sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

HISTÓRIA: ROBINSON CRUSOÉ -(FRAGMENTO) - DANIEL DEFOE - COM GABARITO

 História: Robinson Crusoé – (Fragmento)

                 Daniel Defoe

       [...] Deixando que soubessem de mim como quisesse o acaso, sem pedir a bênção de Deus ou de meu pai, sem qualquer consideração das circunstâncias ou consequências, e em má hora, Deus o sabe, a 1º de setembro de 1651, subi a bordo de um navio com destino a Londres. Acredito que jamais os infortúnios de um jovem aventureiro começaram mais cedo, ou se prolongaram tanto como os meus. Mal o navio deixara o Humber, o vento começou a soprar e as ondas cresceram assustadoramente; como eu jamais estivera no mar, fiquei indescritivelmente enjoado e em pânico. Comecei então a refletir com seriedade sobre o que fizera, sobre quão justamente estava sendo surpreendido pelo juízo do Céu, pela forma perversa como fugira da casa de meu pai e abandonara meu dever. Todos os bons conselhos recebidos, as lágrimas de meu pai e as súplicas de minha mãe retornaram vividamente ao meu espírito, e minha consciência, que ainda não fora reduzida ao grau de insensibilidade que atingira desde então, censurou-me por desprezar o conselho e transgredir o dever para com Deus e com meu pai.

        Tudo isso enquanto a tempestade recrudescia, e o mar, no qual eu nunca estivera antes, subia muito alto, embora sequer se comparasse com o que vi muitas vezes mais tarde. Não, nem com o que vi poucos dias depois, mas naquele momento foi o bastante para impressionar-me, eu que não passava de um jovem marinheiro e jamais soubera coisa alguma a esse respeito. Temia que cada onda fosse nos engolir, e sempre que o navio caía, como eu pensava, no abismo cavado pelas ondas, achava que não viríamos mais à tona. Em meio a essa agonia fiz muitas juras e promessas: se Deus houvesse por bem poupar-me a vida nessa única viagem, se um dia eu tornasse a pôr o pé em terra firme enquanto vivesse, iria diretamente para a casa de meu pai e jamais me precipitaria de novo em desgraças como essas. Agora eu enxergava claramente o acerto de suas observações acerca da situação intermediária na vida, como ele vivera todos os seus dias com tanto sossego, tanto conforto e jamais fora exposto a tempestades no mar ou dificuldades em terra; e resolvi que, como um verdadeiro pródigo arrependido, retornaria à casa paterna.

        Estes sábios e sóbrios pensamentos prolongaram-se durante todo o tempo que durou a tempestade, na verdade, um pouco mais, mas no dia seguinte o vento amainara, o mar estava mais calmo, e comecei a habituar-me com ele. No entanto, eu estava muito abatido em razão de tudo que me acontecera no dia anterior e também ainda um pouco indisposto. Mas ao fim da tarde o tempo clareou, quase não havia mais vento, e seguiu-se um lindo e agradável entardecer. O sol se pôs perfeitamente claro e assim se ergueu na manhã seguinte. Havendo pouco ou nenhum vento, o mar tranquilo e o sol luzindo acima dele, o panorama pareceu-me o mais encantador que já me fora dado vislumbrar.

        Eu dormira bem à noite e agora já não estava enjoado, ao contrário: cheio de ânimo, olhava maravilhado para o mar, tão encrespado e terrível no dia anterior e capaz de mostrar-se tão plácido e agradável pouco tempo depois. Então, temendo que perseverasse nos meus bons propósitos, meu companheiro – que na verdade me instigara a partir – aproximou-se de mim.

        – Então, Bob – diz ele, apertando meu ombro –, como é que você está se sentindo? Garanto que ficou assustado com aquele vento que bateu na noite passada, não?

        – Você chama aquilo de vento? – disse eu. – Foi uma tempestade terrível.

        – Tempestade, não seja bobo – retruca ele –, você chama aquilo de tempestade? Ora, aquilo não foi nada. Basta termos um bom barco e espaço de manobra e nem ligamos para um ventinho desses, mas você é marinheiro de primeira viagem, Bob. Venha, vamos fazer um ponche e esquecer tudo. Veja só que tempo lindo está fazendo agora!

Daniel Defoe. As aventuras de Robinson Crusoé. Trad. por Albino Poli Jr. Porto Alegre: L&PM, 2008. p. 13-15.

