Política de Privacidade

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

RECEITA: MOI DE REPÔI NU ÁI IÓI - COM GABARITO

    RECEITA: MOI DE REPÔI NU ÁI IÓI

   Ingridients

   5 den di ái

   3 cuié di ói

   1 cabêss di repôi

   1 cuié di mastumati

    Salagosto

 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAVpbDKvVuNuggwqzmQzb81iCUdeQpfL3WlUPA7rEzs8nm_LDkNtagPEgYjS2yj_5qU0giN_D1C267Unia9M6HyQYukQG6XwBOvzxzAcyPVVkoaLIwRcEob5xD5znK6F_gWRng6FLWniWv6siIqDDASuC4KCh0ph9eAfgnEbsp0RSiaOyZDMlKHIrttes/w207-h153/COZINHA.jpeg

    Mé qui fais?!

    Casca u ái, pica u ái e

    soca o ái cum sali.

    Squentuói;

    Foga o ái no ói quentim.

    Pica o repôi bemm finim;

    Foga o repôi.

   Poim a mastumati e mesh

   cacuié pra fazer o mói.

   Prontim!

 Entendendo o texto

    01-LEIA: Pode-se definir estereótipo como sendo generalizações, ou pressupostos, que as pessoas fazem sobre as características ou comportamentos de grupos sociais específicos ou tipos de indivíduos. O estereótipo é geralmente imposto, segundo as características externas, tais como a aparência (cabelos, olhos, pele), roupas, condição financeira, comportamentos, cultura, sexualidade, sendo estas classificações (rotulagens) nem sempre positivas que podem muitas vezes causar certos impactos negativos nas pessoas.” In: http://www.infoescola.com/sociologia/estereotipo/ . 

Dito isso, marque (V) para as análises que interpretam corretamente os efeitos de sentidos provocados pelo texto-discurso “Moi de repôi...” e (F) para as análises que não os interpretam adequadamente:

a-(F ) o texto-discurso é um estereótipo que procura tratar negativamente a língua portuguesa coloquial;

b-( V ) no texto-discurso, ao se escolher essa imagem e não outra, faz-se um estereótipo da trabalhadora doméstica brasileira que historicamente tem sido representada através da figura da mulher negra, de saia, avental e lenço na cabeça;

c-( V ) no texto-discurso, ao se escolher essa imagem e não outra, faz-se um estereótipo da mulher negra, remetendo-a ao tempo do trabalho escravo;

d-( F ) no texto-discurso, ao se escolher essa imagem e não outra, qualifica-se positivamente a mulher negra, trabalhadora doméstica; e-( V ) o texto-discurso acima provoca humor preconceituoso em cima da desqualificação da linguagem das classes sociais que não tiveram acesso à língua portuguesa padrão;

f-( F ) o texto-discurso não carrega nenhum preconceito social;

g-( V) no texto-discurso acima, ao se escolher a imagem de uma mulher, e não de um homem, para representar a cozinheira ou o cozinheiro, percebem-se traços de machismo.

02- Por que, em sua opinião, à mulher negra é reservado o papel de doméstica ou realizadora do trabalho manual em detrimento do intelectual?

A mulher negra é historicamente relegada ao papel de doméstica e trabalhadora manual devido à escravidão e à discriminação racial. A sociedade construiu a ideia de que o trabalho braçal é "natural" para mulheres negras, perpetuando desigualdades e estereótipos.

03-A escolha dessa ilustração e não de outra reforça uma dada visão da mulher negra que foi repassada de geração a geração até aos dias atuais. Proponha pequenas ações que poderiam ser feitas, no dia a dia, que auxiliariam na desconstrução dessa maneira de ver a mulher negra.

 Valorizar a diversidade: Mostrar a diversidade de profissões e papéis que mulheres negras ocupam na sociedade, combatendo a ideia de que o trabalho doméstico é o único espaço possível para elas.

 Combater o racismo: Denunciar e combater o racismo em todas as suas formas, incluindo o racismo velado e os estereótipos.

 Empoderar mulheres negras: Fortalecer a autoestima e o protagonismo de mulheres negras, incentivando-as a ocupar espaços de poder e decisão.

 Educar para a igualdade: Promover a educação para a igualdade racial e de gênero, desconstruindo estereótipos e preconceitos desde a infância.

04- O texto-discurso acima busca criar humor desvalorizando a língua coloquial brasileira. Você ri ou zomba do falar coloquial das pessoas ou respeita o falar coloquial existente em nosso país? Justifique sua resposta.

