Mostrando postagens com marcador ANA MARIA MACHADO. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador ANA MARIA MACHADO. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

HISTÓRIA: ODISSEIA - SAUDADE DE CASA (FRAGMENTO) - ANA MARIA MACHADO - COM GABARITO

 História: Odisseia – Saudade de casa (Fragmento)

              Ana Maria Machado

        Uma súbita brisa soprou. As brisas se reuniram num vento. O vento se contorceu num vendaval veloz, e o vendaval rodopiou até se tornar um frenesi. As ondas faziam malabarismos com os dozes navios de Odisseu: os que eram erguidos pelas cristas e os que eram puxadas para baixo colidiam casco com casco enquanto subiam e desciam. Os tripulantes olharam aterrorizadas para seus companheiros e todos se viram por um momento contra um céu furioso de raios; no instante seguinte, estavam num vale de brilhante água escura e, logo, envoltos em nuvens de espuma. Ergueram os remos, mas foram lentos demais para baixar as velas, que se rasgaram em pedaços. Seus panos foram tão retorcidas pelo vento que os cordões quase estrangulavam os marujos. Duzentas vozes chamaram pelos deuses, e as preces deslizaram como gaivotas sobre o mar tempestuoso. Por nove dias e nove noites, comeram pão empapado e beberam água da chuva, recolhendo-a com as mãos dos porões dos navios.

        -- Terra!

        -- Onde? Você está mentindo!

        -- Lá! Lá!

        -- É uma nuvem!

        -- É um recife!

        -- É uma ilha!

        -- Seremos levados para longe dela!

        -- Seremos arremessados contra ela!

        -- Seremos esmagados!

        -- Seremos salvos – disse Odisseu em voz baixa e calma –, e devemos agradecer aos deuses por isso.

        Era mesmo o caso de agradecer aos deuses. A tempestade cessou num instante, e eles se viram numa praia ensolarada de areias brancas. Dispersos como restos de um naufrágio, os dozes navios estavam virados de lado, enquanto o mar roçava seus ventres bojudos. Os marujos se apinhavam sobre a areia, e a maioria adormeceu.

        -- Podemos sair à procura de comida? – perguntou Euríloco.

        -- Não querem descansar? – disse Odisseu, surpreso.

        -- Tenho mulher e seis filhos à minha espera em casa, e não tenho a intenção de fazê-las esperar mais do que o necessário, capitão. Já fiquei longe por dez anos.

        -- Muito bem. Mas vá com cuidado. Leve só vinte homens com você: não quero que os habitantes da ilha pensem que somos uma força invasora... e não se metam em nenhuma briga.

Homero. Odisseia. Adaptação de Geraldine McCaughrean; apresentação de Ana Maria Machado. São Paulo: Ática, 2010. p. 11 e 12.

         Fonte: Língua Portuguesa – Português – Apoema – Editora do Brasil – São Paulo, 2018. 1ª edição – 6° ano. p. 168-9.

Entendendo a história:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Apinhar: unir.

·        Bojudo: arredondado.

·        Empapado: muito molhado.

·        Frenesi: agitação.

·        Roçar: atritar.

02 – Reescreva a frase substituindo as palavras assinaladas por sinônimos. Observe o contexto de uso delas e, se tiver dúvidas, consulte o dicionário.

        “[...] O vento se contorceu num vendaval veloz, e o vendaval rodopiou até se tornar um frenesi. [...]”.

      O vento se contorceu num vendaval rápido (acelerado), e o vendaval girou até se tornar um desvario.

03 – No texto, a tempestade desencadeia uma complicação. Releia a reação dos tripulantes.

        “[...] Os tripulantes olharam aterrorizadas para seus companheiros e todos se viram por um momento contra um céu furioso de raios. [...].”

a)   Como foi a tempestade?

Muito forte.

b)   De que modo o trecho revela isso ao leitor?

A descrição da reação dos tripulantes e do estado do céu mostra a gravidade da tempestade.

c)   O modo como os fatos são narrados cria que efeito no texto? Esse modo de narrar caracteriza qual gênero textual?

Os fatos narrados levam o leitor a envolver-se com os perigos e mistérios da história e o modo de narrar caracteriza o gênero narrativa de aventuras.

