sexta-feira, 17 de novembro de 2017

CRÔNICA: AMARREM OS CINTOS E NÃO FUMEM - CARLOS EDUARDO NOVAES - COM GABARITO

CRÔNICA:AMARREM OS CINTOS E NÃO FUMEM
                    Carlos Eduardo Novaes

“Atenção, senhores passageiros para o Leblon, queiram apresentar-se ao poste de embarque”. Me despedi rapidamente das duas tias, três primos, uma cunhada, ouvi as apressadas recomendações de minha mãe para que ficasse sempre atento olhando pela janelinha e antes de entrar ainda acenei dos degraus do ônibus. Instalei-me, obedecendo ao painel luminoso que dizia “aperte os cintos e não fume”. Logo depois o motorista acionou os motores, (…) e só não levantou voo pela Rua do Catete porque os engarrafamentos não deram espaço para a decolagem.
        Não tínhamos ainda nem fechado dez carros e o trocador veio à frente do ônibus explicando que como iríamos passar pela orla marítima teríamos que aprender – para qualquer emergência – a colocar o colete salva-vidas. O senhor ao meu lado ouvia atento o trocador. Pensei que talvez estivesse fazendo sua primeira viagem de ônibus.
        – É verdade, para o Leblon é a primeira. – E interrompido por uma brusca freada, aproveitou para perguntar se a viagem era toda assim.
        – Só nos sinais – respondi.
        – E tem muitos sinais até o Leblon?
        – Uns 500. Deve ter mais sinal do que rua.
        À minha frente, uma senhora quis saber do trocador se estávamos no horário. “Estamos atrasados uns quinze minutos” - disse ele. “E se não pegarmos mais do que seis congestionamentos poderemos chagar ao Leblon por volta das oito horas”. Para quebrar um pouco a tensão da viagem, aproveitei e perguntei à senhora o que iria fazer no Leblon.
        – Vou visitar uma tia. E o senhor?

        – Eu vou a negócios (se for bem sucedido – pensei, mas não disse – volto de táxi).
        Era evidente que o meu vizinho não estava preparado para a viagem. Quando abalroamos o terceiro carro, ameaçou saltar. Levantou-se, mas ao olhar para fora percebeu que estávamos em cima do viaduto. Ficou lívido. Querendo distraí-lo, ainda comentei: “É bonita a vista daqui, não?” – Ele não me ouviu. Estava preocupado com os roncos e os mais estranhos ruídos que saíam do ônibus: “Que barulho é esse?” indagou.
        – É do ônibus mesmo – disse um cidadão sentado atrás.
        – Mas esse ônibus está em péssimo estado – comentou meu vizinho.
        – É verdade – voltou o cidadão que gostava de frases feitas – mas não se esqueça que cada coletividade tem um coletivo que merece.
        A viagem prosseguiu normal, ou seja: cheia de solavancos, batidas, freadas súbitas e imprudências – a curva que fizemos ao entrar na Barata Ribeiro foi de deixar envergonhada a Esquadrilha da Fumaça. Às 11 horas, então, desembarcamos no Leblon. Antes do ônibus parar, observei pela janelinha que todos os meus parentes que moram no bairro estavam me aguardando. Me despedi do motorista, do trocador e desci à procura de um telefone.
        – Um telefone para quê? perguntou meu primo que pratica surf.
        – Pra avisar lá em casa que cheguei vivo.

CARLOS EDUARDO NOVAES. Travessia da Via Crucis.
Rio de Janeiro, Editorial Nórdica, 1975.

01 – Damos algumas definições através das quais você deve localizar, no texto, as palavras que se enquadram nelas.
a) pôr em movimento – Acionar.
b) beira, margem – Orla.
c) algo acontecido, ocorrido – Sucedido.
d) ir de encontro, chocar-se violentamente – Abalroar.
e) pálido – Lívido.
f) que surgem sem ser previstas – Súbitas.

02 – Ao dizer: “Atenção, senhores passageiros para o Leblon, queiram apresentar-se ao poste de embarque”, o Autor está ironizando, utilizando a forma de convocar os passageiros de outro veículo de transporte. Que veículo é esse?
      O avião.

