terça-feira, 28 de setembro de 2021

CONTO: O GATO PRETO - EDGAR ALLAN POE - COM GABARITO

 Conto: O Gato Preto

          Edgar Allan Poe

        Não espero nem peço que se dê crédito à história sumamente extraordinária e, no entanto, bastante doméstica que vou narrar. Louco seria eu se esperasse tal coisa, tratando-se de um caso que os meus próprios sentidos se negam a aceitar. Não obstante, não estou louco e, com toda a certeza, não sonho. Mas amanhã posso morrer e, por isso, gostaria, hoje, de aliviar o meu espírito. [...]

        Desde a infância, tornaram-se patentes a docilidade e o sentido humano de meu caráter. A ternura de meu coração era tão evidente, que me tornava alvo dos gracejos de meus companheiros. Gostava, especialmente, de animais, e meus pais me permitiam possuir grande variedade deles. [...]

        Casei cedo, e tive a sorte de encontrar em minha mulher disposição semelhante à minha. Notando o meu amor pelos animais domésticos, não perdia a oportunidade de arranjar as espécies mais agradáveis de bichos. Tínhamos pássaros, peixes-dourados, um cão, coelhos, um macaquinho e um gato.

        Este último era um animal extraordinariamente grande e belo, todo negro e de espantosa sagacidade. Ao referir-se à sua inteligência, minha mulher, que, no íntimo de seu coração, era um tanto supersticiosa, fazia frequentes alusões à antiga crença popular de que todos os gatos pretos são feiticeiras disfarçadas. [...]. Pluto assim se chamava o gato era o meu preferido, com o qual eu mais me distraía. [...]

        Nossa amizade durou, desse modo, vários anos, durante os quais não só o meu caráter como o meu temperamento enrubesço ao confessá-lo sofreram, devido ao demônio da intemperança, uma modificação radical para pior. Tornava-me, dia a dia, mais taciturno, mais irritadiço, mais indiferente aos sentimentos dos outros. Sofria ao empregar linguagem desabrida ao dirigir-me à minha mulher. No fim, cheguei mesmo a tratá-la com violência. Meus animais, certamente, sentiam a mudança operada em meu caráter. Não apenas não lhes dava atenção alguma, como, ainda, os maltratava. Quanto a Pluto, porém, ainda despertava em mim consideração suficiente que me impedia de maltratá-lo [...]. Meu mal, porém, ia tomando conta de mim que outro mal pode se comparar ao álcool? e, no fim, até Pluto, que começava agora a envelhecer e, por conseguinte, se tornara um tanto rabugento, até mesmo Pluto começou a sentir os efeitos de meu mau humor.

        Certa noite, ao voltar a casa, muito embriagado, de uma de minhas andanças pela cidade, tive a impressão de que o gato evitava a minha presença. Apanhei-o, e ele, assustado ante a minha violência, me feriu a mão, levemente, com os dentes. Uma fúria demoníaca apoderou-se, instantaneamente, de mim. Já não sabia mais o que estava fazendo. [...] Tirei do bolso um canivete, abri-o, agarrei o pobre animal pela garganta e, friamente, arranquei de sua órbita um dos olhos! [...]

        Entrementes, o gato se restabeleceu, lentamente. A órbita do olho perdido apresentava, é certo, um aspecto horrendo, mas não parecia mais sofrer qualquer dor. Passeava pela casa como de costume, mas, como bem se poderia esperar, fugia, tomado de extremo terror, à minha aproximação. Restava-me ainda o bastante de meu antigo coração para que, a princípio, sofresse com aquela evidente aversão por parte de um animal que, antes, me amara tanto. Mas esse sentimento logo se transformou em irritação. [...] Uma manhã, a sangue-frio, meti-lhe um nó corredio em torno do pescoço e enforquei-o no galho de uma árvore. Fi-lo com os olhos cheios de lágrimas, com o coração transbordante do mais amargo remorso. Enforquei-o porque sabia que ele me amara, e porque reconhecia que não me dera motivo algum para que me voltasse contra ele. [...]

        Na noite do dia em que foi cometida essa ação tão cruel, fui despertado pelo grito de fogo!. As cortinas de minha cama estavam em chamas. Toda a casa ardia. Foi com grande dificuldade que minha mulher, uma criada e eu conseguimos escapar do incêndio. [...]

        [...] No dia seguinte ao do incêndio, visitei as ruínas. As paredes, com exceção de uma apenas, tinham desmoronado. [...] Aproximei-me e vi, como se gravada em baixo-relevo sobre a superfície branca, a figura de um gato gigantesco. A imagem era de uma exatidão verdadeiramente maravilhosa. Havia uma corda em torno do pescoço do animal. [...]

        Uma noite, em que me achava sentado, meio aturdido, num antro mais do que infame, tive a atenção despertada, subitamente, por um objeto negro que jazia no alto de um dos enormes barris, de genebra ou rum, que constituíam quase que o único mobiliário do recinto. Fazia já alguns minutos que olhava fixamente o alto do barril, e o que então me surpreendeu foi não ter visto antes o que havia sobre o mesmo. Aproximei-me e toquei-o com a mão. Era um gato preto, enorme tão grande quanto Pluto e que, sob todos os aspectos, salvo um, se assemelhava a ele. Pluto não tinha um único pelo branco em todo o corpo e o bichano que ali estava possuía uma mancha larga e branca, embora de forma indefinida, a cobrir-lhe quase toda a região do peito. Ao acariciar-lhe o dorso, ergueu-se imediatamente, ronronando com força e esfregando-se em minha mão, como se a minha atenção lhe causasse prazer. [...]