04 – Ainda no primeiro parágrafo, observe:

        “Uma súbita brisa soprou. As brisas se reuniram num vento. O vento se contorceu num vendaval veloz, e o vendaval rodopiou até se tornar um frenesi.”

Mostre de que modo os sintagmas nominais foram indicando a progressão da narrativa e mostrando a mudança de uma situação.

      Primeiro, o narrador fala em brisa, depois brisas que formam um vento, depois o vento virou um “vendaval veloz”, que se transformou em um frenesi. Dessa forma, ele mostrou a chegada da tempestade.

05 – Releia o trecho a seguir e responda às questões.

        “[...] Duzentas vozes chamaram pelos deuses, e as preces deslizaram como gaivotas sobre o mar tempestuoso. [...]”.

a)   O determinante no sintagma “duzentas vozes” cria um efeito de sentido na narrativa. Qual seria esse efeito: Exatidão? Exagero? Dúvida? Explique sua resposta.

O determinante duzentas foi usada para dizer que muitas vozes chamaram pelos deuses. Não foram exatamente duzentas vozes, mas o número alto mostra que foram muitos os que chamaram pelos deuses. O efeito é de exagero.

b)   No contexto da narrativa, qual é o sentido da comparação das preces dos marujos com gaivotas que deslizam?

O sentido é dizer que as preces de nada adiantaram, porque o navio foi atingido pela tempestade.

06 – Examine as sequências a seguir, identificando-as como descritivas ou narrativas. Justifique sua resposta.

I – “Uma súbita brisa soprou. As brisas se reuniram num vento. O vento se contorceu num vendaval veloz, e o vendaval rodopiou até se tornar um frenesi. As ondas faziam malabarismos com os dozes navios de Odisseu [...]”.

II – “[...] Ergueram os remos, mas foram lentos demais para baixar as velas, que se rasgaram em pedaços. Seus panos foram tão retorcidas pelo vento que os cordões quase estrangulavam os marujos. Duzentas vozes chamaram pelos deuses, e as preces deslizaram como gaivotas sobre o mar tempestuoso. Por nove dias e nove noites, comeram pão empapado e beberam água da chuva, recolhendo-a com as mãos dos porões dos navios.”

      A sequência I é descritiva, porque apresenta o ambiente, o cenário da aventura. A sequência II é narrativa, porque conta o encadeamento das ações.

07 – Releia o primeiro diálogo do texto.

a)   É possível saber quais personagens falam? Explique.

Com exceção da fala de Odisseu, as falas não são identificadas, é como se todos os marujos estivessem falando.

b)   Que opiniões são dadas? O que as personagens parecem sentir?

Cada tripulante dá uma opinião diferente. Parecem estar ansiosos.

c)   Em que tempo os verbos são usados no diálogo? Que efeito isso cria?

No presente. Parece que a conversa acontecia realmente naquele momento.

08 – Caracterize o texto em relação.

a)   Ao narrador.

O narrador escreve em 3ª pessoa; é um narrador-observador.

b)   À função do diálogo.

No diálogo, aparecem várias vozes de marujos e apenas uma delas é identificada – a de Odisseu. O diálogo torna a narrativa mais viva e verdadeira, porque parece que as personagens estão realmente conversando e comentando o que lhes acontecerá.

c)   À situação final.

A situação final mostra o fim da tempestade e a chegada dos marujos a uma “praia ensolarada de areias brancas”. Tudo termina bem depois da aventura vivida na tempestade.

 