        Fonte: Língua Portuguesa – Português – Apoema – Editora do Brasil – São Paulo, 2018. 1ª edição – 6° ano. p. 146-9.

Entendendo a história:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Humber: área na costa leste da Norte da Inglaterra onde vários rios deságuam no mar. Trata-se de um estuário, ou seja, uma grande faixa de deságuas.

·        Amainar: tornar brando, calmo, sereno; acalmar-se.

02 – Compare um trecho da tradução original do Capítulo I [I] com um trecho da adaptação feita por Monteiro Lobato [II].

I – Comecei então a refletir com seriedade sobre o que fizera, sobre quão justamente estava sendo surpreendido pelo juízo do Céu, pela forma perversa como fugira da casa de meu pai e abandonara meu dever. Todos os bons conselhos recebidos, as lágrimas de meu pai e as súplicas de minha mãe retornaram vividamente ao meu espírito [...]. Em meio a essa agonia fiz muitas juras e promessas: [...] e resolvi que, como um verdadeiro pródigo arrependido, retornaria à casa paterna.”

II – “Lembrei-me então de casa e das palavras de minha mãe. – Se escapo dessa – disse comigo – outra não me pilha. Chega de ser marinheiro. Só quero agora uma coisa – voltar para casa e nunca mais deixar a companhia dos meus pais”.

a)   O texto adaptado usa o mesmo vocabulário do texto original? Que diferenças você nota?

Não, o texto adaptado utiliza um vocabulário mais usual, com palavras mais conhecidas e comuns. O texto original usa palavras desconhecidas e menos usuais.

b)   Pela observação, como a adaptação interfere no modo de apresentar as ideias?

A adaptação torna o texto mais curto, usa palavras mais comuns e simplifica a narrativa.

03 – Leia dois trechos do texto original.

I – “[...] a tempestade recrudescia, e o mar, no qual, eu nunca estivera antes, subia muito alto [...]”.

II – “[...] Temia que cada onda fosse nos engolir, e sempre que o navio caía, como eu pensava, no abismo cavado pelas ondas, achava que não viríamos mais à tona. [...]”.

a)   Volte ao texto do Capítulo I e identifique de que modo Monteiro Lobato adaptou esse trechos originais.

I – “O navio era jogado em todas as direções, como se fosse casca de noz. Nunca supus que tempestade fosse assim. Toda a noite o vendaval soprou e nos judiou”; II – “A manhã rompeu e a tempestade inda ficou pior que de noite”.

b)   Que marcas, no original e na adaptação, mostram a intensidade da tempestade?

Em I, as palavras recrudescia, engolir e abismo indicam a força da tempestade. Em II, a comparação do navio com casca de noz, a descrição do navio jogado em todas as direções e o advérbio pior mostram a intensidade da tempestade.

c)   Imagine que você seja o adaptador do trecho I e tenha de adaptá-lo a leitores adolescentes, com idades próximas à sua.

·        Como você o reescreverá?

Resposta pessoal do aluno.

·        Que linguagem usará? Se for preciso, consulte um dicionário.

Resposta pessoal do aluno.

04 – Compare mais uma vez dois trechos das versões original [I] e adaptada [II], que descrevem o estado do mar durante e após a tempestade.

I – “[...] olhava maravilhado para o mar, tão encrespado e terrível no dia anterior e capaz de mostrar-se tão plácido e agradável pouco tempo depois. [...]”.

II – “As ondas perderam a fúria. O navio foi parado de pinotear. [...]

      [...] o céu fez-se todo azul e o mar parecia um carneirinho, de tão manso”.

a)   De que modo os textos caracterizam o mar durante a tempestade?

O texto original qualifica o mar como “encrespado e terrível”, o texto adaptado sugere que o mar estava em “fúria” durante a tempestade.

b)   E depois da tempestade? Como os textos caracterizam o mar?

O original mostra que ficou “plácido e agradável” e a adaptação diz que ficou “manso como um carneirinho”.

c)   Compare os dois trechos e responda: Qual é o sentido da palavra plácido no trecho I?

Plácido significa “calmo”.

05 – Observe dois trechos da adaptação.

        “[...] O navio era jogado em todas as direções, como se fosse casca de noz. [...]”

        “[...] o céu fez-se todo azul e o mar parecia um carneirinho, de tão manso. [...]”.

a)   De que modo a adaptação mostrou como estava o navio durante a tempestade e como ficou o mar depois dela?

Por meio de comparações. Comparou o navio com uma casca de noz e o mar com um carneirinho.

b)   Que efeito esse recurso cria na narrativa?