        Continuei a acariciá-lo e, quando me dispunha a voltar para casa, o animal demonstrou disposição de acompanhar-me. Permiti que o fizesse detendo-me, de vez em quando, no caminho, para acariciá-lo. Ao chegar, sentiu-se imediatamente à vontade, como se pertencesse à casa, tornando-se, logo, um dos bichanos preferidos de minha mulher.

        De minha parte, passei a sentir logo aversão por ele. Acontecia, pois, justamente o contrário do que eu esperava. Mas a verdade é que não sei como nem por quê seu evidente amor por mim me desgostava e aborrecia. Lentamente, tais sentimentos de desgosto e fastio se converteram no mais amargo ódio. Evitava o animal. [...]

        Sem dúvida, o que aumentou o meu horror pelo animal foi a descoberta, na manhã do dia seguinte ao que o levei para casa, que, como Pluto, também havia sido privado de um dos olhos. [...]

        Sob a pressão de tais tormentos, sucumbiu o pouco que restava em mim de bom. [...] Minha rabugice habitual se transformou em ódio por todas as coisas e por toda a humanidade e enquanto eu, agora, me entregava cegamente a súbitos, frequentes e irreprimíveis acessos de cólera, minha mulher pobre dela! não se queixava nunca, convertendo-se na mais paciente e sofredora das vítimas.

        Um dia, acompanhou-me, para ajudar-me numa das tarefas domésticas, até o porão do velho edifício em que nossa pobreza nos obrigava a morar, o gato seguiu-nos e, quase fazendo-me rolar escada abaixo, me exasperou a ponto de perder o juízo. Apanhando uma machadinha e esquecendo o terror pueril que até então contivera minha mão, dirigi ao animal um golpe que teria sido mortal, se atingisse o alvo. Mas minha mulher segurou-me o braço, detendo o golpe. Tomado, então, de fúria demoníaca, livrei o braço do obstáculo que o detinha e cravei-lhe a machadinha no cérebro. Minha mulher caiu morta instantaneamente, sem lançar um gemido.

        Realizado o terrível assassínio, procurei, movido por súbita resolução, esconder o corpo. Sabia que não poderia retirá-lo da casa, nem de dia nem de noite, sem correr o risco de ser visto pelos vizinhos. [...] Finalmente, tive uma ideia que me pareceu muito mais prática: resolvi emparedá-lo na adega, como faziam os monges da Idade Média com as suas vítimas. [...]

        O passo seguinte foi procurar o animal que havia sido a causa de tão grande desgraça, pois resolvera, finalmente, matá-lo. Se, naquele momento, tivesse podido encontrá-lo, não haveria dúvida quanto à sua sorte: mas parece que o esperto animal se alarmara ante a violência de minha cólera, e procurava não aparecer diante de mim enquanto me encontrasse naquele estado de espírito. Impossível descrever ou imaginar o profundo e abençoado alívio que me causava a ausência de tão detestável felino. [...] Transcorreram o segundo e o terceiro dia e o meu algoz não apareceu. Pude respirar, novamente, como homem livre. O monstro fugira para sempre de casa.

        Foram feitas algumas investigações, mas respondi prontamente a todas as perguntas. Procedeu-se, também, a uma vistoria em minha casa, mas, naturalmente, nada podia ser descoberto. Eu considerava já como coisa certa a minha felicidade futura.

        No quarto dia após o assassinato, uma caravana policial chegou, inesperadamente, a casa, e realizou, de novo, rigorosa investigação. Seguro, no entanto, de que ninguém descobriria jamais o lugar em que eu ocultara o cadáver, não experimentei a menor perturbação. [...]

        -- Senhores – disse, por fim, quando os policiais já subiam a escada – é para mim motivo de grande satisfação haver desfeito qualquer suspeita. Desejo a todos os senhores ótima saúde e um pouco mais de cortesia. Diga-se de passagem, senhores, que esta é uma casa muito bem construída... (Quase não sabia o que dizia, em meu insopitável desejo de falar com naturalidade.) Poderia, mesmo, dizer que é uma casa excelentemente construída. Estas paredes – os senhores já se vão? –, estas paredes são de grande solidez.

        Nessa altura, movido por pura e frenética fanfarronada, bati com força, com a bengala que tinha na mão, justamente na parte da parede atrás da qual se achava o corpo da esposa de meu coração.

        Que Deus me guarde e livre das garras de Satanás! Mal o eco das batidas mergulhou no silêncio, uma voz me respondeu do fundo da tumba, primeiro com um choro entrecortado e abafado, como os soluços de uma criança; depois, de repente, com um grito prolongado, estridente, contínuo, completamente anormal e inumano. Um uivo, um grito agudo, metade de horror, metade de triunfo, como somente poderia ter surgido do inferno, da garganta dos condenados, em sua agonia, e dos demônios exultantes com a sua condenação.