sexta-feira, 6 de março de 2020

CRÔNICA: MINHA MÃE CRIANÇA - ANA MARIA MACHADO - COM GABARITO

CRÔNICA: MINHA MÃE CRIANÇA
                                
                        Ana Maria Machado

       Cheguei da escola e vi a porta do quarto aberta, a porta do armário aberta, a gaveta aberta, e minha mãe sentada no chão, descalça, toda despenteada, com uma caixa fechada na mão. Dei um beijo nela e olhei para a caixa. Era a coisa mais linda do mundo, toda de madeira, mas madeira de cores diferentes, umas mais claras, outras mais escuras, formando um desenho, uma paisagem, onde tinha um morro, uma casinha, um pinheiro, umas nuvens no céu. Aí minha mãe abriu a caixa e tirou de dentro, bem lá do fundo, um envelope de papel pardo, velho e meio amassado.
       - Que é que tem aí dentro, mãe?
       - Nem lembro mais, minha filha. Vamos ver.
       - Deve ser muita coisa, que o envelope está bem gordinho.
       E era mesmo. Um monte de retratos. Tinha um com umas pessoas sérias numa praça. Tinha outro com uma família toda, cheia de crianças e até um cachorro, bem debaixo da estátua do Cristo Redentor. Tinha mais um, de uma menina com dois laçarotes de fita na cabeça, no meio de uma planta esquisita, uma espécie de moita em forma de camelo, imagine só. Fiquei espantada:
       - Como é que pode, mãe, planta que parece bicho?
       - É que eles cortavam a moita assim, era moda, umas redondinhas, outras em feitio de poltrona, outras com formato de bicho. Era na Praça Paris, um lugar com laguinho e repuxo, chafariz que acendia colorido de noite. Parecia um balão d’água bem aceso no chão.
        - Como é que você sabe disso tudo?
        - Eu lembro, minha filha. Essa menina aí sou eu.
        - Não é possível. Você está brincando...
        Eu olhava para minha mãe e para o retrato da menina, achava meio gozado aquilo, minha mãe criança, brincando no galho de um camelo, pensando em balão d’água. E era meio esquisito, ela grande ali na minha frente, sentada no chão, explicando coisas, toda animada:
         - A gente ia de bonde, era ótimo, fresquinho, todo aberto.  Às vezes tinha reboque. Quando a gente pagava a passagem, o motorneiro puxava uma cordinha e tocava uma campainha, aí mudava um número numa espécie de relógio que ficava lá no alto e marcava quantas pessoas viajavam no bonde.
          Eu ficava imaginando como seria aquilo, sabia que bonde era uma espécie de trem de cidade, já tinha visto em filme na televisão, queria saber mais:
           - E quando o motorneiro puxava a cordinha, não tinha que largar o motor? Não era perigoso?
           Mamãe achou graça:
           - Não, que ideia! Bonde era a coisa menos perigosa do mundo. E o motorneiro não tinha nada a ver com o motor, ele só cobrava, o nome é que parece...Quem dirigia era o condutor...
(Bisa Bia, Bisa Bel. Rio de Janeiro, Salamandra, 1984. p.8-9)
  Fonte: Português – Linguagem & Participação, 5ª Série- MESQUITA, Roberto Melo/Martos, Cloder Rivas – Ed. Saraiva, 1999, p.126-128.
ESTUDO DO TEXTO

1)   O narrador de uma história pode conta-la em terceira pessoa (visão mais objetiva) ou em primeira pessoa (visão mais pessoal, mais emotiva). De que ponto de vista foi contada a história que você leu?
A história foi contada em primeira pessoa, do ponto de vista da garotinha.

2)   Observando o comportamento da narradora ao entrar em casa, que características pessoais você percebe nela?
A menina é observadora, carinhosa e sensível. (Percebe a situação, beija a mãe, sente a beleza da caixa, quer compartilhar o momento com a mãe.)

3)   De que época são as fotos vistas pela narradora?
São da época em que a mãe da narradora era criança.

4)   Por que é difícil para a menina aceitar que sua mãe também fora uma criança?
Porque ela só conhecera a mãe adulta.

5)   O que leva a menina a pensar que o bonde era perigoso?
Ela achava que, para puxar a cordinha que acionava o relógio marcador de passageiros, o motorneiro largava o “motor” do bonde.

6)   Por que a mãe achou graça na ideia da filha?
Porque a filha associou motor com motorneiro, mas quem dirigia o bonde, na verdade, era o condutor.

7)   A mãe da menina não se lembrava do que havia colocado na caixa de madeira, mas se lembrava perfeitamente da Praça Paris, em sua infância. Como você explica isso?
Algumas lembranças de infância são tão marcantes que permanecem pelo resto de nossas vidas.

