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sexta-feira, 1 de agosto de 2025

NOTÍCIA: PIRATAS NO COMÉRCIO - FRAGMENTO - GLOBO REPÓRTER - COM GABARITO

 Notícia: Piratas no comércio – Fragmento

        No verso improvisado de um cantador, um assunto que muita gente conhece bem. Afinal, quem nunca foi passado para trás? "O nosso Brasil brasileiro está cheio de caloteiro enganando o companheiro", canta o repentista. A zona franca da enganação está perto dos repentistas. No Centro de São Paulo, na região da Rua 25 de Março, prosperam as vendas de produtos falsificados, contrabandeados e roubados.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPQ3bJzPeQN4G8UkayQCsDH-noXdIb21iR972-NUintrqC4Nw4vqKUCiaO_fJyUUs3MrkYZDJVQhwcKuuBkV0yyLusbD4e9gtJLreBppN3qE3mEJ_-JQkbkptDi3czKr9zGb1kCZlrOKyCJHXBaDLZzjCD-0GiHzT93VSi83Tlf9mWiaWQTVE3r94a2yU/s320/unnamed-1024x671.jpg


        "A Barbie custa R$ 9", diz uma ambulante. A boneca é falsa. Na loja, a original custa entre R$ 29 e R$ 100, dependendo do modelo. A vendedora reconhece que o produto não é exatamente o mesmo, mas pelo preço... "Elas estão muito bem acabadinhas, bem montadas. Estão bonitinhas, têm brinquinho. O pessoal traz da China. O carrinho eu faço por R$ 10. Com pilhas, ele levanta os olhinhos e faz barulho", conta a ambulante.

        [...]

        Cara a cara com o camelô, nem tudo é o que parece. Camisa da seleção, jura uma vendedora, igualzinha à usada por Robinho, sai a preço de uniforme de time de várzea. Nos camelódromos do país vende-se a aparência. [...]

        "Tênis, brinquedos, peças de automóveis, peças de avião, lubrificantes de carros, medicamentos. Tudo que você imagina é vendido falsificado", conta José Henrique Werner, da Comissão Antipirataria da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OAB-RJ).

        Tênis de marca é sonho de consumo dos adolescentes. Os piratas sabem disso e aproveitam a ansiedade dos jovens para inundar os camelôs com cópias grosseiras e malfeitas. Acredita no vendedor quem quiser.

        "Isso aqui é primeira linha. Paraguai não vende mais tênis. É quente, custa R$ 100. Na loja está à venda por R$ 300. O preço é tão diferente porque eles não têm que correr igual a gente", justifica um vendedor ambulante.

        Loja cheia. Depósito da polícia lotado. Só a pirataria de óculos, brinquedos, roupas e tênis rouba dos brasileiros R$ 9 bilhões por ano, diz uma pesquisa feita pelo Ibope e encomendada pelas indústrias. Daria para cobrir 20% do rombo nas contas da Previdência Social.

        No meio da pilha de produtos piratas tirados de circulação, lá está um tênis igualzinho ao que foi visto pela equipe do Globo Repórter na barraca de um camelô.

        "O tênis original é testado até a exaustão. O falsificado, obviamente, não é. É mais barato, mas com certeza a pessoa vai ter que pagar um médico depois para consertar a coluna", diz José Henrique Werner.

        Um depósito guarda o resultado de várias apreensões feitas nos últimos quatro anos de tênis falsificados. Dentro de pacotes estão 50 mil pares, quantidade que daria para calçar jogadores de 4,5 mil times de futebol. Alguns são contrabandeados, vêm do exterior. Mas a maioria é feita no Brasil. As falsificações nacionais são praticamente idênticas aos modelos legítimos.

        [...]

        Cerco à falsificação

        Todos – compradores e vendedores – sabem que estão em um território fora da lei. A informação acaba de chegar pelo rádio da polícia, os agentes correm para o Centro da cidade. Mais um laboratório de cópias ilegais de CDs vai ser fechado no Rio de Janeiro.

        Dois meses de investigações levaram os policiais a um apartamento no Centro do Rio de Janeiro. O que não foi nenhuma surpresa para os investigadores, que já sabem: a grande maioria dos laboratórios de cópias piratas de CD funciona na casa de pessoas atraídas pelas quadrilhas de distribuição ilegal de CDs e que, com a ilusão da impunidade, acabam transformando o próprio lar em local controlado pelo crime.

        [...]

        [...] O telefone não para de tocar. Se existe CD pirata, é porque tem quem compre. Um cliente ligou para a loja e o repórter Flávio Fachel atendeu:

        Cliente: Eu queria comprar um DVD.

        Flávio Fachel, repórter: Você prefere original ou cópia?

        Cliente: Prefiro a cópia, porque é mais barata.

        Flávio Fachel: Só tem um problema: a polícia acabou de fechar a loja e todos foram presos.

        Cliente: É mesmo?!

        Fim da operação. Mais caixas de CDs apreendidos. Os policiais, com suas sirenes, vão embora. Mas o camelódromo, reino encantado da pirataria, esse não para.

        "O original é muito mais caro", ressalta uma vendedora ambulante.