        Quanto aos meus pensamentos, é loucura falar. Sentindo-me desfalecer, cambaleei até à parede oposta. Durante um instante, o grupo de policiais deteve-se na escada, imobilizado pelo terror. Decorrido um momento, doze braços vigorosos atacaram a parede, que caiu por terra. O cadáver, já em adiantado estado de decomposição, e coberto de sangue coagulado, apareceu, ereto, aos olhos dos presentes.

        Sobre sua cabeça, com a boca vermelha dilatada e o único olho chamejante, achava-se pousado o animal odioso, cuja astúcia me levou ao assassínio e cuja voz reveladora me entregava ao carrasco.

        Eu havia emparedado o monstro dentro da tumba! 

POE, Edgar Allan. Histórias extraordinárias. São Paulo: Martin Claret, 2000.

Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 7º ano – Ensino Fundamental – IBEP 4ª edição São Paulo 2015 p. 189-192.

Entendendo o conto:

01 – O narrador-personagem anuncia que vai contar uma história “sumamente extraordinária e, no entanto, bastante doméstica.” Que expectativa é criada no leitor devido ao uso desses dois adjetivos?

      O leitor espera que a história seja um acontecimento inesperado entre a rotina e os elementos cotidianos.

02 – Releia o primeiro parágrafo e responda: Por que razão ele decidiu tornar pública sua história?

      Porque pode morrer em breve e quer desabafar, aliviar o espírito.

03 – A partir do segundo parágrafo, o narrador-personagem conta um pouco de sua infância e do início do seu casamento. Que mudança podemos perceber em sua personalidade no decorrer da história?

      Na infância, a personagem era dócil e de bom caráter. Aos poucos, foi se tornando uma pessoa cada vez mais irritadiça e violenta. Primeiro, maltratava apenas os animais, com exceção do gato preto. Depois, passou a agredir o gato a ponto de matá-lo. Por fim, acabou assassinando a esposa.

04 – Por duas vezes, a personagem maltrata o gato preto. Releia os trechos que relatam esses dois episódios. De que maneira esses relatos contribuem para o clima de tensão da narrativa?

      Os trechos mostram a mudança no caráter do narrador e acentuam o caráter de terror do conto.

05 – O conto sugere que o gato encontrado pela personagem, em uma de suas saídas à noite, num antro mais do que infame, era o mesmo gato que havia sido enforcado. Que semelhanças entre ambos foram apontadas?

      “Ambos eram pretos, enormes, não tinham um olho e eram afeiçoados ao casal. Acima disso, contudo, há o relato do narrador: [...] tão grande quanto Pluto e que, sob todos os aspectos, salvo um, se assemelhava a ele.”

06 – A quem, principalmente, o narrador atribui a culpa por sua mudança de caráter, incluindo o assassinato de sua esposa? Justifique com trechos do texto.

      Ao gato preto: “seu evidente amor por mim me desgostava e aborrecia. Lentamente, tais sentimentos de desgosto e fastio se converteram no mais amargo ódio. Evitava o animal. [...] Sob a pressão de tais tormentos, sucumbiu o pouco que restava em mim de bom.”; “O gato seguiu-nos e, quase fazendo-me rolar escada abaixo, me exasperou a ponto de perder o juízo.”; “O passo seguinte foi procurar o animal que havia sido a causa de tão grande desgraça, pois resolvera, finalmente, matá-lo.”; “Transcorreram o segundo e o terceiro dia e o meu algoz não apareceu.”; “[...] achava-se pousado o animal odioso, cuja astúcia me levou ao assassínio e cuja voz reveladora me entregava ao carrasco.”

07 – A que outro fator poderíamos atribuir a mudança de caráter do narrador? Justifique com um trecho do texto.

      À bebida: “Nossa amizade durou, desse modo, vários anos, durante os quais não só o meu caráter como o meu temperamento – enrubesço ao confessá-lo – sofreram, devido ao demônio da intemperança, uma modificação radical para pior.”; “Meu mal, porém, ia tomando conta de mim – que outro mal pode se comparar ao álcool?”.

08 – Copie no caderno a alternativa que melhor justifica a presença do foco narrativo em primeira pessoa nesse conto:

a)   O narrador-personagem tem conhecimento dos fatos e os narra com total isenção de envolvimento, deixando claro ao leitor sua culpa no crime que praticou.

b)   O narrador-personagem, devido à sua aproximação com os fatos narrados, seleciona situações para convencer o leitor de que uma força sobrenatural o obrigou a praticar os atos de violência.

09 – Que recurso o narrador utiliza para tentar convencer o leitor de que a história de fato aconteceu?

      No primeiro parágrafo, o narrador conversa com os leitores e afirma que não espera que acreditem em sua história, já que até mesmo seus sentidos se negam a acreditar, mas que vai conta-la mesmo assim.

10 – De que maneira os substantivos e os adjetivos contribuem para criar um clima de terror e mistério? Cite exemplos retirados do texto.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Muitos dos adjetivos e substantivos do texto procuram descrever o ambiente e os seres, além de narrar os fatos de uma forma que provoque medo nos leitores.