8)   Coloque as frases em ordem de acordo com o texto.
·        Cheguei em casa.  (  1   )
·        Abrimos uma caixa com fotos. (  3  )
·        Minha mãe mostrou fotos de quando era menina.  (  4   )
·        Minha mãe contou passeios do passado. ( 5   )
·        Vi minha mãe no quarto. (  2  )


quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

TEXTO: NA PRAIA E NO LUAR, TARTARUGA QUER O MAR - ANA MARIA MACHADO - COM GABARITO

Texto: Na praia e no luar, tartaruga quer o mar
          
Ana Maria Machado

        Mas, nesse dia, de longe, ela e Pedro viram um ajuntamento de crianças falando alto e rindo, em volta de alguma coisa no chão. Quando chegaram perto, viram que era uma tartaruga enorme.
        Uma professora explicou:
        -- As crianças encontraram ela encalhada meio das pedras, com um pedaço de rede enrolado.
        -- Está muito machucada. Na certa, ficou presa na rede e se feriu tentando sair – comentou o irmão.
        -- Será que ela vai morrer, Pedro?
        -- Não sei. Vamos ver o que a gente pode fazer.
        -- As crianças tentaram pegar, mas é muito pesada – disse a professora.
        Todos queriam falar ao mesmo tempo. As crianças da creche contavam:
        -- Meu pai já pegou uma maior do que essa.
        -- E o meu já pegou uma porção.
        -- É uma delícia... Mamãe faz sopa, faz pastel, faz moqueca...
        -- Pois a minha mãe não deixa a gente comer, papai vende tudo para os restaurantes.
        Uma das crianças sugeriu:
        -- A gente podia levar e fazer para o almoço...
        -- Ou dar para o meu pai. Ele mata.
        A professora estava indecisa. Não queria inventar uma coisa complicada e trabalhosa. Mas dava pena perder um animal daqueles, com tanta carne... E, depois, tinha o casco. Tinha gente que comprava e pagava bem. Levaram para a cidade, para fazer pentes, caixinhas, enfeites...
        Mas Pedro disse:
        -- Nada disso. Vamos cavar um buraco na areia, ali bem perto da maré, para ficar uma piscininha cheia d’água. Aí a gente leva a tartaruga para lá e vamos ver. Mas ninguém vai matar nada nem deixar morrer.
        Foram todos juntos. Cavaram um buraco grande que foi se enchendo de água. Depois Pedro e a professora carregaram a tartaruga até lá. E começaram a dar banho nela, jogando água, limpando a areia, enquanto conversavam. Uma das crianças disse:
        -- Meu pai também não gosta que mate. Ele disse que a gente deve deixar as tartarugas vivas, que é para elas botarem ovo. Que a gente ganha mais dinheiro vendendo os ovos para os restaurantes do que a carne.
     Na praia no luar, tartaruga quer o mar. Ana Maria Machado.
                         Fonte: Livro – Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 5ª Série – Marilda Prates – Ed. Moderna, 2005 – p.160-2.

 Entendendo o texto:

01 – Comente, dizendo o que pensa das frases abaixo:
a)   “-- É uma delícia... Mamãe faz sopa, faz pastel, faz moqueca...”
b)   “-- Pois a minha mãe não deixa a gente comer, papai vende tudo para os restaurantes.”
c)   “-- A gente podia levar e fazer para o almoço...”
d)   “-- Ou dar para o meu pai. Ele mata.”
e)   “E, depois, tinha o casco. Tinha gente que comprava e pagava bem. Levaram para a cidade, para fazer pentes, caixinhas, enfeites...”.
Resposta pessoal do aluno.

02 – Os pais dessas crianças estão protegendo o meio ambiente? Justifique sua resposta.
      Não. Porque todos quiseram levar a tartaruga para obter dinheiro ou transformá-la em alimento.

03 – A professora demonstrou conhecimento em relação ao desaparecimento da espécie? Por quê?
      Não. Porque também pensou em usar a tartaruga para proveito próprio.

04 – Por que Pedro quis cavar um buraco na areia, perto da maré? Isso ajudaria a salvar a tartaruga? Por quê?
      Sim. Porque na água, e com a maré cheia, a tartaruga teria condições de melhorar e voltar ao mar.

