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domingo, 3 de agosto de 2025

TEXTO: O MEIO E A CULTURA - COM GABARITO

 Texto: O meio e a Cultura

       Texto: O meio e a Cultura

        A brincadeira do boi, uma das mais tradicionais da cultura brasileira, faz parte dos ciclos festivos populares associados ao Natal, Carnaval e festas juninas. É realizada em todo o país com diferentes nomes, como Bumba meu boi, no Maranhão, Boi-bumbá, no Amazonas e Pará, Boi de reis, no Espírito Santo, e Boi de mamão, em Santa Catarina.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjI4pIX1gFWooWlBc65zFDCgKbnMQpqw3Wr67-Op7VIFstWNd_V9YtnNkVQKdKmnB2WWwpZouKjww_uzCcaB4d9icECXIfFD-GvkNmu6lLFA5co1W48B9iiaVG0YLigsfI0QRi1Lhf-WJB2K_LOZYOqclVLffoNRKMd0hL4pNNNSOGfyuAN3fhqyd2_CiQ/s1600/images.jpg


        Acredita-se que tenha surgido no Nordeste, no século XVIII, e se espalhado depois pelo país. Apesar das influências das festas ibéricas, seu desenvolvimento ocorreu a partir de aspectos brasileiros, com personagens brancos, indígenas e afrodescendentes. Na maioria dos casos, as manifestações desse folguedo possuem um caráter popular e local, mantendo a tradição, passada de geração em geração.

        Nessa festa, podem ser observadas várias linguagens artísticas. São manifestações em que dança, música, elementos visuais, representação de lendas se misturam e se completam de forma integrada. Nas formas mais tradicionais, não costuma haver divisão como palco e plateia, em que uns se apresentam e os outros contemplam.

        O folguedo do boi possui muitas variações de um lugar a outro, mas todas costumam envolver a encenação de uma lenda que fala da morte e ressurreição do boi.

        Segundo a lenda, o boi de um rico fazendeiro havia sido morto pelo escravo Pai Francisco para satisfazer o desejo de sua esposa grávida, Mãe Catirina, de comer a língua do animal. O fazendeiro, ao perceber o sumiço do boi, manda um vaqueiro investigar, e o crime é descoberto. Índios são enviados para capturar Pai Francisco que, desesperado, busca ajuda de um pajé (que também pode ser um médico ou padre) para ressuscitar o boi.

        Durante a festa há o momento da encenação da lenda do boi, em que participam diversos personagens. Os principais são:

        O boi – é o personagem principal da encenação. Toda a história acontece em torno dele. A figura do boi, atrelada à importância da atividade pecuária na economia nordestina, é vista como alegoria de força e resistência, por isso esse animal sempre foi muito cultuado e aparece em várias mitologias brasileiras. A vestimenta do boi é o principal adereço da festa. Varia muito de uma região para outra, mas costuma ser muito colorida, muitas vezes bordada, com miçangas e paetês. O traje é vestido por uma pessoa, que é chamada de miolo. Ele dá movimento ao boi.

        O vaqueiro – é o personagem que avisa ao dono da fazenda que o boi foi morto. Também é uma alegoria típica do Nordeste, que representa o homem sertanejo. O vaqueiro nordestino usa roupas e chapéu de couro que o protegem do sol escaldante. No folguedo, o personagem ganhou um figurino colorido. Seu chapéu é enfeitado por longas fitas.

        O fazendeiro – representa o patrão. Na origem da lenda, era provavelmente o senhor de engenho. É ele quem ameaça o casal Francisco e Catirina de vingar o seu boi morto. Na festa, costuma ser o responsável pela organização da encenação.

        Os músicos – a festa do Bumba meu boi é acompanhada por uma banda musical. Vários ritmos e instrumentos são utilizados. No Nordeste existem centenas de grupos musicais que fazem aas festas do boi. Os instrumentos geralmente utilizados são os de percurso: tambores, pandeiros, matracas (pedaços de madeira, batidos um contra o outro), maracás (um tipo de chocalhos) e tambor-onça (tipo de cuíca rústica, de som grave, que remete ao som de um boi ou de uma onça).