      “Sobre sua cabeça, com a boca vermelha dilatada e o único olho chamejante, achava-se pousado o animal odioso, cuja astúcia me levou ao assassínio e cuja voz reveladora me entregava ao carrasco.

        Eu havia emparedado o monstro dentro da tumba!”

11 – Que diferenças poderíamos apontar entre uma narrativa de enigma e uma narrativa de terror?

      A narrativa de enigma trabalha com um mistério a ser desvendado, enquanto a narrativa de terror trabalha com um fato sobrenatural.

 

 

CRÔNICA: AMIGOS - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

 Crônica: Amigos

            Luís Fernando Veríssimo

        Os dois eram grandes amigos. Amigos de infância. Amigos de adolescência. Amigos de primeiras aventuras. Amigos de se verem todos os dias. Até mais ou menos 25 anos. Aí, por uma destas coisas da vida – e como a vida tem coisas! – passaram muitos anos sem se ver. Até que um dia...

        Um dia se cruzam na rua. Um ia numa direção, o outro na outra. Os dois se olharam, caminharam mais alguns passos e se viraram ao mesmo tempo, como se fosse coreografado. Tinham-se reconhecido.

        – Eu não acredito!

        – Não pode ser!

        Caíram um nos braços do outro. Foi um abraço demorado e emocionado. Deram-se tantos tapas nas costas quantos tinham sido os anos da separação.

        – Deixa eu te ver!

        – Estamos aí.

        – Mas você está careca!

        – Pois é.

        – E aquele bom cabelo?

        – Se foi...

        – Aquela cabeleira.

        – Muito Gumex...

        – Fazia sucesso.

        – Pois é.

        – Era cabeleira pra derrubar suburbana.

        – Muitas sucumbiram...

        – Puxa. Deixa eu ver atrás.

        Ele se virou para mostrar a careca atrás. O outro exclamou:

        – Completamente careca!

        – E você?

        – Espera aí. O cabelo está todo aqui. Um pouco grisalho, mas firme.

        – E essa barriga?

        – O que é que a gente vai fazer?

        – Boa vida...

        – Mais ou menos...

        – Uma senhora barriga.

        – Nem tanto.

        – Aposto que futebol, com essa barriga...

        – Nunca mais.

        – E você era bom, hein? Um bolão.

        – O que é isso.

        – Agora tá com a bola na barriga.

        – Você também.

        – Barriga, eu?

        – Quase do tamanho da minha.

        – O que é isso?

        – Respeitável.

        – Quem te dera um corpo como o meu.

        – Mas eu estou com todo o cabelo.

        – Estou vendo umas entradas aí.

        – O seu só teve saída.

        Ele se dobra de rir com a própria piada. O outro muda de assunto.

        – Faz o quê? Vinte anos?

        – Vinte e cinco. No mínimo.

        – Você mudou um bocado.

        – Você também.

        – Você acha?

        – Careca...

        – De novo a careca? Mas é fixação.

        – Desculpe, eu...

        – Esquece a minha careca.

        – Não sabia que você tinha complexo.

        – Não tenho complexo. Mas não precisa ficar falando só na careca. Eu estou falando nessa barriga indecente? Nessas rugas?

        – Que rugas?

        – Ora, que rugas?

        – Meu Deus, sua cara está que é um cotovelo.

        – Espera um pouquinho...

        – E essa barriga? Você não se cuida não?

        – Me cuido mais que você.

        – Eu faço ginástica, meu caro. Corro todos os dias. Tenho uma saúde de cavalo.

        – É. Só falta a crina.

        – Pelo menos não tenho barriga de baiana.

        – E isso, o que é?

        – Não me cutuca.

        – Me diz. O que é? Enchimento?

        – Não me cutuca!

        – E esses óculos são para quê? Vista cansada? Eu não uso óculos.

        – É por isso que está vendo barriga onde não tem.

        – Claro, claro. Vai ver você tem cabelo e eu é que não estou enxergando.

        – Cabelo outra vez! Mas isso já é obsessão. Eu, se fosse você, procurava um médico.

        – Vá você, que está precisando. Se bem que velhice não tem cura.

        – Quem é que é velho?

        – Ora, faça-me o favor...

        – Velho é você.

        – Você.

        – Você.

        – Você!

        – Ruína humana.

        – Ruína não.

        – Ruína!

        – Múmia!

        – Ah, é? Ah, é?

        – Cacareco! Ou será cacareca?

        – Saia da minha frente!

        Separaram-se, furiosos. Inimigos para o resto da vida.

 Verissimo, Luís Fernando. O melhor das comédias da vida privada. São Paulo: Objetiva, 2004.

Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 8º ano – Ensino Fundamental – IBEP 4ª edição São Paulo 2015 p. 131-3.

Entendendo a crônica:

01 – Em que período da vida esses dois homens conviveram?

      Da infância até mais ou menos 25 anos de idade.

02 – Que mudanças físicas os amigos percebem um no outro?

      Ficar careca, ganhar barriga, rugas e vista cansada.

03 – Até certo momento do texto, falar sobre as mudanças físicas ainda era amistoso. Em que ponto deixa de ser assim? Transcreva no caderno as frases que marcam essa passagem.

      As frases são: “– De novo a careca? Mas é fixação.”

