Texto: O meio e a Cultura
A brincadeira do boi, uma das mais
tradicionais da cultura brasileira, faz parte dos ciclos festivos populares
associados ao Natal, Carnaval e festas juninas. É realizada em todo o país com
diferentes nomes, como Bumba meu boi, no Maranhão, Boi-bumbá, no Amazonas e
Pará, Boi de reis, no Espírito Santo, e Boi de mamão, em Santa Catarina.

Acredita-se que tenha surgido no
Nordeste, no século XVIII, e se espalhado depois pelo país. Apesar das
influências das festas ibéricas, seu desenvolvimento ocorreu a partir de
aspectos brasileiros, com personagens brancos, indígenas e afrodescendentes. Na
maioria dos casos, as manifestações desse folguedo possuem um caráter popular e
local, mantendo a tradição, passada de geração em geração.
Nessa festa, podem ser observadas
várias linguagens artísticas. São manifestações em que dança, música, elementos
visuais, representação de lendas se misturam e se completam de forma integrada.
Nas formas mais tradicionais, não costuma haver divisão como palco e plateia,
em que uns se apresentam e os outros contemplam.
O folguedo do boi possui muitas
variações de um lugar a outro, mas todas costumam envolver a encenação de uma
lenda que fala da morte e ressurreição do boi.
Segundo a lenda, o boi de um rico
fazendeiro havia sido morto pelo escravo Pai Francisco para satisfazer o desejo
de sua esposa grávida, Mãe Catirina, de comer a língua do animal. O fazendeiro,
ao perceber o sumiço do boi, manda um vaqueiro investigar, e o crime é
descoberto. Índios são enviados para capturar Pai Francisco que, desesperado,
busca ajuda de um pajé (que também pode ser um médico ou padre) para
ressuscitar o boi.
Durante a festa há o momento da
encenação da lenda do boi, em que participam diversos personagens. Os
principais são:
O
boi – é o personagem principal da encenação. Toda a história acontece em
torno dele. A figura do boi, atrelada à importância da atividade pecuária na
economia nordestina, é vista como alegoria de força e resistência, por isso esse
animal sempre foi muito cultuado e aparece em várias mitologias brasileiras. A
vestimenta do boi é o principal adereço da festa. Varia muito de uma região
para outra, mas costuma ser muito colorida, muitas vezes bordada, com miçangas
e paetês. O traje é vestido por uma pessoa, que é chamada de miolo. Ele dá
movimento ao boi.
O
vaqueiro – é o personagem que avisa ao dono da fazenda que o boi foi morto.
Também é uma alegoria típica do Nordeste, que representa o homem sertanejo. O
vaqueiro nordestino usa roupas e chapéu de couro que o protegem do sol
escaldante. No folguedo, o personagem ganhou um figurino colorido. Seu chapéu é
enfeitado por longas fitas.
O
fazendeiro – representa o patrão. Na origem da lenda, era provavelmente o
senhor de engenho. É ele quem ameaça o casal Francisco e Catirina de vingar o
seu boi morto. Na festa, costuma ser o responsável pela organização da
encenação.
Os
músicos – a festa do Bumba meu boi é acompanhada por uma banda musical.
Vários ritmos e instrumentos são utilizados. No Nordeste existem centenas de
grupos musicais que fazem aas festas do boi. Os instrumentos geralmente
utilizados são os de percurso: tambores, pandeiros, matracas (pedaços de
madeira, batidos um contra o outro), maracás (um tipo de chocalhos) e
tambor-onça (tipo de cuíca rústica, de som grave, que remete ao som de um boi
ou de uma onça).
Pai
Francisco (dependendo do lugar é chamado de Mateus) e Mãe Catirina – é o casal de escravos (às vezes aparecem como
trabalhadores rurais) que desencadeia a história. Em algumas versões, Mãe
Catirina (ou Catarina) quer comer a língua de um boi, mas não de qualquer boi:
do boi mais precioso da fazenda, para que seu filho não nasça com cara de
língua. Esse personagem muitas vezes é feito por um homem vestido de mulher.