A questão sobre rir ou zombar do falar coloquial é subjetiva. No entanto, é importante refletir sobre o impacto do humor que desvaloriza a linguagem de grupos sociais marginalizados. A língua coloquial é uma expressão cultural rica e legítima, que não deve ser motivo de ridicularização.

05-O texto-discurso acima remete ao gênero:

a- piada;

b- receita culinária;

c- conversa informal;

d- bula

06-Reescreva o texto-discurso “Moi de repôi...”, passando-o para a Língua Portuguesa Padrão.

Ingredientes

  • 5 dentes de alho
  • 3 colheres de óleo
  • 1 cabeça de repolho
  • 1 colher de massa de tomate
  • Sal a gosto

Modo de  preparo

1.   Descasque os dentes de alho, pique-os e soque-os com sal.

2.   Aqueça o óleo em uma panela.

3.   Frite o alho no óleo quente.

4.   Pique o repolho bem fino.

5.   Refogue o repolho na panela.

6.   Adicione a massa de tomate e misture bem para fazer o molho.

7.   Sirva o "Moi de Repolho" quente.

07-A escolha dessa imagem e não outra para ilustração do texto-discurso “Moi de repôi...”  reforça o preconceito machista e racista de que “lugar de mulher negra é na cozinha”. Produza um artigo de opinião, discutindo criticamente sobre esse papel social atribuído à mulher negra.

Artigo de opinião sobre o papel da mulher negra na cozinha

"Lugar de mulher negra é na cozinha": um estereótipo que precisa ser superado

A imagem da mulher negra na cozinha é um estereótipo que se perpetua há gerações, reforçando a ideia de que o trabalho doméstico é um papel "natural" para elas. Essa visão, além de ser machista e racista, desconsidera a diversidade de talentos e capacidades das mulheres negras.

É inegável que a cozinha é um espaço de afeto e de transmissão de conhecimentos ancestrais, onde muitas mulheres negras se destacam como verdadeiras mestras da culinária. No entanto, reduzir a mulher negra a esse único papel é limitar suas possibilidades e negar sua individualidade.

As mulheres negras são muito mais do que cozinheiras. São intelectuais, artistas, cientistas, empresárias, líderes e muito mais. Elas têm o direito de ocupar qualquer espaço que desejarem, sem serem estereotipadas ou discriminadas.

Para desconstruir esse estereótipo, é preciso um esforço conjunto da sociedade. É necessário valorizar a diversidade de papéis que as mulheres negras ocupam, combater o racismo e o machismo, e investir em educação e oportunidades para que elas possam desenvolver todo o seu potencial.

A luta contra o estereótipo da mulher negra na cozinha é uma luta por justiça e igualdade. É uma luta para que todas as mulheres, independentemente da sua cor da pele, possam ter as mesmas oportunidades de realizar seus sonhos e projetos de vida.

 

 

 

FÁBULA: O PODER DA ARROGÂNCIA - COM GABARITO

 FÁBULA: O PODER DA ARROGÂNCIA

 

Um policial federal vai a uma fazenda e diz ao dono, um velho fazendeiro:

-Preciso inspecionar sua fazenda. Há uma denúncia de plantação ilegal de maconha.

O fazendeiro diz:

-Ok, mas não vá naquele campo ali.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4x1f4-bVyOwrmH7lWOuRK0TQ575LGTlf9n799Knyc9frfjKqh_7yOaPWmu_uHWKtvTdZEo2_Rbj4CldMhyf6Mz23H-7lW0A9_k7agxTDq05WuAcUdNbVaKzkPrlTrMBTwiFSsRfrnaacsGKwUsTIv-LtqZdnH80Gm7KRsQUGk48MqIZSbxVT8LMQrrso/s320/CRACH%C3%81.jpg


E aponta para uma determinada área.

O oficial P... da vida diz indignado:

-O senhor sabe que tenho o poder do governo federal comigo?

E tira do bolso um crachá mostrando ao fazendeiro:

-Este crachá me dá a autoridade de ir onde quero... e entrar em qualquer propriedade. Não preciso pedir ou responder a nenhuma pergunta. Está claro? Me fiz entender?

O fazendeiro educado pede desculpas e volta para o que estava fazendo.

Poucos minutos depois o fazendeiro ouve uma gritaria e o oficial do governo federal correndo para salvar sua própria vida perseguido pelo Santa Gertrudes, o maior touro da fazenda.