        Pai Francisco (dependendo do lugar é chamado de Mateus) e Mãe Catirina – é o casal de escravos (às vezes aparecem como trabalhadores rurais) que desencadeia a história. Em algumas versões, Mãe Catirina (ou Catarina) quer comer a língua de um boi, mas não de qualquer boi: do boi mais precioso da fazenda, para que seu filho não nasça com cara de língua. Esse personagem muitas vezes é feito por um homem vestido de mulher.

        No Amazonas, o festejo do boi tornou-se uma celebração em massa, que utiliza das mais modernas tecnologias, comparável aos desfiles de Carnaval do Rio de Janeiro. O Festival Folclórico de Parintins, ocorre nessa ilha desde 1965 e atrai milhares de pessoas do Brasil e do mundo. Possui hoje uma estrutura profissional, contando inclusive com o “bumbódromo”, uma arena construída em 1988 para receber as apresentações dos dois concorrentes: o Garantido, de cor vermelha, e o Caprichoso, de cor azul. As toadas, músicas criadas para cada um dos bois, são tocadas nas rádios e conhecidas pelas pessoas muito antes da data da competição. Em Parintins, a lenda tradicional do boi divide espaço com histórias e rituais que remetem à cultura indígena e cabocla, numa manifestação da identidade local.

        A festa ocorre no final de junho e envolve toda a cidade e região por meses. A rivalidade é bastante acirrada entre as torcidas dos bois. Uma curiosidade é que um torcedor de um boi nunca diz o nome do outro boi, tratando-o sempre por outras denominações, como contrário, rival, o outro etc. As apresentações, que hoje são televisionadas para todo o país, utilizam diversos recursos tecnológicos de luz e som, além de mecanismos elaborados para a movimentação das alegorias. Enquanto um boi se apresenta, a torcida adversária deve permanecer em silêncio. É proibido vaiar ou usar qualquer instrumento sonoro que interfira na apresentação do boi concorrente.

Fonte: Arte em Interação – Hugo B. Bozzano; Perla Frenda; Tatiane Cristina Gusmão – volume único – Ensino médio – IBEP – 1ª edição – São Paulo, 2013. p. 339-341.

Entendendo o texto:

01 – O que é a brincadeira do boi e quais são suas principais características no contexto da cultura brasileira?

      A brincadeira do boi é uma das manifestações mais tradicionais da cultura popular brasileira, fazendo parte dos ciclos festivos associados ao Natal, Carnaval e festas juninas. É celebrada em todo o país, embora receba nomes variados como Bumba meu boi (Maranhão), Boi-bumbá (Amazonas e Pará), Boi de reis (Espírito Santo) e Boi de mamão (Santa Catarina). Acredita-se que tenha surgido no Nordeste no século XVIII, desenvolvendo-se com influências ibéricas, mas incorporando personagens brasileiros como brancos, indígenas e afrodescendentes. É um folguedo de caráter popular e local, mantendo-se vivo pela tradição passada de geração em geração. Nessas manifestações, há uma mistura integrada de várias linguagens artísticas, como dança, música, elementos visuais e a representação de lendas, geralmente sem a divisão formal de palco e plateia.

02 – Resuma a lenda central que é encenada na festa do boi e quais personagens principais são envolvidos nela.

      A lenda central encenada na festa do boi narra a morte e ressurreição de um boi de um rico fazendeiro. A história se desenrola quando o escravo Pai Francisco mata o boi para satisfazer o desejo de sua esposa grávida, Mãe Catirina, que queria comer a língua do animal (em algumas versões, a língua do boi mais precioso para que o filho não nasça com cara de língua). Ao descobrir o sumiço do boi, o fazendeiro envia um vaqueiro para investigar, e o crime é revelado. Desesperado, Pai Francisco busca a ajuda de um pajé (que também pode ser um médico ou padre) para ressuscitar o boi. Assim, os personagens principais envolvidos na encenação são o Boi (o protagonista), o Vaqueiro, o Fazendeiro, o casal Pai Francisco e Mãe Catirina, e o Pajé/Médico/Padre.