No Amazonas, o festejo do boi tornou-se
uma celebração em massa, que utiliza das mais modernas tecnologias, comparável
aos desfiles de Carnaval do Rio de Janeiro. O Festival Folclórico de Parintins,
ocorre nessa ilha desde 1965 e atrai milhares de pessoas do Brasil e do mundo.
Possui hoje uma estrutura profissional, contando inclusive com o “bumbódromo”,
uma arena construída em 1988 para receber as apresentações dos dois
concorrentes: o Garantido, de cor vermelha, e o Caprichoso, de cor azul. As
toadas, músicas criadas para cada um dos bois, são tocadas nas rádios e
conhecidas pelas pessoas muito antes da data da competição. Em Parintins, a
lenda tradicional do boi divide espaço com histórias e rituais que remetem à
cultura indígena e cabocla, numa manifestação da identidade local.
A festa ocorre no final de junho e
envolve toda a cidade e região por meses. A rivalidade é bastante acirrada
entre as torcidas dos bois. Uma curiosidade é que um torcedor de um boi nunca
diz o nome do outro boi, tratando-o sempre por outras denominações, como
contrário, rival, o outro etc. As apresentações, que hoje são televisionadas
para todo o país, utilizam diversos recursos tecnológicos de luz e som, além de
mecanismos elaborados para a movimentação das alegorias. Enquanto um boi se
apresenta, a torcida adversária deve permanecer em silêncio. É proibido vaiar
ou usar qualquer instrumento sonoro que interfira na apresentação do boi
concorrente.
Fonte: Arte em
Interação – Hugo B. Bozzano; Perla Frenda; Tatiane Cristina Gusmão – volume
único – Ensino médio – IBEP – 1ª edição – São Paulo, 2013. p. 339-341.
Entendendo o texto:
01 – O que é a brincadeira do
boi e quais são suas principais características no contexto da cultura
brasileira?
A brincadeira do
boi é uma das manifestações mais tradicionais da cultura popular brasileira,
fazendo parte dos ciclos festivos associados ao Natal, Carnaval e festas
juninas. É celebrada em todo o país, embora receba nomes variados como Bumba
meu boi (Maranhão), Boi-bumbá (Amazonas e Pará), Boi de reis (Espírito Santo) e
Boi de mamão (Santa Catarina). Acredita-se que tenha surgido no Nordeste no
século XVIII, desenvolvendo-se com influências ibéricas, mas incorporando
personagens brasileiros como brancos, indígenas e afrodescendentes. É um
folguedo de caráter popular e local, mantendo-se vivo pela tradição passada de
geração em geração. Nessas manifestações, há uma mistura integrada de várias
linguagens artísticas, como dança, música, elementos visuais e a representação
de lendas, geralmente sem a divisão formal de palco e plateia.
02 – Resuma a lenda central
que é encenada na festa do boi e quais personagens principais são envolvidos
nela.
A lenda central encenada na festa do boi
narra a morte e ressurreição de um boi de um rico fazendeiro. A história se
desenrola quando o escravo Pai Francisco mata o boi para satisfazer o desejo de
sua esposa grávida, Mãe Catirina, que queria comer a língua do animal (em
algumas versões, a língua do boi mais precioso para que o filho não nasça com
cara de língua). Ao descobrir o sumiço do boi, o fazendeiro envia um vaqueiro
para investigar, e o crime é revelado. Desesperado, Pai Francisco busca a ajuda
de um pajé (que também pode ser um médico ou padre) para ressuscitar o boi.
Assim, os personagens principais envolvidos na encenação são o Boi (o protagonista),
o Vaqueiro, o Fazendeiro, o casal Pai Francisco e Mãe Catirina, e o
Pajé/Médico/Padre.
03 – Quais são os papéis e
características dos personagens do boi, vaqueiro e fazendeiro na encenação da
festa?
O Boi: É o personagem
principal e central da encenação. Representa uma alegoria de força e
resistência, muito cultuada devido à importância da pecuária na economia
nordestina. Sua vestimenta é o principal adereço da festa, variando muito, mas
sendo sempre muito colorida, bordada com miçangas e paetês. O traje é vestido
por uma pessoa, chamada de miolo, que dá movimento ao boi.