04 – Em seu caderno, transcreva o trecho do texto que corresponde ao clímax do conflito.

        Tem início com a fala “– Velho é você.” até “– Cacareco! Ou será cacareca?”.

05 – O texto mostra como a relação de amizade se transforma progressivamente em inimizade. Em seu caderno, descreva como o texto desenvolve essa progressiva oposição.

      O texto começa usando uma linguagem quase poética, com expressões como “amigos de primeiras aventuras”, descreve o abraço emocionado do reencontro; com a entrada dos diálogos, o texto vai ficando mais dinâmico, os desentendimentos começam a aparecer. Com a continuidade da narrativa, os diálogos vão se tornando cada vez mais ásperos, as frases se tornam curtas e incisivas até chegar ao ponto alto do conflito.  

06 – O narrador, na introdução da crônica, apresenta ao leitor uma reflexão: “Aí, por uma destas coisas da vida – e como a vida tem coisas!”. O assunto da crônica justifica a reflexão do narrador? A vida realmente “tem coisas”? Justifique sua opinião com acontecimentos narrados no texto.

      Sim, pois os amigos se reencontram depois de tantos anos e de repente se envolvem em uma discussão e tornam-se inimigos para sempre.

07 – Para as personagens da crônica, a situação de desentendimento entre amigos é um momento tenso e desagradável ou leve e divertido?

      A discussão é tensa e provoca um desconforto nos dois conhecidos, tornando o encontro muito desagradável.

08 – Por que podemos dizer que se trata de um texto de humor?

      Porque o diálogo travado entre as personagens é engraçado, as observações que um faz a respeito da aparência física do outro e a não aceitação da mudança da aparência por parte dos dois amigos, que ainda se consideram jovens, como há 25 anos, dão o tom humorístico, irônico à obra. O próprio afastamento definitivo é irônico.

09 – As características que uma personagem repara na outra são predominantemente negativas. Cite algumas palavras ou frases que exemplifiquem essa afirmação.

      “– Agora tá com a bola na barriga.”, “– Meu Deus, sua cara está que é um cotovelo.”, “– Ruína humana.”, “– Múmia!”.

10 – Em que consiste o humor do texto?

      O humor é a ironia da situação, “as coisas que a vida tem”: os dois não se viam há muito tempo, mas quando se reencontram, identificam tantos defeitos na aparência um do outro que transformam esse reencontro, no início tão afetuoso, em guerra verbal e desentendimento definitivo.

11 – Com base nos conhecimentos que já possui sobre gêneros textuais, responda: Por que podemos considerar esse texto uma crônica de humor?

      Trata-se de um texto narrativo breve, que apresenta uma situação do cotidiano em linguagem coloquial. A reflexão é exemplificada com uma situação irônica, que surpreende o leitor.

12 – Você se lembra de algum reencontro desagradável, mas engraçado, vivido por você ou por alguém que conhece? Conte para a turma.

      Resposta pessoal do aluno.

ROMANCE: GABRIEL TERNURA(FRAGMENTO) - EDSON GABRIEL GARCIA - COM GABARITO

 Romance: Gabriel Ternura (fragmento)

                Edson Gabriel Garcia

Momento de ouvir

  Gabriel, Rafa e os filhos do homem que trabalhava no computador entraram para a escola.

 O prédio era feio, velho, sujo e malcuidado. Em nenhum lugar poder-se-ia encontrar maior desmazelo. As paredes haviam perdido a cor; o reboco, em algumas partes caído, deixava à vista os tijolos desanimados pelo peso das telhas. Os móveis jaziam sem vontade de receber as crianças. Mesmo a professora, ranzinza e doente dos pulmões, dava a impressão de total desarranjo e desinteresse pelo trabalho. Nenhum cartaz ou mural quebrava o pesado ar de decadência da escola.

        Apesar da aparência, eles quiseram frequentar essa escola.

        Logo nos primeiros instantes de participação na escola, Gabriel estranhou que a professora não conversava nem olhava para as crianças. Todas estavam quietas, mudas, sem interesse por tudo que rodeava o ambiente. Tampouco as crianças perguntavam alguma coisa para a professora. Ele quis saber o motivo e perguntou à mestra:

        – As crianças não fazem perguntas nem precisam saber os porquês?

        – Os adultos sabem por elas e seus manuais trazem tudo pronto e respondido. A elas cabe apenas a tarefa de conviver uma com a outra.

        – Conviver ?! A senhora chama isto de conviver?? Como?? Alguém aqui sabe quem é o colega do lado e o que ele faz aqui?

        A professora não respondeu ao comentário-pergunta de Gabriel. Não porque não queria, mas porque não sabia. Cansada pelo esforço que seu fraco pulmão fizera para responder à pergunta, nem levantou os olhos para Gabriel.

        Gabriel pegou a aquarela e com o pincel desenhou sobre a mesa um lindo ramalhete de margaridas que ofereceu à desconfiada professora.

        Ela o pegou e agradeceu. Olhou admirada e com desconfiança para aquelas flores brancas e simpaticamente bonitas.