03 – Quais são os papéis e características dos personagens do boi, vaqueiro e fazendeiro na encenação da festa?

      O Boi: É o personagem principal e central da encenação. Representa uma alegoria de força e resistência, muito cultuada devido à importância da pecuária na economia nordestina. Sua vestimenta é o principal adereço da festa, variando muito, mas sendo sempre muito colorida, bordada com miçangas e paetês. O traje é vestido por uma pessoa, chamada de miolo, que dá movimento ao boi.

      O Vaqueiro: É o personagem que avisa ao fazendeiro sobre a morte do boi. Ele é uma alegoria típica do Nordeste, representando o homem sertanejo, que tradicionalmente usa roupas e chapéu de couro para se proteger do sol. No folguedo, seu figurino se torna colorido, e seu chapéu é enfeitado por longas fitas.

      O Fazendeiro: Representa o patrão ou, na origem da lenda, o senhor de engenho. Ele é quem ameaça o casal Francisco e Catirina por terem matado seu boi. Na festa, costuma ser o responsável pela organização da encenação.

04 – Que tipo de instrumentação e ritmo são utilizados na banda musical que acompanha a festa do Bumba meu boi?

      A festa do Bumba meu boi é acompanhada por uma banda musical que utiliza uma variedade de ritmos e instrumentos. Os instrumentos geralmente utilizados são de percussão, essenciais para a cadência e energia da festa. Entre eles, destacam-se: tambores, pandeiros, matracas (pedaços de madeira batidos um contra o outro), maracás (um tipo de chocalho) e o tambor-onça (um tipo de cuíca rústica que produz um som grave, lembrando o rugido de um boi ou de uma onça). No Nordeste, existem centenas de grupos musicais dedicados a esses festejos.

05 – Descreva a importância do Festival Folclórico de Parintins e como ele se diferencia de outras manifestações do boi pelo país.

      O Festival Folclórico de Parintins, que ocorre na ilha de Parintins, Amazonas, desde 1965, é uma celebração em massa que se destaca por sua estrutura profissional e uso de tecnologias modernas, sendo comparável aos desfiles de Carnaval do Rio de Janeiro. Diferentemente de outras manifestações que tendem a ser mais locais e populares, Parintins atrai milhares de pessoas do Brasil e do mundo, com uma arena específica, o "bumbódromo", construída em 1988 para as apresentações dos dois bois concorrentes: o Garantido (vermelho) e o Caprichoso (azul). A rivalidade entre as torcidas é intensa, e as toadas (músicas dos bois) são conhecidas muito antes da competição. Além da lenda tradicional do boi, o festival em Parintins incorpora histórias e rituais da cultura indígena e cabocla, refletindo a identidade local, e suas apresentações são televisionadas para todo o país, utilizando recursos tecnológicos de luz, som e mecanismos para movimentação de alegorias.

06 – Como a rivalidade entre os bois se manifesta no Festival de Parintins e quais regras de conduta são esperadas das torcidas?

      A rivalidade entre os bois no Festival de Parintins é bastante acirrada e intensa, envolvendo toda a cidade e região por meses. Essa rivalidade se manifesta de forma peculiar: os torcedores de um boi nunca pronunciam o nome do boi adversário, referindo-se a ele por outras denominações como "contrário", "rival" ou "o outro". Durante as apresentações, há regras estritas de conduta para as torcidas: enquanto um boi se apresenta, a torcida adversária deve permanecer em silêncio. É proibido vaiar ou usar qualquer instrumento sonoro que possa interferir na performance do boi concorrente, demonstrando uma rivalidade que, embora forte, é regulada para garantir o espetáculo.

07 – Por que o boi é considerado uma "alegoria de força e resistência" e qual sua importância cultural no contexto da festa, além da encenação da lenda?