O fazendeiro larga suas ferramentas, corre para a cerca e grita:

O Crachá, mostra o CRACHÁ!

 

Entendendo o texto

01-Qual o tema do texto lido?

O texto aborda o tema da arrogância e suas consequências, utilizando a história do policial federal e do fazendeiro como exemplo.

02-Qual a tese defendida no texto?

a- não ouça os outros;

b- use todo o seu poder;

c- evite ser arrogante com os outros;

d- investigue as denúncias custe o que custar.

03-Quando o fazendeiro grita “O Crachá, mostra o CRACHÁ!”, percebemos que o fazendeiro foi: 

a- verdadeiro;

b- brincalhão;

c- irônico;

d- conselheiro

04-O texto-discurso confronta e ironiza principalmente a prática social daqueles que:

a- se julgam inferiores aos outros;

b- se julgam superiores aos outros;

c- se julgam iguais aos outros;

d- trabalham como policiais federais

05-Retire do texto um argumento que revele ARROGÂNCIA.

"O senhor sabe que tenho o poder do governo federal comigo?".

06-A expressão “P... da vida” foi usada no texto significando?

a-desapontamento;

b- fúria;

c- tristeza;

d- angústia.

07-No trecho “Um policial federal vai a uma fazenda e diz ao dono, um velho fazendeiro”, os adjetivos sublinhados caracterizam quais substantivos respectivamente? Atribuem valor positivo ou negativo?

  • policial federal: "federal" caracteriza o substantivo "policial" e atribui valor positivo, indicando sua função e autoridade.
  • velho fazendeiro: "velho" caracteriza o substantivo "fazendeiro" e atribui valor neutro, apenas descrevendo sua idade.

08-No trecho “Ok, mas não vá naquele campo ali.”, a palavra sublinhada indica:

a- tempo;

b- modo;

c- lugar;

d- causa.

09-No trecho “-Ok, mas não vá naquele campo ali.”, a conjunção sublinhada possui sentido de:

a- tempo;

b- adição;

c- adversidade;

d- conclusão.

10-No trecho “Um policial federal vai a uma fazenda e diz ao dono...”, a conjunção sublinhada possui sentido de:

a- explicação;

b- adição;

c- adversidade;

d- conclusão.

11-No trecho “Não preciso pedir ou responder a nenhuma pergunta.” a conjunção sublinhada possui sentido de:

a- alternância;

b- adição;

c- adversidade;

d- conclusão.

12-No trecho “Poucos minutos depois o fazendeiro ouve uma gritaria...”, a expressão sublinhada indica:

a- tempo;

b- modo;

c- lugar;

d- alternância;

e- consequência.

13-De acordo com o texto, a gritaria ocorre por qual motivo:

a- ter-se ouvido o fazendeiro;

b-ter-se ignorado o conselho do fazendeiro;

c-ter-se obedecido às regras do governo federal;

d- ter-se esquecido de mostrar o crachá ao touro.

14-O touro Santa Gertrudes pode ser lido simbolicamente, já que se trata de um texto-discurso que traz um ensinamento de vida para o leitor. Quais outros “touros” você indicaria que existem na vida de cada um?

Além do touro físico, podemos interpretar como "touros" os desafios, obstáculos e problemas que enfrentamos na vida. Assim como o policial precisou lidar com o touro, cada pessoa precisa lidar com seus próprios "touros" para alcançar seus objetivos.

15-No trecho “O oficial P... da vida diz indignado”, a palavra sublinhada pode ser substituída por qual outra sem alterar sentido do texto?

A palavra "indignado" pode ser substituída por irritado, enfurecido ou contrariado, sem alterar o sentido do texto.

16-O adjetivo “ilegal” (linha 3) caracteriza qual palavra do texto? Acrescenta imagem positiva ou negativa?