03 – Em que outros momentos do texto o Autor compara, ironicamente, o ônibus ao avião? Transcreva os trechos.
      “Aperte o cinto e não fume”; “... e só não levantou voo pela Rua do Catete porque os engarrafamentos não deram espaço para a decolagem”; “... colocar o colete salva-vidas.”

04 – O que são frases feitas? Retire um exemplo do texto.
      São frases organizadas com determinadas palavras que encerram uma ideia. São também conhecidas como “ditos populares” tais como: “Cada macaco no seu galho”, “Quem ama o feio, bonito lhe parece”. No texto encontramos: “Cada coletividade tem o coletivo que merece”.

05 – O que o Autor entende por viagem normal, no texto?
      Viagem: “Cheia de solavancos, batidas, freadas súbitas e imprudências...”

06 – Que tipo de crítica faz o Autor no texto?
      Crítica: a velocidade exagerada dos ônibus, na cidade do Rio de Janeiro.

07 – Qual a sua opinião e o que deve ser feito a respeito de um motorista de ônibus que exagera na velocidade ao dirigir o veículo?
      Resposta pessoal do aluno.

08 – Pra que o personagem queria um telefone?
      Para avisar a família que tinha chegado vivo.

09 – Qual o título do texto, e em que ano foi publicado?
      Amarrem os cintos e não fumem. Publicado em 1975.

10 – Qual era o horário previsto da chegada ao Leblon? E que hora chegaram?
      O ônibus estava previsto para chegar às 8:00 horas. E foram chegar às 11:00 horas.



POEMA: VENDEDORA DE BILHETES DE LOTERIA - RAUL POMPÉIA - COM GABARITO

POEMA: Vendedora de Bilhetes de Loteria
                  Raul Pompéia

Aquela mulher, de olhos tristonhos,
Que vende sortes de loteria,
Fala em riqueza, promete sonhos,
Com o “prêmio grande” que tem na mão…
E assim, (contraste feito ironia!)
Numa indigência, que mal encobre,
Fala em riqueza quem é tão pobre!
Promete ouro quem não tem pão!

De rua em rua, na amarga luta,
Com o olhar sumido, que o pranto molha,
E a voz tão baixa, como uma prece…
Passa um banqueiro, que não a olha;

Passa um soldado, que não a escuta;
Passa um poeta que ela entristece.

Se a chuva cai, não lhe importa a roupa,
Que até se lava com a chuva forte.
Só os bilhetes é que ela poupa!
Nem a doença lhe dá cuidados,
Pois a pobreza não teme a morte…

A noite chega. E ela, vencida
Do ingrato ofício na luta em vão,
Retorna a casa, desiludida,
Depois de haver, por um dia inteiro,
Vendido aos outros tanta ilusão!
                                 (Raul Pompéia. Cantos sem glória. Rio de Janeiro, Irmãos Pongetti, 1953)

Interpretação do texto:
01 – Como o poeta descreve a vendedora de bilhetes de loteria?
      Mulher muito pobre, triste, de olhar sumido, voz baixa, roupas sujas.

02 – O autor do poema refere-se a contrastes. Que elementos contrastantes ele cita?
      Riqueza (de que ela fala) e pobreza (que ela tem);
      Ouro (que ela promete) e pão (que ela não tem).

03 – Indique a única opção que completa a frase abaixo:
De todos os transeuntes, apenas o poeta entristeceu-se com o trabalho da vendedora, pois;
a.(   ) queria fazer um poema triste e, assim, foi buscar inspiração naquela mulher.
b.(   ) tendo experiência naquela profissão, sabia que o trabalho era pouco rentável.
c.(X) sendo mais sensível, comoveu-se com as dificuldades daquela mulher.
d.(   ) os poetas são, em geral, pessimistas, vendo tristezas onde não existem.

04 – Por que, sob a chuva, a vendedora só protegia os bilhetes?
      Porque teria de pagar os que se estragassem.