        No instante seguinte, Gabriel deu vida amarela e azul ao velho prédio da escola. Pintou trepadeiras nas paredes e um abacateiro carregadinho de frutas na porta de entrada. As plantas davam novo alento ao ambiente. O ventinho leve do balanço das folhas trazia pequenas doses de satisfação à criançada ali presente. O verde da trepadeira esparramava-se nos buracos da parede cobrindo o desânimo dos tijolos. Mas faltava ainda alguma coisa.

        – Os risos, Rafa! – lembrou Gabriel.

        Rafa saiu um instante e voltou com os alegres companheiros do Depósito de Risos: ali estavam, para voltar aos lábios das crianças, os sorrisos, os risos, as risadas e as gargalhadas. A professora nada entendia, acostumada que era com o passar monótono e pacato dos dias. Menos ainda entendeu quando seus discípulos começaram a sorrir à boca aberta e a sala coloriu-se de um azul suave vindo do rosto de Rafa. Entusiasmada, esquecida dos pulmões doentes, gritou:

        – Oba! Como você fez isto?

        – Com amor, professora – respondeu Gabriel.

        – Ah! – fez ela, coçando o birote dos cabelos, continuando a não entender coisa alguma.

        E em meio a toda aquela algazarra de alegria e colorido, Gabriel abriu o gargalo da garrafa e deixou as bocas voltarem aos seus donos.

        – Por que você sorri azul? Quem é você?

        – Por que eu estou sentado aqui? Como vim parar aqui? Que livro é este? Por que esta cor?

        – Por que a professora não conversa?

        – Quem manda? Onde? Por quê? Como?

        E a escola voltou a sorrir e a responder às perguntas das crianças. “Isso é muito bom” – pensou Gabriel.  

        É a escola que começa a responder às primeiras inquietações espirituais dos futuros homens e criar outras perguntas que a própria vida responderá.

 GARCIA, Edson Gabriel. Gabriel Ternura. São Paulo: Loyola, 1982.

Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 6º ano – Ensino Fundamental – IBEP 4ª Edição São Paulo 2015 p. 86-8

Entendendo o romance:

01 – Como se comporta a professora?

      Ela não tem interesse nos problemas que aflingem as crianças e não dá sequer oportunidade para elas se relacionarem.

02 – Que linguagem predomina no texto? Como você chegou a essa conclusão?

      Está escrito em uma linguagem formal, sem o tom coloquial, sem gírias e apresenta um vocabulário bem-cuidado.

03 – Releia o seguinte parágrafo, em que se apresentam as descrições da escola e da professora:

        “O prédio era feio, velho, sujo e malcuidado. Em nenhum lugar poder-se-ia encontrar maior desmazelo. As paredes haviam perdido a cor; o reboco, em algumas partes caído, deixava à vista os tijolos desanimados pelo peso da s telhas. Os móveis jaziam sem vontade de receber as crianças.

        Mesmo a professora, ranzinza e doente dos pulmões, dava a impressão de total desarranjo e desinteresse pelo trabalho. Nenhum cartaz ou mural quebrava o pesado ar de decadência da escola.”

a)   No texto há, várias expressões usadas no sentido figurado. Identifique-as.

         “Tijolos desanimados”; “móveis sem vontade”; “pesado ar”.

b)   Por que podemos dizer que essas expressões estão em sentido figurado?

Porque as palavras “desanimados”, “vontade” e “pesado” foram usadas em sentido que vai além do usual, comum, direto.

c)   Que efeitos de sentido essas expressões figuradas provocaram no texto? 

Essas expressões humanizam a escola, pejorativamente. Os seres inanimados parecem participar da história e do cenário como se fossem pessoas tristes, sem vida, desanimadas.

d)   A que classe gramatical pertencem as palavras “feio”, “velho”, “sujo” e “malcuidado”, usadas na primeira frase desse parágrafo? Para que servem as palavras dessa classe gramatical?

São adjetivos. Os adjetivos conferem características aos substantivos.

04 – Esse parágrafo foi construído para que o leitor visualizasse a escola e a professora. Que tipos de palavras mais colaboraram para que esse objetivo fosse atingido? Dê exemplos.

      As palavras que caracterizam ou descrevem o ambiente e as pessoas: “feio”, “velho”, “sujo”, “malcuidado”, “desanimados”, “ranzinza”, “doente”, “pesado”.

05 – O trecho do texto em destaque é predominantemente descritivo ou narrativo? Justifique sua resposta. 

      Ele é descritivo, já que o objetivo é levar o leitor a imaginar o espaço e a personagem.

 

 

 

 

CAPA: REVISTA TODATEEN 227 - COM GABARITO

 Capa: Revista Todateen 227


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Todateen, São Paulo, Alto Astral, ano 19, n° 227, out. 2014.

Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 6º ano – Ensino Fundamental – IBEP 4ª Edição São Paulo 2015 p. 147-8.

Entendendo a capa:

01 – Os assuntos tratados na capa da revista nos permitem reconhecer especificamente qual é seu público-alvo. Qual é esse público?

      O público feminino jovem (pré-adolescentes e adolescentes, principalmente).

02 – A linguagem usada nas frases dessa capa é formal ou informal? Justifique com palavras ou expressões retiradas do texto.

      Informal, o que pode ser percebido pelo uso de palavras e expressões como “mandar bem”, “BV”, “pra”, “sua”, “você”, “PFVR”.