O adjetivo "ilegal" (linha 3) caracteriza a palavra plantação. Acrescenta imagem negativa, indicando que a plantação não está de acordo com a lei.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

SONETO: SETE ESTUDOS PARA A MÃO ESQUERDA I - (FRAGMENTO) - PAULO HENRIQUES BRITTO - COM GABARITO

 Soneto: Sete estudos para a mão esquerda I – Fragmento

             Paulo Henriques Britto            

Existe um rumo que as palavras tomam

como se mão alguma as desenhasse

na branca expectativa do papel

 


Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuKUlCv5y4HEqBPrZhED5dH22VSpk_eMO9rEtoX2zVLY3e9ZtxNL06nSheTLRdtAjVlWVEqGBYXOcZEpPRBKQJPvxK_4gDMelY7wrKqbwpx1YFE236G6NuWzseuITtRYS46xJV49pYKKSqy1-Dyrg_8ZQypviwvwS7LwNINPPwq0NjzZke4JfaVoa1vnE/s320/leia-somente-as-cores-nao-as-palavras.png

porém seguissem pura e simplesmente

a música das coisas e dos nomes

o canto irrecusável do real.

 

E nessa trajetória inesperada

a carne faz-se verbo em cada esquina

resolve-se completa em tinta e sílaba

em súbitas lufadas de sentido.

 

Você de longe assiste ao espetáculo.

Não reconhece os fogos de artifício,

as notas que ainda engasgam seus ouvidos.

Porém você relê. E diz: é isso.

Paulo Fernando Henriques Britto – Rio de Janeiro RJ 1951.

Entendendo o soneto:

01 – Qual é a principal ideia explorada no soneto?

      O soneto explora a ideia de que as palavras têm um rumo próprio, como se fossem guiadas pela "música das coisas e dos nomes", e não por uma intenção consciente do autor. O processo de criação poética é apresentado como algo que acontece quase que organicamente, revelando o "canto irrecusável do real".

02 – Que metáforas o autor utiliza para descrever o processo de criação poética?

      O autor utiliza várias metáforas para descrever o processo de criação poética. As palavras são comparadas a algo que "segue pura e simplesmente" a "música das coisas e dos nomes", como se tivessem vida própria. A "carne faz-se verbo" sugere uma transformação do físico em linguagem, e as "súbitas lufadas de sentido" evocam a ideia de insights ou revelações inesperadas.

03 – Quem é o "você" mencionado no soneto? Qual o seu papel?

      O "você" mencionado no soneto é um observador do processo de criação poética. Seu papel é o de testemunha que, apesar de não reconhecer de imediato o significado ou a intenção por trás das palavras, ao relê-las, tem um momento de epifania e exclama "é isso", reconhecendo a verdade ou a beleza expressa no poema.

04 – Qual é o significado da expressão "a carne faz-se verbo"?

      A expressão "a carne faz-se verbo" é uma metáfora poderosa que sugere a transformação da experiência física e sensorial em linguagem poética. A "carne" representa o mundo concreto, as emoções e sensações do poeta, enquanto o "verbo" simboliza a palavra, a capacidade de expressar e comunicar essa experiência.

05 – O que o autor quer dizer com "Não reconhece os fogos de artifício, / as notas que ainda engasgam seus ouvidos"?

      Com essa passagem, o autor sugere que o observador ("você") pode não compreender de imediato a beleza ou o significado profundo do poema, talvez porque esteja preso a expectativas convencionais ou a uma compreensão superficial da linguagem. Os "fogos de artifício" e as "notas que ainda engasgam" representam os elementos mais óbvios ou superficiais do poema, que podem não revelar sua verdadeira essência. No entanto, ao reler o poema, o observador tem um insight e finalmente compreende a mensagem do poeta.

 

CONTO: DONA MARIA - MANOEL DE BARROS - COM GABARITO

 Conto: DONA MARIA

            Manoel de Barros

        Dona Maria me disse: não aguento mais, já estou pra comprar uma gaita, me sentar na calçada, e ficar tocando, tocando…

        — Mas só pra distrair?

        — Que mané pra distrair! O senhor não está entendendo? – Entendo. A senhora vai ficar sentada na calçada, de vestido sujo, cabelos despenteados, esquálidos, a soprar uma gaitinha rouca, não é?

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCoUQ4RLxaQdeOdAi722cDBtJ8G844L2GOJkFq7DAFzgeeqKqy34l82r_OdIMSfPQgy9lt4WTafATPIJa92FfmPVZ3j9ore3gTtESeRJU3tIM2_4yCrnj-aCr22v2qMybI1vdYcTcAUkBW2OIwiC2nxIsgZ8fQmhHh22RxzGUoNODk74cy_SRK-5-1M7s/s1600/GAITA.png


        Depois as pessoas ficarão com pena da sua figura esfarrapada, tocando uma gaitinha rouca, e jogarão moedas encardidas em seu colo encardido, não é?