05 – À noite, a vendedora voltava para casa, desiludida. Por quê?
      Porque as vendas não lhe proporcionavam o lucro esperado e necessário.

06 – O que o autor quis demonstrar com esse poema?
      Que a vida tem suas ironias e contrates, como esta: alguém oferecendo riqueza quando vive na miséria.

07 – Quais as duas pessoas que não deram atenção a vendedora de bilhetes?
      O banqueiro e o soldado.

08 – Qual o título da poesia e quem é o autor?
      Vendedora de Bilhetes de Loteria, escrita por Raul Pompéia.

09 – O que significa para você a frase: “prêmio grande”, do texto?

      Resposta pessoal do aluno.

HINO DA CONSCIÊNCIA NEGRA - MÚSICA(ATIVIDADES): OLHOS COLORIDOS - SANDRA DE SÁ - CONSCIÊNCIA NEGRA - COM GABARITO

 Música(Atividades): Olhos Coloridos

                                          Sandra de Sá
Os meus olhos coloridos
Me fazem refletir
Eu estou sempre na minha
E não posso mais fugir...

Meu cabelo enrolado
Todos querem imitar
Eles estão baratinado
Também querem enrolar...

Você ri da minha roupa
Você ri do meu cabelo
Você ri da minha pele
Você ri do meu sorriso...

A verdade é que você
(Todo brasileiro tem!)
Tem sangue crioulo
Tem cabelo duro
Sarará, sarará
Sarará, sarará
Sarará crioulo...
Sarará crioulo
Sarará crioulo...

Os meus olhos coloridos
Me fazem refletir
Que eu tô sempre na minha
Não! Não!
Não posso mais fugir
Não posso mais!
Não posso mais!
Não posso mais!
Não posso mais!

Meu cabelo enrolado
Todos querem imitar
Eles estão baratinados
Também querem enrolar...

Cê ri! Cê ri! Cê ri!
Cê ri! Cê ri!
Cê ri da minha roupa
Cê ri do meu cabelo
Cê ri da minha pele
Cê ri do meu sorriso...

Mas verdade é que você
(Todo brasileiro tem!)
Tem sangue crioulo
Tem cabelo duro
Sarará, sarará
Sarará, sarará
Sarará crioulo...

Sarará crioulo
Sarará crioulo...

Interpretação da letra:
01 – Nos trechos: “A verdade é que você / (Todo brasileiro tem!) / Tem sangue crioulo / Tem cabelo duro / Sarará, sarará / Sarará, sarará / Sarará crioulo...”; que crítica a autora faz?
      Crítica ao racismo e sua defesa de que o brasileiro formou-se do processo de miscigenação.
02 – Por que esta música é considerada um hino do povo brasileiro?
      É uma canção repetida à exaustão porque tem uma mensagem muito forte, que afirma a identidade negra por meio da valorização da beleza do “cabelo duro, sarará.”
03 – Que tema a letra da música aborda?
      Aborda o Racismo.
04 – O que você entende por “Os meus olhos coloridos / Me fazem refletir”? Explique.
      Inicia-se a música com estes versos, porque são traços tipicamente brancos e “me fazem refletir”, pois à verdade é que todo brasileiro tem sangue crioulo, tem cabelo duro.
05 – Qual reflexão ou pensamento essa música nos sugere?
      Nos sugere que não devemos ser racista, pois todos possuímos descendências iguais.
06 – O que o autor da música quer dizer sobre os versos da 3ª estrofe?
      Fala da crítica direta governo, pela intolerância e racismo, baseado pelas roupas que usava e seu modo de comportar levantando suspeitas ao governo.
07 – Que reflexão histórica podemos tirar desta música?
      Podemos começar pela década de 1970, em pleno Regime Militar em que os direitos de todos os cidadãos foram restringidos.
      Quanto a questão histórica que envolve o negro, o caminho é mais longo. O negro no Brasil possui uma história de muito sofrimento, trabalho, luta e morte. Mas, também uma história de muita resistência, cultura, tradição e religiosidade.
08 – A partir da leitura, analise as assertivas que seguem e assinale a alternativa correta.
I – A letra sugere uma grande miscigenação na população brasileira.
II – É evidente uma crítica social sobre a discriminação, haja vista que a música afirma um detrimento à cultura afro.
III – A música confirma os dados oficiais do censo demográfico que aponta a população afrodescendente como maioria no país.
IV – A letra da música enaltece a cultura afro e evidencia que, no Brasil, toda e qualquer forma de descriminação étnico-racial está superada.
a)   Estão corretas somente I e IV.
b)   Estão corretas somente I e III.
c)   Estão corretas somente II e III.
d)   Estão corretas somente I e II.
e)   Estão corretas somente III e IV.