Torna a narrativa mais concreta.

c)   Por que o adaptador usou esse recurso?

Para que o leitor possa compreender os acontecimentos narrados.

06 – O vocabulário do texto original usa palavras menos comuns. Reescreva as passagens a seguir, de modo a adaptar a história ao público infanto-juvenil. Para isso, substitua as palavras assinaladas por outras de sentido equivalente, após consultar o quadro com opções abaixo.

        Pedidos – brilhando – sofrimentos – levantou – entrever.

a)   “Acredito que jamais os infortúnios de um jovem aventureiro começaram mais cedo, ou se prolongaram tanto como os meus”.

Sofrimentos.

b)   “Todos os bons conselhos recebidos, as lágrimas de meu pai e as súplicas de minha mãe retornaram vividamente ao meu espírito”.

Pedidos.

c)   “O sol se pôs perfeitamente claro e assim se ergueu na manhã seguinte”.

Levantou.

d)   “Havendo pouco ou nenhum vento, o mar tranquilo e o sol luzindo acima dele, o panorama pareceu-me o mais encantador que já me fora dado vislumbrar”.

Brilhando – entrever.

07 – Por meio da comparação do original com a adaptação, faça as atividades a seguir.

a)   Resuma as ideias principais, o enredo da história.

Um jovem resolve sair pelo mundo em busca de aventura. Foge da casa dos pais e embarca em um navio. Em primeira viagem, passa por uma tempestade que o deixa muito assustado e faz arrepender-se de ter embarcado. Ele promete a si mesmo, então, que voltará para casa.

b)   Para resumir a história, em qual das versões você se baseou?

Resposta pessoal do aluno.

08 – Com base nas observações feitas, caracterize cada um dos textos, o original e o adaptado, em relação:

a)   Ao detalhamento das descrições de personagens e situações.

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: no texto original, há mais detalhes sobre personagens e situações; além dos adjetivos, a narrativa conta também com advérbios que favorecem a caracterização de personagens e situações; e, no texto adaptado, a narrativa é apresenta por meio de períodos mais curtos, contando com adjetivos, mas sem muitos advérbios. Caso tenham dificuldades, apresente alguns trechos como exemplo e indique essas diferenças.

b)   À linguagem empregada.

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: o texto original recorre a um léxico e a uma organização discursiva mais adequada ao contexto em que foi escrito e ao momento de produção da obra (1719). O texto adaptado considera a faixa etária a que se destina e também as características contextuais consideradas por Monteiro Lobato.

09 – Com base na comparação entre as duas versões do texto, responda às questões a seguir.

a)   Há diferenças entre o público-alvo de cada texto? Explique sua resposta.

Sim. O texto original, por ter uma linguagem mais rebuscada e maior detalhamento de personagens e situações, portanto, exige do leitor mais maturidade e experiência de leitura. A adaptação, por ser mais simples e ter um vocabulário casual, destina-se aos jovens leitores, ainda em formação.

b)   Você já leu outros textos adaptados? Para você, qual é a função das adaptações?

Resposta pessoal do aluno.

10 – Faça uma pesquisa na internet e descubra outras obras clássicas adaptadas para HQ digitando “obras adaptadas para HQ” na barra de pesquisa do navegador. Compartilhe suas descobertas com os colegas e o professor.

      Resposta pessoal do aluno.

PINTURA: CARROSSEL - MILTON DACOSTA - COM GABARITO

 Pintura: Carrossel

             Milton Dacosta

Fonte da imagem -  https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhKAAYqNF9DOs5hGc_ess8WbZmqVQpehtxzYkCsOz_3pF20Ul88hWfccNoWMqumn7ArgFP9izcM4S5QSNoj3h6tW3nL_9AMsMqJXDKBpebWq2KQwJ1nE6ULWR251__MfHtVMSCSx4d-C_UZFfVBt8B2NMf3V6yWPZ1-McqScYvJsL4iZwlIXkEWDqAt=s249

Milton Dacosta. Carrossel, 1945. Óleo sobre tela, 39 cm x 47 cm. Coleção particular.

Fonte: Língua Portuguesa – Português – Apoema – Editora do Brasil – São Paulo, 2018. 1ª edição – 6° ano. p. 114-5.

Entendendo a pintura:

01 – Observe a reprodução de uma pintura do brasileiro Milton Dacosta (Niterói, 1945 – Rio de Janeiro, 1988). O que você vê na imagem? Descreva-a com detalhes, apontando as figuras, ações e cores que chamam sua atenção.