        Seu vestido ficará salpicado de mosca e lama

        A senhora de três em três minutos dará uma chegada no boteco da esquina e tomará um trago

        Com pouco a senhora estará balofa, inchada de cachaça, os lábios como cogumelos

        Sua boca vai cair no chão

        Uma lagarta torva pode ir roendo seus dias superiores pelo lado de fora

        Um moleque pode passar a esfregar terra em seu olho

        Ligeiro visgo escolha a crescer de seus pés

        Alguns dias depois sua gaita ficará cheia de formiga e areia

        A senhora estará cheia de lacraias sem anéis

        E ninguém suportará o cheiro do seu corpo, não é assim?

        Dona Maria teve um arrepio.

        — Epa moço! eu não queria dizer isso. Só pensei em comprar uma gaita, eu sentar na calçada e ficar tocando, tocando… até que a vida melhorasse. O resto o senhor que inventou. Desse jeito, já estou vendo os meninos passarem por mim a gritar: — Maria Gaiteira, fiu! Maria Gaiteira,

        Fiu Fiu!

        Por favor, moço, mande esses meninos embora pra casa deles. O senhor já me largou na sarjeta, já fez crescer visgo no meu pé, e agora ainda manda os moleques me xingarem…

Poesia completa Manoel de Barros. https://www.academia.edu.

Entendendo o conto:

01 – Qual é o desejo inicial de Dona Maria expresso no conto?

      Dona Maria expressa o desejo de comprar uma gaita, sentar-se na calçada e tocar, como uma forma de lidar com as dificuldades da vida. Ela busca na música uma maneira de encontrar distração e talvez até uma melhora em sua situação.

02 – Como o narrador reage ao desejo de Dona Maria?

      O narrador reage com uma descrição vívida e pessimista das possíveis consequências do desejo de Dona Maria. Ele pinta um quadro de decadência e miséria, mostrando como a situação poderia se deteriorar caso ela seguisse por esse caminho.

03 – Que imagens o narrador utiliza para descrever a possível decadência de Dona Maria?

      O narrador utiliza imagens fortes e desagradáveis, como vestido sujo, cabelos despenteados, gaita rouca, esfarrapada, moedas encardidas, moscas, lama, inchaço de cachaça, lábios como cogumelos, boca caída, lagarta roendo o corpo, terra nos olhos, visgo crescendo nos pés, gaita cheia de formigas e areia, lacraias sem anéis e mau cheiro.

04 – Qual é a intenção do narrador ao descrever de forma tão negativa o futuro de Dona Maria?

      A intenção do narrador é dissuadir Dona Maria de seu plano, mostrando-lhe as possíveis consequências negativas de sua escolha. Ele busca confrontá-la com a realidade de que sua situação pode piorar, caso ela se entregue à ideia de viver na rua tocando gaita.

05 – Como Dona Maria reage à descrição do narrador?

      Dona Maria se assusta com a descrição do narrador e percebe que ele interpretou seu desejo de forma muito diferente do que ela pretendia. Ela se arrepia e corrige o narrador, explicando que sua intenção era apenas tocar gaita para que a vida melhorasse, e não viver na miséria como ele descreveu.

06 – Qual é o significado da fala de Dona Maria sobre os meninos gritando "Maria Gaiteira"?

      A fala de Dona Maria sobre os meninos gritando "Maria Gaiteira" revela seu medo de ser ridicularizada e marginalizada pela sociedade. Ela teme que a imagem que o narrador criou se concretize e que ela se torne alvo de escárnio e desprezo.

07 – Que reflexão o conto nos propõe sobre a relação entre desejo e realidade?

      O conto nos leva a refletir sobre a complexa relação entre desejo e realidade. O desejo de Dona Maria por uma vida melhor através da música é confrontado com a dura realidade da miséria e da marginalização. O conto nos mostra como nossos desejos podem ser idealizados e como a realidade pode ser muito diferente do que imaginamos.