        Brincadeira ameaçada

        O perigo também está escondido em brinquedos vendidos nas ruas. Uma boneca e um carrinho comprados pela equipe do Globo Repórter em um camelô foram levados para um laboratório especializado em analisar a segurança de brinquedos.

        Qual a criança que nunca quebrou um brinquedo? O problema é que os pedacinhos podem fazer um estrago grande. "Depois de um ensaio de impacto, o brinquedo quebrou, dividindo-se em partes pequenas e formando pontas. Isso não é normal. Há plásticos que você pode jogar 20 vezes e não acontece nada", diz a técnica de laboratório Luciana Arantes.

        E uma peça dessas na garganta? A boneca também tem armadilhas no cabelo e na roupa. "A embalagem do produto deveria ter uma rotulagem advertindo que contém partes pequenas", avalia Luciana.

        Os resultados dos testes químicos são mais assustadores. A tinta do carrinho tinha chumbo e antimônio em quantidade bem acima do nível seguro para o organismo.

        "O importante nos metais pesados é o efeito cumulativo no organismo. Ele não é eliminado, vai sendo somado sempre. Cada vez que a criança tem contato com um material desses vai acumulando no organismo – nos ossos, no sistema nervoso, nos rins", explica o engenheiro químico Mariano de Araújo Bacellar Neto.

        O risco não é só para a saúde do corpo. Um produto pirateado também ameaça à saúde da economia. Como a indústria e o comércio que pagam impostos vendem menos, também contratam menos gente. É menos emprego com carteira assinada, menos funcionários no chão da fábrica. Aliás, muitas vezes, essa concorrência desleal pode fazer desaparecer uma empresa inteira.

        O dinheiro que o Brasil perde todos os anos com a pirataria faz falta para muita gente. Com R$ 9 bilhões dá para construir 300 mil casas populares, ou então, distribuir mais de 51 milhões de cestas básicas. É mesmo muito dinheiro perdido.

Globo Repórter, 21 out. 2005. Disponível em: http://grep.blobo.com/Globoreporter/0,19125,VGCo-2703-6946-2,00.html. Acesso em: 10 mar. 2015.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 7º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 193-194.

Entendendo a notícia:

01 – Onde a pirataria é mais evidente, de acordo com a notícia?

      A pirataria é especialmente evidente no Centro de São Paulo, na região da Rua 25 de Março, e em camelódromos por todo o país. Além disso, a notícia menciona que muitos laboratórios de cópias piratas de CD funcionam na casa de pessoas atraídas por quadrilhas de distribuição ilegal.

02 – Que tipos de produtos são mais comumente falsificados ou contrabandeados?

      Praticamente tudo que se pode imaginar é vendido falsificado. A notícia menciona especificamente: bonecas (como a Barbie), carrinhos de brinquedo, camisas de seleção, tênis, peças de automóveis e avião, lubrificantes, medicamentos e CDs/DVDs.

03 – Qual é a principal justificativa dos vendedores ambulantes para o preço mais baixo dos produtos piratas?

      Os vendedores ambulantes justificam o preço mais baixo dos produtos piratas afirmando que não têm os mesmos custos operacionais e impostos que as lojas tradicionais. Por exemplo, um vendedor de tênis diz: "O preço é tão diferente porque eles não têm que correr igual a gente".

04 – Quais são os riscos para a saúde e segurança associados aos produtos piratas, segundo a reportagem?

      Os produtos piratas apresentam diversos riscos à saúde e segurança. Brinquedos falsificados podem quebrar facilmente em partes pequenas, formando pontas que representam risco de engasgamento. Além disso, a tinta de brinquedos pode conter metais pesados como chumbo e antimônio em níveis perigosos, que se acumulam no organismo, afetando ossos, sistema nervoso e rins. No caso de tênis falsificados, a falta de testes e qualidade pode levar a problemas de coluna.

05 – Qual o impacto econômico da pirataria para o Brasil?

      A pirataria de óculos, brinquedos, roupas e tênis rouba R$ 9 bilhões por ano dos brasileiros, de acordo com uma pesquisa do Ibope. Esse valor daria para cobrir 20% do rombo nas contas da Previdência Social, construir 300 mil casas populares, ou distribuir mais de 51 milhões de cestas básicas. Além disso, a concorrência desleal leva a menos empregos formais e pode até mesmo fazer empresas legítimas desaparecerem.

06 – Como a polícia atua no combate à pirataria, conforme descrito na notícia?

      A polícia realiza apreensões de produtos piratas e fecha laboratórios de cópias ilegais. A notícia descreve uma operação em que, após dois meses de investigação, policiais fecham um apartamento no Centro do Rio de Janeiro que funcionava como laboratório de cópias piratas de CDs. As apreensões resultam em depósitos lotados de produtos falsificados.

07 – Por que as pessoas continuam comprando produtos piratas, mesmo cientes dos riscos e da ilegalidade?

      As pessoas continuam comprando produtos piratas principalmente pelo preço significativamente mais baixo em comparação com os produtos originais. A reportagem mostra um cliente que prefere a cópia de um DVD "porque é mais barata", e uma vendedora ambulante que ressalta que "o original é muito mais caro". A ilusão da impunidade também atrai pessoas para a produção ilegal.

 

 

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