      O boi é considerado uma "alegoria de força e resistência" no contexto da festa devido à importância histórica da atividade pecuária na economia nordestina, região onde a brincadeira se acredita ter surgido. O animal sempre foi muito cultuado e aparece em várias mitologias brasileiras, simbolizando não apenas a riqueza material, mas também a resiliência. Além da encenação da lenda de sua morte e ressurreição, que é o enredo central, a figura do boi é o personagem principal da festa em si, com a confecção e adorno de sua vestimenta (muitas vezes colorida, bordada com miçangas e paetês) sendo um destaque visual e artístico. O miolo, a pessoa que dá vida ao boi com seus movimentos, reforça essa representação de vitalidade, tornando o boi não apenas um personagem da história, mas um símbolo cultural vivo que integra a dança, a música e o visual da manifestação.

 

 

        Acredita-se que tenha surgido no Nordeste, no século XVIII, e se espalhado depois pelo país. Apesar das influências das festas ibéricas, seu desenvolvimento ocorreu a partir de aspectos brasileiros, com personagens brancos, indígenas e afrodescendentes. Na maioria dos casos, as manifestações desse folguedo possuem um caráter popular e local, mantendo a tradição, passada de geração em geração.

        Nessa festa, podem ser observadas várias linguagens artísticas. São manifestações em que dança, música, elementos visuais, representação de lendas se misturam e se completam de forma integrada. Nas formas mais tradicionais, não costuma haver divisão como palco e plateia, em que uns se apresentam e os outros contemplam.

        O folguedo do boi possui muitas variações de um lugar a outro, mas todas costumam envolver a encenação de uma lenda que fala da morte e ressurreição do boi.

        Segundo a lenda, o boi de um rico fazendeiro havia sido morto pelo escravo Pai Francisco para satisfazer o desejo de sua esposa grávida, Mãe Catirina, de comer a língua do animal. O fazendeiro, ao perceber o sumiço do boi, manda um vaqueiro investigar, e o crime é descoberto. Índios são enviados para capturar Pai Francisco que, desesperado, busca ajuda de um pajé (que também pode ser um médico ou padre) para ressuscitar o boi.

        Durante a festa há o momento da encenação da lenda do boi, em que participam diversos personagens. Os principais são:

        O boi – é o personagem principal da encenação. Toda a história acontece em torno dele. A figura do boi, atrelada à importância da atividade pecuária na economia nordestina, é vista como alegoria de força e resistência, por isso esse animal sempre foi muito cultuado e aparece em várias mitologias brasileiras. A vestimenta do boi é o principal adereço da festa. Varia muito de uma região para outra, mas costuma ser muito colorida, muitas vezes bordada, com miçangas e paetês. O traje é vestido por uma pessoa, que é chamada de miolo. Ele dá movimento ao boi.

        O vaqueiro – é o personagem que avisa ao dono da fazenda que o boi foi morto. Também é uma alegoria típica do Nordeste, que representa o homem sertanejo. O vaqueiro nordestino usa roupas e chapéu de couro que o protegem do sol escaldante. No folguedo, o personagem ganhou um figurino colorido. Seu chapéu é enfeitado por longas fitas.

        O fazendeiro – representa o patrão. Na origem da lenda, era provavelmente o senhor de engenho. É ele quem ameaça o casal Francisco e Catirina de vingar o seu boi morto. Na festa, costuma ser o responsável pela organização da encenação.

        Os músicos – a festa do Bumba meu boi é acompanhada por uma banda musical. Vários ritmos e instrumentos são utilizados. No Nordeste existem centenas de grupos musicais que fazem aas festas do boi. Os instrumentos geralmente utilizados são os de percurso: tambores, pandeiros, matracas (pedaços de madeira, batidos um contra o outro), maracás (um tipo de chocalhos) e tambor-onça (tipo de cuíca rústica, de som grave, que remete ao som de um boi ou de uma onça).

        Pai Francisco (dependendo do lugar é chamado de Mateus) e Mãe Catirina – é o casal de escravos (às vezes aparecem como trabalhadores rurais) que desencadeia a história. Em algumas versões, Mãe Catirina (ou Catarina) quer comer a língua de um boi, mas não de qualquer boi: do boi mais precioso da fazenda, para que seu filho não nasça com cara de língua. Esse personagem muitas vezes é feito por um homem vestido de mulher.