      Um carrossel, com uma menina sobre um cavalo vermelho – em destaque – com as mãos soltas e os cabelos esvoaçantes. Há um menino no cavalinho de trás outra criança à frente da menina, todos com as mãos soltas dos cavalinhos.

02 – Onde costuma acontecer uma cena como essa?

      Em um parque de diversões.

03 – Você já experimentou o brinquedo representado na pintura?

      Resposta pessoal do aluno.

04 – Numa pintura, a cena representada é resultado do trabalho do artista, que mistura experiência, imaginação e o conhecimento sobre os materiais e as técnicas. Na pintura analisada, qual foi o resultado final dessa mistura? Você gostou? Por quê?

      Resposta pessoal do aluno.

 



PEÇA TEATRAL: MAROQUINHAS FRU-FRU RECEBE UMA SERENATA - MARIA CLARA MACHADO - COM GABARITO

 Peça Teatral: MAROQUINHAS FRU-FRU RECEBE UMA SERENATA

  Maria Clara Machado

Personagens: Maroquinhas, Zé Meloso, Guarda Pedrito, empregados.

Cenário: Uma praça com uma a casa de Maroquinhas ao fundo. Uma janela com cortina leve. É noite. (Surge Zé Meloso com grande capa preta e chapéu de abas. Sob a capa, um violão).

Ato único

        ZÉ MELOSO: Onde será? Onde será a casa dela? É aqui. Não. Sei que é o número 35, mas está tão escuro que nada vejo. Sinto cheiro de jasmim... Ouço um suspiro forte de moça. De onde virá? Daqui? Não, este ainda não é o número 35. É o 33. Diga 33, Zé Meloso, para ver se acalma o seu coração. Estou perto, 33, 34, eis o 35. Vou começar a agir agora mesmo. E vocês verão que de Zé Meloso ninguém ganha. (Cantando). Ai! Ai! Quem tem cavanhaque é bode. Com Zé Meloso ninguém pode! (Joga a capa preta na beira do palco e tira um violão).

       Lá... lá... lá... (Cantando) Ma... Ma... Ma... roquinhas... Maroquinhas...

        Meu morango, minha uva, meu abacate,

        Meu chuchu, meu repolhinho, meu mamão,

        Teus olhinhos

        Me derretem o coração.

        Oh! Beleza encantadora... Oh! Senhora... Fru-Fru! Fru das fru-tas... (pausa) Vejo luz no quarto da minha bela, oh! Oh!

        MAROQUINHAS: (aparecendo à janela) Oh! Desconhecido, de onde vindes? Quem sois vós que a esta avançada hora vindes despertar-me dos meus sonhos?

        ZÉ MELOSO: Sou o Zé de Sousa Meloso, vim de Minas Gerais, e trouxe para a senhora lindos presentes da minha terra. Um filhote de zebu, um santinho de pedra-sabão, e uma água-marinha. E trago ainda um pote de melado, um papagaio falador e um xale de tricô.

        MAROQUINHAS: Um pote de melado! Oh, senhor Meloso, que delicadeza! Estava mesmo sonhando com um pote de melado... Um papagaio! Um xale de tricô! Ai, meu Deus!

        ZÉ MELOSO: Então sonhavas comigo! (Noutro tom) Que perigo!

        MAROQUINHAS: Nem tanto, senhor, nem tanto!

        ZÉ MELOSO: E agora, minha empada, meu tutu, meu pastelão,

        Minha rosa, meu cravo, meu jasmim

        Comecem a música, pi-rim-pim-pão...

        E tragam os presentes, pi-rim-pim-pim...

        (Começam a desfilar os presentes trazidos pelos criados). (Pedrito, o guarda, aparece num canto e fica muito surpreso).

        PEDRITO: (Para o público). Que vejo, meu Deus, que vejo! Será um ladrão? Sou o guarda Pedrito e tenho que vigiar a casa de Maroquinhas Fru-Fru. Oh! É uma serenata. Vou me esconder.

        MAROQUINHAS: Oh, senhor Meloso! Que presentes tão lindos!

        ZÉ MELOSO: E agora, minha senhora Fru-Fru, posso começar a serenata?

        MAROQUINHAS: Pode, sim.

        ZÉ MELOSO: Vim de longe do sertão,

        Passei serra, passei mundo,

        Tô cansado, tô imundo,

        Queridoca, tô aqui

        Pra pedir a sua mão.