                            ANÁLISE
        A música composta por Macau na década de 1980 no Brasil faz referência ao período da Ditadura Militar em que o compositor passa por um episódio de racismo após ser preso sem razão alguma por oficiais. Após esse fato deixando claro ter sido vítima de racismo, pelas roupas que usava e seu modo de comportar levantando suspeitas ao governo. Macau compõe essa música sendo uma crítica direta ao modo branco de se viver. Como, mesmo o autor começa a música “os meus olhos coloridos” traços tipicamente brancos e a questão do termo “sarará” tido como mestiços de com cabelos claros, geralmente ruivos; mas há também autores que interpretam esse termo como típico do cabelo mestiço. Falando da crítica direta ao governo, pela intolerância com o povo ele diz. “Você ri da minha pele, cê ri do meu cabelo, cê ri da minha roupa.” E na afirmação que resume a temática da música “mas a verdade é que você (todo brasileiro tem) sangue crioulo, tem cabelo duro.”
        A música é uma crítica ao racismo, dizendo que ela não se importa com os comentários e piadas que fazem, pois sabe que todos possuem descendências iguais.
        A força do negro é reflexo de toda indignação, revolta, descontentamento, orgulho, força de vontade, luta por igualdade e, principalmente, amor pelo que é, pela sua cor, seu cabelo, sua cultura e seus ideais

POEMA : TRADUZIR-SE - FERREIRA GULLAR - COM GABARITO

Poema: Traduzir-se
              Ferreira Gullar

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
Linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?

                                GULLAR, Ferreira. Poemas escolhidos. São Paulo: Ediouro, 1989. p. 96

1. De que trata o poema de Ferreira Gullar?
      O poema trata das contradições do ser humano.    

2. Como o título se relaciona com o conteúdo do poema?
      O título aponta a tentativa do eu lírico de traduzir
 suas próprias contradições.

3. Releia a última estrofe do poema. Nela, o eu lírico apresenta 
uma hipótese do que poderia ser a arte. Que hipótese é essa?
      O eu lírico se pergunta se arte não é a tentativa de tradução
 de si mesmo por meio dos contrários que o compõem, 
ou seja, as várias partes (faces) de que cada um é feito. 




POEMA: AS POMBAS - RAIMUNDO CORREIA - COM GABARITO

AS POMBAS

  Raimundo Correia

Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra... mais outra... enfim dezenas
De pomba vão-se dos pombais, apenas



Raia sanguínea e fresca a madrugada...

E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
 Voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...


Interpretação do texto:

01. No poema, o eu lírico faz:
a) uma descrição do revoar das pombas.
b) uma declaração de amor a natureza.
c) uma reflexão sobre a sabedoria da natureza.
d) uma defesa ao direito de liberdade dos pássaros.

02. O revoar das pombas é comparado:
a) a madrugada      b) aos corações      c) aos sonhos 
   d) a adolescência.

03. “Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam/
E eles aos corações não voltam mais...” 
entre os versos percebe-se:
a) uma relação de causa e efeito.
b) uma relação de proporção.
c) uma condição
d) uma diferenciação.

04. “Vai-se a primeira pomba despertada...” as reticências
 foram usadas nesse verso para:
a) indicar suspensão do pensamento.
b) indicar a continuidade de uma ação.
c) representar uma hesitação na língua falada.
d) realçar uma palavra ou expressão.