03 – A partir da leitura da capa, é possível sabermos qual é o destaque da edição de uma revista. No caso dessa capa, qual é o destaque dessa edição? Como você chegou a essa conclusão?

      A matéria “Guia do beijo” é o destaque. A chamada para essa matéria recebe tipográfico e está disposta de modo a chamar mais a atenção do leitor que as outras. Além disso, a quantidade de subtópicos mostra que esse assunto será aprofundado na edição.

04 – A moça que aparece na capa é a cantora, atriz e compositora norte-americana Demi Lovato, muito conhecida pelo público infanto-juvenil.

a)   Demi é considerada uma pessoa famosa. Identifique e transcreva no caderno a manchete da capa que nos permite confirmar essa informação.

“Demi pra copiar: looks e makes para virar diva.”

b)   Um dos adjetivos que aparecem na manchete que você transcreveu nos mostra como a atriz e cantora é vista por seus fãs. Que adjetivo é esse? Qual é o significado dele?

O adjetivo é “diva”, que significa “deusa”, “ídolo”.

c)   Levante uma hipótese: Por que razão essa cantora e atriz foi escolhida para ilustrar a capa da revista?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: É comum que fotos de artistas ou pessoas famosas sejam usadas para ilustrar capas de revistas de modo a atrair um possível leitor que se interesse por informações sobre aquela pessoa.

05 – Releia a manchete a seguir:

        “Menos timidez PFVR! Como ter mais atitude”

a)   O que significa “PFVR”?

Significa “por favor”.

b)   Em que situação de comunicação o uso desse tipo de linguagem é mais comum?

Geralmente em conversas informais na internet, sobretudo em redes sociais e mensagens de texto.

c)   Qual é a sua opinião sobre o uso desse tipo de linguagem?

Resposta pessoal do aluno.

d)   A que atitude a manchete está provavelmente se referindo?

Provavelmente, a manchete faz referência ao fato de as meninas tomarem a frente nas conquistas amorosas, não esperando pelos meninos.

e)   Você concorda com a sugestão feita na manchete? Justifique.

Resposta pessoal do aluno.

MÚSICA(ATIVIDADES): TRÊS CIRANDAS DE PERNAMBUCO - MESTRE VITALINO PEREIRA DOS SANTOS - COM GABARITO

 Música(Atividades): Três cirandas de Pernambuco

             Mestre Vitalino Pereira dos Santos

1

Mandei fazer uma casa de farinha

Bem maneirinha que o vento possa levar

Oi passa sol, oi passa chuva, oi passa vento

Só não passa o movimento do cirandeiro a rodar.

2

Achei bom, bonito meu amor a brincar

Ciranda maneira

Vem cá, cirandeira,

Vem cá balançar.

3

Essa ciranda quem me deu foi Lia

Que mora na ilha

De Itamaracá. (BIS).

Domínio público. Ciranda (s.d.), de Mestre Vitalino Pereira dos Santos. Cerâmica policromada.

Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 6º ano – Ensino Fundamental – IBEP 4ª Edição São Paulo 2015 p. 236-7.

Entendendo a canção:

01 – Como as “Três cirandas de Pernambuco” foram organizadas?

      As canções foram organizadas em versos, assim como ocorre com os poemas. Além disso, apresentam trabalho com a sonoridade das palavras.

02 – Uma das três cirandas fala do amor a alguém. Identifique-a e exemplifique essa afirmação.

      A ciranda 2 fala da pessoa amada. “Achei bom, bonito meu amor a brincar”.

03 – Alguma das cirandas faz um convite? Em caso positivo, exemplifique sua resposta com versos da canção.

      Sim. Na letra da ciranda 2 é possível ler os versos: “Vem cá, cirandeira, / Vem cá balançar”.

04 – Releia estes versos da ciranda 1:

        “Oi passa sol, oi passa chuva, oi passa vento

         Só não passa o movimento do cirandeiro a rodar.”

a)   Qual é o sentido desses versos?

Faça chuva ou faça sol, os cirandeiros não deixarão de dançar a ciranda.

b)   Eles foram construídos em linguagem figurada? Explique sua resposta.

Sim, os versos foram escritos em linguagem figurada, pois a expressão “Oi passa sol, oi passa chuva, oi passa vento” refere-se aos possíveis impedimentos e problemas que possam surgir na vida do cirandeiro. O eu poético, no entanto, diz que o cirandeiro não se rende às dificuldades: ele continuará a participar dessa dança, mesmo com as adversidades.

 

MÚSICA(ATIVIDADES): REISADO - PENA BRANCA E XAVANTINHO - COM GABARITO

 Música(Atividades): Reisado

 
  Pena Branca e Xavantinho

O galo cantou no Oriente

Ai, ai, ai, ai

Surgiu a estrela da guia ai, ai
Anunciando a humanidade

Ai, ai, ai, ai
Deus menino, Deus das filhas ai, ai, ai, ai
Em uma estrebaria ai, ai

Vinte e cinco de Dezembro ai, ai, ai, ai
Não se dorme no colchão ai, ai

Deus menino teve a cama ai, ai, ai, ai
De folha seca do chão ai, ai, ai, ai
Pra nossa salvação ai, ai

Senhora dona da casa

Ai, ai, ai, ai

Oia a chuva no telhado ai, ai
Venha ver o Deus Menino

Ai, ai, ai, ai

Como está todo molhado ai, ai, ai, ai
Com os três reis a seu lado, ai, ai

Deus lhe pague a bela oferta

Ai, ai, ai, ai
E vós deu com alegria, ai, ai
O Divino Santos Reis

Ai, ai, ai, ai

São José e Santa Maria ai, ai, ai, ai
Há de ser vossa guia ai, ai

Teddy Vieira. O melhor de Pena Branca e Xavantinho, Sony Music, 1997. CD.

Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 6º ano – Ensino Fundamental – IBEP 4ª Edição São Paulo 2015 p. 226-8.

Entendendo a canção:

01 – Você já conhecia alguma canção como essa?

      Resposta pessoal do aluno.

02 – Podemos dizer que a canção narra uma história. Qual?

      Sim. A canção conta a história do nascimento de Jesus.

03 – No meio da música, há a seguinte saudação: “Senhora dona da casa”. Considere o texto que você leu sobre Folia de Reis e responda: Essa saudação faz parte da história que está sendo contada? Por que ela foi usada?

      Não. Essa expressão representa os foliões saudando a dona de casa que recebeu a Folia de Reis.

04 – A natureza também anuncia o nascimento do menino. Copie do texto os versos que exemplificam essa afirmação.

      “O galo cantou no Oriente [...] / Surgiu a estrela da guia [...] / Anunciando à humanidade [...] / Deus menino, Deus das filha [...]”.

05 – Qual é a frase de agradecimento popular presente na letra da canção? Copie em seu caderno.

      “Deus lhe pague a bela oferta”.

·        Por que é feito esse agradecimento?

Nesse verso, os cantadores agradecem a oferta dos moradores visitados.

06 – Observe a expressão destacada no verso a seguir:

        Oia a chuva no telhado”.

a)   Com relação à variação linguística, o que o emprego da expressão “Oia” revela sobre a linguagem usada pelo eu poético?

O emprego da forma “oia” em vez de “olha”, no contexto em que foi empregada, constituiu uma variante linguística que pode ser encontrada, por exemplo, no falar caipira. No caso da canção, o seu uso busca representar o modo de se expressar do cantador.

b)   Releia o verso: “Deus menino, Deus das filha. Na expressão em destaque não houve concordância de número. Isso atrapalha o entendimento do texto?

Não, pois sabemos que essa é a maneira autêntica do falar que se buscou representar; além disso, a indicação do plural já está presente na palavra “das”.

07 – Elabore sua hipótese: Por que a expressão “ai, ai, ai, ai” aparece ao longo de toda a canção?

      Muitos cantores costumam usar esse tipo de recurso ao interpretarem suas músicas. Nessa canção, a repetição é um prolongamento dos versos, provocando um efeito sonoro típico das canções populares.

08 – Verifique na letra da canção “Reisado” as palavras e expressões que indicam tempo ou lugar e copie-as em seu caderno.

      Tempo: Vinte e cinco de dezembro; Lugar: No Oriente, em uma estrebaria, no colchão, no telhado.

·        Elas são importantes para o que a música quer transmitir? Por quê?

Sim, a música quer contar uma história. Essas palavras e expressões localizam quando e onde o nascimento do menino aconteceu e esse fato é o tema principal da canção e da manifestação popular Folia de Reis. Além disso, outros detalhes da história são melhor descritos por causa dessas expressões. Por exemplo: onde caía a chuva, onde a família se abrigou para o nascimento, que não se dorme no colchão em um dia como esse.

 

TIRA: HAGAR BAR - DIK BROWNE, O HORRÍVEL - FOLHA DE SÃO PAULO - COM GABARITO

 Tira: Hagar bar

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                             BROWNE, Dik. Hagar, o Horrível. Folha de São Paulo, 25 jan. 2015. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/cartum/cartunsdiarios/#25/1/2015. Acesso em: 26 jan. 2015.

Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 6º ano – Ensino Fundamental – IBEP 4ª Edição São Paulo 2015 p. 232.

Entendendo a tira:

01 – Identifique e transcreva os dois pronomes demonstrativos usados na tirinha.

      “Neste” e “isso”.

02 – Por que, no primeiro quadrinho, foi empregado o pronome “(n)este” e não “(n)esse”?

      Porque a personagem se refere ao bar em que ambos estão.

03 – Imagine que as personagens estivessem a três quarteirões do bar a que se referem. Nesse caso, como ficariam as falas do frei no primeiro quadrinho? Por quê?

      As falas seriam “Irmão Hagar, você passa muito tempo naquele bar. Praticamente vive lá!”, porque ambas as personagens estariam longe do local apontado.

04 – A que se refere o pronome “isso”, empregado pela personagem Hagar no primeiro quadrinho?

      Refere-se ao fato de ele passar muito tempo no bar.

05 – A acusação feita pelo frei é confirmada ou negada no último quadrinho? Por quê?

      É confirmada, já que até as correspondências pessoais de Hagar estão sendo entregues no bar, sinalizando que ele realmente passa muito tempo lá.