        (Noutro som) Senhora vim pedi-la em casamento.

        MAROQUINHAS: Oh! Oh! Oh!

        PEDRITO: (Para o público): Em casamento! Ora, vejam só!

        ZÉ MELOSO: Sou solteiro, batizado e vacinado, tenho casa com jardim e galinheiro. Senhora Fru-Fru, quer casar comigo? (Noutro tom) Também tenho dinheiro.

        MAROQUINHAS: Oh, senhor... senhor! Sou noiva... (Bem melodramática).

        PEDRITO (Aliviado): Ah!

        ZÉ MELOSO: Quem é o noivo?

        MAROQUINHAS: O guarda Pedrito.

        PEDRITO (Para o público): Eu.

        ZÉ MELOSO: O guarda Pedrito? Há... Ha... Ha... (rindo).

        PEDRITO (Com um pau na mão):Há... há... há... o quê?

        ZÉ MELOSO (Sempre sem ver Pedrito): Aquele guarda é um bobão...

        MAROQUINHAS: Oh!

        ZÉ MELOSO: Que nem sabe tocar violão!

        MAROQUINHAS: Ah! Isto é verdade.

        PEDDRITO: Oh!

        ZÉ MELOSO: E nem sabe cantar as modinhas da cidade.

        MAROQUINHAS: Ah! Isto é verdade.

        PEDRITO: Oh!

        ZÉ MELOSO: E nem sabe dar lindos presentes.

        MAROQUINHAS: Isto é verdade.

        ZÉ MELOSO: Ele por acaso já deu tão ricos presentes?

        MAROQUINHAS: Somente um saco de pipocas. (Sempre com voz declamatória).

        ZÉ MELOSO: E estavam gostosas?

        MAROQUINHAS: De-li-ci-o-sas...

        ZÉ MELOSO: Espere um pouco (Sai de cena e volta logo depois, seguido de um empregado, carregando um enorme saco de pipocas).

        MAROQUINHAS: (Içando o saco e provando as pipoca): Estas também estão deliciosas!

        ZÉ MELOSO: Senhora Fru-fru, em nome dessas pipocas, quer se casar comigo?

        MAROQUINHAS: Não posso, senhor, não posso. (Declamando) Sou n-o-i-v-a...

        ZÉ MELOSO: O guarda Pedrito não sabe jogar futebol, sabe?

        MAROQUINHAS: Não, ele não sabe.

        ZÉ MELOSO: E, ainda por cima, o guarda Pedrito é um grande medroso.

        MAROQUINHAS: Ah, isso não... O guarda Pedrito é o guarda mais corajoso do mundo. E o senhor pode ir embora, está ouvindo? Ninguém pode chamar o guarda Pedrito de Medroso. (Entra e fecha a janela).

        ZÉ MELOSO: Senhora Fru-Fru, senhora Fru-Fru... Volte, que eu também sou corajoso...

        PEDRITO: (Entrando em cena) Se é corajoso, prepare o muque.

        ZÉ MELOSO: (Fugindo) O guarda Pedrito... Ui... Ui... (Pedrito persegue Meloso, iniciam um jogo de esconde-esconde até que brigam. [...] dirigi-se depois para a janela de Maroquinha).

        PEDRITO (com voz doce): Maroquinhas... Maroquinhas... Apareça, minha querida.

        VOZ DE MAROQUINHAS: Já disse, senhor Meloso, que não quero nada com o senhor...

        PEDRITO: (Para o público) Ela está pensando que eu sou o Meloso. Sou eu, Maroquinhas, sou eu o guarda Pedrito.

        MAROQUINHAS: E ainda por cima querer passar pelo guarda Pedrito. Imitando a voz dele. Espere aí, que você aprenderá. (Aparece com um vaso-d’água e derrama em cima de Pedrito, jogando, a seguir, o vaso em sua cabeça) E agora vá-se embora, senhor Meloso... Homem audacioso.

        PEDRITO: Ui... Ui... (Cambaleia e desmaia).

        MAROQUINHAS: (Percebendo o que fez) Oh! É o Pedrito... Oh, que fiz? Será que quebrei o seu nariz? (Sai da janela e desce em cena).

        PEDRITO: Ai... Ai...

        MAROQUINHAS: Aqui estou, meu formoso... Tudo por causa do Meloso. (Abana Pedrito) Será que ele morreu? Acorde, acorde, Pedrito, que eu entro num faniquito.