05. De acordo com os versos do poema, a madrugada 
corresponde a que fase da vida?
a) a infância      b) a maturidade      c) a juventude   
d) vida adulta.

06. A última estrofe do poema expressa:
a) um sentimento de euforia.
b) uma visão esperançosa da vida.
c) um sentimento de expectativa.

d) uma visão pessimista da condição humana.

POEMA: O AÇÚCAR - FERREIRA GULLAR - COM GABARITO

POEMA: O açúcar
Ferreira Gullar

O branco açúcar que adoçará meu café

nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.

Vejo-o puro

e afável ao paladar
como beijo de moça,
água na pele,
flor que se dissolve na boca.
Mas este açúcar
não foi feito por mim.

Este açúcar veio

da mercearia da esquina
e tampouco o fez o Oliveira,
dono da mercearia.
Este açúcar veio
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.

Este açúcar era cana

e veio dos canaviais extensos
que não nascem por acaso
no regaço do vale.

Em lugares distantes, onde não há

hospital nem escola,
homens que não sabem ler e morrem
aos vinte e sete anos
plantaram e colheram a cana
que viria a ser o açúcar.

Em usinas escuras, homens de vida amarga e dura

produziram este açúcar branco e puro
com que adoço meu café esta manha em Ipanema.
                       Ferreira Gullar

ATIVIDADES

1) Assinale os sinônimos do verbo dissolver no verso: “flor que se dissolve na boca”:
(X) se desmancha
(   ) se esparrama
(   ) se acaba
(   ) se dilui

2) Marque a alternativa em que a palavra amarga possui o mesmo significado do texto:
(  ) Aquela sobremesa estava amarga.
(  ) Vivia de mau humor; era uma pessoa muito amarga.
(X) Passamos por uma fase muito amarga, mas agora estamos bem.

3) Marque a alternativa em que a palavra dura possui o mesmo significado do texto:
(X) Realizamos uma dura tarefa.
(  ) O móvel era feito de madeira muito dura.
(  ) O seu jeito duro afasta as pessoas.

4) Reescreva a frase “homens de vida amarga e dura produziram este açúcar”, substituindo as palavras destacadas por um sinônimo.
      “Homens de vida sofrida e penosa produziram este açúcar.”

5) A que tipo de açúcar o eu-lírico está se referindo?
      (   ) ao açúcar mascavo     
      (X) ao açúcar refinado   
      (   ) a qualquer tipo de açúcar

6) A que elementos o açúcar é comparado?
      Beijo de moça, água na pele, flor.

7) Descreva o retrospecto que é feito sobre o açúcar.
      Canaviais extensos, usinas, mercearia do Oliveira, Ipanema.

8) Na última estrofe, o que se opõe à doçura do açúcar?
      Usinas escuras, homens de vida amarga e dura.

9) Por que os homens que trabalham nas usinas fabricando o açúcar têm a vida amarga?
      Porque esses homens levam uma vida muito sofrida, com pouca instrução pouco estudo, pouco dinheiro; miséria e condições de trabalho muito ruins.

10) Escreva com as suas palavras a mensagem que o poeta deseja transmitir.
      Resposta pessoal do aluno.


POEMA: MINHA DESGRAÇA - ÁLVARES DE AZEVEDO - COM GABARITO

MINHA DESGRAÇA
                                       Álvares de Azevedo

Minha desgraça, não, não é ser poeta,
Nem na terra de amor não ter um eco,
E meu anjo de Deus, o meu planeta
Tratar-me como trata-se um boneco...


Não é andar de cotovelos rotos,
Ter duro como pedra o travesseiro...
Eu sei... O mundo é um lodaçal perdido
Cujo sol (quem me dera!) é o dinheiro...

Minha desgraça, ó cândida donzela,
O que faz que o meu peito assim blasfema,
É ter para escrever todo um poema,
E não ter um vintém para uma vela.

Interpretação do texto:

01. O eu lírico considera-se desgraçado
a) por ser um poeta sem reconhecimento.
b) por não ser correspondido amorosamente.
c) por ser explorado pela mulher amada.
d) por não ter recurso para comprar uma vela.