O
Vaqueiro: É o personagem que avisa ao fazendeiro sobre a morte do boi. Ele
é uma alegoria típica do Nordeste, representando o homem sertanejo, que
tradicionalmente usa roupas e chapéu de couro para se proteger do sol. No
folguedo, seu figurino se torna colorido, e seu chapéu é enfeitado por longas
fitas.
O
Fazendeiro: Representa o patrão ou, na origem da lenda, o senhor de
engenho. Ele é quem ameaça o casal Francisco e Catirina por terem matado seu
boi. Na festa, costuma ser o responsável pela organização da encenação.
04 – Que tipo de
instrumentação e ritmo são utilizados na banda musical que acompanha a festa do
Bumba meu boi?
A festa do Bumba
meu boi é acompanhada por uma banda musical que utiliza uma variedade de ritmos
e instrumentos. Os instrumentos geralmente utilizados são de percussão,
essenciais para a cadência e energia da festa. Entre eles, destacam-se:
tambores, pandeiros, matracas (pedaços de madeira batidos um contra o outro),
maracás (um tipo de chocalho) e o tambor-onça (um tipo de cuíca rústica que
produz um som grave, lembrando o rugido de um boi ou de uma onça). No Nordeste,
existem centenas de grupos musicais dedicados a esses festejos.
05 – Descreva a importância do
Festival Folclórico de Parintins e como ele se diferencia de outras
manifestações do boi pelo país.
O Festival
Folclórico de Parintins, que ocorre na ilha de Parintins, Amazonas, desde 1965,
é uma celebração em massa que se destaca por sua estrutura profissional e uso
de tecnologias modernas, sendo comparável aos desfiles de Carnaval do Rio de
Janeiro. Diferentemente de outras manifestações que tendem a ser mais locais e
populares, Parintins atrai milhares de pessoas do Brasil e do mundo, com uma
arena específica, o "bumbódromo", construída em 1988 para as
apresentações dos dois bois concorrentes: o Garantido (vermelho) e o Caprichoso
(azul). A rivalidade entre as torcidas é intensa, e as toadas (músicas dos
bois) são conhecidas muito antes da competição. Além da lenda tradicional do
boi, o festival em Parintins incorpora histórias e rituais da cultura indígena
e cabocla, refletindo a identidade local, e suas apresentações são
televisionadas para todo o país, utilizando recursos tecnológicos de luz, som e
mecanismos para movimentação de alegorias.
06 – Como a rivalidade entre
os bois se manifesta no Festival de Parintins e quais regras de conduta são
esperadas das torcidas?
A rivalidade
entre os bois no Festival de Parintins é bastante acirrada e intensa,
envolvendo toda a cidade e região por meses. Essa rivalidade se manifesta de
forma peculiar: os torcedores de um boi nunca pronunciam o nome do boi
adversário, referindo-se a ele por outras denominações como "contrário",
"rival" ou "o outro". Durante as apresentações, há regras
estritas de conduta para as torcidas: enquanto um boi se apresenta, a torcida
adversária deve permanecer em silêncio. É proibido vaiar ou usar qualquer
instrumento sonoro que possa interferir na performance do boi concorrente,
demonstrando uma rivalidade que, embora forte, é regulada para garantir o
espetáculo.
07 – Por que o boi é
considerado uma "alegoria de força e resistência" e qual sua
importância cultural no contexto da festa, além da encenação da lenda?
O boi é
considerado uma "alegoria de força e resistência" no contexto da
festa devido à importância histórica da atividade pecuária na economia
nordestina, região onde a brincadeira se acredita ter surgido. O animal sempre
foi muito cultuado e aparece em várias mitologias brasileiras, simbolizando não
apenas a riqueza material, mas também a resiliência. Além da encenação da lenda
de sua morte e ressurreição, que é o enredo central, a figura do boi é o
personagem principal da festa em si, com a confecção e adorno de sua vestimenta
(muitas vezes colorida, bordada com miçangas e paetês) sendo um destaque visual
e artístico. O miolo, a pessoa que dá vida ao boi com seus movimentos, reforça
essa representação de vitalidade, tornando o boi não apenas um personagem da
história, mas um símbolo cultural vivo que integra a dança, a música e o visual
da manifestação.