        PEDRITO: Ai... Ai...

        MAROQUINHAS: Oh! Ele está vivo... Acorde, acorde, meu herói...

        PEDRITO: (Levantando-se) Ai, minha cabeça, como dói...

        MAROQUINHAS: Oh! Pedrito, vamos passear, vamos ao parque.

        PEDRITO: Comprar pipocas?

        MAROQUINHAS: Sim, pipocas. Vamos. Pedrito, vamos logo. São tão gostosas as pipocas do parque...

        PEDRITO: Maroquinhas... Maroquinhas.

        MAROQUINHAS: Que é, Pedrito?

        PEDRITO: (Envergonhado) Eu... Eu tenho uma surpresa para você...

        MAROQUINHAS (Curiosa): O que é Pedrito?

        PEDRITO: (Envergonhadíssimo) Sabe Maroquinhas... Eu fiz um verso para você... (Dá uma corridinha e volta encabulado).

        MAROQUINHAS (Deslumbrada) Oh! Pedrito, diga. Diga logo, Pedrito... Deve ser tão bonito...

        PEDRITO: Então lá vai:

        Quando o Meloso vi em tua janela,

        Confesso que fiquei bastante aflito,

        Mas logo vi que o maior amor no mundo

        É só de Maroquinhas e de Pedrito...

        MAROQUINHAS: Lindo... Lindo, Pedrito, profundo... Você é o poeta melhor do mundo... E o melhor guarda-noturno!

        PEDRITO: Vamos passear? Meu bem?

        MAROQUINHAS: Vamos, Pedrito, vamos comer pipocas.

        (Os dois saem, de braços dados). VOZ AO LONGE: Olha o pipoqueiro... PANO – FIM.

                       Maria Clara Machado. A aventura do teatro & Como fazer teatrinho de bonecos. 2. Ed. Rio de Janeiro: Singular, 2009. p. 112-120.

Fonte: Língua Portuguesa – Português – Apoema – Editora do Brasil – São Paulo, 2018. 1ª edição – 6° ano. p. 81-6.

Entendendo a peça teatral:

01 – As personagem de uma peça situam-se em determinado lugar e época.

a)   Quais são as personagens da peça?

Zé Meloso, Maroquinhas, Pedrito e empregados.

b)   Onde a ação se passa?

Em uma praça em frente à casa de Maroquinhas.

c)   Que cenário você criaria para encenar esse texto?

Resposta pessoal do aluno.

d)   Em que época está situada a história da peça?

No texto não há indicação do momento em que tudo ocorre. Isso pode significar que a história é atemporal, sendo possível ocorrer em qualquer época.

e)   Em sua opinião, a peça é séria ou descontraída? Leva o espectador a rir ou chorar? Justifique sua resposta.

Resposta pessoal do aluno.

02 – Observe atentamente o nome das personagens.

a)   O que sugere o sobrenome Meloso? Leia os significados da palavra, que é um adjetivo, em um dicionário on-line.

Meloso adj.

[...]

1.   Doce.

2.   Semelhante ao mel.

3.   Que chora ou se comove por qualquer ninharia. = PIEGAS

4.   Que suscita comoção ou sensibilidade. = PIEGAS.

Plural: melosos [ó].

     [...].

Dicionário Priberam da língua portuguesa. (on-line), 2008-2013. Disponível em: www.priberam.pt/dlpo/meloso. Acesso em: 9 abr. 2018.

·        Qual ou quais desses sentidos mostram a relação entre sobrenome de Zé Meloso e a personalidade dele? Justifique sua resposta.

Os sentidos 3 e 4. Zé Meloso quer agradar, mas suas palavras não são adequadas; ele exagera para comover Maroquinhas e acaba sendo piegas. (Com excesso de sentimentalismo).

b)   Você já ouviu a palavra Fru-Fru? Veja algumas acepções desse verbete.

Fru-fru [...] sm. 1. Pop. Aquilo que é infantilizado, ingênuo [...]. 2. Pop. Conjunto de enfeites, babadinhos, etc. com que se ornam as roupas. 3. Rumor de folhas ou tecido, ger. De seda.

                     Caldas Aulete. Minidicionário contemporâneo da língua portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Lexicon, 2009. p. 388.