02. A desventura do poeta é de ordem
a) familiar      b) financeira           c) sentimental        d) física

03. Foi utilizada uma metáfora no verso
a) “Ter duro como pedra o travesseiro...”
b) “Minha desgraça, não, não é ser poeta,”
c) “Eu sei... O mundo é um lodaçal perdido”
d) “Não é andar de cotovelos rotos”

04. “Nem na terra de amor não ter um eco”, de acordo com o verso, pode-se concluir que o eu lírico
a) ama e não é correspondido.
b) desconhece o amor.
c) está à procura de um amor.
d) viveu muitos amores.

05. Segundo os versos do poema
a) o eu lírico, por ser poeta, é tratado como um boneco.
b) o eu lírico sofre por não ter inspiração para escrever um poema.
c) o eu lírico aceita resignado o fato de não ter um vintém.
d) o eu lírico lamenta sua condição de total penúria.

06. “Cujo sol (quem me dera!) é o dinheiro...” o verso expressa que
a) o dinheiro aquece a vida de todos.
b) o dinheiro governa a vida de todos.
c) o dinheiro ilumina a vida de todos.
d) o dinheiro suja a vida de todos.

07. “Eu sei... O mundo é um lodaçal perdido”, a reticência foi utilizada para
a) indicar continuação de uma ação ou fato.
b) indicar suspensão ou interrupção do pensamento.
c) representar, na escrita, hesitações comuns na língua falada.
d) realçar uma palavra ou expressão.

08.O título do poema é “Minha desgraça”. Deduza:

Como se sente o eu lírico em relação à vida e ao mundo?

Desgraçado, impotente, mas bem-humorado.

09.Nas duas primeiras estrofes, o eu lírico tenta definir qual é a sua desgraça pela negação; e, na terceira estrofe, pela afirmação.

a)De acordo com as duas primeiras estrofes, o que não é a desgraça do eu lírico?

Ser poeta, ser pobre e não ser correspondido no amor.

 b)De acordo com a última estrofe, qual é a desgraça do eu lírico?

É ter que escrever um poema e não ter dinheiro para comprar uma vela.

 c)Por que na revelação da desgraça do eu lírico há humor?

Porque ele quebra a expectativa do leitor, que espera que o eu lírico blasfeme sobre a não correspondência no amor e não contra algo comum como não ter vela para escrever.

 10.Há, no poema, três estrofes — grupos de versos separados por uma linha em branco. Cada estrofe apresenta um grupo de versos, as linhas poéticas.

Quantos versos há em cada estrofe?

Quatro.

 11.O poema caracteriza-se por apresentar uma forte sonoridade, construída por meio de repetições, ritmo, rima. Identifique no poema um trecho em que há a repetição de uma palavra.

Minha desgraça, não, não é ser poeta.

 12.Ao ler o poema, você provavelmente fez uma pequena pausa no final de cada linha ou verso. Essa pausa se acentua em razão da rima — semelhança sonora — que há no final dos versos, como, por exemplo, entre as palavras eco e boneco da primeira estrofe.

Que outros pares de palavras rimam entre si no poema?

poeta e planeta; travesseiro e dinheiro; donzela e vela; blasfema e poema

 13.A linguagem empregada no poema é figurada, ou seja, é construída a partir de imagens. Identifique a figura de linguagem presente nestes versos do poema:

 “Eu sei... O mundo é um lodaçal perdido

Cujo sol (quem mo dera!) é o dinheiro...”

 Metáfora

 14.A linguagem do poema é expressiva, figurada e própria da norma-padrão. Além disso, ela é pessoal e subjetiva ou impessoal e objetiva?

A linguagem do poema é pessoal e subjetiva.

15.A que tipo de público o poema se destina?

Aos públicos juvenil e adulto.

 16.O poema lido foi publicado no século XIX, quando o livro era o principal veículo da poesia. Hoje, em que veículos e suportes esse poema pode ser divulgado?

Livros, jornais, revistas, rádio, TV e sites na Internet.