05 – Releia e comente o último parágrafo do texto. Matar as tartarugas ou vender seus ovos para os restaurantes não tem o mesmo efeito de destruição? Opine.
      Sim. Os ovos representam novas vidas. Vende-los para restaurantes seria o mesmo que matar as tartarugas.

06 – Você conhece outros animais que estão em extinção? Quais?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: a ararinha-azul, o urso panda, o bacalhau, etc.

07 – Você sabe se já houve animais que desapareceram naturalmente? Quais?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: os dinossauros.






segunda-feira, 20 de maio de 2019

TEXTO: PEDRO MALASARTES E O LAMAÇAL COLOSSAL - ANA MARIA MACHADO - COM GABARITO

Texto: PEDRO MALASARTES E O LAMAÇAL COLOSSAL
                         
          Ana Maria Machado
  VOCÊ CONHECE O PEDRO MALASARTES? 

Se não conhece, pode ir se preparando porque ele pode aparecer aqui a qualquer hora.
        Ele não esquenta lugar, está sempre indo de um canto para outro. Fica um tempinho trabalhando numa fazenda, sai e vai para outro emprego num sítio, daí a pouco já está numa vila vendendo umas coisas na feira... Quando a gente menos espera, Pedro já está de novo na estrada, a caminho da cidade ou de outra fazenda onde possa ter uma oportunidade melhor. Muda toda hora, sempre em busca de um trabalho mais bem pago, de um patrão que trate bem, de um negócio mais interessante. Por isso, em cada história ele está fazendo alguma coisa diferente. E sempre procurando dar um jeito de se defender, garantir um prato de comida e não ser explorado. Mesmo que, para isso, acabe enganando alguém.
        [...]
                            Ana Maria Machado. Pedro Malasartes e o lamaçal colossal.
In: ____ Histórias à brasileira: Pedro Malasartes e outras.
São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2004. p. 11.
Entendendo o texto:
01 – No texto, foi possível conhecer como Pedro Malasartes se porta diante de algumas situações de sua vida. Com base nessas informações. Como é sua personalidade?
      Pedro Malasartes luta por sua sobrevivência e não se apega aos locais em que vive: está sempre mudando em busca de seu bem-estar. Por isso, é uma pessoa astuta e desapegada dos lugares e das pessoas.

02 – Quantas orações há no trecho em destaque? Como são classificadas essas orações?
      Tem quatro. Orações coordenadas.

03 – No trecho: “[...] sai e vai para outro emprego num sítio [...]”, não há um sinal de pontuação separando as orações. Qual palavra relaciona essas orações? Como ela é classificada?
      A letra E. Conjunção coordenativa aditiva.

04 – De que forma o emprego de orações coordenadas contribui para a construção da personalidade de Pedro Malasartes?
      Com ou sem conjunção, as orações expõem uma ideia ou ação que se justapõe à outra, traçando um perfil do personagem.


terça-feira, 23 de abril de 2019

TEXTO: BISA BIA, BISA BEL - ANA MARIA MACHADO - COM QUESTÕES GABARITADAS

Texto: Bisa Bia, Bisa Bel
                   
             Ana Maria Machado

        Sabe? Vou lhe contar uma coisa que é segredo. Ninguém desconfia. É que Bisa Bia mora comigo.
        Ninguém sabe mesmo. Ninguém consegue ver.
        Pode procurar pela casa inteira, duvido que ache. Mesmo se alguém for bisbilhotar num cantinho da gaveta, não vai encontrar. Nem se fuçar debaixo do tapete. Nem atrás da porta. Se quiser, pode até esperar uma hora em que eu esteja bem distraída e pode espiar pelo buraco da fechadura do meu quarto. Pensa que vai conseguir ver Bisa Bia?
        Vai nada...
        Sabe por quê? Ë que Bisa Bia mora comigo, mas não é do meu lado de fora. Bisa Bia mora muito comigo mesmo. Ela mora dentro de mim. E até pouco tempo atrás, nem eu mesma sabia disso. Para falar a verdade, eu nem sabia que Bisa Bia existia.

