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segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

NOTÍCIA: NÃO DÁ PARA ENTENDER NONADA NO IDIOMATERNO - (FRAGMENTO) - CLÁUDIA NINA - COM GABARITO

 Notícia: Não dá para entender nonada no idiomaterno – Fragmento

        Escritores brasileiros são pródigos em criação de trocadilhos poéticos que flexibilizam a língua

Cláudia Nina

        No caudaloso “riocorrente” da ficção modernista (o riverrun de James Joyce, primeira palavra de Finnegans wake), muitas palavras nasceram da imaginação de seus autores. Mas antes dos modernistas, gregos e latinos já brincavam esse jogo, que é quase tão antigo quanto a literatura e está ligado à própria formação dos idiomas.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4KDru-h3ZhZkex6AFg0aHf8NcbpxFwaN45hvAvWWSE6nE6JGXxfM-BQmXnP9oj-bRRfClzb6Hhboyba7h53xNePBT4twbrwc4cXNimqis_66Nm0V6R2IChj7x25isu3LX5ldxqwmkwhcjgdqLTTxxVVgC3YGfY-BAhV8A7WAy35YVIdyuAjX4ME71Sv0/s320/acordo%20ortografico.png


        [...]

        No Brasil, muitos poetas e romancistas também fizeram da literatura um jogo de invenção. Nomes tão distantes no tempo e no estilo quanto José de Alencar e Paulo Leminski ousaram levar a língua ao extremo. Alencar, a exemplo de outros indianistas, criou  vocábulos tão novos quanto “Iracema”, inventado a partir da aglutinação de palavras do tupi, que funciona também como um anagrama de América.

        Nos anos 60, Leminski sacudiu i cenário das letras em Curitiba com uma poesia transgressora, criando inúmeros trocadilhos típicos de seu estilo. Em Catatau ele escreveu: “Se o Brasil fosse holandês, ninguém mais entenderia batavina” (trocadilho com batavo e patavinas). Leminski inventava a partir dos assuntos mais prosaicos, como sua fobia por avião: “Parizo, novaiorquizo, moscovito / sem sair do bar / só não levanto e vou embora / porque há lugares que eu nem chego a Madagascar”.

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        Mas, em matéria de invenção linguística, o príncipe dos poetas brasileiros é mesmo Manoel de Barros, que adora dizer que seu prazer é “molecar o idioma”. Criador de sua “agramática manoelina”, como ele mesmo explica, o poeta não se define como inventor de palavras. Ele prefere dizer que aproveita a flexibilidade da língua portuguesa. “Pode parecer invenção, mas o que eu faço é acompanhar a virtualidade da linguagem, incorporando prefixos, transformando substantivos em adjetivos e coisa assim”, diz.

        O poeta conta que muitas de suas criações vêm da pesquisa do português arcaico, o que aconteceu com o adjetivo “brivante”, que vem de “Brívia”, palavra usada antigamente para designar Bíblia. Manoel de Barros, no entanto, é modesto. Ele prefere acreditar que palavras como “desorgulho” e “agramática” sejam fruto do mesmo processo que fez o ex-ministro Magri criar o famoso “imexível”.

        O poeta costuma dizer que não gosta de “palavra acostumada”, por medo do “mesmal”. Por isso, a invenção surge naturalmente. “Às vezes a gente precisa criar uma palavra para o equilíbrio sonoro da poesia”, conta. Tudo  isso, na opinião dele, não tem nada a ver com o enriquecimento do idioma. “É claro que se essas palavras fossem incorporadas, os dicionários seriam triplicados, mas isso não acontece e nem escrevo com essa intenção. As invenções devem ficar nos livros do poeta”, diz.

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http://jbonline.terra.com.br/jb/papel/cadernos/ideias/2001/08/03/joride20010803007.html.

Fonte: livro Português: Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 157.

Entendendo a notícia:

01 – Qual é o tema central do fragmento?

      O fragmento trata da criatividade dos escritores brasileiros na criação de trocadilhos poéticos e na flexibilização da língua portuguesa, explorando a invenção de palavras e expressões.

02 – Que exemplos de escritores brasileiros são mencionados no fragmento como inovadores na linguagem?

      São mencionados José de Alencar, Paulo Leminski e Manoel de Barros como exemplos de escritores que levaram a língua ao extremo, criando novas palavras e expressões.

03 – O que José de Alencar criou de inovador na língua portuguesa, segundo o fragmento?

      José de Alencar criou vocábulos novos, como "Iracema", palavra inventada a partir da aglutinação de palavras do tupi e que também funciona como um anagrama de América.

04 – Qual era o estilo de Paulo Leminski em relação à linguagem?

      Paulo Leminski tinha um estilo transgressor, criando inúmeros trocadilhos típicos de sua poesia, muitas vezes partindo de assuntos prosaicos.

05 – Quem é considerado o "príncipe dos poetas brasileiros" em matéria de invenção linguística e o que ele diz sobre sua poesia?

      Manoel de Barros é considerado o "príncipe dos poetas brasileiros". Ele afirma que seu prazer é "molecar o idioma" e que não se define como inventor de palavras, mas sim como alguém que aproveita a flexibilidade da língua portuguesa.

06 – De onde Manoel de Barros tira inspiração para suas criações linguísticas?

      Manoel de Barros se inspira na pesquisa do português arcaico, como no caso do adjetivo "brivante", que vem de "Brívia", palavra antiga para Bíblia.

07 – Qual é a opinião de Manoel de Barros sobre o impacto de suas invenções no idioma?

      Manoel de Barros acredita que suas invenções devem ficar nos livros de poesia e não têm a intenção de enriquecer o idioma, apesar de reconhecer que os dicionários seriam ampliados se suas palavras fossem incorporadas. Ele as cria por necessidade de equilíbrio sonoro na poesia e por não gostar de "palavra acostumada".

 

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