Acredita-se que tenha surgido no
Nordeste, no século XVIII, e se espalhado depois pelo país. Apesar das
influências das festas ibéricas, seu desenvolvimento ocorreu a partir de
aspectos brasileiros, com personagens brancos, indígenas e afrodescendentes. Na
maioria dos casos, as manifestações desse folguedo possuem um caráter popular e
local, mantendo a tradição, passada de geração em geração.
Nessa festa, podem ser observadas
várias linguagens artísticas. São manifestações em que dança, música, elementos
visuais, representação de lendas se misturam e se completam de forma integrada.
Nas formas mais tradicionais, não costuma haver divisão como palco e plateia,
em que uns se apresentam e os outros contemplam.
O folguedo do boi possui muitas
variações de um lugar a outro, mas todas costumam envolver a encenação de uma
lenda que fala da morte e ressurreição do boi.
Segundo a lenda, o boi de um rico
fazendeiro havia sido morto pelo escravo Pai Francisco para satisfazer o desejo
de sua esposa grávida, Mãe Catirina, de comer a língua do animal. O fazendeiro,
ao perceber o sumiço do boi, manda um vaqueiro investigar, e o crime é
descoberto. Índios são enviados para capturar Pai Francisco que, desesperado,
busca ajuda de um pajé (que também pode ser um médico ou padre) para
ressuscitar o boi.
Durante a festa há o momento da
encenação da lenda do boi, em que participam diversos personagens. Os
principais são:
O
boi – é o personagem principal da encenação. Toda a história acontece em
torno dele. A figura do boi, atrelada à importância da atividade pecuária na
economia nordestina, é vista como alegoria de força e resistência, por isso esse
animal sempre foi muito cultuado e aparece em várias mitologias brasileiras. A
vestimenta do boi é o principal adereço da festa. Varia muito de uma região
para outra, mas costuma ser muito colorida, muitas vezes bordada, com miçangas
e paetês. O traje é vestido por uma pessoa, que é chamada de miolo. Ele dá
movimento ao boi.
O
vaqueiro – é o personagem que avisa ao dono da fazenda que o boi foi morto.
Também é uma alegoria típica do Nordeste, que representa o homem sertanejo. O
vaqueiro nordestino usa roupas e chapéu de couro que o protegem do sol
escaldante. No folguedo, o personagem ganhou um figurino colorido. Seu chapéu é
enfeitado por longas fitas.
O
fazendeiro – representa o patrão. Na origem da lenda, era provavelmente o
senhor de engenho. É ele quem ameaça o casal Francisco e Catirina de vingar o
seu boi morto. Na festa, costuma ser o responsável pela organização da
encenação.
Os
músicos – a festa do Bumba meu boi é acompanhada por uma banda musical.
Vários ritmos e instrumentos são utilizados. No Nordeste existem centenas de
grupos musicais que fazem aas festas do boi. Os instrumentos geralmente
utilizados são os de percurso: tambores, pandeiros, matracas (pedaços de
madeira, batidos um contra o outro), maracás (um tipo de chocalhos) e
tambor-onça (tipo de cuíca rústica, de som grave, que remete ao som de um boi
ou de uma onça).
Pai
Francisco (dependendo do lugar é chamado de Mateus) e Mãe Catirina – é o casal de escravos (às vezes aparecem como
trabalhadores rurais) que desencadeia a história. Em algumas versões, Mãe
Catirina (ou Catarina) quer comer a língua de um boi, mas não de qualquer boi:
do boi mais precioso da fazenda, para que seu filho não nasça com cara de
língua. Esse personagem muitas vezes é feito por um homem vestido de mulher.
No Amazonas, o festejo do boi tornou-se
uma celebração em massa, que utiliza das mais modernas tecnologias, comparável
aos desfiles de Carnaval do Rio de Janeiro. O Festival Folclórico de Parintins,
ocorre nessa ilha desde 1965 e atrai milhares de pessoas do Brasil e do mundo.