                   Ana Maria Machado. Bisa Bia, Bisa Bel. São Paulo: Salamandra, 2000.
Entendendo o texto:

01 – Qual é o segredo que o narrador nos conta?
      O segredo, anunciado nesse trecho do texto, é a identificação da narradora com sua bisavó Beatriz.

02 – Depois de ler e observar bem o texto, responda:
a)   O que a imagem representa?
Representa o buraco de uma fechadura.

b)   A imagem ajuda a entender melhor o texto? Por quê?
Resposta pessoal do aluno.

c)   Você se lembra de outros textos que são compostos por uma combinação de palavras e imagens? Que textos são esses?
Resposta pessoal do aluno.

03 – Você acha que a imagem tem alguma relação com a ideia de segredo? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Observar pelo buraco da fechadura é uma atitude que tem relação com a ideia de bisbilhotar, fuçar, que aparece no texto, e que isso, em geral, está relacionado ao desejo de se descobrir algum segredo ou algo que não se conhece.

04 – Quem narra essa história é um menino ou uma menina? Há no texto alguma parte que comprove isso?
      Nos trechos: “Em que eu esteja bem distraída” e “Nem eu mesma sabia disso”. As palavras distraída e mesma permitem constatar que se trata de uma menina.

05 – Você consegue imaginar quem é Bisa Bia? Converse com seus colegas sobre isso.
      Resposta pessoal do aluno.

06 – Você tem algum segredo? Alguma vez já sentiu necessidade de contar um segredo a alguém? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.

07 – Encontre no dicionário, se necessário, outras palavras ou expressões que tenham o mesmo sentido de bisbilhotar, que aparece no trecho: “Mesmo se alguém for bisbilhotar num cantinho da gaveta, não vai encontrar.”
      Procurar, xeretar, vasculhar.

08 – Dizem que duas palavras são sinônimas quando têm, sentidos equivalentes ou muito próximos. No texto “Bisa Bia, Bisa Bel”, há alguns sinônimos de bisbilhotar. Quais?
      Procurar, fuçar e espiar.

09 – Mesmo sendo sinônimas, as palavras que você mencionou na resposta anterior apresentam pequenas diferenças de sentido que só podemos perceber ao ler o texto.
a)   Localize os trechos do texto em que aparecem essas palavras sinônimas de bisbilhotar.
“Pode procurar pela casa inteira”; “Nem se fuçar debaixo do tapete”; “Pode espiar pelo buraco da fechadura do meu quarto”.

b)   Que diferenças de sentido elas apresentam nos trechos em que aparecem?
Procurar e fuçar acentuam a ideia de intensidade e apresentam o sentido de uma busca minuciosa; já espiar marca mais fortemente o caráter casual da busca.

10 – “Para falar a verdade, eu nem sabia que Bia Bisa existia”. Nesse trecho, que diferença de sentido haveria se, em vez de nem, utilizássemos não?
      A diferença é que nem é uma forma negativa mais forte do que não.


