Texto: Gramática, variação e normas
Há certos usos consagrados na fala, e até mesmo na escrita, que, a depender do estrato social e do nível de escolaridade do falante, são, sem dúvida, previsíveis. Ocorrem até mesmo em falantes que dominam a variedade padrão, pois, na verdade, revelam tendências existentes na língua em seu processo de mudança que não podem ser bloqueadas em nome de um “ideal linguístico” que estaria representado pelas regras da gramática normativa.
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Usos como ter por haver em construções
existenciais (tem muitos livros na estante), o do pronome objeto na
posição de sujeito (para mim fazer o trabalho), a não-concordância
das passivas com se (aluga-se casas) são indícios da existência,
não de uma norma única, mas de uma pluralidade de normas, entendida, mais uma
vez, norma como conjunto de hábitos linguísticos, sem implicar juízo de valor.
CALLOU, D. Gramática,
variação e normas. In: VIEIRA, S. R.; BRANDÃO, S. (orgs). Ensino de
gramática: descrição e uso. São Paulo: Contexto, 2007 (fragmento).
Fonte: Livro –
Português: Linguagens, 3ª Série – Ensino Médio – William Roberto Cereja,
Thereza Cochar Magalhães, 9ª ed. – São Paulo: Saraiva Editora, 2013. p. 389.
Entendendo o texto:
01 – Qual é a principal ideia
defendida pelo texto em relação aos usos da língua?
O texto defende
que existem usos da língua que são previsíveis e consagrados na fala e na
escrita, dependendo do estrato social e nível de escolaridade do falante. Esses
usos não são erros, mas sim tendências naturais de mudança da língua, que não
devem ser ignoradas em nome de um "ideal linguístico" da gramática
normativa.
02 – O que o texto entende por
"ideal linguístico" e como ele se contrapõe a esse ideal?
O "ideal linguístico"
é entendido como as regras da gramática normativa, que tentam bloquear as
mudanças e variações da língua. O texto se contrapõe a esse ideal ao afirmar
que as tendências de mudança da língua são inerentes e não podem ser
simplesmente impedidas por essas regras, indicando que a realidade linguística
é mais complexa do que uma norma única.
03 – Quais exemplos de usos da
língua são citados para ilustrar a variação linguística?
O texto cita três
exemplos principais: o uso de "ter por haver" em construções
existenciais (Ex.: "tem muitos livros na estante"), o uso do
"pronome objeto na posição de sujeito" (Ex.: "para mim fazer o
trabalho"), e a "não-concordância das passivas com 'se'" (Ex.:
"aluga-se casas").
04 – O que esses exemplos
demonstram sobre a norma linguística, segundo o autor?
Esses exemplos
demonstram a existência, não de uma norma única, mas sim de uma pluralidade de
normas. O autor reitera que a norma deve ser entendida como um conjunto de
hábitos linguísticos, sem que isso implique qualquer tipo de juízo de valor
sobre a correção ou incorreção desses usos.
05 – De que forma o domínio da
variedade padrão por um falante se relaciona com os usos considerados
variantes?
O texto afirma
que, mesmo falantes que dominam a variedade padrão, utilizam os usos
considerados variantes. Isso ocorre porque esses usos são tendências de mudança
da língua que não podem ser bloqueadas. Isso sugere que a coexistência de
diferentes normas é uma realidade, mesmo entre aqueles que dominam a norma
culta.
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