Possui hoje uma estrutura profissional, contando inclusive com o “bumbódromo”,
uma arena construída em 1988 para receber as apresentações dos dois
concorrentes: o Garantido, de cor vermelha, e o Caprichoso, de cor azul. As
toadas, músicas criadas para cada um dos bois, são tocadas nas rádios e
conhecidas pelas pessoas muito antes da data da competição. Em Parintins, a
lenda tradicional do boi divide espaço com histórias e rituais que remetem à
cultura indígena e cabocla, numa manifestação da identidade local.
A festa ocorre no final de junho e
envolve toda a cidade e região por meses. A rivalidade é bastante acirrada
entre as torcidas dos bois. Uma curiosidade é que um torcedor de um boi nunca
diz o nome do outro boi, tratando-o sempre por outras denominações, como
contrário, rival, o outro etc. As apresentações, que hoje são televisionadas
para todo o país, utilizam diversos recursos tecnológicos de luz e som, além de
mecanismos elaborados para a movimentação das alegorias. Enquanto um boi se
apresenta, a torcida adversária deve permanecer em silêncio. É proibido vaiar
ou usar qualquer instrumento sonoro que interfira na apresentação do boi
concorrente.
Fonte: Arte em
Interação – Hugo B. Bozzano; Perla Frenda; Tatiane Cristina Gusmão – volume
único – Ensino médio – IBEP – 1ª edição – São Paulo, 2013. p. 339-341.
Entendendo o texto:
01 – O que é a brincadeira do
boi e quais são suas principais características no contexto da cultura
brasileira?
A brincadeira do
boi é uma das manifestações mais tradicionais da cultura popular brasileira,
fazendo parte dos ciclos festivos associados ao Natal, Carnaval e festas
juninas. É celebrada em todo o país, embora receba nomes variados como Bumba
meu boi (Maranhão), Boi-bumbá (Amazonas e Pará), Boi de reis (Espírito Santo) e
Boi de mamão (Santa Catarina). Acredita-se que tenha surgido no Nordeste no
século XVIII, desenvolvendo-se com influências ibéricas, mas incorporando
personagens brasileiros como brancos, indígenas e afrodescendentes. É um
folguedo de caráter popular e local, mantendo-se vivo pela tradição passada de
geração em geração. Nessas manifestações, há uma mistura integrada de várias
linguagens artísticas, como dança, música, elementos visuais e a representação
de lendas, geralmente sem a divisão formal de palco e plateia.
02 – Resuma a lenda central
que é encenada na festa do boi e quais personagens principais são envolvidos
nela.
A lenda central encenada na festa do boi
narra a morte e ressurreição de um boi de um rico fazendeiro. A história se
desenrola quando o escravo Pai Francisco mata o boi para satisfazer o desejo de
sua esposa grávida, Mãe Catirina, que queria comer a língua do animal (em
algumas versões, a língua do boi mais precioso para que o filho não nasça com
cara de língua). Ao descobrir o sumiço do boi, o fazendeiro envia um vaqueiro
para investigar, e o crime é revelado. Desesperado, Pai Francisco busca a ajuda
de um pajé (que também pode ser um médico ou padre) para ressuscitar o boi.
Assim, os personagens principais envolvidos na encenação são o Boi (o protagonista),
o Vaqueiro, o Fazendeiro, o casal Pai Francisco e Mãe Catirina, e o
Pajé/Médico/Padre.
03 – Quais são os papéis e
características dos personagens do boi, vaqueiro e fazendeiro na encenação da
festa?
O Boi: É o personagem
principal e central da encenação. Representa uma alegoria de força e
resistência, muito cultuada devido à importância da pecuária na economia
nordestina. Sua vestimenta é o principal adereço da festa, variando muito, mas
sendo sempre muito colorida, bordada com miçangas e paetês. O traje é vestido
por uma pessoa, chamada de miolo, que dá movimento ao boi.