 

NOTÍCIA: PARA IBGE, ENVELHECIMENTO TENDE A AUMENTAR - ROBERTA JANSEN - COM GABARITO

 Notícia: Para IBGE, envelhecimento tende a aumentar

        Pesquisa revelou que pessoas com 60 anos ou mais representam 8,7% da população

Roberta Jansen

        RIO – O número absoluto de idosos no Brasil já é um dos maiores do mundo: 13,5 milhões. De acordo com a pesquisa Síntese de Indicadores Sociais, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as pessoas com 60 anos ou mais representam 8,7% da população do País.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFFqetpk1-23whrAPALQcJ_wHqJA0j8oNHeLO9l6h272ZosSvcJCRIHVzCs_m2CyzqveFkGl0kmSHOK76pnEPbdllfhG3DCXjKF-nuzZP_rdPNATW8crfsHiE8stgxvFfkzbSnsvnbr4PYPOgoD6lbTzUQwRaCZfWTiiWMC95EJU0_DQI842HmaJ65KX8/s320/IDOSOS.jpg


        Em países desenvolvidos, esse porcentual é, em média, superior a 15%. O estudo mostra, no entanto, que a tendência de envelhecimento da população brasileira é irreversível e tende a aumentar cada vez mais.

        Projeção do IBGE aponta que, em 2020, o número de pessoas com 60 anos ou mais deve dobrar, chegando a 27 milhões. “Isso muda não só o perfil da previdência, mas também o da saúde”, afirmou o diretor do Departamento de Pesquisas do IBGE, Luiz Antônio Oliveira, um dos organizadores da pesquisa. A redução das taxas de mortalidade e fecundidade e o consequente aumento da expectativa de vida são os principais responsáveis pela alteração da estrutura etária da população, segundo análise dos técnicos do IBGE.

        Enquanto na década de 70 a média de filhos por mulher era de 5,76, em 1996 esse número caiu para 2,24. Quanto menos instruídas, maior o número de filhos que as mulheres têm.

        Queda – entre as de escolaridade mais baixa, a média é de 3,4 crianças, contra 1,7 para as mais instruídas. Há diferenças também por regiões. No Nordeste, a média chega a 3 filhos ao passo que, no Sudeste, não passa de 2. A disparidade, no entanto, diminuiu muito. Nos anos 70, a média no Nordeste era de 7,5, ante 4,5 no Sudeste.  

        “A queda é generaliza em todas as classes e regiões”, constatou Oliveira. “E a tendência é irreversível”. A taxa de mortalidade infantil, por sua vez, também caiu muito. Na década de 80, para cada mil crianças nascidas no País, cerca de 75 morriam antes de completar um ano de vida. Em 1996, o número de mortes era de 37 em mil. A diferença entre as regiões, no entanto, permanece muito alta. Em alguns Estados do Nordeste, como Alagoas e Paraíba, os indicadores revelam uma mortalidade próxima à da década de 80: 70 por mil.

        A disparidade pode ser explicada não só pela pobreza da região, mas também pela desigualdade no acesso aos serviços de saúde, a má qualidade do atendimento médico e carências de saneamento básico.

        Em média, a expectativa de vida do brasileiro é de 67 anos e oito meses. As mulheres, no entanto, vivem bem mais que os homens: elas atingem em média 71 anos e sete meses, ante 64 anos e um mês do contingente masculino. Na região Sudeste, essa diferença é ainda maior: 73 anos e sete meses para as mulheres e 64 anos e seis meses para os homens. A razão para isso, segundo os técnicos, é a violência urbana, que vitima mais pessoas do sexo masculino.

      A pesquisa mostra ainda que a grande maioria dos idosos (85%) vive com algum parente e apenas uma pequena parcela (11,6%) mora sozinha ou com pessoas com as quais não tem nenhum laço de parentesco.

JANSEN, Roberta. O Estado de S. Paulo, 11/3/99. p. A9.

Fonte: livro Português: Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 203-204.

Entendendo a notícia:

01 – Qual é o número absoluto de idosos no Brasil e qual porcentual da população eles representam, de acordo com a pesquisa do IBGE?

      O Brasil possui 13,5 milhões de idosos, o que representa 8,7% da população do país.

02 – O que o estudo do IBGE revela sobre a tendência de envelhecimento da população brasileira?

      O estudo mostra que a tendência de envelhecimento da população brasileira é irreversível e tende a aumentar cada vez mais.

03 – Qual é a projeção do IBGE para o número de pessoas com 60 anos ou mais em 2020?

      A projeção do IBGE é que o número de pessoas com 60 anos ou mais dobre até 2020, chegando a 27 milhões.

04 – Quais são os principais fatores responsáveis pela alteração da estrutura etária da população brasileira, segundo o IBGE?

      Os principais fatores são a redução das taxas de mortalidade e fecundidade, e o consequente aumento da expectativa de vida.

05 – Como a taxa de fecundidade no Brasil se alterou ao longo do tempo e qual é a relação entre o nível de instrução e o número de filhos?

