Poema: O encantador de serpentes
Paulo
Henriques Britto
Por entre as linhas incautas da leitura
Ideia insidiosa se insinua,

Como se sugerisse um outro texto
Mais vivo, extremo, e verdadeiro
De uma verdade esguia e peçonhenta
A recobrir de visgo tua página
Já quase impenetrável –
felizmente
resta o recuo derradeiro:
para. Volta atrás. Faz do palimpsesto
papel vulgar. Agora continua.
Retoma a doce flauta da literatura.
Paulo Henriques Britto.
Trovar claro. São Paulo: Cia. das Letras, 2006. p. 13.
Fonte: Livro –
Português: Linguagens, 3ª Série – Ensino Médio – William Roberto Cereja,
Thereza Cochar Magalhães, 9ª ed. – São Paulo: Saraiva Editora, 2013. p. 372.
Entendendo o poema:
01 – Qual é o "encantador
de serpentes" no contexto do poema?
O
"encantador de serpentes" no poema não é uma figura literal, mas sim
a ideia insidiosa que se insinua na leitura. Essa ideia age como um encantador,
atraindo e dominando a atenção do leitor, assim como um encantador de serpentes
domina as cobras.
02 – O que a "ideia
insidiosa" representa e qual é o seu efeito na leitura?
A "ideia
insidiosa" representa uma interpretação ou um subtexto oculto que é mais
"vivo, extremo, e verdadeiro" do que o texto superficial. Ela tem o
efeito de "recobrir de visgo" a página, tornando-a "quase
impenetrável" e distorcendo a leitura original, quase como uma tentação
para desviar-se do caminho esperado.
03 – A que se refere o
"palimpsesto" no poema e qual a instrução dada em relação a ele?
O
"palimpsesto" refere-se à página que foi sobreposta por essa nova e
"peçonhenta" verdade. A instrução dada é para "fazer do
palimpsesto papel vulgar", ou seja, ignorar essa camada insidiosa e
retorná-la ao seu estado original, sem a influência da ideia tentadora.
04 – Qual é a "verdade
esguia e peçonhenta" mencionada no poema?
A "verdade
esguia e peçonhenta" é a natureza dessa ideia insidiosa, que, embora
sedutora, pode ser perigosa ou enganosa. Ela é descrita como "esguia"
por ser sutil e de difícil apreensão, e "peçonhenta" por sua
capacidade de corromper ou desvirtuar a percepção do leitor.
05 – O que o verso final
"Retoma a doce flauta da literatura" sugere ao leitor?
O verso final
sugere um retorno à leitura pura e prazerosa da literatura, sem as distorções
ou as "verdades" ocultas e perigosas que a "ideia
insidiosa" tenta impor. A "doce flauta" simboliza a beleza, a
harmonia e o propósito original da literatura, que deve ser apreciada sem as
armadilhas de interpretações distorcidas.
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