O
Vaqueiro: É o personagem que avisa ao fazendeiro sobre a morte do boi. Ele
é uma alegoria típica do Nordeste, representando o homem sertanejo, que
tradicionalmente usa roupas e chapéu de couro para se proteger do sol. No
folguedo, seu figurino se torna colorido, e seu chapéu é enfeitado por longas
fitas.
O
Fazendeiro: Representa o patrão ou, na origem da lenda, o senhor de
engenho. Ele é quem ameaça o casal Francisco e Catirina por terem matado seu
boi. Na festa, costuma ser o responsável pela organização da encenação.
04 – Que tipo de
instrumentação e ritmo são utilizados na banda musical que acompanha a festa do
Bumba meu boi?
A festa do Bumba
meu boi é acompanhada por uma banda musical que utiliza uma variedade de ritmos
e instrumentos. Os instrumentos geralmente utilizados são de percussão,
essenciais para a cadência e energia da festa. Entre eles, destacam-se:
tambores, pandeiros, matracas (pedaços de madeira batidos um contra o outro),
maracás (um tipo de chocalho) e o tambor-onça (um tipo de cuíca rústica que
produz um som grave, lembrando o rugido de um boi ou de uma onça). No Nordeste,
existem centenas de grupos musicais dedicados a esses festejos.
05 – Descreva a importância do
Festival Folclórico de Parintins e como ele se diferencia de outras
manifestações do boi pelo país.
O Festival
Folclórico de Parintins, que ocorre na ilha de Parintins, Amazonas, desde 1965,
é uma celebração em massa que se destaca por sua estrutura profissional e uso
de tecnologias modernas, sendo comparável aos desfiles de Carnaval do Rio de
Janeiro. Diferentemente de outras manifestações que tendem a ser mais locais e
populares, Parintins atrai milhares de pessoas do Brasil e do mundo, com uma
arena específica, o "bumbódromo", construída em 1988 para as
apresentações dos dois bois concorrentes: o Garantido (vermelho) e o Caprichoso
(azul). A rivalidade entre as torcidas é intensa, e as toadas (músicas dos
bois) são conhecidas muito antes da competição. Além da lenda tradicional do
boi, o festival em Parintins incorpora histórias e rituais da cultura indígena
e cabocla, refletindo a identidade local, e suas apresentações são
televisionadas para todo o país, utilizando recursos tecnológicos de luz, som e
mecanismos para movimentação de alegorias.
06 – Como a rivalidade entre
os bois se manifesta no Festival de Parintins e quais regras de conduta são
esperadas das torcidas?
A rivalidade
entre os bois no Festival de Parintins é bastante acirrada e intensa,
envolvendo toda a cidade e região por meses. Essa rivalidade se manifesta de
forma peculiar: os torcedores de um boi nunca pronunciam o nome do boi
adversário, referindo-se a ele por outras denominações como "contrário",
"rival" ou "o outro". Durante as apresentações, há regras
estritas de conduta para as torcidas: enquanto um boi se apresenta, a torcida
adversária deve permanecer em silêncio. É proibido vaiar ou usar qualquer
instrumento sonoro que possa interferir na performance do boi concorrente,
demonstrando uma rivalidade que, embora forte, é regulada para garantir o
espetáculo.
07 – Por que o boi é
considerado uma "alegoria de força e resistência" e qual sua
importância cultural no contexto da festa, além da encenação da lenda?
O boi é
considerado uma "alegoria de força e resistência" no contexto da
festa devido à importância histórica da atividade pecuária na economia
nordestina, região onde a brincadeira se acredita ter surgido. O animal sempre
foi muito cultuado e aparece em várias mitologias brasileiras, simbolizando não
apenas a riqueza material, mas também a resiliência. Além da encenação da lenda
de sua morte e ressurreição, que é o enredo central, a figura do boi é o
personagem principal da festa em si, com a confecção e adorno de sua vestimenta
(muitas vezes colorida, bordada com miçangas e paetês) sendo um destaque visual
e artístico. O miolo, a pessoa que dá vida ao boi com seus movimentos, reforça
essa representação de vitalidade, tornando o boi não apenas um personagem da
história, mas um símbolo cultural vivo que integra a dança, a música e o visual
da manifestação.
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