        No Amazonas, o festejo do boi tornou-se uma celebração em massa, que utiliza das mais modernas tecnologias, comparável aos desfiles de Carnaval do Rio de Janeiro. O Festival Folclórico de Parintins, ocorre nessa ilha desde 1965 e atrai milhares de pessoas do Brasil e do mundo. Possui hoje uma estrutura profissional, contando inclusive com o “bumbódromo”, uma arena construída em 1988 para receber as apresentações dos dois concorrentes: o Garantido, de cor vermelha, e o Caprichoso, de cor azul. As toadas, músicas criadas para cada um dos bois, são tocadas nas rádios e conhecidas pelas pessoas muito antes da data da competição. Em Parintins, a lenda tradicional do boi divide espaço com histórias e rituais que remetem à cultura indígena e cabocla, numa manifestação da identidade local.

        A festa ocorre no final de junho e envolve toda a cidade e região por meses. A rivalidade é bastante acirrada entre as torcidas dos bois. Uma curiosidade é que um torcedor de um boi nunca diz o nome do outro boi, tratando-o sempre por outras denominações, como contrário, rival, o outro etc. As apresentações, que hoje são televisionadas para todo o país, utilizam diversos recursos tecnológicos de luz e som, além de mecanismos elaborados para a movimentação das alegorias. Enquanto um boi se apresenta, a torcida adversária deve permanecer em silêncio. É proibido vaiar ou usar qualquer instrumento sonoro que interfira na apresentação do boi concorrente.

Fonte: Arte em Interação – Hugo B. Bozzano; Perla Frenda; Tatiane Cristina Gusmão – volume único – Ensino médio – IBEP – 1ª edição – São Paulo, 2013. p. 339-341.

Entendendo o texto:

01 – O que é a brincadeira do boi e quais são suas principais características no contexto da cultura brasileira?

      A brincadeira do boi é uma das manifestações mais tradicionais da cultura popular brasileira, fazendo parte dos ciclos festivos associados ao Natal, Carnaval e festas juninas. É celebrada em todo o país, embora receba nomes variados como Bumba meu boi (Maranhão), Boi-bumbá (Amazonas e Pará), Boi de reis (Espírito Santo) e Boi de mamão (Santa Catarina). Acredita-se que tenha surgido no Nordeste no século XVIII, desenvolvendo-se com influências ibéricas, mas incorporando personagens brasileiros como brancos, indígenas e afrodescendentes. É um folguedo de caráter popular e local, mantendo-se vivo pela tradição passada de geração em geração. Nessas manifestações, há uma mistura integrada de várias linguagens artísticas, como dança, música, elementos visuais e a representação de lendas, geralmente sem a divisão formal de palco e plateia.

02 – Resuma a lenda central que é encenada na festa do boi e quais personagens principais são envolvidos nela.

      A lenda central encenada na festa do boi narra a morte e ressurreição de um boi de um rico fazendeiro. A história se desenrola quando o escravo Pai Francisco mata o boi para satisfazer o desejo de sua esposa grávida, Mãe Catirina, que queria comer a língua do animal (em algumas versões, a língua do boi mais precioso para que o filho não nasça com cara de língua). Ao descobrir o sumiço do boi, o fazendeiro envia um vaqueiro para investigar, e o crime é revelado. Desesperado, Pai Francisco busca a ajuda de um pajé (que também pode ser um médico ou padre) para ressuscitar o boi. Assim, os personagens principais envolvidos na encenação são o Boi (o protagonista), o Vaqueiro, o Fazendeiro, o casal Pai Francisco e Mãe Catirina, e o Pajé/Médico/Padre.

03 – Quais são os papéis e características dos personagens do boi, vaqueiro e fazendeiro na encenação da festa?

      O Boi: É o personagem principal e central da encenação. Representa uma alegoria de força e resistência, muito cultuada devido à importância da pecuária na economia nordestina. Sua vestimenta é o principal adereço da festa, variando muito, mas sendo sempre muito colorida, bordada com miçangas e paetês. O traje é vestido por uma pessoa, chamada de miolo, que dá movimento ao boi.

