitiu a chegada de inimigos que dizimaram as tribos.
d) Tirou a valentia e coragem dos seus guerreiros.

04 – Na narrativa, há situações anteriores e posteriores ao mal provocado por Anhangá. Assinale o dado que revela uma situação do presente que incomoda o índio suplicante.
a) “Teus filhos valentes... quão fortes que os vi”
b) “...enchiam as bordas do mar”
c) “A morte pousava nas plumas da frecha”
d) “Já restam bem poucos”.

05 – Piaga ou pajé era o nome dado ao responsável pela ligação da tribo com as forças divinas, exercendo as funções de sacerdote, médico, adivinho e cantor. O que o Piaga assegurou aos tupis sobre o mal que os abatia?
a) que a crise seria passageira
b) que todos sobreviveriam
c) que demoraria, mas sairiam vitoriosos
d) que nada havia para ser feito.

06 – Qual dos versos traz a expressão da cobiça do colonizador?
a) “Bastante sofremos com tua vingança”
b) “Teus filhos valentes, temidos na guerra”
c) “Trás do ouro correndo, vorazes, sedentos”
d) “E jazem teus filhos clamando vingança”.

07 – Quem é o “eu” que fala no poema? A quem se dirige a ele?
      É um índio, que se dirige à Tupã.

08 – Passe os versos 3 e 4 para a ordem direta.
      E teus filhos jazem clamando vingança da perda infeliz dos bens que lhes deste.

09 – Qual é o motivo da deprecação?
      A destruição que os homens brancos estão provocando entre os índios.

10 – Que imagem usa o eu lírico pra dizer que Tupã parece não querer ver o que se passa com seu povo?
      “... cobriste o teu rosto / Com denso velame de penas gentis...”.

11 – “Já lágrimas tristes choraram teus filhos, / Teus filhos que choram tão grande mudança”. A que mudança se refere o texto?
      Mudança da sorte, do destino. Antes, os índios viviam felizes e livres; agora, estão sendo perseguidos e destruídos.

12 – Quem são “os homens que o raio manejam cruentos”? A que “raio” se refere o eu lírico?
      São os invasores brancos, os europeus; o “raio” é a arma de fogo.

13 – Que males provocam esses homens?
      O fim da caça, a morte dos guerreiros, a perda das terras, da liberdade.

14 – Qual divindade é relacionada a esses homens? Por quê?
      Anhangá, pois esses homens são vistos como mensageiros do mal.

15 – Com que objetivo o eu lírico relembra o passado de seu povo?
      Para destacar ainda mais a tragédia do presente.

16 – Passe para a ordem direta estes versos: “O Piaga nos disse que em breve seria, / A que nos infliges cruel punição”.
      O Piaga nos disse que seria breve a cruel punição que nos infliges.

17 – Na visão do eu lírico, qual é a única esperança de salvação para seu povo?
      A intervenção de Tupã.




sábado, 31 de março de 2018

POEMA: O CANTO DO GUERREIRO - GONÇALVES DIAS - COM GABARITO

Poema: O CANTO DO GUERREIRO
                                                     Gonçalves Dias



I                                                                              II
Aqui na floresta                                       Valente na guerra
Dos ventos batida                                    Quem há, como eu sou?
Façanhas de bravos                                Quem vibra o tacape
Não geram escravos                               Com mais valentia?
 Que estimem a vida                               Quem golpes daria
Sem guerra e lidar                                   Fatais, como eu dou?
- Ouvi-me, guerreiros                               - Guerreiros, ouvi-me;
- Ouvi meu cantar.                                   – Quem há, como eu sou?

III                                                                            IV
Quem guia nos ares                               Quem tantos inimigos
A flecha emplumada                               Em guerras pegou?
Ferindo uma presa                                 Quem canta seus feitos
Com tanta certeza                                  Com mais energia?
Na altura arrojada                                   Quem golpes daria
Onde eu mandar?                                   Fatais como eu dou
-Guerreiros, ouvi-me                               - Guerreiros ouvi-me;
- Ouvi meu cantar.                                  – Quem há, como eu sou?
                                                                                                                                                                                  Entendendo o poema:
01 – Não é característica do texto lido:
     a) A idealização do índio com destaque para a exaltação das suas qualidades, sua força e valentia.
     b) A constituição típica do herói romântico perfeito.
     c) A tonalidade épica assumida pelo discurso.
     d) A utilização de versos curtos, o que aproxima o texto da poesia oral popular.
     e) A irregularidade rítmica.