      A taxa de fecundidade no Brasil diminuiu de 5,76 filhos por mulher na década de 70 para 2,24 em 1996. Quanto menor o nível de instrução da mulher, maior o número de filhos, com uma média de 3,4 filhos para mulheres com baixa escolaridade e 1,7 para mulheres com alta escolaridade.

06 – Qual é a média de filhos por mulher nas diferentes regiões do Brasil e como essa disparidade evoluiu ao longo do tempo?

      A média de filhos por mulher é de 3 no Nordeste e 2 no Sudeste. Essa disparidade diminuiu ao longo do tempo, já que nos anos 70 a média era de 7,5 filhos no Nordeste e 4,5 no Sudeste.

07 – Qual é a expectativa de vida média do brasileiro e como ela se diferencia entre homens e mulheres e entre as regiões do país?

      A expectativa de vida média do brasileiro é de 67 anos e oito meses. As mulheres vivem mais do que os homens, com uma média de 71 anos e sete meses, enquanto os homens vivem em média 64 anos e um mês. No Sudeste, essa diferença é ainda maior, com as mulheres vivendo em média 73 anos e sete meses e os homens 64 anos e seis meses, devido à violência urbana que afeta mais o sexo masculino.

 

POEMA: DE ENCANTAÇÃO - JORGE DE LIMA - COM GABARITO

 POEMA: DE ENCANTAÇÃO

               Jorge de Lima 

Arraial d’Angola de Paracatu,

Arraial de Mossâmedes de Goiás,

Arraial de Santo Antônio do Bambe,

vos ofereço quibebê, quiabo, quitanda, quitute, quingombô.

Tirai-me essa murrinha, esse gôgo, esse urufá,

que eu quero viver molecando, farreando, tocando meus ganzás!

 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBdMMDS8jqQR3lKHufal7HJcrszKzBcruRdOtzT-5Mw3S1tX3YLU5llfgNIx8llGFV9Zn-5x58s-4o7pzkW7VwnYQhqwhFAkEKnG2xixQT6PVSl9MPp44rbat829Zx_xxQ5J0spqt77b4TPocbPadIbstbkXWd11fCyhpCCKPKbQiFOAxNy2VaqsQHxWQ/s1600/PARACATU.jpg

Arroio dos Quilombos de Palmares,

Arroio do Desemboque do Quizongo,

Arroio do Exu do Bodocô,

vos ofereço maconha de pito, quitunde, quibembe, quingombô.

Assim, sim! 

Arraial d’Angola de Paracatu, 

Arraial do Campo de Goiás, 

Arraial do Exu do Aussá,

vos ofereço quisama, quinanga, quilengue, quingombô. 

Tomai acaçá, abará, aberém, abaú!

Assim, sim! 

Tirai-me essa murrinha, esse gôgo, esse urufá! 

Vos ofereço quitunde, quitumba, quelembe, quingombô.

LIMA, Jorge de. Poesia completa. v. 1. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1974, p. 173-174.

Fonte: livro Português: Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 231.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o tema central do poema "De Encantação"?

      O poema "De Encantação" é uma invocação, um tipo de prece ou encantamento, dirigida a diversos arraiais (comunidades) de origem africana no Brasil. O eu-lírico oferece comidas e elementos típicos da cultura africana, pedindo em troca a cura de males (murrinha, gôgo, urufá) e a permissão para viver livremente, "molecando", "farreando" e expressando sua cultura através da música ("tocando meus ganzás").

02 – Quem é o eu-lírico do poema e qual sua intenção?

      O eu-lírico parece ser alguém que se identifica com a cultura africana e que busca uma conexão com suas raízes. Sua intenção é clara: através da oferta de elementos culturais (comidas, instrumentos), ele busca estabelecer uma troca com as entidades espirituais ou ancestrais africanos, pedindo por saúde, bem-estar e a possibilidade de viver livremente, celebrando sua cultura.

03 – Quais são os elementos culturais africanos presentes no poema?

      O poema é rico em referências à cultura africana, tanto na culinária (quibebe, quiabo, quitanda, quitute, quingombô, acaçá, abará, aberém, abaú) quanto em outros elementos (ganzá, maconha de pito, quitunde, quibembe, quisama, quinanga, quilengue). Esses elementos representam a força e a riqueza da cultura africana no Brasil, bem como sua presença em diversas regiões do país (Paracatu, Goiás, Palmares, etc.).