·        Que relação há entre o significado de fru-fru e o modo como Maroquinhas é caracterizada?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A palavra “Pop”, significa “popular”, ou seja, são os significados com que a palavra fru-fru é usada. Maroquinhas é frágil, fala de modo melodramático e é caracterizada como uma mulher cheias de fru-frus.

c)   Pedrito é diminutivo de Pedro, nome que se relaciona a pedra. Que contraste há entre os nomes Zé Meloso e Pedrito?

Zé Meloso é piegas e medroso. Pedrito é duro como a pedra e corajoso. O uso do diminutivo, entretanto, acrescenta suavidade à personagem.

03 – Volte ao início do texto e releia a cena da chegada de Zé Meloso.

a)   De onde ele vinha?

De Minas Gerais.

b)   O que ele pretendia fazer?

Conquistar Maroquinhas.

c)   De acordo com as informações do texto, é possível supor que Zé Meloso já conhecia Maroquinhas? Explique sua resposta.

Sim. Zé Meloso sabia o endereço de Maroquinhas e já a amava.

d)   Maroquinhas já conhecia Zé Meloso? Justifique sua resposta.

Não, pois ela o chama de desconhecido.

04 – Para tentar conquistar Maroquinhas, Zé Meloso usa várias estratégias.

a)   O que ele trouxe para Maroquinhas?

Ele trouxe vários presentes da terra dele: Um filhote de zebu, um santinho de pedra-sabão, uma água-marinha, um pote de melado, um papagaio falador e um xale de tricô.

b)   O que ele disse que tinha?

Uma casa com jardim e galinheiro, além de dinheiro.

c)   Quais são os talentos dele?

Sabe tocar violão, cantar e fazer versos.

d)   O que ele afirma sobre o guarda Pedrito?

Diz que é medroso e não dava presentes a Maroquinhas.

e)   Resuma as estratégias usadas por Zé Meloso em sua tentativa de conquistar Maroquinhas.

Ele traz presentes, exalta as próprias qualidades, mostra suas posses e aponta defeitos em Pedrito.

05 – Maroquinhas não aceitou a proposta de casamento.

a)   Por quê?

Porque era noiva de Pedrito e não aceitou que Zé Meloso falasse mal de seu noivo.

b)   O que isso prova em relação às estratégias de conquista de Zé Meloso?

Prova que as estratégias dele não foram boas, porque Maroquinhas não deu importância às posses, às qualidades do pretendente, nem aos presentes.

c)   O que você pensa da atitude de Maroquinhas?

Resposta pessoal do aluno.

06 – Releia o trecho a seguir.

        “[...] Diga 33, Zé Meloso, para ver se acalma o seu coração. Estou perto, 33, 34, eis o 35. Vou começar a agir agora mesmo. E vocês verão que de Zé Meloso ninguém ganha. (Cantando). Ai! Ai! Quem tem cavanhaque é bode. Com Zé Meloso ninguém pode! (Joga a capa preta na beira do palco e tira um violão). Lá... lá... lá... (Cantando) Ma... Ma... Ma... roquinhas... Maroquinhas...”. 

Além da fala da personagem, o que mais aparece no trecho?

      Orientações, entre parênteses, sobre sobre o que ele deve fazer: cantar e jogar a capa preta na beira do palco.

07 – No início do texto há indicações sobre as personagens.

a)   Localize as indicações para:

·        Maroquinhas: Dama loura, frágil, indefesa.

·        Zé Meloso: Poeta.

·        Pedrito, o guarda-noturno: Valente, noivo de Maroquinhas.

b)   Quais características você acrescentaria a cada personagem, depois de ter lido o texto e conhecido melhor cada uma delas?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Maroquinhas: sincera, fiel, leal. Zé Meloso: enrolador, conquistador, vaidoso. Pedrito guarda-noturno: desconfiado, corajoso, brigão.

08 – Chamam-se rubricas as instruções entre parênteses ao longo do texto ou antes dele. Leia as passagens a seguir e explique a função de cada rubrica.

-- Maroquinhas (Aparecendo à janela): Indica qual é o cenário e orienta a movimentação da personagem.

-- Maaroquinhas (Deslumbrada). Oh! Pedrito, diga. Diga logo, Pedrito... deve ser tão bonito: Explica a reação da personagem.

-- Pedrito Ui... Ui... (Cambaleia e desmaia): Orienta a movimentação do ator na cena.

-- Maroquinhas. Vamos, Pedrito, vamos comer pipocas. (Os dois saem, de braços dados): Orienta a movimentação dos atores na cena.

09 – Releia a fala de Pedrito e fique atento à rubrica.