02 – Percebe-se pelo vocábulo selecionado e combinado que o poeta constrói o personagem herói através de:
     a)  Antíteses e hipérboles.
     b)  Metáforas e antíteses.
     c)  Hipérboles e comparações.
     d) Comparações e metonímias.
     e) Paradoxos e hipérboles.

03 – O texto é representativo da 1ª Geração Romântica. Justifique a afirmativa.
      O texto é representativo da 1ª Geração Romântica, por tematizar o heroísmo do índio com a tonalidade do exagero sentimental patriótico.

04 – Com base nos textos I e II, relacione três características que marcaram essa 1ª Geração:
          a) Temática nacionalista – o índio.
          b) Presença do sentimento idealizador.
          c) Construção do personagem heroicizado.


sábado, 28 de janeiro de 2017

POEMA: CANÇÃO DO EXÍLIO - GONÇALVES DIAS - COM GABARITO

  CANÇÃO DO EXÍLIO
  Gonçalves Dias

Minha terra tem palmeiras,                                      Minha terra tem primores,
Onde canta o Sabiá;                                                    Que tais não encontro eu cá;
As aves, que aqui gorjeiam,                                       Em cismar – sozinho, à noite –
Não gorjeiam como lá.                                                Mais prazer encontro eu lá:
Nosso céu tem mais estrelas,                                    Minha terra tem palmeiras,
Nossas várzeas têm mais vida,                                  Onde anta o sabiá.
Nossos bosques têm mais vida,                                Não permita Deus que eu morra,
Nossa vida mais amores.                                            Sem que volte para lá:
Em cismar, sozinho, à noite,                                      Sem que desfrute os primores
Mais prazer encontro eu lá:                                       Que não encontro por cá:
Minha terra tem palmeiras,                                        Sem qu´inda  aviste as palmeiras,
Onde canta o sabiá.                                                      Onde canta o sabiá
                                                                 DIAS, Gonçalves. Obra poéticas de Antônio Gonçalves dias.
                                                                                          São Paulo: Companhia Edito Nacional, 1944.

1 -   Que visão de pátria é apresentada no poema? Confirme sua resposta transcrevendo dois versos do texto em seu caderno.
     Uma visão positiva e idealizada da pátria (Brasil). “Minha terra tem primores”; “Nossos bosques têm mais vidas/Nossa vida mais amores”.

2 -   No poema, as palavras “lá” e “cá” aparecem repetidamente. O que elas representam para o eu poético?
     O lugar deixado para trás (a pátria) e o lugar em que o eu poético se encontra no momento em que sente saudades.

3 -   Apesar de se referir ao próprio país, o Brasil, podemos considerar universal a maneira como o poeta vive seu sentimento em relação à pátria. Por quê?
     Porque muitas pessoas, de diferentes culturas e países, experimentam a sensação de saudades da terra de origem quando vivem em outro lugar. Assim como Gonçalves Dias, inúmeros poetas “cantaram” o exílio.

4 -   Como você interpretaria a repetição da expressão “Minha terra tem...”?
     Ela dá ênfase àquilo que a pátria tem, `aquilo que ela é. Ou seja, o poema valoriza a pátria.

5 -   Transcreva, em seu caderno, os versos do poema que podem ilustrar os seguintes sentimentos:
a)      Desilusão.
Resposta possível: “AS aves, que aqui gorjeiam, / não gorjeiam como lá”.

b)      Encantamento.
Resposta possível: “Nosso céu tem mais estrelas, / Nossas várzeas têm mais flores”.

6 -   Alguns versos do poema de Gonçalves Dias podem ser relacionados a trechos do “Hino Nacional Brasileiro”, escrito 63 anos depois, em 1909. Identifique esses versos e transcreva-os em seu caderno.
     “Nossos bosques têm mais vida”, / “Nossa vida” no teu seio “mais amores”.