04 – O que significam as palavras "murrinha", "gôgo" e "urufá" no contexto do poema?

      Essas três palavras se referem a males ou doenças. "Murrinha" pode se referir a uma doença ou de espírito ruim. "Gôgo" é um termo popular para bócio, uma doença da tireoide. "Urufá" é uma palavra de origem africana que se refere a uma doença ou feitiço. Ao pedir para ser liberado desses males, o eu-lírico busca a cura e o bem-estar.

05 – Qual a importância do verso "Assim, sim!" que se repete no poema?

      O verso "Assim, sim!" é uma expressão de afirmação e de aceitação. Ele reforça a intenção do eu-lírico de estabelecer a troca com as entidades africanas e de receber as bênçãos desejadas. É como se ele estivesse dizendo: "Sim, é isso que eu quero! É assim que deve ser!". O verso também evoca a musicalidade e o ritmo do poema, aproximando-o de um cântico ou de uma reza.

 

SONETO: SETE SONETOS SIMÉTRICOS II - PAULO HENRIQUES BRITTO - COM GABARITO

 Soneto: SETE SONETOS SIMÉTRICOS II

             Paulo Henriques Britto

Tão limitado, estar aqui e agora,
dentro de si, sem poder ir embora,

dentro de um espaço mínimo que mal
se consegue explorar, esse minúsculo
império sem território, Macau

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcRgti-FxAdbhra7oqn85wYjPTvdAULCHy9DWCyGTlRM-fHjliTkPYPKMNoo5Kv9WGw4lENG91acnK9Dv-5EhqxVqMukxQkwFgpo_25gpPa9HXQ8uyrYWFvWvqZNEMqQIBveq7RyMQEdUdgRvaxQAtm4A8-LzdAyMSwaqYGBXnmRfLxcF3w8BE7SRJv4s/s320/Macau-Las-Vegas-of-Asia.jpg



sempre à mercê do latejar de um músculo.
Ame-o ou deixe-o? Sim: porém amar
por falta de opção (a outra é o asco).
Que além das suas bordas há um mar

infenso a toda nau exploratória,
imune mesmo ao mais ousado Vasco.
Porque nenhum descobridor na história

(e algum tentou?) jamais se desprendeu
do cais úmido e ínfimo do eu.

https://www.escritas.com.br.

Entendendo o soneto:

01 – Qual é o tema central do soneto "SETE SONETOS SIMÉTRICOS II" de Paulo Henriques Britto?

      O tema central do soneto é a limitação da experiência humana, focando na impossibilidade de transcender o espaço físico e psicológico individual. O "eu" é apresentado como um espaço limitado, um "minúsculo império sem território", do qual não se pode escapar.

02 – Que metáforas o autor utiliza para descrever a condição humana no soneto?

      O autor utiliza diversas metáforas para descrever a condição humana, como a comparação do "eu" com um "espaço mínimo" difícil de explorar, um "império sem território", e a cidade de Macau, que apesar de ser um lugar físico, é usada para representar a sensação de confinamento. Além disso, a metáfora do mar "infenso a toda nau exploratória" representa a vastidão do desconhecido e a impossibilidade de escapar da ilha metafórica que é o "eu".

03 – Qual é o tom geral do soneto?

      O tom geral do soneto é de melancolia e frustração. O autor expressa a angústia de estar preso dentro de si mesmo, sem poder explorar o mundo exterior ou transcender suas próprias limitações. A repetição da palavra "dentro" no início do soneto enfatiza essa sensação de confinamento.

04 – O que significa a expressão "Ame-o ou deixe-o? Sim: porém amar / por falta de opção (a outra é o asco)"?

      Essa expressão reflete a dicotomia entre o amor e o ódio, e como, na condição humana apresentada no soneto, o amor ao "eu" limitado surge não como uma escolha livre, mas como uma imposição. Amar a si mesmo torna-se a única opção viável, já que a alternativa, o "asco", é ainda mais repulsiva.

05 – Qual é a importância da referência a Vasco da Gama no soneto?

      A referência a Vasco da Gama, famoso explorador português, serve para contrastar a ousadia dos grandes navegantes com a impossibilidade de o "eu" explorar a si mesmo. Mesmo os maiores exploradores, sugere o poeta, não conseguiram escapar do "cais úmido e ínfimo do eu". Essa comparação reforça a ideia de que a maior de todas as explorações, a do "eu", é também a mais difícil e, talvez, a mais frustrante.