terça-feira, 9 de abril de 2019

FÁBULA: O JABUTI E A FRUTA - ANA MARIA MACHADO - COM QUESTÕES GABARITADAS

Fábula: O JABUTI E A FRUTA
              
              Ana Maria Machado

        Uma vez apareceu na floresta uma árvore nova que dava uma fruta que todos os bichos ficaram com vontade de comer, mas só podia comer quem primeiro soubesse o nome da fruta. E, para ficar sabendo, era preciso perguntar a uma mulher que tomava conta da árvore e morava meio longe. Depois, embaixo da árvore, tinha que dizer o nome da fruta bem certinho. Então a fruta amadurecia e caía.
        Um por um, cada bicho ia lá na casa da mulher e perguntava. Ela respondia. Ela não podia enganar ninguém. Tinha que responder direito, o nome certo, como o deus da mata havia mandado.
        Mas era um nome enorme e complicadíssimo. Quando chegava na metade do caminho, o bicho já havia esquecido e não podia voltar lá pra perguntar de novo. Precisava guardar bem direitinho na cabeça para não esquecer.
        Para complicar ainda mais, a mulher fazia uma coisa ruim, só para atrapalhar. Misturava as ideias na cabeça do bicho que perguntava. Quer dizer, depois de falar bem certinho o nome da fruta, quando o bicho já estava indo embora, tentando guardar o nome da fruta, ela chamava:
        – Ei, espera um pouquinho, compadre, que eu acho que me enganei!
        E então começava a dizer várias outras palavras para confundir.
        ... Até que chegou a vez do Jabuti.
        Sabendo do que tinha acontecido com os outros, ele teve uma ideia. Levou sua violinha quando foi se apresentar à mulher:
        – Por favor, a senhora pode me dizer qual é o nome da fruta?
        Ela respondeu:
        – Mussá, Mussá, Mussagambira, Mussauê.
        Rapidamente ele inventou uma musiquinha e começou a dedilhar as cordas da viola enquanto cantava:
        – Mussá, Mussá, Mussagambira, Mussauê.
        E num instantinho a mulher chamou:
        – Ei, seu Jabuti, não é que eu lhe dei uma informação errada? O nome da fruta não é esse não. É Puçá, Puçá, Puçacambira, Puçuarinha.
        E o Jabuti não parou de cantar.
        – Mussá, Mussá, Mussagambira, Mussauê.
        E a mulher vinha atrás dele, falando sem parar.
        – Ou será que eu me enganei? Acho que é Içá, Içá, pega na imbira, solta a farinha ….
        E o Jabuti firme, dedilhando sua viola:
        – Mussá, Mussá, Mussagambira, Mussauê.
        A mulher não desistia:
        – Ou será que é Assá, Assá, viu curupira, viu você?
        E o Jabuti não parava um segundo:
        – Mussá, Mussá, Mussagambira, Mussauê.
        A mulher ficou furiosa, passou a mão num pedaço de pau e deu uma pancada no Jabuti que rachou seu casco todinho, mas o teimoso não parou:
        – Mussá, Mussá, Mussagambira, Mussauê.
        Continuou até que chegou perto da árvore e a mulher teve que voltar para casa. O Jabuti cantou:
        – Mussá, Mussá, Mussagambira, Mussauê.
        Era o nome certo. A fruta caiu. Ele continuou cantando e foi uma chuva de frutas amadurecendo e caindo. Dava para todos os bichos provarem.
        E, como as frutas tinham um visgo grudento que nem jaca, os outros bichos aproveitaram e usaram o visgo para colar os cacos do casco rachado do Jabuti.
        E ele ficou assim, remendadinho, até hoje !!!

Ana Maria Machado. Histórias à brasileira – O pavão misterioso e outros.
São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2008.
Entendendo a fábula:

01 – Qual é o título da história?
      O jabuti e a fruta.

02 – Quais são os personagens da história?
      O jabuti e a mulher.

03 – Em que local se passa a história?
      A história passa na floresta.

04 – Qual é o gênero textual da história?
      É uma fábula.

05 – O que apareceu na floresta que causou tanto alvoroço?
      Apareceu uma árvore nova, que dava frutos que todos os bichos tinham vontade de comer.

06 – Mas, para poder comer a fruta, era preciso falar o nome dela certinho. Qual era o nome?
      “--- Mussá, Mussá, Mussagambira, Mussauê.”

07 – O jabuti, sabendo o que tinha acontecido com os outros bichos, o que fez ele para memorizar o nome da fruta?
      Pegou sua viola e inventou uma musiquinha e começou a cantar, até chegar embaixo da árvore.

08 – O que a mulher fez para impedir o jabuti de chegar até a árvore e falar o nome dela?
      A princípio disse que tinha falado o nome errado, depois ela pegou um pedaço de pau e deu uma pancada nele.

09 – O que aconteceu com o jabuti, por causa da pancada?
      Rachou todinho o seu casco.

10 – Mesmo assim, o jabuti chegou embaixo da árvore e cantou. O que aconteceu?
      As frutas amadureceram e caíram e todos os bichos puderam comer.

11 – A fruta tinha um visgo grudento, o que os bichos fizeram com o visgo?
      Eles usaram para colar os cacos do casco rachado.

12 – Após isso, como o jabuti ficou?
      Ficou todo remendadinho.

13 – Para você, qual é a moral da história?
      Resposta pessoal do aluno.