        PEDRITO (Envergonhado): Eu... eu tenho uma surpresa para você...

a)   Por que Pedrito estava envergonhado?

Porque ele havia feito uns versos para Maroquinhas.

b)   Em outra passagem do texto, as rubricas indicam que o estado expresso por Pedrito na passagem acima deve ser acentuar. Localize tal passagem no texto e transcreva-a em seu caderno.

“PEDRITO (envergonhadíssimo): Sabe Maroquinhas... eu fiz um verso para você... (Dá uma corridinha e volta encabulado).”

c)   Indique, na nova rubrica, um sinônimo para envergonhado.

Encabulado.

d)   A indicação sobre o estado da personagem orienta o ator que estiver, representando o papel na encenação. Como você acha que o ator representaria essa cena?

Resposta pessoal do aluno.

10 – Releia a passagem a seguir e observe o verbete de dicionário com os significados da palavra “melodramático”:

        Maroquinhas: Oh! Senhor... senhor! Sou noiva... (Bem melodromática).

        Melodramático:

1.   Ref. A melodrama (gênero melodramático, repertório melodramático)

2.   Que, por envolver sentimentalização excessiva, apresenta características próprias de um melodrama: Ela adora criar situações melodramáticas.

a)   A indicação na rubrica recomenda que Maroquinhas se expressa de que modo?

A personagem deve expressar-se com sentimentalismo exagerado.

b)   Experimente dizer a fala de Maroquinhas em tom melodramático. Depois descreva de que modo projetou sua voz.

Resposta pessoal do aluno.

c)   Você já protagonizou ou presenciou uma situação melodramática? Conte como foi.

Resposta pessoal do aluno.

11 – Como as rubricas ajudam na encenação do texto?

      As rubricas orientam a encenação; elas indicam as reações e o movimento dos atores e explicam como a cena deve ser representada.

12 – Qual é a diferença entre o texto dramático que você leu e a encenação dele no palco?

      O texto é a descrição das falas e das rubricas. A encenação é a montagem da peça no palco.

 

 

 

 

 

CARTAZ: MONSTRUOSOS, MONSTRENGOS E MONSTRÓPOLIS - COM GABARITO

 Cartaz: Monstruosos, Monstrengos e Monstrópolis



          
Fonte: Língua Portuguesa – Português – Apoema – Editora do Brasil – São Paulo, 2018. 1ª edição – 6° ano. p. 91-2.

        Uma das partes que compõem a palavra é o radical, que indica o significado básico dela. Nas palavras monstruosos, monstrengos e Monstrópolis, mantém-se, no radical monstr-, o elemento mínimo que contém o sentido básico dessas palavras.

Entendendo o cartaz:

01 – Qual é o assunto da peça?

      A peça é sobre monstros.

02 – No título da peça, qual palavra se refere a um lugar?

      Monstrópolis.

03 – Explique por que você associou uma das palavras ao nome de um lugar?

      Resposta pessoal do aluno.

04 – Identifique o elemento que se repete em todas as palavras do título da peça e dê sua opinião sobre o sentido dessa repetição.

      O elemento é monstr-. Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A repetição reforça a ideia de um encontro de monstros; destaca a presença de muitos monstros; remete a uma cidade cheia de monstros; pode criar efeito de suspense, mistério, medo, etc.

05 – As personagens desenhadas no cartaz parecem assustadas ou assustadoras? Por quê? O que elas sugerem sobre a peça?

      As personagens não parecem nem assustadas nem assustadoras. A menina está sorrindo e os olhos do monstrinho são meigos, inofensivos. Sugerem que a menina e os monstros vão se entender no decorre da ação da peça.



CARTAZ: PASSA-ANEL - PROFESSORA MARCIA VALÉRIA - COM GABARITO

 Cartaz: Passa-anel



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Professora Marcia Valéria: Resgatando. Professoramarciavaleria.blogspot.com

Ruth Rocha. Almanaque Ruth Rocha. São Paulo: Moderna, 2011. p. 97.

Fonte: Língua Portuguesa – Português – Apoema – Editora do Brasil – São Paulo, 2018. 1ª edição – 6° ano. p. 97.

Entendendo o cartaz:

01 – Você conhece a brincadeira ensinada por Ruth Rocha? Parece interessante?

      Resposta pessoal do aluno.

02 – Observe as expressões “sentem em roda”, “vá passando suas mãos”, “Largue o anel”. Para que elas servem?

      Servem para dar instruções sobre a brincadeira.