      O Vaqueiro: É o personagem que avisa ao fazendeiro sobre a morte do boi. Ele é uma alegoria típica do Nordeste, representando o homem sertanejo, que tradicionalmente usa roupas e chapéu de couro para se proteger do sol. No folguedo, seu figurino se torna colorido, e seu chapéu é enfeitado por longas fitas.

      O Fazendeiro: Representa o patrão ou, na origem da lenda, o senhor de engenho. Ele é quem ameaça o casal Francisco e Catirina por terem matado seu boi. Na festa, costuma ser o responsável pela organização da encenação.

04 – Que tipo de instrumentação e ritmo são utilizados na banda musical que acompanha a festa do Bumba meu boi?

      A festa do Bumba meu boi é acompanhada por uma banda musical que utiliza uma variedade de ritmos e instrumentos. Os instrumentos geralmente utilizados são de percussão, essenciais para a cadência e energia da festa. Entre eles, destacam-se: tambores, pandeiros, matracas (pedaços de madeira batidos um contra o outro), maracás (um tipo de chocalho) e o tambor-onça (um tipo de cuíca rústica que produz um som grave, lembrando o rugido de um boi ou de uma onça). No Nordeste, existem centenas de grupos musicais dedicados a esses festejos.

05 – Descreva a importância do Festival Folclórico de Parintins e como ele se diferencia de outras manifestações do boi pelo país.

      O Festival Folclórico de Parintins, que ocorre na ilha de Parintins, Amazonas, desde 1965, é uma celebração em massa que se destaca por sua estrutura profissional e uso de tecnologias modernas, sendo comparável aos desfiles de Carnaval do Rio de Janeiro. Diferentemente de outras manifestações que tendem a ser mais locais e populares, Parintins atrai milhares de pessoas do Brasil e do mundo, com uma arena específica, o "bumbódromo", construída em 1988 para as apresentações dos dois bois concorrentes: o Garantido (vermelho) e o Caprichoso (azul). A rivalidade entre as torcidas é intensa, e as toadas (músicas dos bois) são conhecidas muito antes da competição. Além da lenda tradicional do boi, o festival em Parintins incorpora histórias e rituais da cultura indígena e cabocla, refletindo a identidade local, e suas apresentações são televisionadas para todo o país, utilizando recursos tecnológicos de luz, som e mecanismos para movimentação de alegorias.

06 – Como a rivalidade entre os bois se manifesta no Festival de Parintins e quais regras de conduta são esperadas das torcidas?

      A rivalidade entre os bois no Festival de Parintins é bastante acirrada e intensa, envolvendo toda a cidade e região por meses. Essa rivalidade se manifesta de forma peculiar: os torcedores de um boi nunca pronunciam o nome do boi adversário, referindo-se a ele por outras denominações como "contrário", "rival" ou "o outro". Durante as apresentações, há regras estritas de conduta para as torcidas: enquanto um boi se apresenta, a torcida adversária deve permanecer em silêncio. É proibido vaiar ou usar qualquer instrumento sonoro que possa interferir na performance do boi concorrente, demonstrando uma rivalidade que, embora forte, é regulada para garantir o espetáculo.

07 – Por que o boi é considerado uma "alegoria de força e resistência" e qual sua importância cultural no contexto da festa, além da encenação da lenda?

      O boi é considerado uma "alegoria de força e resistência" no contexto da festa devido à importância histórica da atividade pecuária na economia nordestina, região onde a brincadeira se acredita ter surgido. O animal sempre foi muito cultuado e aparece em várias mitologias brasileiras, simbolizando não apenas a riqueza material, mas também a resiliência. Além da encenação da lenda de sua morte e ressurreição, que é o enredo central, a figura do boi é o personagem principal da festa em si, com a confecção e adorno de sua vestimenta (muitas vezes colorida, bordada com miçangas e paetês) sendo um destaque visual e artístico. O miolo, a pessoa que dá vida ao boi com seus movimentos, reforça essa representação de vitalidade, tornando o boi não apenas um personagem da história, mas um símbolo cultural vivo que integra a dança, a música e o visual da manifestação.

 

 

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